Depois
da promessa da misericórdia para o arrependimento de Israel de uma futura
apostasia que vimos no capítulo anterior, nós vemos neste capítulo 31º
de Deuteronômio, uma solene profecia e advertência de Deus contra
a apostasia de Israel depois da morte de Moisés.
Foi
dado a este, por revelação divina, as palavras do cântico que está registrado
no capítulo 32 que serviriam para protestar contra o pecado que Israel viria a
cometer mesmo tendo sido alertados previamente pelo Senhor.
O
pecado deles e a punição justa do pecado de apostasia ficariam antecipadamente
registrados para que soubessem que não foi por falta de aviso da parte do
Senhor, que se afastariam da Sua presença.
O
Senhor não se fia aos homens porque lhes conhece o coração que é
desesperadamente corrupto.
“e
não necessitava de que alguém lhe desse testemunho do homem, pois bem sabia o
que havia no homem.” (Jo 2.25).
As
promessas de fidelidade por parte dos homens a
Deus, de que não pecarão, e enfim, tudo o que possam dizer com a boca nem
sempre corresponderá ao que está no coração, e mesmo quando é o caso, a
natureza terrena se levantará, não raro, para revelar que não há no homem tal
capacidade para não pecar.
É a
graça do Senhor, o poder do Seu Espírito, o único poder que pode vencer o
pecado e habilitar o homem à obediência a Deus.
Não
seria difícil presumir o que viria a ocorrer no futuro em relação aos
israelitas, que não tinham em sua grande maioria um andar dependente da graça
de Deus.
Os
que confiam na carne, no braço de carne e não no Senhor e no Seu braço poderoso
que subjuga a carne e aplica a graça ao coração, não prosperarão.
O fim
deles é ruína e fracasso, porque a suficiência que nos põe de pé, não
se encontra em nós mesmos, antes vem do alto, do Pai das luzes, para aqueles
que se submetem à Sua vontade.
O
único remédio para os israelitas é apontado em todo o tempo nos livros da Lei,
e especialmente neste de Deuteronômio, onde repetidas vezes é dito que eles
deveriam se apegar ao Senhor e à Sua Palavra.
A
meditação constante nos mandamentos de Deus.
O ato
de aprendê-los, ensiná-los e praticá-los todos os dias era o único remédio
contra a apostasia, e a causa desta, que
reside na fraqueza da carne.
Por
isso é ordenado que fosse feita uma leitura da Lei, a cada sete anos, na festa
dos tabernáculos, para o mesmo propósito.
Isto
é muito significativo e aprendemos por princípio da Lei, que é guardando a
Palavra de Deus no nosso coração, por meditar nela em todo o tempo, que
não apenas o jovem pode manter puro o seu coração, como todos aqueles que
desejam viver para Deus.
“Escondi
a tua palavra no meu coração, para não pecar contra ti.” (Sl 119.11).
Deus
assegurou que não abandonaria o povo.
Ele
faria a Sua parte na aliança sendo fiel a eles.
Mas os
israelitas iriam abandoná-lo.
O
Senhor o declarou antes que acontecesse para testemunhar contra a infidelidade
deles.
O
autor de Hebreus se referiu à fidelidade de Deus à aliança com o Seu povo:
“Seja
a vossa vida isenta de ganância, contentando-vos com o que tendes; porque ele
mesmo disse: Não te deixarei, nem te desampararei.” (Hb 13.5).
Seria
muito bom se fosse possível dizer o mesmo da fidelidade dos homens em relação a
Deus.
Mas
se enfatiza a fidelidade de Deus no pacto ao Israel espiritual para que a fé
deles seja encorajada, e fiquem firmes na esperança, uma vez que Deus jamais
falhará em cumprir o que tem prometido.
Isto
foi retirado provavelmente pelo autor de Hebreus da promessa do versos 6:
“Sede
fortes e corajosos; não temais, nem vos atemorizeis diante deles; porque o
Senhor vosso Deus é quem vai convosco. Não vos deixará, nem vos desamparará.”
A
questão da apostasia de verdadeiros cristãos da
Igreja de Cristo é colocada em termos pelo próprio Jesus que não é possível
enganar os eleitos de uma forma final (Mt 24.24) porque, como no dizer de
Judas, o próprio Jesus guarda o Seu povo de heresias arruinadoras que venham a
lhes afastar definitivamente dEle (Jd 1, 24).
Como
a Nova Aliança é feita apenas com pessoas de fé, e que são justificadas e
regeneradas, não há como caírem numa apostasia final, ainda que estejam
sujeitos a apostatar temporária e parcialmente da fé, conforme afirma o
apóstolo Paulo em I Tim 4.1:
“Mas
o Espírito expressamente diz que em tempos posteriores alguns apostatarão da
fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios,”
E, se esta palavra se aplica a autênticos cristãos,
pelo contexto geral das Escrituras, sabemos que esta apostasia não é uma
apostasia final, para uma queda final da fé, senão um desvio da fé do qual o
verdadeiro cristão se recuperará por causa da graça que lhe é
concedida por Deus.
Ainda
que este venha a ser entregue a Satanás para a destruição da carne, o espírito
será salvo no dia do Senhor.
Disto
se aprende que ainda que Deus venha a corrigi-los com a punição extrema da
morte física, eles serão achados na glória, aperfeiçoados em seu espírito, por
terem sido justificados e regenerados pela graça que um dia eles receberam pela
fé.
Entretanto,
que ninguém se anime a ser salvo como que pelo fogo, e tendo a carne destruída
por Satanás, por motivo de apostatar da fé.
Que
todo cristão seja achado se esforçando
em perseverar na fé, e para isto fará bem se der atenção ao aprendizado e à
prática da Palavra de Deus, que lhe impedirá de errar e se afastar dos caminhos
do Seu Senhor.
Moisés
chamou Josué e o confirmou diante de todo o povo com estas palavras:
“Então
chamou Moisés a Josué, e lhe disse à vista de todo o Israel: Sê forte e
corajoso, porque tu entrarás com este povo na terra que o Senhor, com
juramento, prometeu a teus pais lhes daria; e tu os farás herdá-la. O Senhor,
pois, é aquele que vai adiante de ti; ele será contigo, não te deixará, nem te
desamparará. Não temas, nem te espantes.” (v. 7,8).
Moisés
ordenou também que uma cópia do livro de Deuteronômio que ele estava acabando
de escrever fosse colocada com as demais Escrituras do Pentateuco ao lado da
arca da aliança (v. 24 a 26), não para ser escondida, mas para ser preservada
como original que evitaria possíveis futuras falsificações.
Não
havia lugar mais seguro para ser guardada a Palavra revelada do Senhor, uma vez
que somente o sumo sacerdote poderia entrar no lugar onde estava a arca, uma
vez por ano, no dia da expiação nacional.
“1 Prosseguindo
Moisés, falou ainda estas palavras a todo o Israel,
2
dizendo-lhes: Cento e vinte anos tenho eu hoje. Já não posso mais sair e
entrar; e o Senhor me disse: Não passarás este Jordão.
3 O
Senhor teu Deus passará adiante de ti; ele destruirá estas nações de diante de
ti, para que as possuas. Josué passará adiante de ti, como o Senhor disse.
4 E o
Senhor lhes fará como fez a Siom e a Ogue, reis dos amorreus, e à sua terra,
aos quais destruiu.
5
Quando, pois, o Senhor vo-los entregar, fareis com eles conforme todo o
mandamento que vos tenho ordenado.
6
Sede fortes e corajosos; não temais, nem vos atemorizeis diante deles; porque o
Senhor vosso Deus é quem vai convosco. Não vos deixará, nem vos desamparará.
7
Então chamou Moisés a Josué, e lhe disse à vista de todo o Israel: Sê forte e
corajoso, porque tu entrarás com este povo na terra que o Senhor, com
juramento, prometeu a teus pais lhes daria; e tu os farás herdá-la.
8 O
Senhor, pois, é aquele que vai adiante de ti; ele será contigo, não te deixará,
nem te desamparará. Não temas, nem te espantes.
9
Moisés escreveu esta lei, e a entregou aos sacerdotes, filhos de Levi, que
levavam a arca do pacto do Senhor, e a todos os anciãos de Israel.
10
Também Moisés lhes deu ordem, dizendo: Ao fim de cada sete anos, no tempo
determinado do ano da remissão, na festa dos tabernáculos,
11
quando todo o Israel vier a comparecer perante ao Senhor teu Deus, no lugar que
ele escolher, lereis esta lei diante de todo o Israel, para todos ouvirem.
12
Congregai o povo, homens, mulheres e pequeninos, e os estrangeiros que estão
dentro das vossas portas, para que ouçam e aprendam, e temam ao Senhor vosso
Deus, e tenham cuidado de cumprir todas as palavras desta lei;
13 e
que seus filhos que não a souberem ouçam, e aprendam a temer ao Senhor vosso
Deus, todos os dias que viverdes sobre a terra a qual estais passando o Jordão
para possuir.
14
Também disse o Senhor a Moisés: Eis que vem chegando o dia em que hás de
morrer. Chama a Josué, e apresentai-vos na tenda da revelação, para que eu lhe
dê ordens. Assim foram Moisés e Josué, e se apresentaram na tenda da revelação.
15
Então o Senhor apareceu na tenda, na coluna de nuvem; e a coluna de nuvem parou
sobre a porta da tenda.
16 E
disse o Senhor a Moisés: Eis que dormirás com teus pais; e este povo se
levantará, e se prostituirá indo após os deuses estranhos da terra na qual está
entrando, e me deixará, e quebrará o meu pacto, que fiz com ele.
17
Então se acenderá a minha ira naquele dia contra ele, e eu o deixarei, e dele
esconderei o meu rosto, e ele será devorado. Tantos males e angústias o
alcançarão, que dirá naquele dia: Não é, porventura, por não estar o meu Deus
comigo, que me sobrevieram estes males?
18
Esconderei pois, totalmente o meu rosto naquele dia, por causa de todos os
males que ele tiver feito, por se haver tornado para outros deuses.
19
Agora, pois, escrevei para vós este cântico, e ensinai-o aos filhos de Israel;
ponde-o na sua boca, para que este cântico me sirva por testemunha contra o
povo de Israel.
20
Porque o introduzirei na terra que, com juramento, prometi a seus pais, terra
que mana leite e mel; comerá, fartar-se-á, e engordará; então, tornando-se para
outros deuses, os servirá, e me desprezará, violando o meu pacto.
21 E
será que, quando lhe sobrevierem muitos males e angústias, então este cântico
responderá contra ele por testemunha, pois não será esquecido da boca de sua
descendência; porquanto conheço a sua imaginação, o que ele maquina hoje, antes
de eu o ter introduzido na terra que lhe prometi com juramento.
22
Assim Moisés escreveu este cântico naquele dia, e o ensinou aos filhos de
Israel.
23 E
ordenou o Senhor a Josué, filho de Num, dizendo: sê forte e corajoso, porque tu
introduzirás os filhos de Israel na terra que, com juramento, lhes prometi; e
eu serei contigo.
24
Ora, tendo Moisés acabado de escrever num livro todas as palavras desta lei,
25
deu ordem aos levitas que levavam a arca do pacto do Senhor, dizendo:
26
Tomai este livro da lei, e ponde-o ao lado da arca do pacto do Senhor vosso
Deus, para que ali esteja por testemunha contra vós.
27
Porque conheço a vossa rebeldia e a vossa dura cerviz; eis que, vivendo eu
ainda hoje convosco, rebeldes fostes contra o Senhor; e quanto mais depois da
minha morte!
28
Congregai perante mim todos os anciãos das vossas tribos, e vossos oficiais,
para que eu fale estas palavras aos seus ouvidos, e tome por testemunhas contra
eles o céu e a terra.
29
Porque eu sei que depois da minha morte certamente vos corrompereis, e vos
desviareis do caminho que vos ordenei; então este mal vos sobrevirá nos últimos
dias, quando fizerdes o que é mau aos olhos do Senhor, para o provocar à ira
com a obra das vossas mãos.
30
Então Moisés proferiu todas as palavras deste cântico, ouvindo-o toda a assembleia de
Israel:“ (Dt 31.1-30).
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