quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A Bênção Profética de Moisés – Deuteronômio 33


Pouco antes de sua morte, assim como Jacó fizera em relação aos seus filhos, que viriam a compor as tribos de Israel, Moisés também abençoou profeticamente a cada uma das tribos.
Ele os abençoou como homem de Deus (v. 1), como o mediador da aliança que Deus fizera com eles, como o profeta que lhes falou acerca da vontade de Deus segundo aquela aliança.
Moisés introduz a sua bênção descrevendo os aparecimentos gloriosos de Deus a eles, lhes dando a lei, e a glória divina iluminou não somente o Sinai, mas até mesmo os seus raios refletiram sobre os montes de Seir e Parã que estavam a certa distância do Sinai.
A lei é chamada de lei de fogo, porque foi dada a eles do meio do fogo, e porque opera como fogo queimando as consciências pecaminosas, com o fogo da revelação da santidade de Deus (v. 2). 
O Espírito Santo desceu em Pentecoste com a aparência de línguas de fogo, porque o evangelho é também uma lei de fogo, porque queima e destrói o pecado nos nossos corações
A Lei foi dada aos israelitas como uma lei de fogo, mas não para a destruição deles, senão para o seu benefício, porque é dito logo em seguida que Deus ama o seu povo e que todos os seus santos estão na sua mão, e que se colocam aos Seus pés para receberem dEle as Suas palavras (v.3).
Isto denota então que a Lei foi dada por amor e para que eles vivessem no amor de Deus, que tão ternamente os havia colocado sob a proteção e o cuidado da Sua mão, e os achegou carinhosamente aos seus pés, assim como um pai achega os seus filhos a si.
Todos os santos do Senhor estão firmemente seguros na Sua mão:
“eu lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão; e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que, mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai.” (Jo 10.28,29).
Jesus revelou o caráter deste amor de Deus pela nação de Israel quando proferiu acerca deles as seguintes palavras:
“Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, apedrejas os que a ti são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e não o quiseste!” (Mt 23.37).
A Lei foi então um dom da graça divina para o seu povo.
Esta Palavra nos foi dada para o nosso bem, para nos conduzir das trevas para a luz.
Para nos ensinar a necessidade que temos da graça de Jesus.
Para nos ensinar quão justo, santo e amoroso é o nosso Deus.
A Lei é então uma herança para a congregação de Jacó (v. 4), isto é, para o Israel de Deus de todas as épocas.
E, todo aquele que tem a Palavra de Cristo habitando nele tem uma rica herança que o acompanhará por toda a eternidade.   
A partir do verso 6 as bênçãos são iniciadas com a tribo de Rúben, da qual foi dito:
“Viva Rúben, e não morra; e não sejam poucos os seus homens.”
Esta tribo havia ocupado uma parte do território da Transjordânia e suas mulheres, filhos e gado ficariam aguardando pelos homens de guerra desta tribo enquanto eles fossem lutar com seus irmãos em Canaã, do outro lado do rio Jordão.
A bênção profética é então consoladora para todos daquela tribo, porque afirma que Rúben viverá e não morreria como tribo, e não seriam poucos os seus homens.   
A bênção de Judá vem logo em seguida à de Rúben (v. 7):
“Ouve, ó Senhor, a voz de Judá e introduze-o no meio do seu povo; com as suas mãos pelejou por si; sê tu o seu auxílio contra os seus inimigos.”
Deus ouviria as orações de Judá e lutaria por eles, auxiliando-os contra os seus inimigos, sobre os quais lhes daria vitória.
E, ao dizer “introduze-o no meio do seu povo”, o que isto parece indicar é o que ocorreu: Judá viria a ser o centro das tribos de Israel, especialmente no sentido espiritual, porque o tabernáculo e o templo ficariam no seu território e seria para lá que todas as tribos rumariam anualmente para celebrar as festividades prescritas pela Lei.
Nos versos 8 a 11 nós temos a bênção da tribo de Levi.
O Senhor era a herança desta tribo, e dela seriam todos os sacerdotes, descendentes de Arão.
Cabia a ela os serviços do tabernáculo, e ensinar a Lei a Israel (v. 10).
O zelo deles por Deus é lembrado, pois ficaram do lado de Moisés quando os israelitas fabricaram o bezerro de ouro (v. 9), quando executaram os líderes daquela adoração ao bezerro, sem considerar laços de família e de amizade, por causa do zelo do Senhor, guardando a Sua Palavra e a aliança.
Moisés orou para que o Senhor aceitasse as obras das mãos dos levitas (v. 10) e que os fizesse prosperar contra aqueles que se levantassem contra eles na obra que faziam para Deus, e que prevalecessem sobre eles, de modo que nunca mais se levantassem.
A causa dos levitas era a causa de Deus e Deus evidentemente lutaria pela sua própria causa.
Os ministros do evangelho não devem temer em fazer a obra de Deus e especialmente no que concerne ao ensino e pregação da Sua Palavra, porque Deus mesmo lutará por eles, e vencerá todos os seus opositores.     
No verso 12 é descrita a bênção da tribo de Benjamim.
Ele é chamada de amado do Senhor e dele se diz que habitaria seguro junto de Deus, e o Senhor o guardaria todo o dia, e que habitaria entre os seus ombros.
Esta profecia teve um cumprimento especial quando a tribo de Benjamin foi a única que aderiu à tribo de Judá, quando as demais tribos apostataram nos dias do rei Jeroboão, quando Israel foi dividido em Reino do Norte e Reino do Sul.    
Nos versos 13 a 17 é descrita a bênção de José, que englobava as tribos de Efraim e Manassés (v. 17 b), seus descendentes.
A fidelidade de José a Deus fez não somente que ele fosse distinguido pelo Senhor entre seus irmãos (v. 16), como garantiu a bênção de Deus para os seus descendentes, por amor dele e da sua fidelidade.
Assim como os descendentes de Davi foram abençoados por causa do amor de Deus a ele, em face da fidelidade que ele demonstrou durante toda a sua vida.
Isto é um incentivo para aqueles que temem ao Senhor e andam nos seus caminhos, porque não somente eles têm a promessa de serem abençoados como Deus tem prometido usar de misericórdia com a descendência deles:
“Saberás, pois, que o Senhor teu Deus é que é Deus, o Deus fiel, que guarda o pacto e a misericórdia, até mil gerações, aos que o amam e guardam os seus mandamentos;” (Dt 7.9).
Não é por acaso que grandes ministérios são observados ao longo da história da Igreja, dentro de famílias cujos patriarcas serviram fielmente a Deus.
Deus marca a vida dos seus servos fiéis nas gerações subsequentes, especialmente dentro da sua descendência, como prova da fidelidade deles.       
Deste modo, é destacado que as bênçãos da tribo de Efraim e Manassés lhes estavam sendo destinadas por causa da fidelidade de José.
Eles teriam grande abundância (v. 13 a 16) e poder bélico (v. 17).
As bênçãos de Zebulom e de Issacar são proferidas em conjunto porque ambos eram filhos de Jacó com Lia, e porque os lotes deles em Canaã ficariam próximos:
“De Zebulom disse: Zebulom, alegra-te nas tuas saídas; e tu, Issacar, nas tuas tendas”.
“Eles chamarão os povos ao monte; ali oferecerão sacrifícios de justiça, porque chuparão a abundância dos mares e os tesouros escondidos da areia.” (v. 18 e 19).
Zebulom se alegraria nas suas saídas porque era um porto de navios, e Deus lhes faria prosperar em suas viagens em comércio marítimo.
E Issacar tem motivo para se alegrar em suas tendas porque eles prosperariam em seus trabalhos na terra.
Deus em sua Providência vocaciona e dá dons aos homens, e até mesmo a nações.
Era para o bem de Israel que os homens de Zebulom seriam comerciantes, e os de Issacar fazendeiros.    
Nos versos 20 e 21 é citada a bênção da tribo de Gade.
Esta era uma das tribos que estava assentada na Transjordânia, juntamente com a tribo de Rúben e metade da tribo de Manassés.
Eles seriam aumentados em número e eles tirariam a força dos seus inimigos (como leoa que devora o braço) e a autoridade política deles (a coroa da cabeça).
É dito que eles se proveram da primeira parte (v. 21) e isto se refere ao fato de terem sido a primeira tribo a ter território designado para ser ocupado, antes mesmo da tribo de Rúben e Manassés que herdariam juntamente com eles na Transjordânia (Nm 32.2).
No verso 22 é citada a bênção de Dã:
“Dã é leãozinho, que salta de Basã.”
Dã é comparado em coragem a um leão.
A bênção de Naftali é citada no verso 23:
“ó Naftali, saciado de favores, e farto da bênção do Senhor, possui o lago e o sul.”
Naftali está satisfeito com os favores e a bênção do Senhor.
A satisfação da alma traz verdadeira alegria ao coração.
Os que estão satisfeitos em toda e qualquer situação têm o favor e a bênção de Deus.
Nos versos 24 e 25 é descrita a bênção de Aser:
“Bendito seja Aser dentre os filhos de Israel; seja o favorecido de seus irmãos; e mergulhe em azeite o seu pé; de ferro e de bronze sejam os teus ferrolhos; e como os teus dias, assim seja a tua força.”
Aser era agora uma tribo numerosa (Nm 26.47). Eles teriam a estima das demais tribos. E, tal seria a abundância de azeite em suas terras que eles não ungiriam somente a cabeça mas também os pés.
Eles teriam cidades fortificadas por portas com ferrolhos de ferro e de bronze, e eles receberiam força e longevidade da parte do Senhor.
Concluindo as bênçãos, Moisés se dirige a todo o Israel, chamando-o pelo seu nome simbólico hebraico de Jesurum, que como vimos significa alguém próspero e justo, e exaltou a Deus dizendo que não há semelhante a Ele, que cavalga sobre o céu na Sua majestade nas mais altas nuvens para ajudar o Seu povo (v. 26).
As demais nações adoravam a falsos deuses que não tinham por propósito ajudá-las e nem mesmo poderiam fazê-lo, porque toda falsa adoração é inspirada por demônios, e estes não têm qualquer outra ação e propósito que não sejam voltados para o mal.
O Deus Altíssimo, apesar de toda Sua Majestade, onipotência e santidade, é o Deus que se deixa achar pelo Seu povo e tem comunhão com ele, quando este anda em retidão e santidade.  
Moisés lhes disse que o Deus eterno era a morada de Israel, e os carregava em Seus braços eternos, arrojando os inimigos de Israel, ordenando-lhes que os destruíssem (v. 27).
A destruição dos cananeus pelos israelitas prefigurava a destruição final de todos os pecadores que são inimigos de Deus.
O pecado será destruído por Deus no Juízo Final, aonde quer que ele se encontre.
É dever de todo cristão cooperar com o trabalho do Espírito Santo e da graça de Jesus em destruir o pecado em si mesmo e na Igreja do Senhor.
Esta destruição de tão grande inimigo é determinada pelo próprio Deus ao Seu povo.
Nisto se inclui toda tentação maligna proveniente dos espíritos das trevas.
O capitão da nossa salvação expulsou o inimigo diante de nós quando ele venceu o mundo e expôs os principados e potestades ao desprezo na cruz; e nos tem comandado agora: "Destrua-os; procure a vitória, e você dividirá o espólio." 
 A par de todos os protestos da Lei contra a futura apostasia de Israel, é dito o que se lê no final deste capitulo:
“Israel pois habitará seguro, a fonte de Jacó a sós, na terra de grão e de mosto; e o seu céu gotejará o orvalho. Feliz és tu, ó Israel! quem é semelhante a ti? um povo salvo pelo Senhor, o escudo do teu socorro, e a espada da tua majestade; pelo que os teus inimigos te serão sujeitos, e tu pisarás sobre as suas alturas.“ ( v. 28 e 29).





“1 Esta é a bênção com que Moisés, homem de Deus, abençoou os filhos de Israel antes da sua morte.
2 Disse ele: O Senhor veio do Sinai, e de Seir raiou sobre nós; resplandeceu desde o monte Parã, e veio das miríades de santos; à sua direita havia para eles o fogo da lei.
3 Na verdade ama o seu povo; todos os seus santos estão na sua mão; postos serão no meio, entre os teus pés, e cada um receberá das tuas palavras.
4 Moisés nos prescreveu uma lei, uma herança para a assembleia de Jacó.
5 E tornou-se rei em Jesurum, quando se congregaram os cabeças do povo juntamente com as tribos de Israel.
6 Viva Rúben, e não morra; e não sejam poucos os seus homens.
7 E isto é o que disse de Judá: Ouve, ó Senhor, a voz de Judá e introduze-o no meio do seu povo; com as suas mãos pelejou por si; sê tu o seu auxílio contra os seus inimigos.
8 De Levi disse: Sejam teu Tumim e teu Urim para o teu homem santo, que provaste em Massá, com quem contendeste junto às águas de Meribá;
9 aquele que disse de seu pai e de sua mãe: Nunca os vi, e não reconheceu a seus irmãos, e não conheceu a seus filhos; pois esses levitas guardaram a tua palavra e observaram o teu pacto.
10 Ensinarão os teus preceitos a Jacó, e a tua lei a Israel; chegarão incenso ao seu nariz, e porão holocausto sobre o teu altar.
11 Abençoa o seu poder, ó Senhor, e aceita a obra das suas mãos; fere os lombos dos que se levantam contra ele e o odeiam, para que nunca mais se levantem.
12 De Benjamim disse: O amado do Senhor habitará seguro junto a ele; e o Senhor o cercará o dia todo, e ele habitará entre os seus ombros.
13 De José disse: Abençoada pelo Senhor seja a sua terra, com os mais excelentes dons do céu, com o orvalho, e com as águas do abismo que jaz abaixo;
14 com os excelentes frutos do sol, e com os excelentes produtos dos meses;
15 com as coisas mais excelentes dos montes antigos, e com as coisas excelentes dos outeiros eternos;
16 com as coisas excelentes da terra, e com a sua plenitude, e com a benevolência daquele que habitava na sarça; venha tudo isso sobre a cabeça de José, sobre o alto da cabeça daquele que é príncipe entre seus irmãos.
17 Eis o seu novilho primogênito; ele tem majestade; e os seus chifres são chifres de boi selvagem; com eles rechaçará todos os povos, sim, todas as extremidades da terra. Tais são as miríades de Efraim, e tais são os milhares de Manassés.
18 De Zebulom disse: Zebulom, alegra-te nas tuas saídas; e tu, Issacar, nas tuas tendas.
19 Eles chamarão os povos ao monte; ali oferecerão sacrifícios de justiça, porque chuparão a abundância dos mares e os tesouros escondidos da areia.
20 De Gade disse: Bendito aquele que faz dilatar a Gade; habita como a leoa, e despedaça o braço, e o alto da cabeça.
21 Ele se proveu da primeira parte, porquanto ali estava reservada a porção do legislador; pelo que veio com os chefes do povo, executou a justiça do Senhor e os seus juízos para com Israel.
22 De Dã disse: Dã é cachorro de leão, que salta de Basã.
23 De Naftali disse: ó Naftali, saciado de favores, e farto da bênção do Senhor, possui o lago e o sul.
24 De Aser disse: Bendito seja Aser dentre os filhos de Israel; seja o favorecido de seus irmãos; e mergulhe em azeite o seu pé;
25 de ferro e de bronze sejam os teus ferrolhos; e como os teus dias, assim seja a tua força.
26 Não há outro, ó Jesurum, semelhante a Deus, que cavalga sobre o céu para a tua ajuda, e na sua majestade sobre as mais altas nuvens.
27 O Deus eterno é a tua habitação, e por baixo estão os braços eternos; ele lançou o inimigo de diante de ti e disse: Destrói-o.
28 Israel pois habitará seguro, a fonte de Jacó a sós, na terra de grão e de mosto; e o seu céu gotejará o orvalho.
29 Feliz és tu, ó Israel! quem é semelhante a ti? um povo salvo pelo Senhor, o escudo do teu socorro, e a espada da tua majestade; pelo que os teus inimigos te serão sujeitos, e tu pisarás sobre as suas alturas.“ (Dt 33.1-29).

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