terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A Causa da Divisão do Reino de Israel – I Reis 12


Foi de tal ordem o juízo de Deus determinado sobre a idolatria de Salomão, que ele não visitou com juízos terríveis a idolatria dos bezerros de ouro instituída por Jeroboão em Dã e em Betel, pondo termo logo na origem a tudo o que se haveria de seguir naquele reino, pois além do culto aos bezerros Jeroboão instituiu sacerdotes para o seu culto, que não eram levitas, para queimarem incenso e oferecerem sacrifícios, não somente onde se encontravam os bezerros, mas em todos os altares que mandou erigir em Israel (v. 26 a 33).
Com isto, Deus os deixou entregues a si mesmos, por um bom período, para que  bebessem da água amarga da idolatria e recebessem a paga da nulidade que há em servir outros deuses, porque não podem livrar no dia da angústia, e como de fato ocorreu com eles durante todo o período de existência daquele reino até 722 a.C., quando foram desterrados por todas as nações pelos assírios.
Não houve, em todo o período da história do Reino do Norte, um só rei que andasse nos caminhos do Senhor, e que fizesse o povo retornar da sua idolatria para o seu Deus.
Nem mesmo os profetas que o Senhor enviou a eles, como Amós com sua dura mensagem contra o pecado, e nem os milagres poderosos realizados por Elias e Eliseu, assim como os juízos que o Senhor estabeleceu sobre os profetas e sacerdotes de Baal, conseguiu arrancar a idolatria que havia se arraigado no coração deles.
É muito triste pensar que tudo isto começou, não com Jeroboão, que foi quem deu seguimento ao culto aos falsos deuses, mas com Salomão, que reintroduziu e espalhou por todo Israel altares para satisfazer o desejo de suas mulheres pagãs.
Um grande líder que tenha sido usado pelo Senhor, por um grande período para abençoar o seu povo, pode ser o mesmo que venha a conduzi-lo à ruína, por se afastar dos caminhos de Deus, e passar a ensinar o erro em vez da verdade do evangelho.
Aqueles que seguiram o mau exemplo de Salomão no final de sua vida foram arruinados espiritualmente tal como ele.
Mas aqueles que perseveram em sua fidelidade ao Senhor fizeram a única e melhor escolha, não seguindo os passos de Salomão.
Jeroboão estava agindo por motivos políticos e não religiosos, quando instituiu o culto aos bezerros, e disseminou altares para sacrifícios por todo o Reino do Norte, porque temia que o povo o abandonasse unindo-se a Roboão, caso continuassem se dirigindo a Jerusalém para celebrarem as três festas anuais.
Na verdade, ele transgrediu mais o segundo mandamento (“não farás para ti imagens de escultura”) do que o primeiro (“não terás outros deuses diante de mim”), porque alegava que tanto os bezerros de ouro de Dã e Betel, quanto os altares que levantara tinham em mira o culto ao Deus de Israel.
No entanto, quando o culto ao Senhor transgride as normas que foram por ele determinadas, este culto não pode de modo nenhum ser dito que é feito para o Deus único e verdadeiro, senão torna-se num culto a outros deuses, porque são inspirados por demônios e dirigidos pela própria vontade e imaginação dos homens.
Tanto é assim, que o Senhor havia visitado com juízos terríveis o culto do bezerro que os israelitas haviam promovido, quando haviam saído do Egito, sob a alegação de que aquele bezerro era o Deus que lhes havia libertado da dura servidão.
O culto a outros deuses está pois também associado ao culto e adoração de imagens de escultura, ainda que seja sob a alegação de que elas se referem ao Deus verdadeiro.
Deus sabia que não poderia achar coisas boas em Israel para dar continuidade com eles na história de redenção, e assim, os separou providencialmente dos de Judá, de modo que preservasse um remanescente fiel entre eles, para que depois de terem retornado do cativeiro em Babilônia, pudesse reconstruir com eles a vida religiosa da nação, de maneira que pudesse trazer através deles o Messias prometido.
E o meio que foi utilizado para esta separação foi a falta de sabedoria política de Roboão, que apesar de contar com quarenta e um anos de idade, quando começou a reinar (14.21), não era dotado da mesma sabedoria que Deus havia dado ao seu pai, e no desejo de manter a mesma grandeza do reino que havia herdado, e que era sustentada por elevados impostos, não deu ouvido ao clamor do povo que pedia a redução destes, e deixando de dar ouvido ao sábio conselho que lhes deram os anciãos do reino, seguiu o conselho que agradava aquilo que estava no seu coração, que era manter e até aumentar todo o fausto da corte imperial, e por isso disse ao povo que não reduziria a carga de impostos, que eram cobrados pelo seu pai, e ainda a aumentaria em muito.
O texto bíblico diz que isto vinha da parte do Senhor, para que ocorresse a cisão, tanto que quando Roboão tentou fazer prevalecer a sua vontade, pelo uso da força, arregimentando um exército de 180.000 mil homens de Judá e de Benjamim, para combater os demais israelitas, Deus lhe enviou o profeta Semaías (v. 22), que disse que aquela separação vinha dEle, e portanto seria inútil qualquer revolução para a retomada do poder.   
   



“1 Foi então Roboão para Siquém, porque todo o Israel se congregara ali para fazê-lo rei.
2 E Jeroboão, filho de Nebate, que estava ainda no Egito, para onde fugira da presença do rei Salomão, ouvindo isto, voltou do Egito.
3 E mandaram chamá-lo; Jeroboão e toda a congregação de Israel vieram, e falaram a Roboão, dizendo:
4 Teu pai agravou o nosso jugo; agora, pois, alivia a dura servidão e o pesado jugo que teu pai nos impôs, e nós te serviremos.
5 Ele lhes respondeu: Ide-vos até o terceiro dia, e então voltai a mim. E o povo se foi.
6 Teve o rei Roboão conselho com os anciãos que tinham assistido diante de Salomão, seu pai, quando este ainda vivia, e perguntou-lhes: como aconselhais vós que eu responda a este povo?
7 Eles lhe disseram: Se hoje te tornares servo deste povo, e o servires, e, respondendo-lhe, lhe falares boas palavras, eles serão para sempre teus servos.
8 Ele, porém, deixou o conselho que os anciãos lhe deram, e teve conselho com os mancebos que haviam crescido com ele, e que assistiam diante dele,
9 perguntando-lhes: Que aconselhais vós que respondamos a este povo, que me disse: Alivia o jugo que teu pai nos impôs?
10 E os mancebos que haviam crescido com ele responderam-lhe: A este povo que te falou, dizendo: Teu pai fez pesado o nosso jugo, mas tu o alivia de sobre nós; assim lhe falarás: Meu dedo mínimo é mais grosso do que os lombos de meu pai.
11 Assim que, se meu pai vos carregou dum jugo pesado, eu ainda aumentarei o vosso jugo; meu pai vos castigou com açoites; eu, porém, vos castigarei com escorpiões.
12 Veio, pois, Jeroboão com todo o povo a Roboão ao terceiro dia, como o rei havia ordenado, dizendo: Voltai a mim ao terceiro dia.
13 E o rei respondeu ao povo asperamente e, deixando o conselho que os anciãos lhe haviam dado,
14 falou-lhe conforme o conselho dos mancebos, dizendo: Meu pai agravou o vosso jugo, porém eu ainda o aumentarei; meu pai vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei com escorpiões.
15 O rei, pois, não deu ouvidos ao povo; porque esta mudança vinha do Senhor, para confirmar a palavra que o Senhor dissera por intermédio de Aías, o silonita, a Jeroboão, filho de Nebate.
16 Vendo, pois, todo o Israel que o rei não lhe dava ouvidos, respondeu-lhe, dizendo: Que parte temos nós em Davi? Não temos herança no filho de Jessé. Às tuas tendas, ó Israel! Agora olha por tua casa, ó Davi! Então Israel se foi para as suas tendas.
17 (Mas quanto aos filhos de Israel que habitavam nas cidades de Judá, sobre eles reinou Roboão.)
18 Então o rei Roboão enviou-lhes Adorão, que estava sobre a leva de tributários servis; e todo o Israel o apedrejou, e ele morreu. Pelo que o rei Roboão se apressou a subir ao seu carro e fugiu para Jerusalém.
19 Assim Israel se rebelou contra a casa de Davi até o dia de hoje.
20 Sucedeu então que, ouvindo todo o Israel que Jeroboão tinha voltado, mandaram chamá-lo para a congregação, e o fizeram rei sobre todo o Israel; e não houve ninguém que seguisse a casa de Davi, senão somente a tribo de Judá.
21 Tendo Roboão chegado a Jerusalém, convocou toda a casa de Judá e a tribo de Benjamim, cento e oitenta mil homens escolhidos, destros para a guerra, para pelejarem contra a casa de Israel a fim de restituírem o reino a Roboão, filho de Salomão.
22 Veio, porém, a palavra de Deus a Semaías, homem de Deus, dizendo:
23 Fala a Roboão, filho de Salomão, rei de Judá, e a toda a casa de Judá e de Benjamim, e ao resto do povo, dizendo:
24 Assim diz o Senhor: Não subireis, nem pelejareis contra vossos irmãos, os filhos de Israel; volte cada um para a sua casa, porque de mim proveio isto. E ouviram a palavra do Senhor, e voltaram segundo o seu mandado.
25 Jeroboão edificou Siquém, na região montanhosa de Efraim, e habitou ali; depois, saindo dali, edificou Penuel.
26 Disse Jeroboão no seu coração: Agora tornará o reino para a casa de Davi.
27 Se este povo subir para fazer sacrifícios na casa do Senhor, em Jerusalém, o seu coração se tornará para o seu senhor, Roboão, rei de Judá; e, matando-me, voltarão para Roboão, rei de Judá.
28 Pelo que o rei, tendo tomado conselho, fez dois bezerros de ouro, e disse ao povo: Basta de subires a Jerusalém; eis aqui teus deuses, ó Israel, que te fizeram subir da terra do Egito.
29 E pôs um em Betel, e o outro em Dã.
30 Ora, isto se tornou em pecado; pois que o povo ia até Dã para adorar o ídolo.
31 Também fez casas nos altos, e constituiu sacerdotes dentre o povo, que não eram dos filhos de Levi.
32 E Jeroboão ordenou uma festa no oitavo mês, no dia décimo quinto do mês, como a festa que se celebrava em Judá, e sacrificou no altar. Semelhantemente fez em Betel, sacrificando aos bezerros que tinha feito; também em Betel estabeleceu os sacerdotes dos altos que fizera.
33 Sacrificou, pois, no altar, que fizera em Betel, no dia décimo quinto do oitavo mês, mês que ele tinha escolhido a seu bel prazer; assim ordenou uma festa para os filhos de Israel, e sacrificou no altar, queimando incenso.” (I Rs 12.1-33).

Um comentário:

  1. Interessante o seu estudo pastor Silvio. Mas gostaria de contribuir com mais alguns detalhes: Jeroboão começou com a idolatria, quando ele sentiu medo de perder o reinado e ser morto por Roboão. E por causa disso ele fez dois bezerros de ouro para manter o povo em sua cidade e não deixar o povo ir até Jerusalém adorar. Ele incentivou o povo a ser idolatra. Sendo que se ele tivesse fé, ele pensaria: foi o profeta Aías que profetizou, sobre o meu reinado. Então é por causa da vontade de Deus que eu estou neste oficio. Então, que seja feita a sua vontade. Isto sim, seria confiar em Deus e ter fé. E não fazer um bezerro de ouro para resolver as coisas. Hoje quando ficamos com medo e ao invéz de confiar em Deus e buscá-lo com fé, queremos resolver a nossa maneira. Exemplo: consumindo, comendo com gula, etc. Estas coisas são bezerros de ouro. São idolatrias. O profeta Elias experimentou grande idolatria de Israel no reinado de Acabe, foi fruto da idolatria de Jereboão. Ele disse ao povo no Monte Carmelo. Por que voces ficam coxeando entre dois pensamentos?Se o Senhor é Deus servio-o... Porque o povo fazia um culto misto. Ora acreditavam em Deus, ora acreditavam em outros deuses.Eu penso que idolatria é muito mais do que fazer imagens para adorar. Jesus nos instigou a pensar sobre os verdadeiros adoradores. Que estes adorariam o Pai em espírito e em verdade. Adorar não é só cantar, louvar. E viver a confiança em Deus, quando sentimos medo. E buscar Ele em Espírito, quando estamos em conflitos. Não é ter preferência de local (Igreja), como Jesus ensinou a mulher samaritana. É necessário transpor uma ponte entre o que é lido no A.T e o que acontece hoje em nossos dias. Porque hoje não temos os deuses com os nomes antigos, mas temos outros deuses como consumismo, e outros que devemos pesquisar.

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