quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A Vida Que Há na Obediência à Palavra – Deuteronômio 6




A Nova Aliança em nada mudou o princípio espiritual e geral de que uma vida verdadeiramente  abençoada está em se temer a Deus e guardar os Seus mandamentos.
“A circuncisão nada é, e também a incircuncisão nada é, mas sim a observância dos mandamentos de Deus.” (I Cor 7.19).
Jesus se manifestou para este propósito de que, pela Sua graça, mediante o poder do Espírito, derramado em todas as nações da terra, pudéssemos pela fé, fazer a vontade Deus, temendo-O e guardando a Sua Palavra. 
O propósito de Deus para os israelitas na Antiga Aliança não era diferente disto. 
Moisés ensinou aos israelitas, somente aquilo que Deus lhe ordenou que lhes ensinasse.
Deste modo, os ministros de Cristo devem ensinar às suas Igrejas somente aquilo que o Senhor lhes tem ordenado em Sua Palavra, nem mais, nem menos (Mt 28.20).
Devem fazer isto em todo o tempo, e não somente quando estão pregando a Palavra.
Nós vemos no sexto capitulo de Deuteronômio a ordem do Senhor expedida através de Moisés para que os pais ensinassem a Palavra a seus filhos, em todo o tempo, e em todos os dias.
Não há outra maneira de se vencer a natureza terrena e de se ficar ricamente habitado pela palavra de Cristo.
Sempre houve, e hoje mais do que nunca, uma tendência a se pensar que pastores e líderes, e qualquer cristão, só devem falar as coisas de Deus quando estiverem reunidos em suas congregações; pois, segundo o seu entendimento carnal, não é adequado falar sobre tais coisas em outras ocasiões e lugares.
Quão pecaminosa é a atitude de verdadeiros cristãos considerarem que é vergonhoso falar do Deus Altíssimo e da Sua santa Palavra em lugares diferentes da Igreja, e somente nos momentos reservados para tal propósito.
Que desonra para o elevado nome do Senhor, ser usado segundo a conveniência dos seus filhos, quando e como eles querem e preferem.
Não é Ele nem a Sua vontade o centro das suas conversações. Eles preferem falar de banalidades, de coisas que são de nenhum valor, em vez de falarem das coisas que mantêm as suas mentes alimentadas com a verdade, e guardadas do mal, por pensarem somente em;
 “tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, e se há alguma virtude, e se há algum louvor,” (Fp 4.8).
Mas não são poucos que se envergonham do Senhor e das Suas palavras.
Que têm vergonha de parecerem santos aos olhos de outros, ainda que sejam também cristãos como eles.
Não têm o temor do Senhor diante dos seus olhos, e não consideram o sentido interior destas Suas palavras:
 “Porquanto, qualquer que, entre esta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também dele se envergonhará o Filho do homem quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos.” (Mc 8.38).
Por isso o mandamento é claro e direto:
“Ouve, ó Israel; o Senhor nosso Deus é o único Senhor.  Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças. E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás a teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te. Também as atarás por sinal na tua mão e te serão por frontais entre os teus olhos; e as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas.” (Deut 6.4-9).
A palavra de Deus deve ser exibida exteriormente. Mas isto deve partir do fundo do nosso coração, voluntariamente, por amar ao Senhor e à Sua Palavra, pois se diz que Ele deve ser amado de todo o coração, de toda a alma e de todas as nossas forças.
É estando primeiro no coração que a Palavra de Deus deve ser exposta e ensinada, a começar da nossa própria casa, aos nossos filhos, e isto em todo o tempo, quer estando em casa, quer andando pelo caminho, e desde o acordar até a hora de dormir.
É por se conhecer, amar e obedecer esta Palavra que temos a manifestação da vida de Deus em nossa vida, portanto é preciso meditar nela em todo o tempo, ainda que tenhamos para isso que escrevê-la na nossa mão e nos umbrais e nas portas de nossas casas, para que a tenhamos sempre diante dos nossos olhos, se não a temos em grande disponibilidade em escritos, assim como os israelitas não os possuíam nos dias de Moisés.
Ela deve ser assim exposta por nós, porque não nos foi dada para que a represemos, senão que declaremos a todos ao nosso redor o nosso amor pelo Senhor e pela Sua Palavra, expondo-o a eles, sem qualquer reserva ou vergonha em nossos corações.
Afinal, o grande mandamento da lei é o amor a Deus.
Desta forma, deve ser um prazer nos agradarmos em todos os Seus atributos, e termos nEle todo a nossa alegria, e ser inteiramente dependentes dEle, falando com Ele e O servindo em todo o tempo.
Fomos criados para amá-lo como nosso Pai e o melhor dos amigos. Nós temos que amá-lo não somente de língua, mas de verdade, com grande fervor e afeto.
Mas este amor deve ser baseado na obediência da Palavra, na qual devemos meditar em todo o tempo, para que nossa alma possa ser impressionada por ela.
Moisés preveniu os israelitas quanto ao perigo da apostasia quando estivessem desfrutando da prosperidade da terra de Canaã, na posse dos despojos dos inimigos de Deus, pois eles tomariam, pelo mandado do Senhor, as suas cidades e todos os seus bens, e o perigo de se esquecerem de Deus e dos Seus mandamentos estaria sempre presente.
Daí a importância de se guardarem (Deut 6.12), temendo o Senhor (v. 13), e meditando e cumprindo diligentemente os Seus mandamentos (v.17).
Isto também não mudou na Nova Aliança, pois o perigo dos cristãos apostatarem do Senhor está sempre presente, e eles somente poderão ser salvos de caírem nas tentações da carne, de Satanás e do mundo, e dos falsos ventos de doutrina, cuidando de si mesmos e da sã doutrina.
É preciso vigiar em todo o tempo, mas segundo a determinação de cumprir os mandamentos do Senhor.
Daí o conselho de Paulo a Timóteo:
 “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.” (I Tim 4.16).
Moisés disse que o cuidado de cumprir todos os mandamentos seria imputado para justiça aos israelitas (Deut 6.25).
Não para a justiça que é pela fé, mas a que é pelas obras, e que não pode justificar para a salvação eterna da alma, porque esta é somente por meio da justiça da fé.
Por isso, o próprio Moisés havia escrito antes, em Gênesis, que Abraão creu em Deus e isto lhe foi imputado para justiça, fazendo assim uma clara referência à justificação que é pela fé (Gên 15.6).
Então, obviamente, ao falar que o homem viveria por guardar a Lei, Moisés estava se referindo à preservação do israelita, naquela Antiga Aliança, não sendo sujeitado aos juízos de penas de morte previstas na Lei, para os casos de transgressão dos seus mandamentos.
Também está implícita em tais palavras, a verdade de que está sujeito à maldição de condenação eterna da Lei, todos aqueles que não permanecerem na prática dos seus mandamentos.
Maldição esta, da qual, podemos ser resgatados, somente por meio da fé em Jesus, porque não há quem não peque contra a Lei de Deus.
Na própria transgressão da lei está prescrita a nossa condenação e somos indesculpáveis, porque o mandamento transgredido exige que sejamos mortos.
A impossibilidade de se cumprir perfeitamente a lei deveria convencer àqueles que quisessem se aproximar de Deus a buscarem a justificação por outro caminho, a saber o da fé na Sua promessa de que perdoa os pecadores por Sua exclusiva bondade e misericórdia.
Daí nos exortar o autor de Hebreus a buscar o novo e vivo caminho que nos foi dado para a justificação, em vez de confiarmos no caminho difícil e impossível das obras da lei para tal justificação:
 “pelo caminho que ele nos inaugurou, caminho novo e vivo, através do véu, isto é, da sua carne,” (Hb 10.20).    
No entanto, deve ser considerado que o amor à Lei de Deus e o dispor sincero a cumprir os Seus mandamentos, pelo impulso da fé e da força da graça, são realmente uma grande evidência da salvação eterna.
Deus tem considerado a diligência em cumprir a Sua vontade, como sendo o cumprimento propriamente dito.
Então daí ter afirmado, que o viver seria por se guardar os Seus mandamentos, para que ninguém se iluda que pertence a Ele, sem amar e guardar a Sua Palavra.
Foi a este espirito da Lei a que Moisés se referiu, e não propriamente a uma disposição de caráter legalista, de aprovar somente para a vida com Deus, aqueles que cumprissem à risca, com total perfeição todos os mandamentos, porque sabemos que isto é impossível a qualquer pessoa, enquanto estivermos neste mundo. 
Então a justificação será sempre pela graça, mediante a fé, mas os que são justificados, tal como Abraão, evidenciarão esta justificação, pela prática das obras de Abraão.  
Então, ser justificado pela lei sem a graça e a fé, é uma impossibilidade para o pecador, por causa da sua natureza carnal, pecaminosa, porque o único modo de se confirmar o que é exigido pela lei é mediante a fé, porque é mediante a fé que se obtém um novo coração, segundo o coração de Deus, capaz de fazer a Sua vontade (Rm 3.31), por conseguinte, capaz de atender às exigências da Sua lei.



“1 Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os preceitos que o Senhor teu Deus mandou ensinar-te, a fim de que os cumprisses na terra a que estás passando: para a possuíres;
2 para que temas ao Senhor teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos, que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida, e para que se prolonguem os teus dias.
3 Ouve, pois, ó Israel, e atenta em que os guardes, para que te vá bem, e muito te multipliques na terra que mana leite e mel, como te prometeu o Senhor Deus de teus pais.
4 Ouve, ó Israel; o Senhor nosso Deus é o único Senhor.
5 Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças.
6 E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração;
7 e as ensinarás a teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te.
8 Também as atarás por sinal na tua mão e te serão por frontais entre os teus olhos;
9 e as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas.
10 Quando, pois, o Senhor teu Deus te introduzir na terra que com juramento prometeu a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó, que te daria, com grandes e boas cidades, que tu não edificaste,
11 e casas cheias de todo o bem, as quais tu não encheste, e poços cavados, que tu não cavaste, vinhas e olivais, que tu não plantaste, e quando comeres e te fartares;
12 guarda-te, que não te esqueças do Senhor, que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão.
13 Temerás ao Senhor teu Deus e o servirás, e pelo seu nome jurarás.
14 Não seguirás outros deuses, os deuses dos povos que houver à roda de ti;
15 porque o Senhor teu Deus é um Deus zeloso no meio de ti; para que a ira do Senhor teu Deus não se acenda contra ti, e ele te destrua de sobre a face da terra.
16 Não tentareis o Senhor vosso Deus, como o tentastes em Massá.
17 Diligentemente guardarás os mandamentos do Senhor teu Deus, como também os seus testemunhos, e seus estatutos, que te ordenou.
18 Também praticarás o que é reto e bom aos olhos do Senhor, para que te vá bem, e entres, e possuas a boa terra, a qual o Senhor prometeu com juramento a teus pais;
19 para que lance fora de diante de ti todos os teus inimigos, como disse o Senhor.
20 Quando teu filho te perguntar no futuro, dizendo: Que significam os testemunhos, estatutos e preceitos que o Senhor nosso Deus vos ordenou?
21 responderás a teu filho: Éramos servos de Faraó no Egito, porém o Senhor, com mão forte, nos tirou de lá;
22 e, aos nossos olhos, o Senhor fez sinais e maravilhas grandes e penosas contra o Egito, contra Faraó e contra toda a sua casa;
23 mas nos tirou de lá, para nos introduzir e nos dar a terra que com juramento prometera a nossos pais.
24 Pelo que o Senhor nos ordenou que observássemos todos estes estatutos, que temêssemos o Senhor nosso Deus, para o nosso bem em todo o tempo, a fim de que ele nos preservasse em vida, assim como hoje se vê.
25 E será justiça para nós, se tivermos cuidado de cumprir todos estes mandamentos perante o Senhor nosso Deus, como ele nos ordenou.“ (Dt 6.1-25).

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