Mais
uma vez, Moisés se refere no 14º capitulo de
Deuteronômio à eleição de Israel (v. 1,2) que não foi baseada
no próprio mérito deles, para viverem como filhos de Deus, como povo santo do
Senhor.
Deus
os escolheu, assim como os cristãos na Igreja de Cristo,
como se afirma em Ef 1.4-6:
“como
também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e
irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para sermos filhos de
adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade,
para o louvor da glória da sua graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado;”
Este
caráter da eleição, para o propósito da santificação, também é citado pelo
apóstolo Pedro:
“eleitos segundo a presciência de Deus Pai, na
santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus
Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas.” (I Pe 1.2)
Ninguém
é eleito por Deus dentre os homens senão para ser santificado.
Assim,
não seria diferente em relação a Israel.
O
grande alvo de Deus não era apenas o de eleger uma nação sem o propósito de
santificar as pessoas desta nação; pois seria na santificação do povo, que se
confirmaria a eleição.
Por
isso, Paulo diz que nem todo israelita é um verdadeiro israelita, segundo o
propósito de Deus na eleição; que a vocação de Israel é mantida naqueles que
são eleitos e não nos que são endurecidos, de modo que ele afirma:
“Pois
quê? O que Israel busca, isso não o alcançou; mas os eleitos alcançaram; e os
outros foram endurecidos,” (Rm 11.7).
Os
eleitos, cuja eleição é comprovada pela santificação, foram os que alcançaram o
propósito de Deus na vocação de Israel, pois foi para o propósito da
santificação que Deus havia elegido aquela nação, para viver como Seu povo na
terra.
Então
a convocação para guardarem os Seus mandamentos, e a viverem como Seus filhos,
santos e amados, era uma chamada realmente séria à confirmação da eleição pela
santificação.
Como
lemos em II Pe 1.10:
“Portanto,
irmãos, procurai mais diligentemente fazer firme a vossa vocação e eleição;
porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis.”
Este
“fazendo isto” que ele cita neste versículo se refere ao que ordenara
anteriormente nos versos 5 a 8:
“E
por isso mesmo vós, empregando toda a diligência, acrescentai à vossa fé a
virtude, e à virtude a ciência, e à ciência o domínio próprio, e ao domínio
próprio a perseverança, e à perseverança a piedade, e à piedade a fraternidade,
e à fraternidade o amor. Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas,
elas não vos deixarão ociosos nem infrutíferos no pleno conhecimento de nosso
Senhor Jesus Cristo.”
É
pela eleição que Deus se provê de filhos, assim, os verdadeiros israelitas em
toda a nação de Israel é que seriam as pessoas realmente adotadas por Deus (v.
1), porque é impossível ser filho de Deus, sem que se esteja unido a Ele pela
fé.
Foi
para este propósito de tornar a muitos israelitas verdadeiros filhos de Deus,
que Cristo se manifestou, pois Moisés havia se referido ao grande Profeta e
Mediador que seria levantado em Israel depois dele, para que sendo ouvido e
crido, pudessem ter vida.
Disto
nos fala o apóstolo João:
“Veio
para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o
receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de
Deus;” (Jo 1.11,12).
Israel
significa príncipe de Deus, e isto indica a condição de serem filhos deste Rei.
Desta forma, todo verdadeiro israelita é um filho de Deus, participante da Sua
natureza, favor, amor e bênção.
“Vede
que grande amor nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus;
e nós o somos. Por isso o mundo não nos conhece; porque não conheceu a ele.” (I
Jo 3.1).
Aqui
está a santificação: pessoas separadas para Deus, dedicadas ao seu serviço e
louvor.
As
pessoas que são de Deus estão debaixo das maiores obrigações de serem santas,
segundo a graça do Senhor, que as conduzirá a isto.
Deus
as tem reservado para Si e as tem qualificado para o Seu serviço e agrado.
Por
conseguinte, os israelitas deveriam se distinguir por uma grande singularidade
de todas as demais nações da terra.
De
igual modo, a Igreja, o Israel de Deus, deve ser distinto. No
caso dos israelitas, é citado neste capítulo que eles deveriam se distinguir
particularmente em duas coisas, a saber:
1 –
No seu luto pelos mortos, pois não deveriam se cortar (v. 1). Eles não deveriam
se cortar para satisfazer com o seu próprio sangue às falsas
divindades do inferno, como fizeram os profetas de Baal (I Reis
18.28).
2 –
No tipo de alimentação deles. Conforme distinção entre animais limpos e
imundos, que já havia sido descrita em Levítico 11, sendo que aqui é citado que
tudo que não fosse expressamente proibido na lei poderia ser consumido (v.
11-20).
Todavia,
não se deveria comer de nenhuma carne de qualquer animal que tivesse morrido
por si mesmo, especialmente em razão de não ter sido sangrado devidamente,
tendo o sangue ficado coagulado e impregnado na carne, não sendo, portanto uma
alimentação saudável, e que também faria com que fosse transgredida a ordenança
cerimonial de não se comer sangue ou carne com sangue.
Também
foi proibido cozinhar um filhote de cabra no leite de sua mãe, por ter sido
provavelmente algum tipo de prática supersticiosa pagã.
Os
dízimos tinham uma função social, na Antiga Aliança,
especialmente a de sustentar os levitas, e os sacerdotes entre
eles, porque os descendentes de Arão eram também levitas, pois não tinham
recebido herança em Canaã, como se lê em Lev 18.21:
“Eis
que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo
serviço que prestam, o serviço da tenda da revelação.”
“1
Filhos sois do Senhor vosso Deus; não vos cortareis a vós mesmos, nem abrireis
calva entre vossos olhos por causa de algum morto.
2
Porque és povo santo ao Senhor teu Deus, e o Senhor te escolheu para lhe seres
o seu próprio povo, acima de todos os povos que há sobre a face da terra.
3
Nenhuma coisa abominável comereis.
4
Estes são os animais que comereis: o boi, a ovelha, a cabra,
5 o
veado, a gazela, o cabrito montês, a cabra montesa, o antílope, o órix e a
ovelha montesa.
6
Dentre os animais, todo o que tem a unha fendida, dividida em duas, e que
rumina, esse podereis comer.
7
Porém, dos que ruminam, ou que têm a unha fendida, não podereis comer os
seguintes: o camelo, a lebre e o querogrilo, porque ruminam, mas não têm a unha
fendida; imundos vos serão;
8 nem
o porco, porque tem unha fendida, mas não rumina; imundo vos será. Não comereis
da carne destes, e não tocareis nos seus cadáveres.
9
Isto podereis comer de tudo o que há nas águas: tudo o que tem barbatanas e
escamas podereis comer;
10
mas tudo o que não tem barbatanas nem escamas não comereis; imundo vos será.
11 De
todas as aves limpas podereis comer.
12
Mas estas são as de que não comereis: a águia, o quebrantosso, o xofrango,
13 o
açor, o falcão, o milhafre segundo a sua espécie,
14
todo corvo segundo a sua espécie,
15 o
avestruz, o mocho, a gaivota, o gavião segundo a sua espécie,
16 o
bufo, a coruja, o porfirião,
17 o
pelicano, o abutre, o corvo marinho,
18 a
cegonha, a garça segundo a sua espécie, a poupa e o morcego.
19
Também todos os insetos alados vos serão imundos; não se comerão.
20 De
todas as aves limpas podereis comer.
21
Não comerás nenhum animal que tenha morrido por si; ao peregrino que está
dentro das tuas portas o darás a comer, ou o venderás ao estrangeiro; porquanto
és povo santo ao Senhor teu Deus. Não cozerás o cabrito no leite de sua mãe.
22
Certamente darás os dízimos de todo o produto da tua semente que cada ano se recolher
do campo.
23 E,
perante o Senhor teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu
nome, comerás os dízimos do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e os
primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer ao
Senhor teu Deus por todos os dias.
24
Mas se o caminho te for tão comprido que não possas levar os dízimos, por estar
longe de ti o lugar que Senhor teu Deus escolher para ali por o seu nome,
quando o Senhor teu Deus te tiver abençoado;
25
então vende-os, ata o dinheiro na tua mão e vai ao lugar que o Senhor teu Deus
escolher.
26 E
aquele dinheiro darás por tudo o que desejares, por bois, por ovelhas, por
vinho, por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; comerás ali
perante o Senhor teu Deus, e te regozijarás, tu e a tua casa.
27
Mas não desampararás o levita que está dentro das tuas portas, pois não tem
parte nem herança contigo.
28 Ao
fim de cada terceiro ano levarás todos os dízimos da tua colheita do mesmo ano,
e os depositarás dentro das tuas portas.
29
Então virá o levita (pois nem parte nem herança tem contigo), o peregrino, o
órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão;
para que o Senhor teu Deus te abençoe em toda obra que as tuas mãos fizerem.“
(Dt 14.1-29).
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