segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Falsa Paz e Segurança – Zacarias 1



Os judeus haviam retornado de Babilônia a Judá, por decreto de Ciro, em 537 a.C., e no mesmo ano começaram a reconstruir o templo de Jerusalém, que havia sido destruído por Nabucodonozor.
Mas, sofreram uma forte oposição dos samaritanos, que foram rejeitados por eles quanto à participação na reedificação do templo, ficando a obra paralisada por cerca de 16 anos.
As obras de reconstrução do templo foram reiniciadas em 520 a C., através das exortações dos profetas Ageu e Zacarias, sendo o templo concluído 4 anos depois em 516 a.C.
A primeira profecia de Zacarias, no segundo ano do rei persa Dario, pode ser situada, portanto, cerca de 17 anos após o retorno dos judeus à Palestina.
Como se afirma no primeiro versículo de seu livro, Zacarias começou seu ministério junto aos judeus no oitavo mês do segundo ano de Dario; sendo que o profeta Ageu começou o seu, dois meses antes, a saber, no sexto mês  do segundo ano de Dario, como se vê em Ageu 1.1.
Os judeus estavam em grande perplexidade, porque o Senhor havia prometido lhes dar descanso quando se completassem os setenta anos de cativeiro em Babilônia, e estavam, depois de cumprido aquele prazo, ainda debaixo das aflições de seus inimigos.
No entanto, o Senhor lhes falou através do profeta Zacarias, que eles haviam se afastado dEle, e que deveriam se converter para que Ele voltasse a tornar para eles (Zac 1.3), e que deveriam aprender do que havia acontecido aos seus pais, para que não andassem nos mesmos caminhos deles, porque haviam despertado grandemente a ira do Senhor, porque não se arrependeram de suas más obras, quando o Senhor os exortou pelos profetas (Zac 1.2, 4).    
Eles foram exortados do mesmo modo, pelo profeta Ageu, a se converterem ao Senhor, e a se santificarem, conforme podemos ver no livro do referido profeta.
Então, não foi pela falta de poder ou interesse de Deus, que eles se encontravam ainda debaixo da opressão dos povos inimigos, mas, por causa da sua própria infidelidade, que é descrita em Ageu, por estarem principalmente, dando prioridade aos seus próprios interesses e negócios, e não à casa do Senhor e à Sua vontade. 
  Cerca de três meses depois, no décimo primeiro mês, do segundo ano, do reinado de Dario, a palavra do Senhor veio novamente a Zacarias (v. 7), numa visão, na qual viu “um homem montado num cavalo vermelho, e ele estava parado entre as murtas que se achavam no vale; e atrás dele estavam cavalos vermelhos, baios e brancos.” (v. 8).
Zacarias pediu a Deus o significado da visão, e um anjo lhe respondeu que eram aqueles que o Senhor havia enviado para percorrerem a terra (v. 9, 10).
E aqueles cavaleiros responderam ao anjo, que estava parado entre as murtas, que estavam percorrendo a terra e que toda ela estava tranqüila e em descanso (v. 11).
Nós vemos em I Tes 5.3, que quando o Senhor voltar para julgar toda a terra, os seus habitantes estarão dizendo “paz e segurança”, a par de toda a iniquidade em que estiverem vivendo. 
Há fomes, pestes, assassinatos, e toda sorte de calamidades na terra, e ainda assim, seus habitantes têm este falso sentimento de paz e segurança.
Nas palavras desta profecia de Zacarias, estão tranquilos e em descanso, enquanto o povo de Deus é duramente oprimido e perseguido pelos seus inimigos.
São rejeitados por aqueles que não conhecem ao Senhor.
São desprezados e oprimidos, tal como os judeus, em seus dias.
Então o próprio anjo da visão de Zacarias clamou ao Senhor, em face de tal quadro:
  “Ó Senhor dos exércitos, até quando não terás compaixão de Jerusalém, e das cidades de Judá, contra as quais estiveste indignado estes setenta anos?” (v. 12).
Certamente, por ter o povo de Judá se arrependido pelas repreensões que vinham recebendo desde o sexto mês, por Ageu, e do oitavo, por Zacarias, veio então, neste décimo primeiro mês, da parte do Senhor para eles, palavras boas, palavras consoladoras (v. 13), por meio do anjo que falava com Zacarias.
Deus prometeu dar descanso ao Seu povo, contra aqueles que estavam lhes oprimindo, e que se encontravam em descanso, isto é, sem estarem debaixo de Seus juízos, tal como estava fazendo com o Seu próprio povo. 
Então para confirmar a obra de juízo que faria contra as nações inimigas de Judá, que estavam se lhe opondo, Deus deu a Zacarias a visão de quatro chifres, que simbolizavam os poderes daquelas nações, sendo amedrontados e derrubados por quatro ferreiros, e assim seriam dispersados pelo Senhor (v. 18 a 21).  
Disto aprendemos, para a Igreja de Cristo, que quando estamos empenhados numa obra de Deus, para a qual Ele nos chamou, e se somos paralisados pelas forças do Inimigo, não devemos buscar a causa da nossa falha não em outros, senão em nós mesmos, para nos humilharmos e nos arrependermos, de maneira que o Senhor disperse as forças do Inimigo e nos fortaleça a cumprir a obrar que Ele havia designado para ser feita por nós.  




“1 No oitavo mês do segundo ano de Dario veio a palavra do Senhor ao profeta Zacarias, filho de Berequias, filho de Ido, dizendo:
2 O Senhor se irou fortemente contra vossos pais.
3 Portanto dize-lhes: Assim diz o Senhor dos exércitos: Tornai-vos para mim, diz o Senhor dos exércitos, e eu me tornarei para vós, diz o Senhor dos exércitos.
4 Não sejais como vossos pais, aos quais clamavam os profetas antigos, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos: Convertei-vos agora dos vossos maus caminhos e das vossas más obras; mas não ouviram, nem me atenderam, diz o Senhor.
5 Vossos pais, onde estão eles? E os profetas, viverão eles para sempre?
6 Contudo as minhas palavras e os meus estatutos, que eu ordenei pelos profetas, meus servos, acaso não alcançaram a vossos pais? E eles se arrependeram, e disseram: Assim como o Senhor dos exércitos fez tenção de nos tratar, segundo os nossos caminhos, e segundo as nossas obras, assim ele nos tratou.
7 Aos vinte e quatro dias do mês undécimo, que é o mês de sebate, no segundo ano de Dario, veio a palavra do Senhor ao profeta Zacarias, filho de Berequias, filho de Ido, dizendo:
8 Olhei de noite, e vi um homem montado num cavalo vermelho, e ele estava parado entre as murtas que se achavam no vale; e atrás dele estavam cavalos vermelhos, baios e brancos.
9 Então perguntei: Meu Senhor, quem são estes? Respondeu-me o anjo que falava comigo: Eu te mostrarei o que estes são.
10 Respondeu, pois, o homem que estava parado entre as murtas, e disse: Estes são os que o Senhor tem enviado para percorrerem a terra.
11 E eles responderam ao anjo do Senhor, que estava parado entre as murtas, e disseram: Nós temos percorrido a terra, e eis que a terra toda está tranqüila e em descanso.
12 Então o anjo do Senhor respondeu, e disse: Ó Senhor dos exércitos, até quando não terás compaixão de Jerusalém, e das cidades de Judá, contra as quais estiveste indignado estes setenta anos?
13 Respondeu o Senhor ao anjo que falava comigo, com palavras boas, palavras consoladoras.
14 O anjo, pois, que falava comigo, disse-me: Clama, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos: Com grande zelo estou zelando por Jerusalém e por Sião.
15 E estou grandemente indignado contra as nações em descanso; porque eu estava um pouco indignado, mas eles agravaram o mal.
16 Portanto, o Senhor diz assim: Voltei-me, agora, para Jerusalém com misericórdia; nela será edificada a minha casa, diz o Senhor dos exércitos, e o cordel será estendido sobre Jerusalém.
17 Clama outra vez, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos: As minhas cidades ainda se transbordarão de bens; e o Senhor ainda consolará a Sião, e ainda escolherá a Jerusalém.
18 Levantei os meus olhos, e olhei, e eis quatro chifres.
19 Eu perguntei ao anjo que falava comigo: Que é isto? Ele me respondeu: Estes são os chifres que dispersaram a Judá, a Israel e a Jerusalém.
20 O Senhor mostrou-me também quatro ferreiros.
21 Então perguntei: Que vêm estes a fazer? Ele respondeu, dizendo: Estes são os chifres que dispersaram Judá, de maneira que ninguém levantou a cabeça; mas estes vieram para os amedrontarem, para derrubarem os chifres das nações que levantaram os seus chifres contra a terra de Judá, a fim de a espalharem.” (Zacarias 1.1-21)


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