No
quarto capítulo de Deuteronômio encontramos uma séria
exortação à obediência, com uma grande variedade de
argumentos.
Depois
de ter falado as coisas dos capítulos precedentes e contemplando aquelas que
ainda viria a falar, Moisés, pelo Espírito Santo, começa este discurso com as
seguintes palavras:
“Agora,
pois, ó Israel, ouve os estatutos e os preceitos que eu vos ensino, para os
observardes” (v. 1a),
E,
tendo definido que o propósito dos estatutos e preceitos de Deus era para que
fossem cumpridos, ele define a finalidade desta obediência:
“a
fim de que vivais, e entreis e possuais a terra que o Senhor Deus de vossos
pais vos dá.”
A
Bíblia ensina que houve uma dispensação da lei, mas não uma dispensação da lei
sem a graça.
Assim
como ensina que há uma dispensação da graça, mas não sem a lei.
Quando
Abraão foi justificado pela fé, o que foi isto senão a operação da graça?
A
conversão da prostituta Raabe deveu-se a quê, senão também à graça?
Multiplicam-se
os exemplos daqueles que foram salvos pela graça, mediante a fé nos dias do
Velho Testamento.
Os
exemplos dos que se converteram foram registrados para deixar marcado que desde
que o homem pecou, no ato mesmo de Deus ter procurado Adão entre as árvores do
Éden, e tê-lo vestido, bem como à sua mulher, com vestes de peles de animais, isto indica
que Ele é o Deus de graça, tanto quanto é o Deus da ira.
É o
Deus da misericórdia, perdoador, tanto quanto é o Deus que não inocenta o
culpado e que visita a iniquidade dos pais nos filhos até
a terceira e quarta geração.
Deste
modo, sempre houve para todos os israelitas, na chamada dispensação da lei, em
que havia, como já nos referimos antes, a disponibilidade da graça salvadora,
uma porta aberta para a salvação eterna por se estar unido a Deus pela fé nEle,
e isto se comprovaria pelo cumprimento dos Seus mandamentos, como evidência
desta fé, não mecanicamente, mas numa sincera obediência de coração, conforme a
que é ordenada pelo Espírito através de Moisés, ao longo de todo o livro de
Deuteronômio.
Ele
lembra aos israelitas, que Deus é um fogo consumidor e que havia manifestado o
atributo da Sua ira quando Eles a provocaram (Deut 4.25)
com suas práticas idolátricas, e destacou a morte daqueles 24.000 israelitas
por terem idolatrado por influência das mulheres midianitas em Baal-Peor (Deut
4.3).
Seguir
o Senhor cumprindo os Seus mandamentos significava vida e posse da terra de
Canaã, mas para um verdadeiro israelita, que estivesse ligado pela fé ao
Senhor, certamente isto seria vida eterna, e livramento eterno da condenação
futura, porque os que nEle crêem são livrados da Sua ira, e por conseguinte da
condenação eterna no inferno de fogo.
A
Bíblia está repleta de exemplos desta manifestação da ira de Deus contra o
pecado e contra o pecador, que permanece na prática do pecado.
Esta
é uma época de misericórdia, como dissemos, desde Adão, e a manifestação desta
misericórdia, se intensificou em todas as nações, desde a morte de nosso Senhor
Jesus Cristo, no entanto, isto não excluiu o atributo divino da ira, que está
ligado à Sua própria natureza.
Especialmente
aqueles que partem deste mundo, sem ter a Jesus como Seu Salvador pessoal, são
imediatamente colocados debaixo da ação da ira de Deus contra o pecado, numa
condenação eterna, conforme vários textos bíblicos o confirmam.
Um
verdadeiro israelita, que fosse da fé, conhecido de Deus, e que conhecesse a
Deus, nos dias de Moisés, que pecasse, e fosse alvo da correção do Senhor, não
era, no entanto sujeitado ao juízo da condenação eterna no inferno de fogo, por
causa desta fé que livra da ira futura.
No
entanto, todos aqueles que não conheciam a Deus e que, por conseguinte
evidenciavam isto não amando e não guardando Seus mandamentos, já estavam
condenados; e a execução da sentença ao sofrimento eterno aguardava somente
pela saída deles deste mundo, pela morte.
A ira
de Deus é uma perfeição divina tanto quanto é a sua fidelidade, a Sua
misericórdia, o Seu amor, e todos os Seus demais atributos.
Se
não fosse assim poderia ser dito que há falha no caráter de Deus, mas isto é
impossível, pois não há nenhuma imperfeição nEle.
Se
não houvesse o atributo da ira divina Ele seria indiferente para com o pecado e
isto configuraria uma nódoa moral, porque aquele que não odeia o pecado é um enfermo
moral.
Como
poderia o Senhor, que é a soma de todas as virtudes olhar com igual satisfação
para as virtudes e para os vícios?
Como
poderia Aquele que é infinitamente santo ficar indiferente ao pecado e negar-Se
a manifestar a Sua ira em relação aos que vivem na prática deliberada do pecado
(Rm.11:22)?
Desta
forma, a natureza de Deus faz do inferno uma necessidade tão real e imperativa
tanto quanto o céu.
Era
isto que o Espírito estava mantendo em perspectiva através das palavras de
Moisés que lemos neste quarto capítulo de
Deuteronômio.
A
Palavra de Deus é a verdade. Ela é o meio da nossa santificação. Ela aponta
tanto para a misericórdia quanto para a ira de Deus. Precisamos lembrar de
ambas as coisas.
É por
isso que o Espírito Santo passa em revista na Palavra
tanto a bondade de Deus para com a nossa obediência, quanto a manifestação da
Sua ira para com os nossos pecados voluntários, pelo desprezo da graça que Ele
nos oferece para um viver santo.
A
meditação sobre a ira não é menos necessária do que a meditação sobre a
misericórdia, porque é pela meditação na ira e não na misericórdia, que os
nossos corações ficam devidamente impressionados com o
ódio que Deus tem ao pecado.
Isto
é necessário porque a inclinação da nossa natureza terrena está disposta para a
carne e não para o Espírito, e a carne nunca fará a devida avaliação do que
seja o pecado, e sempre procurará lhe fazer concessões por não lhe dar a devida
atenção.
É
pelo conhecimento da ira de Deus, revelada em toda a sua extensão
nas Escrituras, que se chega ao verdadeiro temor a Deus (Hb 12.28,29).
Também
faz com que demos o devido valor à obra de salvação de Jesus Cristo em nosso
favor, levando-nos a sermos gratos e a louvá-lo sempre, pelo livramento de tão grande
ira do Deus Todo-Poderoso, que há de cair sobre todos aqueles que não creem no
Seu santo nome (I Tes 1.10).
O
motivo da nossa santificação era o amor do Senhor por nós, mas será uma
santificação em piedade, temor e tremor, por conhecermos o quanto Ele detesta o
pecado.
Por
isso não há nada Bíblia que mande os cristãos
desconsiderarem a ira divina, por terem sido livrados da condenação eterna pela
fé em Cristo, porque a ira é contra o pecado, em quem quer que se encontre,
ainda que sejam autênticos cristãos que não sofrerão
mais a manifestação da ira em condenação eterna, porque Cristo a sofreu no
lugar deles.
Vale
considerar que o fogo do inferno não foi criado pelo diabo, pois jamais criaria
aquele fogo para atormentar a ele próprio.
A
manifestação deste fogo contra o pecado foi exibida inúmeras vezes entre os
próprios israelitas.
Eles
viram por diversas vezes a glória de Deus trazendo este fogo consumidor, quer
na vida de Nadabe e Abiú, quer em Taberá; onde as extremidades do arraial foram
consumidas pelo fogo; quer em Corá, Datã
e Abirão, que desceram vivos ao Seol, em fogo quando a terra abriu a
boca e os engoliu; quer os 250 príncipes que foram queimados quando se
apresentaram com seus incensários diante do tabernáculo; e cabe destacar que para
demonstrar a manifestação da Sua ira como um fogo consumidor, as cidades de
Sodoma e Gomorra foram destruídas nos dias de Abraão com o fogo que desceu do
céu sobre elas.
Por
isso é dito no versículo 12 que quando o Senhor proferiu audivelmente os dez mandamentos
a Israel, Ele o fez do meio do fogo, para que Israel soubesse que Ele é um fogo
consumidor (v. 24).
Quando
lhes falou do meio do fogo não viram nenhuma aparência, para que não tentassem
representá-lo sob qualquer forma de criatura, para que em O abandonando, para
adorá-las, viessem a estar sujeitos àquele fogo da ira divina, que ainda que
não fosse manifestado imediatamente contra o seu pecado, certamente o seria
para sempre quando chegassem ao inferno, que é o lugar reservado para todos
aqueles que provocam a ira de Deus, servindo a outros deuses.
Vivemos
em dias em que usa de longanimidade para com todos na expectativa de que
venham a alcançar a salvação.
Mas está
sob a exclusiva autoridade e soberania de Deus, quando,
onde e sobre quem executar tais juízos, nos que vivem sobre a terra.
O
modo de se provocar a Sua ira é transgredindo os Seus mandamentos, e o modo de
obter o Seu favor e louvor é se arrependendo e guardando os Seus mandamentos,
em tudo quanto tem revelado em Sua Palavra quanto à Sua vontade, e por isso
afirma através de Moisés:
“Não
acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis
os mandamentos do Senhor vosso Deus, que eu vos mando.” (v. 2).
Moisés
enfatizou que a Palavra não era propriamente sua, mas é a Palavra de Deus,
conforme lhe foi ordenado que a ensinasse aos israelitas:
“Eis
que vos ensinei estatutos e preceitos, como o Senhor meu Deus me ordenou, para
que os observeis no meio da terra na qual estais entrando para a possuirdes.”
(v. 5)
Uma
grande prova de que aquela Palavra não era realmente procedente do homem, mas
do céu, era o fato de que nenhuma das nações da terra tinha qualquer lei, que
pudesse ser comparada à que foi dada aos israelitas, e que não constava de
mandamentos criados pela conveniência dos homens, mas que era a essência mesma
da justiça de Deus, da Sua própria pessoa, que se manifestava a eles quando O
invocavam, por guardarem os seus estatutos e preceitos (v. 6-8).
Por
isso, o israelita que quisesse guardar a si mesmo e à sua alma, não deveria
esquecer que Deus lhes havia falado no Horebe e havia feito um pacto com eles
através dos Seus mandamentos, e deveriam se esforçar para que isto nunca se
apagasse de seus corações, e um excelente meio para que isto não ocorresse
seria o dever de contar todas as coisas que o Senhor fez a eles tanto a seus
filhos quanto aos seus netos (v. 6-9), conforme o próprio mandado do Senhor de
que aprendessem Seus mandamentos, para que O temessem todos os dias que
vivessem na terra, e que os ensinassem a seus filhos (v. 10).
Veja
que o temor que é devido ao Senhor é durante todos os dias das nossas vidas.
Este
temor é mediante a prática da Sua Palavra e o dever de ensiná-la a outros.
Jesus
nos deu o grande mandamento do nosso dever de pregar o evangelho a toda
criatura, e não somente aos nossos familiares, e com o cumprimento deste e de
todos os demais mandamentos que Ele nos deu, inclusive pela confirmação de toda
a lei moral do Antigo Testamento, é que se cumprem as Suas promessas de se
manifestar a nós, de atender os nossos pedidos, que sejam segundo a Sua
vontade, e que enfim, se alcança uma vida verdadeiramente abençoada.
“Se
me amardes, guardareis os meus mandamentos.” (Jo 14.15).
“Aquele
que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me
ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.” (Jo 14.21).
“Quem
não me ama, não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que estais ouvindo
não é minha, mas do Pai que me enviou.” (Jo 14.24).
“Se
vós permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que
quiserdes, e vos será feito.” (Jo 15.7).
O
pacto que o Senhor fez com os israelitas nos dias de Moisés estava firmado na
obediência deles aos dez mandamentos e aos demais estatutos e preceitos que Ele
deu a Moisés para que eles cumprissem (v. 11-14).
De
igual modo o pacto que tem feito conosco através de Jesus é para que obedeçamos
a Sua Palavra. A fidelidade à aliança requer a nossa obediência à Sua vontade,
e esta está revelada na Bíblia.
Guardar
os mandamentos de Deus requer que se guarde bem a própria alma, e isto deve ser
feito com diligência conforme afirmado nos versos 9 e 15. Cuidar de si mesmo é
um dever imposto pela Palavra do Senhor, e no caso de ministros do evangelho,
estes devem cuidar também do rebanho de
Deus (At 20.28).
Desta forma, o Espírito não estava ordenando
através de Moisés o mero cumprimento legal dos mandamentos, mas a necessidade
de se esforçar para alcançar a graça do Senhor para cuidarem, zelarem, e serem
diligentes em relação a ter a alma preservada, em santidade (v. 9, 15, 23).
Ser
diligente para guardar a sua alma em santidade diante do Senhor é o dever de
todo verdadeiro cristão.
Os cristãos
devem ser cautelosos em sua caminhada neste mundo, considerando a quantas
tentações estamos expostos, e quantas inclinações pecaminosas carregamos em
nosso próprio seio.
Deste
modo, temos grande necessidade de cuidar de nós mesmos e manter nossos corações
puros com toda a diligência.
Não
podem caminhar corretamente no caminho do Senhor aqueles que são negligentes em
sua caminhada.
Moisés
alertou os israelitas especialmente quanto ao pecado de idolatria, porque seria
por ele que seriam mais tentados, por causa da sua predominância em todas as
demais nações com as quais teriam que lutar e conviver.
Particularmente
no caso dos cananeus, cuja idolatria combateriam, havia o perigo de
contaminação.
Cautela,
diligência, cuidado de si mesmo com toda a atenção são necessários para não se
deixar vencer pelo mal.
“Ou pensais que em vão diz a escritura: O
Espírito que ele fez habitar em nós anseia por nós até o ciúme?” (Tg 4.5)
A
palavra ciúme vem de zelo (v. 24). Zelo em guardar o que Lhe pertence. Ele nos
criou para ter todo o nosso afeto e não permitirá que não O amemos em santa
amizade e comunhão, e pior ainda, por motivo de dedicarmos esta devoção a
falsos deuses.
Alguém
poderia argumentar: “mas este preceito da idolatria se referia a Israel no
Velho Testamento.” Todavia, devemos lembrar que Jesus validou tudo que o que há
na Lei moral, quando disse que não veio revogá-la, mas cumprir.
O
zelo de Deus sobre nós é uma boa razão para o nosso zelo em nossa consagração e
cumprimento dos Seus mandamentos.
A
graça que nos salvou não nos salvou para uma vida descuidada, senão para
produzir em nós uma viva verdadeiramente santa.
A
operação desta graça está condicionada à nossa diligência, ao nosso zelo nas
coisas que nos são ordenadas pelo Senhor em Sua Palavra.
Ainda
que o fogo da ira de Deus não destruirá mais, eternamente, àqueles que estão
unidos pela fé a Cristo, ele arderá eternamente sobre todos aqueles que não
conhecem o Senhor, se eles saírem deste mundo sem este conhecimento salvífico
(Jo 17.3).
É
isto que dói no coração dos cristãos. E é isto que os leva a se empenharem
tanto na salvação de pessoas em todas as ocasiões e lugares, porque conhecem as
consequências terríveis da ignorância da pessoa e vontade de Deus, que é
produzida pela incredulidade.
Jesus
diz que Ele conhece as suas ovelhas e que elas O conhecem.
Isto
é o que salva da ira futura. Os que conhecem a Deus não serão destruídos pela
Sua ira.
Israel
tinha o privilégio de poder ter comunhão com Deus (v. 7), mas isto é feito
sempre mediante a Palavra e a oração, em quem habite uma fé genuína.
A
nossa comunhão com Deus é a mais elevada honra e felicidade que podemos
desfrutar neste mundo. Deus está sempre pronto a se deixar encontrar por
aqueles que o adoram em espírito e em verdade.
Era
um dever de Israel honrar este nome, que o próprio Senhor lhe dera e que
significa príncipe de Deus.
Qual
outra nação era designada por este nome? A Igreja é designada como Israel de
Deus (Gl 6.16; Rm 9.6-8; Fp 3.3).
Assim
como Deus distinguiu o Seu povo dentre as nações, é dever deste povo viver de
modo distinto, conforme designado pelo Senhor, para que o Seu nome seja
glorificado entre aqueles que não O conhecem (gentios, estranhos). Foi para
este propósito que livrou os israelitas do Egito. (v. 20)
Os
argumentos para convencer Israel, que deveria viver de modo distinto para Deus,
diferentemente dos costumes das demais nações se estendem até o versículo 40.
Aqui
são descritas as consequências fatais da apostasia (v. 25-31),
como por exemplo, o serem espalhados entre as nações, reduzidos em número e
serem destruídos:
Seriam
constrangidos, pelo próprio pecado de idolatria deles a adorarem os deuses das
nações para onde fossem espalhados, e não os deuses que haviam escolhido adorar
em Israel, porque seriam a isto obrigado pelos governantes das nações que os
dominassem (v. 28).
Mas,
como o Senhor é também misericordioso, além de justo, e que se ira contra o
pecado, dar-lhes-ia uma oportunidade para o arrependimento, se da terra do
cativeiro O buscassem de todo o seu coração e alma (Dt 4.29-31).
Daí
se retira uma preciosa lição para os verdadeiros cristãos,
quando estes se encontram em profundezas, em razão de pecados que tenham
praticado: eles devem clamar a Deus, confiados em Sua misericórdia, pois este é
um tempo de graça e misericórdia, pois enquanto houver mundo, e antes que Jesus
venha, há uma disponibilidade de graça e misericórdia para os pecadores, sejam
eles cristãos ou não cristãos.
É o
próprio Deus que lhes ordena a clamarem por Ele e a buscarem-no com todo o
coração e alma.
A
promessa para aqueles que se voltarem para o Senhor é a de que ouvirão a Sua
voz, porquanto é Deus misericordioso, e não desampara os que são seus por causa
da aliança que fez com eles por meio de Cristo, do mesmo modo que havia se
aliançado com os israelitas por causa da promessa feita aos patriarcas de fazer
um pacto com eles.
Quando
os cristãos são corrigidos pelo Senhor por causa dos seus
pecados, devem clamar pela Sua misericórdia, pois a promessa que lhes faz é a
de que serão ouvidos.
Na
parte final deste quarto capítulo de Deuteronômio, são designadas três cidades
de refúgio na Transjordânia, nos territórios que seriam ocupados pela tribos de
Ruben, Gade e Manassés (v. 41-43); e se afirma que esta lei, testemunhos,
estatutos e preceitos que Moisés deu aos israelitas foram proferidos no vale
fronteiriço a Bete-Peor, nos territórios conquistados a Siom, rei dos amorreus
(v.44-46).
Os
três versos finais (47-49) citam os territórios conquistados pelos israelitas
na Transjordânia, além das terras que haviam sido conquistadas de Siom, rei dos
amorreus.
Não
existe algo como uma obediência implícita, daí a necessidade da Palavra de
Deus.
Foi
com este propósito que Ele deu não somente aos israelitas, como também a nós,
os mandamentos morais que lhes ensinou através de Moisés, e que ordenou que
fossem registrados por escrito para o conhecimento de todas as gerações.
Isto
é estritamente necessário porque como podemos cumprir o nosso dever se não o
conhecermos? Para praticar a Palavra é preciso conhecer a Palavra.
É
para este objetivo que estamos trabalhando neste nosso comentário da Bíblia.
“1
Agora, pois, ó Israel, ouve os estatutos e os preceitos que eu vos ensino, para
os observardes, a fim de que vivais, e entreis e possuais a terra que o Senhor
Deus de vossos pais vos dá.
2 Não
acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis
os mandamentos do Senhor vosso Deus, que eu vos mando.
3 Os
vossos olhos viram o que o Senhor fez por causa de Baal-Peor; pois a todo homem
que seguiu a Baal-Peor, o Senhor vosso Deus o consumiu do meio de vós.
4 Mas
vós, que vos apegastes ao Senhor vosso Deus, todos estais hoje vivos.
5 Eis
que vos ensinei estatutos e preceitos, como o Senhor meu Deus me ordenou, para
que os observeis no meio da terra na qual estais entrando para a possuirdes.
6
Guardai-os e observai-os, porque isso é a vossa sabedoria e o vosso
entendimento à vista dos povos, que ouvirão todos estes, estatutos, e dirão:
Esta grande nação é deveras povo sábio e entendido.
7
Pois que grande nação há que tenha deuses tão chegados a si como o é a nós o
Senhor nosso Deus todas as vezes que o invocamos?
8 E
que grande nação há que tenha estatutos e preceitos tão justos como toda esta
lei que hoje ponho perante vós?
9
Tão-somente guarda-te a ti mesmo, e guarda bem a tua alma, para que não te
esqueças das coisas que os teus olhos viram, e que elas não se apaguem do teu
coração todos os dias da tua vida; porém as contarás a teus filhos, e aos
filhos de teus filhos;
10 o
dia em que estiveste perante o Senhor teu Deus em Horebe, quando o Senhor me
disse: Ajunta-me este povo, e os farei ouvir as minhas palavras, e
aprendê-las-ão, para me temerem todos os dias que na terra viverem, e as
ensinarão a seus filhos.
11
Então vós vos chegastes, e vos pusestes ao pé do monte; e o monte ardia em fogo
até o meio do céu, e havia trevas, e nuvens e escuridão.
12 E
o Senhor vos falou do meio do fogo; ouvistes o som de palavras, mas não vistes
forma alguma; tão-somente ouvistes uma voz.
13
Então ele vos anunciou o seu pacto, o qual vos ordenou que observásseis, isto
é, os dez mandamentos; e os escreveu em duas tábuas de pedra.
14
Também o Senhor me ordenou ao mesmo tempo que vos ensinasse estatutos e
preceitos, para que os cumprísseis na terra a que estais passando para a
possuirdes.
15
Guardai, pois, com diligência as vossas almas, porque não vistes forma alguma
no dia em que o Senhor vosso Deus, em Horebe, falou convosco do meio do fogo;
16
para que não vos corrompais, fazendo para vós alguma imagem esculpida, na forma
de qualquer figura, semelhança de homem ou de mulher;
17 ou
semelhança de qualquer animal que há na terra, ou de qualquer ave que voa pelo
céu;
18 ou
semelhança de qualquer animal que se arrasta sobre a terra, ou de qualquer
peixe que há nas águas debaixo da terra;
19 e
para que não suceda que, levantando os olhos para o céu, e vendo o sol, a lua e
as estrelas, todo esse exército do céu, sejais levados a vos inclinardes
perante eles, prestando culto a essas coisas que o Senhor vosso Deus repartiu a
todos os povos debaixo de todo o céu.
20
Mas o Senhor vos tomou, e vos tirou da fornalha de ferro do Egito, a fim de lhe
serdes um povo hereditário, como hoje o sois.
21 O
Senhor se indignou contra mim por vossa causa, e jurou que eu não passaria o
Jordão, e que não entraria na boa terra que o Senhor vosso Deus vos dá por
herança;
22
mas eu tenho de morrer nesta terra; não poderei passar o Jordão; porém vós o
passareis, e possuireis essa boa terra.
23
Guardai-vos de que vos esqueçais do pacto do Senhor vosso Deus, que ele fez
convosco, e não façais para vós nenhuma imagem esculpida, semelhança de alguma
coisa que o Senhor vosso Deus vos proibiu.
24
Porque o Senhor vosso Deus é um fogo consumidor, um Deus zeloso.
25
Quando, pois, tiverdes filhos, e filhos de filhos, e envelhecerdes na terra, e
vos corromperdes, fazendo alguma imagem esculpida, semelhança de alguma coisa,
e praticando o que é mau aos olhos do Senhor vosso Deus, para o provocar a
ira,-
26
hoje tomo por testemunhas contra vós o céu e a terra, bem cedo perecereis da
terra que, passado o Jordão, ides possuir. Não prolongareis os vossos dias
nela, antes sereis de todo destruídos.
27 E
o Senhor vos espalhará entre os povos, e ficareis poucos em número entre as
nações para as quais o Senhor vos conduzirá.
28 Lá
servireis a deuses que são obra de mãos de homens, madeira e pedra, que não
vêem, nem ouvem, nem comem, nem cheiram.
29
Mas de lá buscarás ao Senhor teu Deus, e o acharás, quando o buscares de todo o
teu coração e de toda a tua alma.
30
Quando estiveres em angústia, e todas estas coisas te alcançarem, então nos
últimos dias voltarás para o Senhor teu Deus, e ouvirás a sua voz;
31
porquanto o Senhor teu Deus é Deus misericordioso, e não te desamparará, nem te
destruirá, nem se esquecerá do pacto que jurou a teus pais.
32
Agora, pois, pergunta aos tempos passados que te precederam desde o dia em que
Deus criou o homem sobre a terra, desde uma extremidade do céu até a outra, se
aconteceu jamais coisa tão grande como esta, ou se jamais se ouviu coisa
semelhante?
33 Ou
se algum povo ouviu a voz de Deus falar do meio do fogo, como tu a ouviste, e
ainda ficou vivo?
34 Ou
se Deus intentou ir tomar para si uma nação do meio de outra nação, por meio de
provas, de sinais, de maravilhas, de peleja, de mão poderosa, de braço estendido,
bem como de grandes espantos, segundo tudo quanto fez a teu favor o Senhor teu
Deus, no Egito, diante dos teus olhos?
35 A
ti te foi mostrado para que soubesses que o Senhor é Deus; nenhum outro há
senão ele.
36 Do
céu te fez ouvir a sua voz, para te instruir, e sobre a terra te mostrou o seu
grande fogo, do meio do qual ouviste as suas palavras.
37 E,
porquanto amou a teus pais, não somente escolheu a sua descendência depois
deles, mas também te tirou do Egito com a sua presença e com a sua grande força;
38
para desapossar de diante de ti nações maiores e mais poderosas do que tu, para
te introduzir na sua terra e te dar por herança, como neste dia se vê.
39
Pelo que hoje deves saber e considerar no teu coração que só o Senhor é Deus,
em cima no céu e embaixo na terra; não há nenhum outro.
40 E
guardarás os seus estatutos e os seus mandamentos, que eu te ordeno hoje, para
que te vá bem a ti, e a teus filhos depois de ti, e para que prolongues os dias
na terra que o Senhor teu Deus te dá, para todo o sempre.
41
Então Moisés separou três cidades além do Jordão, para o nascente,
42
para que se refugiasse ali o homicida que involuntariamente tivesse matado o
seu próximo a quem dantes não tivesse ódio algum; para que, refugiando-se numa
destas cidades, vivesse:
43 a
Bezer, no deserto, no planalto, para os rubenitas; a Ramote, em Gileade, para
os paditas; e a Golã, em Basã, para os manassitas.
44
Esta é a lei que Moisés propôs aos filhos de Israel;
45
estes são os testemunhos, os estatutos e os preceitos que Moisés falou aos
filhos de Israel, depois que saíram do Egito,
46
além do Jordão, no vale defronte de Bete-Peor, na terra de Siom, rei dos
amorreus, que habitava em Hesbom, a quem Moisés e os filhos de Israel
derrotaram, depois que saíram do Egito;
47
pois tomaram a terra deles em possessão, como também a terra de Ogue, rei de
Basã, sendo esses os dois reis dos amorreus, que estavam além do Jordão, para o
nascente;
48
desde Aroer, que está à borda do ribeiro de Arnom, até o monte de Siom, que é
Hermom,
49 e
toda a Arabá, além do Jordão, para o oriente, até o mar da Arabá, pelas faldas
de Pisga.“ (Dt 4.1- 49).
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