quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O Caráter Preventivo da Lei – Deuteronômio 26



Com o capítulo 26 de Deuteronômio são concluídas as instruções e mandamentos específicos da Lei, que deveriam ser cumpridos juntamente com os demais mandamentos da Lei contidos nos livros de Êxodo, Levítico e Números, para regular a conduta e a forma de culto e serviço a Deus, por parte dos israelitas.
Os capítulos que se seguem tratam basicamente das instruções relativas à preservação dos mandamentos; das bênçãos e maldições decorrentes, respectivamente, da obediência e transgressão deles, e das profecias relativas ao futuro de Israel.    
Nos versos 1 a 11 são dadas instruções para a dedicação das primícias da lavoura, e é citada a fórmula que deveria ser proferida pelo sacerdote quando o cesto com as primícias da terra fosse oferecido como prova de gratidão ao Senhor.
Nos versos 10 e 11 é ensinado que o momento da oferta deveria ensejar adoração a Deus e alegria por todo o bem que o Senhor estava fazendo ao ofertante e à sua casa.
Tantas são as ordenanças da lei relativas às penas associadas à descrição dos correspondentes pecados, em razão da natureza terrena que há no homem e que o inclina naturalmente à prática do pecado, que é inimizade contra Deus, que nos esquecemos que o propósito da Lei não era o de meramente punir o pecado, mas o de criar as condições propícias para a adoração e comunhão com o Senhor, que são interrompidas em razão do pecado.
Servir a Deus é motivo de alegria e não de tristeza, porque o Senhor é justo, fiel, santo, bondoso, amoroso, provedor, perdoador e amigo.
A adoração e a alegria em Sua presença não são propriamente uma obrigação, mas um prazer.
A Lei está simplesmente lembrando isto, quando impõe o dever de adorá-lO e de se alegrar na Sua presença.
O aparente rigor das penas da Lei (não havia rigor porque é justa) se aplicava apenas aos malfeitores, aos transgressores deliberados de tudo quanto é bom, justo e amoroso.   
Para os que andavam em retidão, e com o sincero desejo de agradar ao Senhor, a Lei seria uma amiga e não uma inimiga, pois estaria sempre lembrando o seu dever para com Deus e para com o próximo.
Daí se afirmar mesmo no Novo Testamento, que a Lei é santa, justa e boa.
Nos versos 12 a 15 é passada a última ordenança particular da lei de Moisés, e esta é relativa aos dízimos do terceiro ano, também citados em Dt 14.28,29, que deveriam ser separados a cada três anos para a manutenção dos levitas, do estrangeiro, do órfão e da viúva.
Os últimos versos deste capítulo 26º (16 a 19) introduzem antecipadamente o teor do capítulo seguinte sobre o dever de cumprir todos os mandamentos com todo o coração e com toda a alma (v. 16).
E há uma renovação da aliança que havia sido feita no Horebe há quarenta anos atrás, com base na promessa dos israelitas daquela nova geração  de cumprir os mandamentos que o Senhor lhes havia dado desde o Sinai, e que agora foram confirmados e acrescidos das novas ordenanças constantes dos discursos proferidos por Moisés, nas campinas de Moabe, no quadragésimo ano depois da saída do Egito (v. 17 a 19).  



“1 Também, quando tiveres entrado na terra que o Senhor teu Deus te dá por herança, e a possuíres, e nela habitares,
2 tomarás das primícias de todos os frutos do solo que trouxeres da terra que o senhor teu Deus te dá, e as porás num cesto, e irás ao lugar que o Senhor teu Deus escolher para ali fazer habitar o seu nome.
3 E irás ao sacerdote que naqueles dias estiver de serviço, e lhe dirás: Hoje declaro ao Senhor teu Deus que entrei na terra que o senhor com juramento prometeu a nossos pais que nos daria.
4 O sacerdote, pois, tomará o cesto da tua mão, e o porá diante do altar do Senhor teu Deus.
5 E perante o Senhor teu Deus dirás: Arameu prestes a perecer era meu pai; e desceu ao Egito com pouca gente, para ali morar; e veio a ser ali uma nação grande, forte e numerosa.
6 Mas os egípcios nos maltrataram e nos afligiram, e nos impuseram uma dura servidão.
7 Então clamamos ao Senhor Deus de nossos pais, e o Senhor ouviu a nossa voz, e atentou para a nossa aflição, o nosso trabalho, e a nossa opressão;
8 e o Senhor nos tirou do Egito com mão forte e braço estendido, com grande espanto, e com sinais e maravilhas;
9 e nos trouxe a este lugar, e nos deu esta terra, terra que mana leite e mel.
10 E eis que agora te trago as primícias dos frutos da terra que tu, ó Senhor, me deste. Então as porás perante o Senhor teu Deus, e o adorarás;
11 e te alegrarás por todo o bem que o Senhor teu Deus te tem dado a ti e à tua casa, tu e o levita, e o estrangeiro que está no meio de ti.
12 Quando acabares de separar todos os dízimos da tua colheita do terceiro ano, que é o ano dos dízimos, dá-los-ás ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que comam dentro das tuas portas, e se fartem.
13 E dirás perante o Senhor teu Deus: Tirei da minha casa as coisas consagradas, e as dei ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, conforme todos os teus mandamentos que me tens ordenado; não transgredi nenhum dos teus mandamentos, nem deles me esqueci.
14 Delas não comi no meu luto, nem delas tirei coisa alguma estando eu imundo, nem delas dei para algum morto; ouvi a voz do senhor meu Deus; conforme tudo o que me ordenaste, tenho feito.
15 Olha desde a tua santa habitação, desde o céu, e abençoa o teu povo de Israel, e a terra que nos deste, como juraste a nossos pais, terra que mana leite e mel.
16 Neste dia o Senhor teu Deus te manda observar estes estatutos e preceitos; portanto os guardarás e os observarás com todo o teu coração e com toda a tua alma.
17 Hoje declaraste ao Senhor que ele te será por Deus, e que andarás nos seus caminhos, e guardarás os seus estatutos, os seus mandamentos e os seus preceitos, e darás ouvidos à sua voz.
18 Outrossim, o Senhor hoje te declarou que lhe serás por seu próprio povo, como te tem dito, e que deverás guardar todos os seus mandamentos;
19 para assim te exaltar em honra, em fama e em glória sobre todas as nações que criou; e para que sejas um povo santo ao Senhor teu Deus, como ele disse.“ (Dt 26.1-19).

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