No
sétimo capítulo de Deuteronômio, nos versículos 1 a 5, são
nomeadas as sete nações que deveriam ser inteiramente
destruídas, em razão das grosseiras práticas a que há muito
estavam entregues, sem que houvesse possibilidade de cura daquele grande mal,
que era uma terrível influência para todas as demais nações do mundo antigo,
que transitavam por aquele ponto estratégico do território de Canaã, que era
passagem obrigatória das caravanas que vinham do Norte, da Ásia e Europa
Oriental, para o Egito, e demais nações do território africano.
Então
Deus havia formado Israel, e a elegeu como Sua nação para cumprir
o Seu propósito de revelar a Sua vontade em toda
a terra, e Ele o cumpriu cabalmente através deles, principalmente, por
ter trazido através deles, o Messias ao mundo.
O
Messias não veio de um povo que cultuasse a falsos deuses por determinação dos
seus oráculos demoníacos, mas de um povo separado das demais nações da terra,
que recebera mandamentos e estatutos do Deus verdadeiro, que revelou o quanto
abomina a idolatria, a feitiçaria, e toda prática de caráter
ocultista inspirada pelos espiritos das trevas, por ter determinado através da nação eleita
que fossem destruídos não somente os ídolos e altares daquelas
sete nações pagãs, como os seus próprios adoradores.
Por
meio disto, Deus revelou que não tem qualquer comunhão com as obras das trevas,
e que os que são praticantes de tais obras estão sujeitos por Ele à condenação
eterna.
Uma
condenação em que Ele não terá qualquer misericórdia por toda a eternidade,
pois determinou aos israelitas que os destruíssem sem qualquer misericórdia (Deut
7.2), para servir de sinal de que a Sua misericórdia divina não
pode alcançar aqueles que vivem deliberadamente
sob a influência do pecado, sem desejarem achar lugar de arrependimento.
Por
isso, o Senhor disse que Ele próprio expulsaria aquelas nações, pois eram mais
numerosas e poderosas do que Israel (v. 1,2, 20-24), para que ficasse revelado
para todo o sempre que É Ele mesmo quem toma vingança contra os Seus inimigos
para os destruir (v. 10).
É
somente pela reconciliação, que há no evangelho de Cristo, pela expiação
operada pela Sua morte, que podemos ser reconciliados e ter paz com Deus,
deixando de ser seus inimigos, para nos tornarmos seus amigos.
Deste
modo, qualquer que não esteja unido a Cristo, pela fé, permanece debaixo da ira
divina, e é tido por Ele como seu inimigo, e está revelado nas Escrituras, que
Ele despejará os Seus juízos sobre os Seus
inimigos, num castigo eterno, sem a chance de acharem qualquer
misericórdia (Tg 2.13a).
Para
fixar esta condenação que está reservada aos Seus inimigos, num juízo que
servisse de ilustração desta realidade maior e eterna, foram nomeadas apenas
sete nações que deveriam ser totalmente exterminadas em Canaã, não porque as
demais fossem melhores do que estas, mas pela determinação da Soberania divina,
de modo que servissem de exemplo ao temor que Lhe é devido em todas as nações,
e que o pecado sujeita à Sua destruição.
O
número sete é usado por Deus para indicar perfeição, e aqui no caso há um
simbolismo da perfeição do Seu juízo que não deixará de dar a devida paga a
qualquer dos seus inimigos.
Mas,
como a misericórdia acompanha o juízo, enquanto estivermos neste mundo, é
concedido a todos pela graça, misericórdia e longanimidade de Deus, um tempo
para que se arrependam e vivam, pois não tem prazer na morte do ímpio, antes
deseja que todos se arrependam e cheguem ao conhecimento da verdade, para que
vivam eternamente.
Com
isto, os próprios israelitas deveriam aprender que havia um limite fixado por
Deus para a severidade deles, e que não deveriam agir por conta própria, mas
sob o comando do Altíssimo, pois não era a justiça deles que estava sendo
feita, senão a de Deus.
Eles
não deveriam, portanto, ir além e nem ficar aquém, da comissão que lhes foi
dada, para que não agissem com barbárie, e de modo que isto não servisse de
pretexto, para as nações justificarem o uso de ações de extermínio de outras
nações.
O
juízo daquelas nações veio da parte de Deus, para ser executado por Israel, e
não foram os próprios israelitas que determinaram isto para objetivos terrenos,
como por exemplo, o de ser uma nação imperialista na terra, pela imposição do
seu próprio poder.
Por
isso, é ordenado aos cristãos que não se vinguem a si
mesmos, mas que deem lugar à ira de Deus, pois somente Ele
julga com justiça, e no tempo determinado, dará a justa paga a todos os seus
inimigos.
Sabendo
isto, em vez de amaldiçoarmos nossos inimigos, sabendo que há disponibilidade
de graça e misericórdia para eles, enquanto viverem na terra devemos
abençoá-los e orar em favor da sua salvação, sabendo que caso isto não ocorra,
estarão sujeitos a um juízo terrível e eterno debaixo da ira de Deus.
“Não
vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira de Deus, porque está
escrito: Minha é a vingança, eu retribuirei, diz o Senhor. Antes, se o teu
inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque,
fazendo isto amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça.” (Rm 12.19,20).
Foi
proibido expressamente aos israelitas, que não cobiçassem nenhuma das
abominações daquelas nações que deveriam ser exterminadas pelo mandado de Deus (v. 25,26).
Não
deveriam se apropriar destas abominações para que não fossem enlaçados por
elas.
Desta
forma, não deveriam introduzir nenhuma daquelas coisas condenadas, por mais
ricas e belas que fossem em suas casas, ao contrário, deveriam detestá-las por
serem uma abominação ao Senhor.
Deste
modo, os israelitas foram lembrados que caso se esforçassem sinceramente em
fazer a parte que lhes cabia na aliança, que o
Senhor fizera com eles, Ele também faria certamente a Sua parte, e manteria a
misericórdia que havia prometido aos patriarcas (v. 12).
Desta
forma, quando somos constantes no cumprimento do nosso dever para com Deus,
jamais poderemos questionar a constância da misericórdia dEle para
conosco.
Se eles amassem e servissem ao Senhor, Ele os
amaria, e os abençoaria e grandemente os multiplicaria, daí a promessa de que
não haveria nem homens, nem mulheres estéreis entre eles.
A
promessa da fertilidade como sendo um sinal da bênção e do favor de Deus não
significa para os cristãos da Igreja, que estão
aliançados com o Senhor numa Nova Aliança, que o fato de haver estéreis entre
eles seja um sinal da maldição de Deus.
Devemos
entender que esta promessa de multiplicação do povo para poder, principalmente,
prevalecer diante das demais nações, era algo que se impunha como uma necessidade
para a nação de Israel, debaixo dos termos da Antiga Aliança, e na condição de
nação eleita pela promessa feita aos patriarcas, nos dias do Velho
Testamento.
Deste
modo, a promessa da bênção para a nação não se limita apenas ao fruto do
ventre, como também ao fruto da terra, e mesmo dos animais domésticos (v.
13,14).
Neste
contexto, foi prometido também, saúde física e livramento de doenças
epidêmicas, que poderiam reduzir a população de Israel.
Desta
forma, os israelitas, em sua obediência ao Senhor, seriam multiplicados,
enquanto Ele dizimaria pelas enfermidades, as nações inimigas de Israel (v.15).
“1
Quando o Senhor teu Deus te houver introduzido na terra a que vais a fim de
possuí-la, e tiver lançado fora de diante de ti muitas nações, a saber, os
heteus, os girgaseus, os amorreus, os cananeus, os perizeus, os heveus e os
jebuseus, sete nações mais numerosas e mais poderosas do que tu;
2 e
quando o Senhor teu Deus as tiver entregue, e as ferires, totalmente as
destruirás; não farás com elas pacto algum, nem terás piedade delas;
3 não
contrairás com elas matrimônios; não darás tuas filhas a seus filhos, e não
tomarás suas filhas para teus filhos;
4
pois fariam teus filhos desviarem-se de mim, para servirem a outros deuses; e a
ira do Senhor se acenderia contra vós, e depressa vos consumiria.
5 Mas
assim lhes fareis: Derrubareis os seus altares, quebrareis as suas colunas,
cortareis os seus aserins, e queimareis a fogo as suas imagens esculpidas.
6
Porque tu és povo santo ao Senhor teu Deus; o Senhor teu Deus te escolheu, a
fim de lhe seres o seu próprio povo, acima de todos os povos que há sobre a
terra.
7 O
Senhor não tomou prazer em vós nem vos escolheu porque fôsseis mais numerosos
do que todos os outros povos, pois éreis menos em número do que qualquer povo;
8
mas, porque o Senhor vos amou, e porque quis guardar o juramento que fizera a
vossos pais, foi que vos tirou com mão forte e vos resgatou da casa da
servidão, da mão de Faraó, rei do Egito.
9
Saberás, pois, que o Senhor teu Deus é que é Deus, o Deus fiel, que guarda o
pacto e a misericórdia, até mil gerações, aos que o amam e guardam os seus
mandamentos;
10 e
que retribui diretamente aos que o odeiam, para os destruir; não será remisso
para quem o odeia, diretamente lhe retribuirá.
11
Guardarás, pois, os mandamentos, os estatutos e os preceitos que eu hoje te
ordeno, para os cumprires.
12
Sucederá, pois, que, por ouvirdes estes preceitos, e os guardardes e
cumprirdes, o Senhor teu Deus te guardará o pacto e a misericórdia que com
juramento prometeu a teus pais;
13
ele te amará, te abençoará e te fará multiplicar; abençoará o fruto do teu
ventre, e o fruto da tua terra, o teu grão, o teu mosto e o teu azeite, a
criação das tuas vacas, e as crias dos teus rebanhos, na terra que com
juramento prometeu a teus pais te daria.
14
Bendito serás mais do que todos os povos; não haverá estéril no meio de ti,
seja homem, seja mulher, nem entre os teus animais.
15 E
o Senhor desviará de ti toda enfermidade; não porá sobre ti nenhuma das más
doenças dos egípcios, que bem conheces; no entanto as porás sobre todos os que
te odiarem.
16
Consumirás todos os povos que o Senhor teu Deus te entregar; os teus olhos não
terão piedade deles; e não servirás a seus deuses, pois isso te seria por laço.
17 Se
disseres no teu coração: Estas nações são mais numerosas do que eu; como as
poderei desapossar?
18
delas não terás medo; antes lembrarte-ás do que o Senhor teu Deus fez a Faraó e
a todos os egípcios;
19
das grandes provas que os teus olhos viram, e dos sinais, e das maravilhas, e
da mão forte, e do braço estendido, com que o Senhor teu Deus te tirou: Assim
fará o Senhor teu Deus a todos os povos, diante dos quais tu temes.
20
Além disso o Senhor teu Deus mandará entre eles vespões, até que pereçam os
restantes que se tiverem escondido de ti.
21
Não te espantes diante deles, porque o Senhor teu Deus está no meio de ti, Deus
grande e terrível.
22 E
o Senhor teu Deus lançará fora de diante de ti, pouco a pouco, estas nações;
não poderás destruí-las todas de pronto, para que as feras do campo não se
multipliquem contra ti.
23 E
o Senhor as entregará a ti, e lhes infligirá uma grande derrota, até que sejam
destruídas.
24
Também os seus reis te entregará nas tuas mãos, e farás desaparecer o nome
deles de debaixo do céu; nenhum te poderá resistir, até que os tenhas
destruído.
25 As
imagens esculpidas de seus deuses queimarás a fogo; não cobiçarás a prata nem o
ouro que estão sobre elas, nem deles te apropriarás, para que não te enlaces
neles; pois são abominação ao Senhor teu Deus.
26
Não meterás, pois, uma abominação em tua casa, para que não sejas anátema,
semelhante a ela; de todo a detestarás, e de todo a abominarás, pois é
anátema.“ (Dt 7.1-26).
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