sábado, 1 de dezembro de 2012

Preservado no Meio do Fogaréu - Jeremias 20


Quando Jeremias profetizou contra Judá no átrio do templo, conforme registro no capitulo 19, Pasur, que era o sacerdote administrador do templo prendeu Jeremias num tronco e só o soltou de lá no dia seguinte.
Então Jeremias lhe disse que o seu nome não seria mais Pasur, que significa liberdade, mas Magor-Missabibe, que significa terror por todos os lados.
Ele lhe deu aquele nome por ordem do Senhor, porque Ele faria de Pasur um terror para si mesmo, e para todos os seus amigos, porque eles cairiam à espada de seus inimigos, e os olhos dele veriam isto.
Ele veria também Judá sendo entregue na mão do rei de Babilônia para serem cativos, e muitos serem mortos à espada, bem como as riquezas da cidade de Jerusalém, e o próprio Pasur e todos os da sua casa iriam para o cativeiro, para ser morto longe da sua própria terra, e ali seria sepultado com todos os seus amigos, aos quais havia profetizado falsamente que sempre haveria paz em Jerusalém.
Com isto saberia que a palavra de Deus na boca de Jeremias era a verdade.
Ele seria obrigado a ver todas estas coisas, e não lhe seria permitido ter uma morte rápida em Jerusalém, quando a cidade fosse tomada pelos babilônios.   
Jeremias mais uma vez se queixou ao Senhor das tribulações que estava sofrendo por causa das mensagens que lhe estava dando para serem proferidas contra Judá.
Acabara de ser preso num tronco e de ser escarnecido pelos judeus.
O Senhor disse que o livraria dos seus adversários, e no entanto estava se tornando não somente objeto do escárnio deles, como até mesmo Deus estava permitindo que ele fosse preso.
Ele não estava inteirado tanto quanto o apóstolo Paulo, por exemplo, que estava previsto por Deus que a Sua obra avançaria no mundo no meio de resistências e perseguições, que seriam levantadas por Satanás, para tentar paralisar a perda de pessoas sob o seu domínio, em razão da pregação da verdade do evangelho.
Todavia, tal como Paulo, Jeremias, a par de todos os sofrimentos e tribulações que estivesse padecendo, não conseguia deixar de  proclamar a Palavra do Senhor, que apesar de fazer dele um objeto de escárnio e vergonha para os seus perseguidores, era como um fogo que queimava de forma ardente no seu coração, e como estivesse apegado aos seus ossos, e estava cansado em contê-lo, de maneira que só acharia descanso para a sua alma quando liberasse a Palavra que lhe fosse dada por Deus.
Então ele começou a amadurecer quanto ao desígnio de Deus, e a aceitá-lo, porque apesar de ouvir que muitos estavam conspirando contra a sua vida, podia afirmar agora que o Senhor estava com ele como um guerreiro valente, e por isso os seus perseguidores é que tropeçariam e não poderiam prevalecer contra ele, porque ficariam confundidos, de forma que não poderiam ter êxito, de modo que entregou a sua causa nas mãos do Senhor, para que fosse o Seu vingador contra aqueles que intentavam o mal contra a sua vida, quando estava buscando somente o bem para eles.  
Então pôde entoar no Espírito o seguinte cântico de louvor e livramento, porque como o Senhor lhe havia dito, caso fosse paciente na tribulação, e separasse o precioso do vil, se convertendo a Ele, seria a Sua própria boca:
 “Cantai ao Senhor, louvai ao Senhor; pois livrou a alma do necessitado da mão dos malfeitores.” (v. 13)
Todavia ainda se achava muito desconfortado pelas tribulações e angústias que estava sofrendo, e não conseguiu abafar a queixa que havia no seu peito.
Só que agora não estava murmurando porque não estava se queixando de Deus, mas a Deus, considerando que maldito tinha sido o dia em que ele havia nascido, e que não fosse portanto, bendito o dia em que sua mãe lho dera à luz.
E considerou também maldito quem havia dado as novas do seu nascimento a seu pai, se alegrando grandemente com isto, porque não sabia, todo o sofrimento que lhe estava reservado para experimentar em sua vida, como profeta do Senhor.
Tal era a angústia do profeta quando proferiu estas palavras que alegou preferir ter morrido como um aborto no ventre de sua mãe.
O fato de ter sido dado à luz só serviu para que experimentasse trabalho e tristeza e para que se consumissem na vergonha os seus dias.      
Desta vez o Senhor não repreendeu Jeremias e permaneceu em silêncio diante do desabafo de sua alma, porque era a sinceridade daquilo que estava realmente sentindo, e não atribuiu ao Senhor nenhuma falta ou injustiça, por tudo o que estava sofrendo. 
Ele estava sendo experimentado nos sofrimentos que aperfeiçoam a fé.
E à medida que esta aumentasse ele aprenderia tal como Paulo a se regozijar na tribulação.
Com isto aprendemos que experiências são intransferíveis, e cada um levará o seu próprio fardo diante do Senhor, e aprenderá dEle, a seu próprio tempo, o que for necessário ao seu crescimento espiritual.


“1 Ora Pasur, filho de Imer, o sacerdote, que era superintendente da casa do Senhor, ouviu Jeremias profetizar estas coisas.
2 Então feriu Pasur ao profeta Jeremias, e o meteu no tronco que está na porta superior de Benjamim, na casa do Senhor.
3 No dia seguinte, quando Pasur o tirou do tronco Jeremias lhe disse: O Senhor não te chama Pasur, mas Magor-Missabibe.
4 Porque assim diz o Senhor: Eis que farei de ti um terror para ti mesmo, e para todos os teus amigos. Eles cairão à espada de seus inimigos, e teus olhos o verão. Entregarei Judá todo na mão do rei de Babilônia; ele os levará cativos para Babilônia, e mata-los-á à espada.
5 Também entregarei todas as riquezas desta cidade, todos os seus lucros, e todas as suas coisas preciosas, sim, todos os tesouros dos reis de Judá na mão de seus inimigos, que os saquearão e, tomando-os, os levarão a Babilônia.
6 E tu, Pasur, e todos os moradores da tua casa ireis para o cativeiro; e virás para Babilônia, e ali morrerás, e ali serás sepultado, tu, e todos os teus amigos, aos quais profetizaste falsamente.
7 Persuadiste-me, ó Senhor, e deixei-me persuadir; mais forte foste do que eu, e prevaleceste; sirvo de escárnio o dia todo; cada um deles zomba de mim.
8 Pois sempre que falo, grito, clamo: Violência e destruição; porque se tornou a palavra do Senhor um opróbrio para mim, e um ludíbrio o dia todo.
9 Se eu disser: Não farei menção dele, e não falarei mais no seu nome, então há no meu coração um como fogo ardente, encerrado nos meus ossos, e estou fatigado de contê-lo, e não posso mais.
10 Pois ouço a difamação de muitos, terror por todos os lados! Denunciai-o! Denunciemo-lo! dizem todos os meus íntimos amigos, aguardando o meu manquejar; bem pode ser que se deixe enganar; então prevaleceremos contra ele e nos vingaremos dele.
11 Mas o Senhor está comigo como um guerreiro valente; por isso tropeçarão os meus perseguidores, e não prevalecerão; ficarão muito confundidos, porque não alcançarão êxito, sim, terão uma confusão perpétua que nunca será esquecida.
12 Tu pois, ó Senhor dos exércitos, que provas o justo, e vês os pensamentos e o coração, permite que eu veja a tua vingança sobre eles; porque te confiei a minha causa.
13 Cantai ao Senhor, louvai ao Senhor; pois livrou a alma do necessitado da mão dos malfeitores.
14 Maldito o dia em que nasci; não seja bendito o dia em que minha mãe me deu à luz.
15 Maldito o homem que deu as novas a meu pai, dizendo: Nasceu-te um filho, alegrando-o com isso grandemente.
16 E seja esse homem como as cidades que o senhor destruiu sem piedade; e ouça ele um clamor pela manhã, e um alarido ao meio-dia.
17 Por que não me matou na madre? assim minha mãe teria sido a minha sepultura, e teria ficado grávida perpetuamente!
18 Por que saí da madre, para ver trabalho e tristeza, e para que se consumam na vergonha os meus dias?”. (Jeremias 20.1-18)

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