segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

SALMO 143 – Salmo de Davi


Quando lemos o livro de Salmos, e nos deparamos especialmente com os salmos em que Davi rasga o seu coração e alma atribulados diante de Deus, em busca de refrigério, socorro e livramento, como este, por exemplo, ficamos a pensar até que ponto temos transformado o próprio culto de adoração ao Senhor, em muitas de nossas igrejas, numa espécie de bezerro de ouro sagrado, que usamos na adoração, em vez de adorarmos em espírito e em verdade, que é a única forma de adoração aceitável por Deus.
Esta verdade não é apenas a verdade da própria Palavra mas também a verdade relativa às nossas reais condições, especialmente de corpo, alma e espírito.
Como lidar com um Deus verdadeiro, sem que seja nesta base de verdade, tal como encontramos em todos os personagens da Bíblia que lograram agradar a Deus?
Se  o nosso alvo em nossos cultos é o de agradá-lO e não propriamente a nós mesmos, estamos obrigados a seguir o mesmo critério de verdade que eles seguiram, não ocultando de Deus a sua real condição, e não impondo-Lhe algo formal que não viesse da própria experiência pessoal deles e do profundo dos seus corações.
Por isso os salmos não são meras produções poéticas, compostas com a finalidade de atender a um determinado propósito religioso, senão a expressão da própria vida do salmista, e do mover do Espírito Santo sobre ela, nas experiências reais que eles viveram.
Este é o motivo porque falam tão profundamente a nós.
Lembremos que Deus nos ordena a pregação da Palavra mas não necessariamente na forma de sermões.
Por este motivo, devemos ter muito cuidado para não construirmos bezerros de ouro em nossos cultos, fazendo por exemplo do momento de louvor um ídolo, do sermão outro ídolo, e assim sucessivamente, quanto a tudo o que for apresentado no culto, porque estaremos adorando não ao Senhor, mas ao momento de louvor e ao sermão propriamente ditos.
E quão perigoso é isto para uma verdadeira adoração.
Substituirmos o grande objetivo dela que é o próprio Deus, pelos meios que usamos para adorá-lo.
Quantos estariam dispostos a fazerem uma oração como a que Davi fez neste salmo, em pleno culto público?
Veja que ele pede a Deus que atendesse às suas súplicas, não confiado na sua própria justiça, mas na fidelidade e na justiça do próprio Senhor.
Ele pede humildemente para que o Senhor não entrasse em juízo com ele com base na sua perfeição na justiça, porque sabia que à vista do Senhor nenhum homem é perfeitamente justo.
E ele declara que o diabo estava se aproveitando disto, perseguindo a sua alma e assolando a sua vida, fazendo-lhe sentir-se como aqueles que haviam morrido há muito tempo.
Ele confessa que o seu espírito está abatido, e que o seu coração estava turbado.
Todavia, ele trazia à memória o que podia lhe dar esperança, lembrando dos dias passados em que Deus havia manifestado o Seu grande poder, realizando grandes obras.
Então se esforçava levantando as suas mãos para o Senhor, para que Ele o segurasse e apoiasse, e passava a sentir sede em sua alma pela presença de Deus, tal como uma terra seca que aguarda ansiosamente pelas chuvas.
Ele pede que o Senhor não demorasse em responder-lhe porque o seu espírito estava a ponto de desfalecer, e que não sucedesse de o Senhor lhe ocultar a Sua face, porque então ele se sentiria como aqueles que já morreram.
Ele clama então para que o Senhor lhe manifestasse a Sua graça, porque apesar do seu abatimento não deixou de confiar nEle um só momento, e que Lhe mostrasse o caminho pelo qual deveria andar, porque havia elevado a sua alma até a Sua presença.
Ele pediu que Deus o livrasse dos seus inimigos, porque fizera dEle o seu único refúgio.
E que lhe continuasse ensinando a fazer a Sua vontade, porque somente Ele era o Seu Deus, de maneira que sabia que o Espírito Santo haveria de guiá-lo por um terreno plano, sem pedras, nas quais pudesse tropeçar.
Finalmente, ele pede a Deus que o vivificasse não por causa dele, Davi, mas por causa do amor do Seu nome, por amor à Sua justiça, tirando a sua alma da tribulação.
E que por misericórdia desse cabo de todos os seus inimigos, de todos os que lhe atribulavam a alma, porque afinal era servo do Senhor, e tinha dEle a promessa de ser livrado da angústia por Ele, sempre que Lhe clamasse por socorro.
Este é o efeito da ligação da alma com Deus, quando é libertada dos seus opressores, ela não somente é livrada, como os seus opressores, ou seja, todos os agentes do inferno que a oprimiam, são subjugados por Deus.    


“Atende, SENHOR, a minha oração, dá ouvidos às minhas súplicas. Responde-me, segundo a tua fidelidade, segundo a tua justiça. Não entres em juízo com o teu servo, porque à tua vista não há justo nenhum vivente. Pois o inimigo me tem perseguido a alma; tem arrojado por terra a minha vida; tem-me feito habitar na escuridão, como aqueles que morreram há muito.  Por isso, dentro de mim esmorece o meu espírito, e o coração se vê turbado. Lembro-me dos dias de outrora, penso em todos os teus feitos e considero nas obras das tuas mãos.  A ti levanto as mãos; a minha alma anseia por ti, como terra sedenta.  Dá-te pressa, SENHOR, em responder-me; o espírito me desfalece; não me escondas a tua face, para que eu não me torne como os que baixam à cova.  Faze-me ouvir, pela manhã, da tua graça, pois em ti confio; mostra-me o caminho por onde devo andar, porque a ti elevo a minha alma. Livra-me, SENHOR, dos meus inimigos; pois em ti é que me refugio.  Ensina-me a fazer a tua vontade, pois tu és o meu Deus; guie-me o teu bom Espírito por terreno plano.  Vivifica-me, SENHOR, por amor do teu nome; por amor da tua justiça, tira da tribulação a minha alma. E, por tua misericórdia, dá cabo dos meus inimigos e destrói todos os que me atribulam a alma, pois eu sou teu servo.”

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