terça-feira, 4 de dezembro de 2012

SALMO 37 – Salmo de Davi


Davi era de fato um homem sábio e um grande santo, conforme podemos ver das palavras proferidas por ele neste salmo.
Ele não era meramente sábio segundo a letra das Escrituras, mas segundo tudo o que pôde aprender da experiência prática da vida, em sua intima comunhão com o Senhor.
Havia em Davi mais sabedoria e santidade do que em muitos cristãos de nossos dias, porque ele se dispôs a viver inteiramente para o agrado de Deus, buscando viver no caminho da Sua sabedoria e santidade, e Deus fez com que ele encontrasse a ambos, e que os percorresse de modo que se tornava cada vez mais sábio e mais santo.
Veja com que discernimento ele sabia que o verdadeiro sucesso não consiste na realização de nossos próprios projetos, e de se acumular muitos bens, fama e poder neste mundo, caso se tenha um coração ímpio, porque, por fim tudo isso terá sido perdido, e haverá um terrível juízo aguardando por aqueles que fizeram de tais coisas o deus deles, e que não colocaram por conseguinte a sua confiança inteiramente no Senhor.
Veja que são as palavras de um rei que tinha força, fama, riquezas e poder, e no entanto, não permitiu que seu coração e desígnios fossem dirigidos pelo que possuía, ou mesmo pelo desejo que é muito comum de aumentá-los, quando se anda segundo a carne e não segundo o espírito.
Davi diz aos homens que façam o bem, e que se alimentem da verdade, agradando-se do Senhor, porque somente assim fazendo, o coração poderá achar a verdadeira satisfação que procede de Deus, porque os desejos que serão achados no coração serão somente os desejos que são aprovados por Ele, e ali colocados por Ele próprio.
Deus tudo faz quando entregamos o nosso caminho a Ele e temos uma fé verdadeira que conduzirá tudo a bom termo no que se refere à nossa caminhada.
Estes que não vivem a invejar a prosperidade dos ímpios, mas que fazem do próprio Senhor o grande objetivo de suas vidas, verão por fim que é esta a condição necessária para que Ele faça sobressair a nossa justiça como a luz, e o nosso direito como o sol do meio-dia.
Ou seja, Ele será o nosso advogado e juiz em todas as nossas causas, de modo que podemos achar nEle descanso e paz para as nossas almas, sem que tenhamos que nos irritar com aqueles que prosperam em seus caminhos à custa de levarem a cabo os seus maus intentos.
O cristão não deve aceitar a provocação que lhe seja feita pelo diabo, quer diretamente, quer indiretamente por meio dos seus instrumentos, e deve manter a paz de mente e de espírito em toda e qualquer circunstância.
Por isso deve deixar a ira e abandonar o furor e não viver impacientemente por coisa alguma, porque no fim o resultado nunca será bom.
O cristão deve ter o temor do Senhor permanentemente, e não imitar as obras das trevas, porque Ele tem um juízo determinado contra todos os que praticam o mal, mas os que esperam no Senhor herdarão a terra, conforme a Sua promessa.
Não é afinal isto que Jesus promete no Sermão do Monte aos mansos?
Ninguém deve se precipitar num juízo incorreto, pensando que o ímpio há de prevalecer, porque o Senhor é longânimo e paciente, e tem determinado um dia em que julgará toda a carne.
Neste dia, o ímpio será desarraigado da terra, mas os justos a receberão por herança, e viverão numa perfeita paz juntamente com o Senhor e  uns com os outros.
Por isso o cristão é chamado a orar pelo ímpio, por mais que este lhe persiga, porque este se encontra debaixo de uma terrível condenação da qual poderá ser livrado somente caso se converta ao Senhor.
Assim, Davi afirma que mais vale o pouco do justo do que a abundância de muitos ímpios, porque esta de nada lhes valerá no dia do Juízo.
Davi sabia que a justificação que é pela graça, mediante a fé, nos torna herdeiros de uma herança eterna.
Deus havia feito promessas específicas em tal sentido para os fiéis da sua casa, de que usaria de bondade eterna para com eles, conforme podemos ver em outras passagens deste salmo, em que ele afirma que aqueles a quem o Senhor abençoa possuirão a terra; e que o Senhor firma os passos do homem bom de tal modo que se cair não ficará prostrado, porque o segura pela sua mão – isto fala da segurança eterna da salvação do justo.
Deus cuida de tal maneira do justo que ainda que venha a ter fome, não mendigará o pão jamais, porque o Senhor o sustentará.
Davi diz destes que se apartam do mal e que fazem o bem, que a morada deles será perpétua, isto é, eterna.
Isto porque o Senhor não desampara os seus santos, e os preservará para sempre, conforme tem prometido de não lançar fora a nenhum que venha a Ele.
Davi diz que os justos não apenas herdarão a terra mas que habitarão nela para sempre; porque o Senhor não os deixará nas mãos do perverso, e nem os condenará no juízo.
Davi estava falando de coisas escatológicas pelo Espírito, porque disse que o Senhor exaltaria o justo para possuir a terra, e que ele presenciaria isto quando os ímpios fossem exterminados, e que eles serão exterminados a um só tempo juntamente com a descendência deles, ou seja, os que são tão ímpios quanto eles.
Vale a pena inserir no comentário deste salmo a promessa que Deus fez a Davi quanto à segurança eterna da salvação, conforme palavras de II Samuel 23.1-7:                  
 “1 São estas as últimas palavras de Davi: Diz Davi, filho de Jessé, diz o homem que foi exaltado, o ungido do Deus de Jacó, o suave salmista de Israel.
2 O Espírito do Senhor fala por mim, e a sua palavra está na minha língua.
3 Falou o Deus de Israel, a Rocha de Israel me disse: Quando um justo governa sobre os homens, quando governa no temor de Deus,
4 será como a luz da manhã ao sair do sol, da manhã sem nuvens, quando, depois da chuva, pelo resplendor do sol, a erva brota da terra.
5 Pois não é assim a minha casa para com Deus? Porque estabeleceu comigo um pacto eterno, em tudo bem ordenado e seguro; pois não fará ele prosperar toda a minha salvação e todo o meu desejo?
6 Porém os ímpios todos serão como os espinhos, que se lançam fora, porque não se pode tocar neles;
7 mas qualquer que os tocar se armará de ferro e da haste de uma lança; e a fogo serão totalmente queimados no mesmo lugar.”
As últimas palavras proferidas por Davi são extraordinárias e comprovam que ele havia sido realmente exaltado e ungido por Deus, e foi inspirado pelo Espírito Santo para ser o mavioso salmista de Israel, sendo conhecido em todas as partes do mundo em todos os séculos, pelos Salmos que escreveu debaixo desta inspiração (v. 1).
Ele não tinha o Espírito de Deus apenas no seu coração, guardando comunhão com Ele, mas permitiu que Ele usasse a sua língua, para proferir a Sua Palavra através da Sua boca (v. 2).
Davi regeu a todos que foram colocados debaixo do seu governo pelo Senhor, com o temor de Deus, porque o fizera com justiça (v. 3), tal como faria Neemias, depois dele (Ne 5.15).
Deus mesmo, a quem Davi chama de a Rocha de Israel (v. 3), havia lhe falado que aqueles que governam deste modo, são como a luz da manhã, quando sai o sol, como uma manhã sem nuvens, cujo esplendor, depois da chuva, faz brotar da terra a erva (v. 4).
Assim, é descrito o caráter de todos os justos que reinarão juntamente com Cristo, porque, falando ainda pelo Espírito, Davi aplica estas palavras à sua casa, dizendo: “Pois não é assim a minha casa para com Deus? Porque estabeleceu comigo um pacto eterno, em tudo bem ordenado e seguro; pois não fará ele prosperar toda a minha salvação e todo o meu desejo?”.
Esta certeza da salvação eterna, para todos os que estão na casa de Davi, por sua associação com Cristo, que pertence a esta casa, e é Senhor sobre ela, pois não foi estabelecida pelo homem, mas pelo próprio Deus, é devido ao pacto, que nas palavras do Espírito, pela boca de Davi, é “em tudo bem ordenado e seguro”.
Este é o caráter da aliança da graça, e é por ser uma aliança eterna que ela prosperará e jamais frustrará o desejo de qualquer um que tiver colocado no Senhor a Sua confiança, participando da aliança eterna, que foi prometida a Davi.
Na verdade, não há outra esperança de salvação senão por meio das condições da aliança prometida a Davi.
Tanto que aqueles que permanecerem na condição de filhos de Belial, por não estarem assim aliançados com Deus, serão lançados fora, sem uma só exceção, como espinhos, porque não podem ser tocados com as mãos, isto é, não se permitem serem transformados e educados na justiça por Deus.
Por isso, quem os tocar se armará de ferro e da haste de uma lança, e a fogo serão totalmente queimados no seu lugar (v. 6,7).
As pessoas ímpias estão sujeitas não apenas ao braço da justiça dos magistrados terrenos, como também serão sujeitados ao braço forte do juízo eterno do Senhor, que os queimará num fogo eterno, que jamais se apagará.   
Os filhos de pais piedosos nem sempre são tão santos e devotados quanto deveriam ser, tal como se deu com o próprio Davi, que a par de todo o seu amor e esforço para santificar os seus filhos, teve entre eles Amnom e Absalão, que eram ímpios.
Isto nos revela que é a corrupção e não a graça, que corre no sangue.
Por isso, a casa de Davi é típica da Igreja de Cristo, que é a casa dEle (Hb 3.3).
Cristo não é fiel a toda a sua casa, na condição de um servo, como fora Moisés em relação a Israel, mas como Senhor e Rei, assim como o fora Davi sobre a sua casa terrena.
O Senhor da casa espiritual de Davi é Cristo, e não o próprio Davi, porque este foi impedido de continuar o seu reinado pela morte, e regia apenas sobre Israel, mas Cristo, que vive e reina para sempre, reina sobre toda a Sua casa, e sobre todos aqueles que lhes foram dados pelo Pai, em todas as nações.
Deus fez uma aliança com a cabeça da Igreja, o Filho de Davi, de que preservará a Ele uma semente sobre a qual as portas do inferno não prevalecerão, ou seja, nunca poderão predominar sobre a Sua casa.
E esta segurança é garantida por Deus e realizada na Rocha segura que é Cristo, que é o autor e consumador da nossa fé e salvação.
Desta forma, é nEle que se cumprem todas as promessas da aliança da graça feita com Davi.
A aliança que Deus fez com um rei terreno apontava para a aliança que Ele fizera antes que houvesse mundo, no céu, com Aquele que reinará para sempre.    
Por isso as promessas da aliança eterna são chamadas de fiéis misericórdias prometidas a Davi:
“Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, dando-vos as fiéis misericórdias prometidas a Davi.” (Is 55.3).
É maravilhoso saber que as últimas palavras que Davi falou pelo Espírito, apontaram para esta aliança segura e eterna.
Deus fez uma aliança conosco em Jesus Cristo, e nós aprendemos das Suas palavras pela boca de Davi que é uma aliança perpétua.
Perpétua em si mesma e na forma do seu caráter, manutenção, continuação e confirmação.
Deus diz também pela boca de Davi que é bem ordenada e segura (v. 5).
Esta aliança está bem ordenada por Deus em todas as coisas que dizem respeito a ela.
Esta ordenação perfeita trabalhará em meio às imperfeições dos cristãos e os aperfeiçoará progressivamente, para a glória de Deus, de modo que se a obra não for completada na terra, ela o será no céu.
E para isso a aliança possui um Mediador e um Consolador para promover a santidade e o conforto dos cristãos. Está ordenado também QUE TODA TRANSGRESSÃO NA ALIANÇA NÃO LANÇARÁ FORA A QUALQUER DOS ALIANÇADOS.
Por isso Jesus afirma que não lançará fora de modo nenhum, a qualquer que vier a Ele.
Assim, a segurança da salvação não é colocada nas mãos dos cristãos, mas nas mãos do Mediador.
E se diz que a aliança é segura, porque está assim bem ordenada por Deus.
Ela foi planejada de tal modo a poder conduzir pecadores ao céu.
Ela está tão bem estruturada, que qualquer um deles pode ter a certeza de que estará sendo aperfeiçoado na terra e a conclusão desta obra de aperfeiçoamento será concluída no céu.
Uma das razões para que o aperfeiçoamento não seja concluído na terra, é para que se saiba que a aliança é de fato para pecadores, e não para quem se considera perfeitamente justo. Ainda que todos os aliançados sejam chamados agora a se empenharem na prática da justiça.
As misericórdias prometidas aos aliançados são seguras, e operarão de acordo com as condições estabelecidas em relação à necessidade de arrependimento e fé.
A aplicação particular destas misericórdias para santificar os cristãos é segura.
É segura porque e suficiente.
Nada mais do que isto nos salvará, porque a base da salvação repousa na fidelidade de Deus em cumprir a promessa que Ele fez à casa de Davi, a todo aquele que for encontrado nela, por causa da sua fé no descendente, no Filho de Davi que é Cristo. É somente disto que a nossa salvação depende.

“Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que praticam a iniquidade.
Pois eles dentro em breve definharão como a relva e murcharão como a erva verde. 
Confia no SENHOR e faze o bem; habita na terra e alimenta-te da verdade. 
Agrada-te do SENHOR, e ele satisfará os desejos do teu coração.
Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará. 
Fará sobressair a tua justiça como a luz e o teu direito, como o sol ao meio-dia. 
Descansa no SENHOR e espera nele, não te irrites por causa do homem que prospera em seu caminho, por causa do que leva a cabo os seus maus desígnios. 
Deixa a ira, abandona o furor; não te impacientes; certamente, isso acabará mal. 
Porque os malfeitores serão exterminados, mas os que esperam no SENHOR possuirão a terra.
Mais um pouco de tempo, e já não existirá o ímpio; procurarás o seu lugar e não o acharás.
Mas os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz.
Trama o ímpio contra o justo e contra ele ringe os dentes. 
Rir-se-á dele o Senhor, pois vê estar-se aproximando o seu dia.
Os ímpios arrancam da espada e distendem o arco para abater o pobre e necessitado, para matar os que trilham o reto caminho. 
A sua espada, porém, lhes traspassará o próprio coração, e os seus arcos serão espedaçados. 
Mais vale o pouco do justo que a abundância de muitos ímpios. 
Pois os braços dos ímpios serão quebrados, mas os justos, o SENHOR os sustém.
O SENHOR conhece os dias dos íntegros; a herança deles permanecerá para sempre. 
Não serão envergonhados nos dias do mal e nos dias da fome se fartarão.
Os ímpios, no entanto, perecerão, e os inimigos do SENHOR serão como o viço das pastagens; serão aniquilados e se desfarão em fumaça. 
O ímpio pede emprestado e não paga; o justo, porém, se compadece e dá.
Aqueles a quem o SENHOR abençoa possuirão a terra; e serão exterminados aqueles a quem amaldiçoa.
O SENHOR firma os passos do homem bom e no seu caminho se compraz;  se cair, não ficará prostrado, porque o SENHOR o segura pela mão. 
Fui moço e já, agora, sou velho, porém jamais vi o justo desamparado, nem a sua descendência a mendigar o pão.
É sempre compassivo e empresta, e a sua descendência será uma bênção. 
Aparta-te do mal e faze o bem, e será perpétua a tua morada.
Pois o SENHOR ama a justiça e não desampara os seus santos; serão preservados para sempre, mas a descendência dos ímpios será exterminada. 
Os justos herdarão a terra e nela habitarão para sempre. 
A boca do justo profere a sabedoria, e a sua língua fala o que é justo. 
No coração, tem ele a lei do seu Deus; os seus passos não vacilarão.
O perverso espreita ao justo e procura tirar-lhe a vida. 
Mas o SENHOR não o deixará nas suas mãos, nem o condenará quando for julgado.
Espera no SENHOR, segue o seu caminho, e ele te exaltará para possuíres a terra; presenciarás isso quando os ímpios forem exterminados. 
Vi um ímpio prepotente a expandir-se qual cedro do Líbano.
Passei, e eis que desaparecera; procurei-o, e já não foi encontrado. 
Observa o homem íntegro e atenta no que é reto; porquanto o homem de paz terá posteridade.
Quanto aos transgressores, serão, à uma, destruídos; a descendência dos ímpios será exterminada. 
Vem do SENHOR a salvação dos justos; ele é a sua fortaleza no dia da tribulação.
O SENHOR os ajuda e os livra; livra-os dos ímpios e os salva, porque nele buscam refúgio.” 

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