Davi era um grande rei. Fez proezas com o Senhor e estendeu as
fronteiras de Israel para além das nações pagãs ímpias.
Todavia, sua alma era como a de uma criança na presença do Senhor,
não no que tange a fazer criancices, mas como quem se colocava debaixo do
cuidado de Deus inteiramente, tal como um bebê no colo de sua mãe.
Chega a comover o nosso coração tão grande humildade, e ainda por
cima na pessoa de um rei.
Seu coração era muito diferente do de muitos governantes, que cegados
pelo poder, esquecem até mesmo que morrerão um dia, e por isso vivem na
prepotência e arrogância como se fossem viver para sempre neste mundo, e que
não terão que prestar contas a ninguém de seus atos, mesmo ao Criador.
Contudo, como Davi era um rei segundo o coração de Deus, recebeu
dEle sabedoria para que seu coração não se exaltasse, e sabia que a sua vida, apesar de ser rei,
seria breve neste mundo como a de qualquer outro mortal, pois é tal como nuvem
que passa.
Não era a velhice e nem o ter que partir deste mundo que o
amedrontava, mas o fato de não viver com isto em perspectiva, de modo que
viesse a perder o temor devido ao Senhor.
Ele sabia que depois desta vida a sua única herança seria a mesma
que ele havia tido enquanto em vida, a saber, o próprio Senhor.
Deus era a sua herança neste mundo e era a única herança que ele
desejava ter consigo quando daqui partisse.
Então ele pediu ao Senhor que lhe desse reconhecer sempre qual era
a sua fragilidade.
Como era o próprio Senhor a sua única esperança, então lhe pediu
também que o livrasse de todas as suas iniquidades, para que não se tornasse o
opróbrio do insensato.
Como agradava a Davi se rebaixar diante do Senhor, por isso Ele o
exaltou sobremaneira, porque a quem se humilha, Ele dá mais graça.
Ele não queria viver pecando, nem naquelas coisas que muitos
consideram mínimas.
Ele não queria pecar por falta de prudência quando estivesse na
presença do ímpio, quando instigados por eles podemos falar coisas que não
convêm a santos, e o dito da nossa boca passa a ser precipitado.
Por isso Davi decidiu colocar uma mordaça em sua boca quando
estivesse na presença do ímpio.
“Disse
comigo mesmo: guardarei os meus caminhos, para não pecar com a língua; porei
mordaça à minha boca, enquanto estiver na minha presença o ímpio.
Emudeci
em silêncio, calei acerca do bem, e a minha dor se agravou.
Esbraseou-se-me
no peito o coração; enquanto eu meditava, ateou-se o fogo; então, disse eu com
a própria língua: Dá-me a conhecer, SENHOR, o meu fim e qual a soma dos meus
dias, para que eu reconheça a minha fragilidade.
Deste aos
meus dias o comprimento de alguns palmos; à tua presença, o prazo da minha vida
é nada.
Na
verdade, todo homem, por mais firme que esteja, é pura vaidade.
Com
efeito, passa o homem como uma sombra; em vão se inquieta; amontoa tesouros e
não sabe quem os levará.
E eu,
Senhor, que espero?
Tu és a
minha esperança.
Livra-me
de todas as minhas iniquidades; não me faças o opróbrio do insensato.
Emudeço,
não abro os lábios porque tu fizeste isso.
Tira de
sobre mim o teu flagelo; pelo golpe de tua mão, estou consumido.
Quando
castigas o homem com repreensões, por causa da iniquidade, destróis nele, como
traça, o que tem de precioso.
Com
efeito, todo homem é pura vaidade.
Ouve,
SENHOR, a minha oração, escuta-me quando grito por socorro; não te emudeças à
vista de minhas lágrimas, porque sou forasteiro à tua presença, peregrino como
todos os meus pais o foram.
Desvia de
mim o olhar, para que eu tome alento, antes que eu passe e deixe de existir.”
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