Neste salmo é descrito o estado no qual é muito comum em se achar
a alma abatida: ela recusa ser consolada e busca se alimentar ainda mais das
amarguras que lhe têm abatido.
Todos passam de algum modo por esta experiência, uns mais e outros
menos.
Caso a pessoa não traga à memória que há no Senhor boa vontade
para perdoar, restaurar, animar e levantar, certamente não poderá sair de tal
estado.
Por isso o salmista passou em revista os poderosos feitos do
Senhor e da Sua grande misericórdia manifestada para com Israel no passado,
especialmente nos dias de Moisés e Arão, e achou nisto ajuda, para que seu
ânimo no Senhor fosse renovado; e pôde entender que Deus nunca procurará nos
desanimar, e por isso nos tem dado um Espírito que é chamado de Consolador e
não de Desanimador.
Se não fosse Seu propósito que sejamos sempre achados de bom ânimo
em Sua presença, Jesus não nos teria advertido para termos bom ânimo nas
aflições.
“Elevo a
Deus a minha voz e clamo, elevo a Deus a minha voz, para que me atenda.
No dia da
minha angústia, procuro o Senhor; erguem-se as minhas mãos durante a noite e
não se cansam; a minha alma recusa consolar-se.
Lembro-me
de Deus e passo a gemer; medito, e me desfalece o espírito.
Não me
deixas pregar os olhos; tão perturbado estou, que nem posso falar. Penso nos dias de outrora, trago à lembrança
os anos de passados tempos.
De noite
indago o meu íntimo, e o meu espírito perscruta.
Rejeita o
Senhor para sempre?
Acaso,
não torna a ser propício?
Cessou
perpetuamente a sua graça?
Caducou a
sua promessa para todas as gerações?
Esqueceu-se
Deus de ser benigno?
Ou, na
sua ira, terá ele reprimido as suas misericórdias?
Então,
disse eu: isto é a minha aflição; mudou-se a destra do Altíssimo.
Recordo
os feitos do SENHOR, pois me lembro das tuas maravilhas da antiguidade.
Considero
também nas tuas obras todas e cogito dos teus prodígios.
O teu
caminho, ó Deus, é de santidade. Que deus é tão grande como o nosso Deus?
Tu és o
Deus que operas maravilhas e, entre os povos, tens feito notório o teu poder.
Com o teu
braço remiste o teu povo, os filhos de Jacó e de José.
Viram-te
as águas, ó Deus; as águas te viram e temeram, até os abismos se abalaram.
Grossas
nuvens se desfizeram em água; houve trovões nos espaços; também as suas setas
cruzaram de uma parte para outra.
O
ribombar do teu trovão ecoou na redondeza; os relâmpagos alumiaram o mundo; a
terra se abalou e tremeu.
Pelo mar
foi o teu caminho; as tuas veredas, pelas grandes águas; e não se descobrem os
teus vestígios.
O teu
povo, tu o conduziste, como rebanho, pelas mãos de Moisés e de Arão.”
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