Este salmo é profético e histórico.
É uma narrativa das grandes misericórdias de Deus em relação a
Israel, apesar do quanto eles Lhe tinham provocado com os seus pecados, e de o
Senhor ter trazido sobre eles várias demonstrações do Seu desgosto por causa
dos pecados deles.
Asafe começa o salmo no estilo dos profetas, convocando o povo de
Israel a ouvir a Lei do Senhor e a prestar atenção às palavras da Sua boca.
E, como era Deus que falava por ele, deu-lhe que profetizasse acerca
do modo pelo qual falaria a Seu povo em dias futuros, por intermédio de Jesus,
uma vez que eles sempre eram achados por Ele endurecidos em seus pecados.
Ele lhes falaria por parábolas e falaria das coisas ocultas em
mistério deste antes da fundação do mundo, para que ouvissem mas não
entendessem, já que haviam se tornado endurecidos para ouvir a Sua voz.
Para que se prevenisse de tal endurecimento contra o Senhor,
Israel foi alertado desde os dias de Moisés, que se contasse sucessivamente às
gerações de Israel todos os sinais e maravilhas que o Senhor havia feito, e
como havia escolhido a Jacó para formar através dele um povo que fosse
exclusivamente Seu, para amá-lO e servi-lO.
Então, não deveriam se esquecer dos grandes feitos de Deus, para
que não viessem a lhe virar as costas e a ficarem insensíveis e endurecidos, a
ponto de não poderem ouvir a Sua voz.
Por isso deveriam colocar, através de todas as gerações de Israel,
a sua confiança inteiramente no Senhor, e não esquecerem dos Seus feitos, como também
dos Seus mandamentos, para não seguirem o mesmo exemplo de seus pais, aquela
geração que havia saído do Egito com Moisés, que era uma geração obstinada,
rebelde, de coração inconstante, e que portanto, cujo espírito não foi fiel ao
Senhor.
Efraim, filho de José, que apesar de não ser o primogênito, havia
sido escolhido pelo Senhor para ser grande em Israel, mas não andou fielmente
com o Senhor, e não se portou bem perante Ele, especialmente nos dias dos
Juízes, e depois, quando o reino foi dividido em Reino do Sul e do Norte.
Por isso foi levado para o cativeiro pelos assírios juntamente com
as demais nove tribos do Reino do Norte.
Todavia, o Senhor havia feito prodígios na presença dos seus
antepassados na terra do Egito, e apesar de toda a bondade que lhes manifestara,
quando os conduzia no deserto, se rebelaram contra Ele.
Antes de serem levados em cativeiro, o Senhor lhes perdoou os
pecados por séculos, quando se voltavam para Ele e O buscavam arrependidos.
Todavia, era um arrependimento superficial, somente de boca,
porque o coração não estava firme no Senhor, e assim mentiam para si mesmos e
para Deus, quando pensavam que estavam votando para Ele, quando na verdade
estavam apenas procurando escapar dos Seus juízos, especialmente das nações inimigas
que lhes oprimiam.
Mesmo quando o Senhor lhes deu herança em Canaã, expulsando as
nações ímpias de diante deles, nem assim guardaram os Seus testemunhos, e não
somente tentaram ao Senhor como resistiram à Sua vontade.
Foi por isso que Deus havia abandonado o tabernáculo em Siló, e
permitiu que a arca da aliança fosse capturada pelos filisteus, e permitiu que
fossem mortos na guerra que haviam feito contra os filisteus.
E como nunca se firmaram na presença do Senhor, Efraim foi
rejeitado, e o Senhor escolheu a tribo de Judá, para cumprir o Seu propósito de
apascentar a Israel através de Davi, escolhendo a Jerusalém, para ser o local
do Seu templo.
“Escutai,
povo meu, a minha lei; prestai ouvidos às palavras da minha boca.
Abrirei
os lábios em parábolas e publicarei enigmas dos tempos antigos.
O que
ouvimos e aprendemos, o que nos contaram nossos pais, não o encobriremos a seus
filhos; contaremos à vindoura geração os louvores do SENHOR, e o seu poder, e
as maravilhas que fez.
Ele estabeleceu
um testemunho em Jacó, e instituiu uma lei em Israel, e ordenou a nossos pais
que os transmitissem a seus filhos, a
fim de que a nova geração os conhecesse, filhos que ainda hão de nascer se
levantassem e por sua vez os referissem aos seus descendentes; para que pusessem em Deus a sua confiança e
não se esquecessem dos feitos de Deus, mas lhe observassem os mandamentos; e
que não fossem, como seus pais, geração obstinada e rebelde, geração de coração
inconstante, e cujo espírito não foi fiel a Deus.
Os filhos
de Efraim, embora armados de arco, bateram em retirada no dia do combate. Não
guardaram a aliança de Deus, não quiseram andar na sua lei; esqueceram-se das
suas obras e das maravilhas que lhes mostrara.
Prodígios
fez na presença de seus pais na terra do Egito, no campo de Zoã.
Dividiu o
mar e fê-los seguir; aprumou as águas como num dique. Guiou-os de dia com uma
nuvem e durante a noite com um clarão de fogo.
No
deserto, fendeu rochas e lhes deu a beber abundantemente como de abismos.
Da pedra
fez brotar torrentes, fez manar água como rios.
Mas,
ainda assim, prosseguiram em pecar contra ele e se rebelaram, no deserto,
contra o Altíssimo.
Tentaram
a Deus no seu coração, pedindo alimento que lhes fosse do gosto.
Falaram
contra Deus, dizendo: Pode, acaso, Deus preparar-nos mesa no deserto?
Com
efeito, feriu ele a rocha, e dela manaram águas, transbordaram caudais.
Pode ele
dar-nos pão também?
Ou
fornecer carne para o seu povo?
Ouvindo
isto, o SENHOR ficou indignado; acendeu-se fogo contra Jacó, e também se
levantou o seu furor contra Israel;
porque não creram em Deus, nem confiaram na sua salvação.
Nada
obstante, ordenou às alturas e abriu as portas dos céus; fez chover maná sobre
eles, para alimentá-los, e lhes deu cereal do céu.
Comeu
cada qual o pão dos anjos; enviou-lhes ele comida a fartar.
Fez
soprar no céu o vento do Oriente e pelo seu poder conduziu o vento do Sul.
Também
fez chover sobre eles carne como poeira e voláteis como areia dos mares.
Fê-los
cair no meio do arraial deles, ao redor de suas tendas. Então, comeram e se
fartaram a valer; pois lhes fez o que desejavam.
Porém não
reprimiram o apetite. Tinham ainda na boca o alimento, quando se elevou contra eles a ira de Deus, e
entre os seus mais robustos semeou a morte, e prostrou os jovens de
Israel.
Sem
embargo disso, continuaram a pecar e não creram nas suas maravilhas.
Por isso,
ele fez que os seus dias se dissipassem num sopro e os seus anos, em súbito
terror. Quando os fazia morrer, então, o buscavam; arrependidos, procuravam a
Deus.
Lembravam-se
de que Deus era a sua rocha e o Deus Altíssimo, o seu redentor.
Lisonjeavam-no,
porém de boca, e com a língua lhe mentiam. Porque o coração deles não era firme
para com ele, nem foram fiéis à sua aliança.
Ele, porém,
que é misericordioso, perdoa a iniquidade e não destrói; antes, muitas vezes
desvia a sua ira e não dá largas a toda a sua indignação. Lembra-se de que eles
são carne, vento que passa e já não volta.
Quantas
vezes se rebelaram contra ele no deserto e na solidão o provocaram!
Tornaram
a tentar a Deus, agravaram o Santo de Israel.
Não se
lembraram do poder dele, nem do dia em que os resgatou do adversário; de como no Egito operou ele os seus sinais e
os seus prodígios, no campo de Zoã; e
converteu em sangue os rios deles, para que das suas correntes não bebessem.
Enviou
contra eles enxames de moscas que os devorassem e rãs que os destruíssem.
Entregou
às larvas as suas colheitas e aos gafanhotos, o fruto do seu trabalho.
Com
chuvas de pedra lhes destruiu as vinhas e os seus sicômoros, com geada.
Entregou
à saraiva o gado deles e aos raios, os seus rebanhos.
Lançou
contra eles o furor da sua ira: cólera, indignação e calamidade, legião de
anjos portadores de males.
Deu livre
curso à sua ira; não poupou da morte a alma deles, mas entregou-lhes a vida à
pestilência. Feriu todos os primogênitos
no Egito, as primícias da virilidade nas tendas de Cam.
Fez sair
o seu povo como ovelhas e o guiou pelo deserto, como um rebanho. Dirigiu-o com segurança, e não temeram, ao
passo que o mar submergiu os seus inimigos.
Levou-os
até à sua terra santa, até ao monte que a sua destra adquiriu.
Da
presença deles expulsou as nações, cuja região repartiu com eles por herança; e
nas suas tendas fez habitar as tribos de Israel.
Ainda
assim, tentaram o Deus Altíssimo, e a ele resistiram, e não lhe guardaram os
testemunhos.
Tornaram
atrás e se portaram aleivosamente como seus pais; desviaram-se como um arco
enganoso.
Pois o
provocaram com os seus altos e o incitaram a zelos com as suas imagens de
escultura.
Deus
ouviu isso, e se indignou, e sobremodo se aborreceu de Israel.
Por isso,
abandonou o tabernáculo de Siló, a tenda de sua morada entre os homens, e passou a arca da sua força ao cativeiro, e
a sua glória, à mão do adversário.
Entregou
o seu povo à espada e se encolerizou contra a sua própria herança.
O fogo
devorou os jovens deles, e as suas donzelas não tiveram canto nupcial.
Os seus
sacerdotes caíram à espada, e as suas viúvas não fizeram lamentações.
Então, o
Senhor despertou como de um sono, como um valente que grita excitado pelo
vinho; fez recuar a golpes os seus adversários e lhes cominou perpétuo
desprezo.
Além
disso, rejeitou a tenda de José e não elegeu a tribo de Efraim.
Escolheu,
antes, a tribo de Judá, o monte Sião, que ele amava.
E
construiu o seu santuário durável como os céus e firme como a terra que fundou
para sempre.
Também
escolheu a Davi, seu servo, e o tomou dos redis das ovelhas; tirou-o do cuidado das ovelhas e suas crias,
para ser o pastor de Jacó, seu povo, e de Israel, sua herança.
E ele os
apascentou consoante a integridade do seu coração e os dirigiu com mãos
precavidas.”
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