Partes deste salmo são citadas no texto de Hebreus 3.7-11; 15;
4.7. O autor de Hebreus se valeu deste
salmo para ilustrar e afirmar que a incredulidade impede a entrada no descanso
do Senhor, que é Ele próprio.
Todo cristão genuíno será
portanto identificado pelo fato de não endurecer o seu coração quando ouvir a
voz do Senhor, pelo Espírito Santo, conforme se afirma nos versos 7 e 8 de Hb 3.
Os israelitas cujos corpos
ficaram prostrados no deserto, durante a jornada de 40 anos rumo a Canaã, nos
dias de Moisés, provaram que eram incrédulos, pelo comportamento deles,
provocando e tentando o Senhor no deserto, colocando-o à prova por diversas
vezes, para que mostrasse que Ele estava de fato no meio deles, porque
consideravam que Ele estivesse ausente em razão das dificuldades que estavam
enfrentando.
Por esta razão é afirmado
que aqueles que são de Cristo estão identificados com os Seus sofrimentos e não
duvidarão do Seu amor e bondade para com eles, por causa das aflições que
experimentam neste mundo por amor ao Seu nome e ao evangelho.
Estes que se rebelam contra
o Senhor por causa dos seus sofrimentos, e que vivem sempre à busca de que seja
feita a sua própria vontade, segundo os seus interesses egoístas, nunca poderão
conhecer os caminhos de Deus, como se afirma no verso 10, e ficam sujeitados
aos Seus juízos quanto a não conhecerem o descanso que há nEle para as suas
almas, como se afirma no verso 11.
Aqueles que se recusam a
tomar o jugo de Jesus não podem experimentar o descanso que Ele pode e quer nos
dar quando estamos sobrecarregados e cansados pelas circunstâncias difíceis
desta vida, conforme sua promessa em Mt 11.28-30.
Não é dado a nenhum cristão,
pela vontade de Deus, que venha a apostatar da fé, a ter um coração mau e
infiel, porque Ele é digno de receber honra, glória, louvor e paciência e
perseverança em todos os nossos sofrimentos por amor a Ele.
Não fazê-lo é imputar-lhe
uma grande desonra, porque afirmamos por nosso comportamento infiel que Ele não
é poderoso, bondoso e fiel para nos guardar e consolar.
Daí se exigir que nos
exortemos mutuamente, ou seja, que nos incentivemos, todos os dias, para que
não sejamos endurecidos pelo pecado. Não pela falta de poder em Deus para nos
firmar, mas por causa da nossa própria fraqueza e da perversidade da natureza
terrena da qual devemos nos despojar, que nos inclina a nos afastarmos do Deus
vivo.
Não é portanto por causa de
Deus que devemos nos exortar, porque Ele é fiel em cumprir o que tem prometido,
mas por causa da nossa própria fraqueza.
Se o cristão não se permite
ser exortado pela Palavra, e não dobra a sua cerviz, para reconhecer seus
pecados e fraquezas, de maneira que peça humildemente ao Senhor que o fortaleça
com a Sua graça, é bem certo que ele cairá da graça e da firmeza que tinha em
Cristo, porque entristecerá o Espírito Santo com o seu endurecimento à verdade,
e uma vez entristecido o Espírito, o Seu fogo que nos santifica, purifica e
consola, se apaga, e sem este fogo não podemos viver de acordo com a vontade de
Deus, e sermos os cristãos espirituais que devemos ser, para estarmos
habilitados a fazer a Sua obra.
Cristãos não são pintinhos
que vivem amontoados piando sem parar pedindo por alimento. Eles são filhotes
de águias que aguardam pelo seu alimento com confiança, que será recebido com
toda a certeza pela provisão de seus pais.
Deus não se agrada portanto
daqueles que se aproximam dEle apenas com a expectativa de receberem coisas
para gastarem em seus próprios interesses, mas daqueles que se dispõem a
receberem crescimento dEle para que possam servi-lo.
Mas, para isto é necessário
fazer o que se diz no verso 14, lembrando sempre daqueles israelitas que não
entraram no repouso do Senhor por causa de um viver na incredulidade.
Faziam parte do povo de
Deus mas eram incrédulos.
Não deram a devida honra e
glória a Ele, por demonstrações práticas de fé em suas vidas, especialmente por
obedecerem toda a Sua vontade, dispondo-se principalmente a entrarem em Canaã e
lutarem para conquistar aquilo que lhes havia sido dado por promessa.
Por isso o autor de Hebreus
diz no verso 14 do terceiro capítulo da referida epístola:
“Porque nos
temos tornado participantes de Cristo, se de fato guardarmos firme até ao fim a
confiança que desde o princípio tivemos”.
Jesus não
nos chamou simplesmente para nos livrar da condenação eterna no fogo do
inferno, mas para efetuarmos conquistas sobre o reino das trevas, sobretudo
resgatando almas das garras do diabo.
Para isto é
necessário fazer renúncias ao ego, consagrar-se a Ele, usar a armadura de Deus
e lutar contra o Inimigo todos os dias, fazendo valer um testemunho valoroso de
bons soldados de Cristo.
É por isso
que se diz que confirmamos que somos de fato participantes da vida ressurrecta
de Cristo, pelo Seu poder operante em nossas vidas, todos os dias, até o fim, e
desde o início da confiança que depositamos nEle desde o dia da nossa
conversão.
Para
prevenir uma possível apostasia, o salmista começa esta salmo convidando o povo
a cantar ao Senhor com júbilo e a celebrá-lO porque é o Rochedo da salvação do
seu povo.
Ele deve
ser buscado com ações de graças e louvado com salmos; porque é o Deus supremo e
o grande Rei acima de todos os deuses. Ele é o Criador que sustenta todas as
coisas.
“Vinde,
cantemos ao SENHOR, com júbilo, celebremos o Rochedo da nossa salvação.
Saiamos
ao seu encontro, com ações de graças, vitoriemo-lo com salmos.
Porque o
SENHOR é o Deus supremo e o grande Rei acima de todos os deuses.
Nas suas
mãos estão as profundezas da terra, e as alturas dos montes lhe pertencem.
Dele é o
mar, pois ele o fez; obra de suas mãos, os continentes.
Vinde,
adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do SENHOR, que nos criou.
Ele é o
nosso Deus, e nós, povo do seu pasto e ovelhas de sua mão.
Hoje, se
ouvirdes a sua voz, não endureçais o coração, como em Meribá, como no dia de
Massá, no deserto, quando vossos pais me
tentaram, pondo-me à prova, não obstante terem visto as minhas obras.
Durante
quarenta anos, estive desgostado com essa geração e disse: é povo de coração
transviado, não conhece os meus caminhos.
Por isso,
jurei na minha ira: não entrarão no meu descanso.”
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