quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Amós - cap 4 a 6


Amós 4

“1 Ouvi esta palavra, vacas de Basã, que estais no monte de Samaria, oprimis os pobres, esmagais os necessitados e dizeis a vosso marido: Dá cá, e bebamos.
2 Jurou o SENHOR Deus, pela sua santidade, que dias estão para vir sobre vós, em que vos levarão com anzóis e as vossas restantes com fisga de pesca.
3 Saireis cada uma em frente de si pelas brechas e vos lançareis para Hermom, disse o SENHOR.
4 Vinde a Betel e transgredi, a Gilgal, e multiplicai as transgressões; e, cada manhã, trazei os vossos sacrifícios e, de três em três dias, os vossos dízimos;
5 e oferecei sacrifício de louvores do que é levedado, e apregoai ofertas voluntárias, e publicai-as, porque disso gostais, ó filhos de Israel, disse o SENHOR Deus.
6 Também vos deixei de dentes limpos em todas as vossas cidades e com falta de pão em todos os vossos lugares; contudo, não vos convertestes a mim, disse o SENHOR.
7 Além disso, retive de vós a chuva, três meses ainda antes da ceifa; e fiz chover sobre uma cidade e sobre a outra, não; um campo teve chuva, mas o outro, que ficou sem chuva, se secou.
8 Andaram duas ou três cidades, indo a outra cidade para beberem água, mas não se saciaram; contudo, não vos convertestes a mim, disse o SENHOR.
9 Feri-vos com o crestamento e a ferrugem; a multidão das vossas hortas, e das vossas vinhas, e das vossas figueiras, e das vossas oliveiras, devorou-a o gafanhoto; contudo, não vos convertestes a mim, disse o SENHOR.
10 Enviei a peste contra vós outros à maneira do Egito; os vossos jovens, matei-os à espada, e os vossos cavalos, deixei-os levar presos, e o mau cheiro dos vossos arraiais fiz subir aos vossos narizes; contudo, não vos convertestes a mim, disse o SENHOR.
11 Subverti alguns dentre vós, como Deus subverteu a Sodoma e Gomorra, e vós fostes como um tição arrebatado da fogueira; contudo, não vos convertestes a mim, disse o SENHOR.
12  Portanto, assim te farei, ó Israel! E, porque isso te farei, prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Deus.
13 Porque é ele quem forma os montes, e cria o vento, e declara ao homem qual é o seu pensamento; e faz da manhã trevas e pisa os altos da terra; SENHOR, Deus dos Exércitos, é o seu nome.”

Basã ficava ao Norte da Transjordânia, ou seja, do lado leste do rio Jordão, onde a meia tribo de Manassés havia recebido herança nos dias de Moisés, quando aquelas terras foram tomadas do rei Ogue dos amorreus. Como os manassitas possuíam muito gado, solicitaram a Moisés a posse daquelas terras, porque eram excelentes para o manejo de gado.
Por séculos, Basã havia garantido a riqueza para muitos que viviam dos rebanhos que prosperavam naquelas terras da região de Gileade.
Como o gado de Basã era gordo e próspero, o Senhor comparou as mulheres da capital de Samaria às vacas daquelas terras, porque haviam engordado à custa da opressão do pobres e dos necessitados, porque constrangiam seus maridos a sustentar e manter o fausto em que elas viviam, na condição de mulheres de príncipes e de nobres.
O Senhor pronunciou então contra elas um terrível juízo através do profeta Amós lhes dizendo que estavam por vir sobre elas os dias em que seriam levadas com seus maridos em anzóis e fisgas de pesca, porque os assírios tinham o hábito cruel de subjugarem os povos conquistados fazendo com que se colocassem em marcha para o cativeiro, presos uns aos outros com anzóis presos em suas narinas, de modo que se alguém deixasse de acompanhar o passo daquele que ia tanto à sua dianteira quanto à traseira, teria fatalmente ferimentos ainda mais dolorosos em suas narinas.
O Senhor havia comparado tais mulheres ao gado de Basã, porque este era um costume para se manejar tais animais, colocando anzóis em suas narinas. 
Israel não havia emendado o seu caminho mesmo depois dos poderosos feitos e juízos que o Senhor havia realizado entre eles com os profetas Elias e Eliseu.
Betel, que dantes fora um lugar dedicado à pura adoração do Senhor, havia se corrompido num centro de adoração do bezerro de ouro, ali colocado por Jeroboão I. 
E Gilgal que foi a cidade a partir da qual o Senhor havia removido o opróbrio dos israelitas, desde a saída deles do Egito, tornando-se o quartel general em que haviam acampado para partirem para as batalhas que teriam que empreender em Canaã, e na qual havia também uma casa de profetas, tanto quanto em Betel, não manteve nem por isso, a adoração devida ao Senhor, e a haviam transformado num lugar de adoração para apresentação de sacrifícios tanto como faziam em Betel, sabendo que isto lhes era vedado, porque todos os sacrifícios podiam ser oferecidos somente no templo de Jerusalém.
Todavia, eles fizeram com que as motivações políticas interesseiras deles, sobrepujassem a obrigação religiosa que tinham para com o Senhor, porque temiam perder cidadãos do Reino do Norte (Israel) para o Reino do Sul (Judá) na peregrinação deles para a adoração no templo de Jerusalém, que ficava em Judá.  
Então os sacrifícios e os dízimos que eles ofertavam eram impuros diante do Senhor, e portanto, não eram aceitáveis a Ele (v. 4,5).
Eles não foram capazes de identificar que era vã e profana a religiosidade deles, porque em vez das bênçãos prometidas na Lei de Moisés, para o caso de obediência da nação, o Senhor lhes estava visitando com juízos deixando-os sem alimentos em suas cidades, com o fim de se converterem a Ele (v. 6).  
E para a mesma finalidade havia retido a chuva por três meses antes da ceifa, e havia feito chover de modo irregular sobre as cidades, a ponto de terem ficado até mesmo sem água para beber, e ainda assim, não haviam se convertido.
Dá-se o mesmo com os cristãos que não conseguem identificar na aridez espiritual de suas vidas nas quais não há mais o mover da água viva do Espírito, e a falta do alimento do pão vivo que sacia a fome espiritual, a Palavra de Deus habitando ricamente em nós, que tal se deve à falta de um sincero arrependimento diário, e de um andar em conformidade com a vontade do Senhor.
Converter-se é voltar-se para o Senhor, depois de ter andado por um tempo dando-Lhe as costas para a Sua vontade.  
Todavia, a misericórdia para com os israelitas não se limitou à advertência da falta das bênçãos citadas, como também fez com que a lavoura deles fosse duramente atingida por doenças e pragas, mas nem com isto se converteram a Deus (v. 9).
Ao primeiro sinal de aflição produzida por pecados, quando a alma é lançada em profundezas de escuridão que nos privam da paz, alegria, e amor que são decorrentes da nossa comunhão com Deus, devemos clamar por misericórdia a Ele, e nos submetermos aos Seus juízos na expectativa de que volte a nos abençoar.
Contudo os israelitas estavam bastante endurecidos para fazê-lo, e através destas palavras, o Senhor comprovou que a chaga deles era incurável, e não poderiam escapar do grande juízo do cativeiro que já estava determinado, porque recusavam a se arrepender e se converter a Ele.
Tanto que mesmo quando o Senhor lhes enviou a peste que dizimou muitos israelitas, e também quando permitiu que fossem mortos pela espada de seus inimigos, havendo grande cheiro de podridão em seus arraiais (v. 10); e mesmo quando subverteu a alguns israelitas tal como havia feito a Sodoma e Gomorra (v. 11), nem com isso se converteram.     
Eles haviam se recusado a se arrependerem com os juízos que tiveram que enfrentar decorrentes de infortúnios naturais, então teriam que enfrentar o próprio Deus em juízo (v. 12), e não poderiam escapar de modo algum do Seu grande poder e majestade.
O mesmo ocorre na disciplina da Igreja, quando crentes rebeldes se recusam a se arrepender pelo confronto direto do irmão a quem ofenderam, ou mesmo diante de duas ou três testemunhas, e ainda diante de toda a Igreja, por fim serão não somente excluídos da comunhão, como ficarão sujeitos a uma disciplina que lhes será aplicada diretamente da parte do Senhor entregando-os a Satanás para destruição da carne, ou mesmo castigando-os com a morte física, tal como havia feito com muitos crentes rebeldes da Igreja de Corinto, o que será removido, somente caso se arrependam. 

Faríamos bem em sempre lembrar das palavras do Senhor através do autor de Hebreus:

“28 Pelo que, recebendo nós um reino que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente, com reverência e temor;
29 pois o nosso Deus é um fogo consumidor.” (Hb 12.28,29)
   




Amós 5

“1 Ouvi esta palavra que levanto como lamentação sobre vós, ó casa de Israel:
2 Caiu a virgem de Israel, nunca mais tornará a levantar-se; estendida está na sua terra, e não há quem a levante.
3 Porque assim diz o SENHOR Deus: A cidade da qual saem mil conservará cem, e aquela da qual saem cem conservará dez à casa de Israel.
4 Pois assim diz o SENHOR à casa de Israel: Buscai-me e vivei.
5 Porém não busqueis a Betel, nem venhais a Gilgal, nem passeis a Berseba, porque Gilgal, certamente, será levada cativa, e Betel será desfeita em nada.
6 Buscai ao SENHOR e vivei, para que não irrompa na casa de José como um fogo que a consuma, e não haja em Betel quem o apague.
7 Vós que converteis o juízo em alosna e deitais por terra a justiça,
8 procurai o que faz o Sete-estrelo e o Órion, e torna a densa treva em manhã, e muda o dia em noite; o que chama as águas do mar e as derrama sobre a terra; SENHOR é o seu nome.
9 É ele que faz vir súbita destruição sobre o forte e ruína contra a fortaleza.
10 Aborreceis na porta ao que vos repreende e abominais o que fala sinceramente.
11 Portanto, visto que pisais o pobre e dele exigis tributo de trigo, não habitareis nas casas de pedras lavradas que tendes edificado; nem bebereis do vinho das vides desejáveis que tendes plantado.
12 Porque sei serem muitas as vossas transgressões e graves os vossos pecados; afligis o justo, tomais suborno e rejeitais os necessitados na porta.
13 Portanto, o que for prudente guardará, então, silêncio, porque é tempo mau.
14 Buscai o bem e não o mal, para que vivais; e, assim, o SENHOR, o Deus dos Exércitos, estará convosco, como dizeis.
15 Aborrecei o mal, e amai o bem, e estabelecei na porta o juízo; talvez o SENHOR, o Deus dos Exércitos, se compadeça do restante de José.
16 Portanto, assim diz o Senhor, o SENHOR, Deus dos Exércitos: Em todas as praças haverá pranto; e em todas as ruas dirão: Ai! Ai! E ao lavrador chamarão para o pranto e, para o choro, os que sabem prantear.
17 Em todas as vinhas haverá pranto, porque passarei pelo meio de ti, diz o SENHOR.
18 Ai de vós que desejais o Dia do SENHOR! Para que desejais vós o Dia do SENHOR? É dia de trevas e não de luz.
19 Como se um homem fugisse de diante do leão, e se encontrasse com ele o urso; ou como se, entrando em casa, encostando a mão à parede, fosse mordido de uma cobra.
20 Não será, pois, o Dia do SENHOR trevas e não luz? Não será completa escuridão, sem nenhuma claridade?
21 Aborreço, desprezo as vossas festas e com as vossas assembleias solenes não tenho nenhum prazer.
22 E, ainda que me ofereçais holocaustos e vossas ofertas de manjares, não me agradarei deles, nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais cevados.
23 Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos, porque não ouvirei as melodias das tuas liras.
24 Antes, corra o juízo como as águas; e a justiça, como ribeiro perene.
25 Apresentastes-me, vós, sacrifícios e ofertas de manjares no deserto por quarenta anos, ó casa de Israel?
26 Sim, levastes Sicute, vosso rei, Quium, vossa imagem, e o vosso deus-estrela, que fizestes para vós mesmos.
27 Por isso, vos desterrarei para além de Damasco, diz o SENHOR, cujo nome é Deus dos Exércitos.”

O Senhor declarou qual seria a proporção de israelitas que permaneceriam na terra de Israel: apenas dez por cento deles, porque os demais seriam levados para o cativeiro.
Isto seria feito pelos assírios, que os levariam para uma terra estranha, para além da cidade de Damasco da Síria. Como eles adoravam falsos deuses, então seriam levados para terras onde somente deuses estranhos e falsos eram adorados.
Todavia, o Senhor manifestou que teria misericórdia destes que se convertessem a Ele, ainda que em número reduzido, e por isso lhes exortou através do profeta a que O buscassem e abandonassem o culto idolátrico que Betel, Berseba e Gilgal, haviam aprendido por tradição com seus pais (v. 4 a 6).  
Aqueles que estivessem colocando a sua esperança na força política e militar de Israel, seriam apanhados por súbita destruição porque o Senhor faz vir destruição sobre o forte e ruína sobre a fortaleza (v. 9).
Afinal, como poderia ter confiança e segurança quem convertia o juízo em alosna e deitava a justiça por terra? (v. 7)
Aborrecendo a repreensão e abominando a verdade e pisando os pobres para habitarem em casas luxuosas lavradas em pedra, e para beberem vinho das videiras que haviam plantado, sendo muitas as suas transgressões e pecados, afligindo os justos, e tomando suborno e rejeitando os necessitados, como poderiam esperar um viver abençoado pelo Senhor? 
Em tais dias de iniquidade multiplicada, a prudência recomenda que haja silêncio diante do Senhor, porque Ele está pronto a agir em tais dias maus (v. 13).
O prudente buscará o bem e não o mal, para que tenha vida perante o Senhor, pela manifestação da Sua presença em comunhão, e não para juízo  (v. 14).
Quando nações se conduzem através da prática da iniquidade, ainda que de maneira dissimulada, dificilmente há cura para este mal, cuja tendência é a de aumentar e não de diminuir. Este era o caso das nações citadas na profecia de Amós, e dentre elas a própria nação de Israel.
Então a promessa de misericórdia não foi dirigida a todos os israelitas, aos quais o profeta chama de “casa de José”, mas ao restante, ou seja ao remanescente que se converteria a Ele (v. 15).
Quanto aos demais, havia somente promessas de aflições, ou seja, de ais, porque em todas as praças e ruas de Israel, bem como em suas lavouras, haveria pranto e choro, por causa das assolações que sofreriam da parte dos assírios (v. 16, 17). 
Antes de Amós, o profeta Joel havia profetizado acerca do dia do Senhor, e apesar de ter dito em seu livro que era um dia terrível e de trevas, porque se refere ao dia da volta de Jesus, quando Deus manifestará grandes juízos contra os ímpios em toda a terra, os israelitas, desejavam pela chegada daquele dia no qual pensavam que se referia ao derramar do Espírito Santo prometido pelos profetas. No entanto, este dia se seguiria a este grande evento, quando da volta do Senhor, mas como reafirmado por Amós é dia de trevas e não de luz, porque é dia de acerto de contas contra o pecado (v. 18 a  20).
 Como poderiam os israelitas ser beneficiados neste Grande dia por vir, vivendo deliberadamente na prática do pecado?
Como poderiam ter esperanças de boas promessas sendo cumpridas neste dia em relação a eles, enquanto baseavam a sua adoração a Deus em cultos idolátricos, e festas carnais nas quais o Senhor não tinha nenhum prazer, assim como em suas ofertas e holocaustos? (v. 21, 22)
O louvor deles era um aborrecimento para o Senhor, e por isso lhes disse que era melhor pararem com os seus cânticos e com as melodias das suas liras (v. 23). O mal não estava em cantarem e tocarem, mas fazê-lo a pretexto de louvor enquanto viviam no pecado.
Desde os dias de Moisés, enquanto peregrinavam no deserto, os israelitas não apresentaram sacrifícios e ofertas de coração ao Senhor, reconhecendo o significado daqueles sacrifícios e ofertas que representavam a purificação do pecado e a consagração da vida purificada ao Senhor. Ao contrário, fizeram daquelas ofertas e sacrifícios uma oferenda a divindades falsas estrangeiras (v. 25, 26).
Deus não queria portanto religiosidade externa, mas prática da justiça e do juízo, e que estes fossem permanentes como um rio perene (v. 24).
Contudo, como uma nação se ocupará disto quando o pecado habita no coração e escraviza e vicia aquele que se deixa dominar por ele, e não pelo Senhor?



Amós 6

“1 Ai dos que andam à vontade em Sião e dos que vivem sem receio no monte de Samaria, homens notáveis da principal das nações, aos quais vem a casa de Israel!
2 Passai a Calné e vede; e, dali, ide à grande Hamate; depois, descei a Gate dos filisteus; sois melhores que estes reinos? Ou será maior o seu território do que o vosso território?
3 Vós que imaginais estar longe o dia mau e fazeis chegar o trono da violência;
4 que dormis em camas de marfim, e vos espreguiçais sobre o vosso leito, e comeis os cordeiros do rebanho e os bezerros do cevadouro;
5 que cantais à toa ao som da lira e inventais, como Davi, instrumentos músicos para vós mesmos;
6 que bebeis vinho em taças e vos ungis com o mais excelente óleo, mas não vos afligis com a ruína de José.
7 Portanto, agora, ireis em cativeiro entre os primeiros que forem levados cativos, e cessarão as pândegas dos espreguiçadores.
8 Jurou o SENHOR Deus por si mesmo, o SENHOR, Deus dos Exércitos, e disse: Abomino a soberba de Jacó e odeio os seus castelos; e abandonarei a cidade e tudo o que nela há.
9  Se numa casa ficarem dez homens, também esses morrerão.
10  Se, porém, um parente chegado, o qual os há de queimar, toma os cadáveres para os levar fora da casa e diz ao que estiver no seu mais interior: Haverá outro contigo? E este responder: Não há; então, lhe dirá: Cala-te, não menciones o nome do SENHOR.
11 Pois eis que o SENHOR ordena, e será destroçada em ruínas a casa grande, e a pequena, feita em pedaços.
12  Poderão correr cavalos na rocha? E lavrá-la com bois? No entanto, haveis tornado o juízo em veneno e o fruto da justiça, em alosna.
13 Vós vos alegrais com nada e dizeis: Não é assim que, por nossas próprias forças, nos tornamos poderosos?
14 Pois eis que levantarei sobre vós, ó casa de Israel, uma nação, diz o SENHOR, Deus dos Exércitos, a qual vos oprimirá, desde a entrada de Hamate até ao ribeiro da Arabá.”

A longanimidade do Senhor esperou cerca de 200 anos até expulsar os israelitas por toda a terra pelas mãos dos reis assírios, em 732 a. C. (cativeiro da Galileia, Gileade e Naftali) e em 722 a. C. (cativeiro de Samaria e de todas as demais cidades de Israel – Reino do Norte).    
Quando ocorreu a primeira leva de cativos de Israel nos dias do rei Peca, reinava em Judá o rei Jotão, filho do rei Uzias.
E quando ocorreu a segunda leva, que correspondeu ao fim do Reino do Norte, nos dias do rei Oseias, reinava em Judá o rei Acaz, filho do rei Jotão.
A profecia de Amós predisse que os primeiros a serem levados em cativeiro seriam os nobres de Israel (v. 7), não somente para que se impusesse uma maior humilhação sobre eles, como também para derrubar a sua arrogância, porque estavam confiados que nenhum mal lhes sucederia por causa do seu próprio poder.
Geralmente é o que costuma ocorrer, porque os poderosos são cegados pela falsas deusas fortuna e segurança mundana, que não lhes permitem enxergarem quão incerta é a nossa vida neste mundo, e ainda mais quando não andamos nos caminhos do Senhor, tal como faziam aqueles nobres de Israel. 
Não há nenhum mal em ser nobre. Não há nenhum mal em se ter riquezas. O grande mal é o orgulho e a arrogância que podem tomar com facilidade os corações dos poderosos. 
Por isso Jesus disse quão dificilmente um rico entra no reino dos céus. Não porque seja rico, mas por causa da dureza do seu coração que confia inteiramente na riqueza, e que se recusa a se humilhar diante do Senhor, reconhecendo que o melhor de nós está debaixo da Sua ira por causa do pecado, sendo livrados da condenação, e resgatados da maldição por causa da misericórdia de Deus, que se apoia no sacrifício de Jesus, que morreu em nosso lugar na cruz, para pagar a nossa dívida de pecados. 
Deste modo, tal como Jesus havia dirigido um “ai!” contra os ricos (Lc 6.24), Amós também lançou um “ai!” contra os poderosos de Sião (Judá) e contra os de Samaria (Israel), porque andavam confiados na segurança de suas riquezas e poder (v. 1).
Deus já havia conduzido ao cativeiro nações mais poderosas do que os israelitas, como por exemplo a grande Hamate, uma das principais cidades da Síria, e Gate, uma das grandes dos filisteus, e como poderiam estar confiados que seriam livrados do cativeiro, vivendo nos mesmos pecados em que haviam vivido aquelas nações?
A mesma presunção atinge muitos crentes da Igreja de Cristo, que pensam que por serem do Senhor, não estão sujeitos a serem julgados por Ele, ainda que não para uma condenação eterna, senão corretiva, quando andam nos mesmos pecados em que andam os gentios, ou seja, aqueles que não conhecem a Deus.  
O juízo estava às portas destes poderosos de Judá e de Israel, mas eles não podiam discerni-lo por causa do endurecimento no pecado, que cega, de modo que continuavam vivendo folgadamente como que se nenhum mal pudesse lhes sobrevir (v. 3 a 6). 
Por muitos modos e meios o Senhor havia revelado ao Seu povo que odiava a soberba e que amava a humildade. Contudo, eles amaram a soberba e desprezaram a humildade.
 Então o Senhor declarou expressamente pelo profeta Amós que abominava a soberba de Jacó (Israel e Judá) e odiava os seus castelos, e por isso abandonaria a cidade e tudo o que nela havia.
Eles se ocuparam em fazer de seus bens terrenos o único deus deles. Era nestas coisas terrenas passageiras em que eles colocavam a sua fé e esperança, e tinham ao Senhor como nada.
Construíram castelos como símbolo da própria fortaleza e segurança deles. Por isso o Senhor disse o que faria tanto a eles quanto aos seus castelos (v. 8). 
Tal seria a assolação que o Senhor faria em Israel e em Judá que caso restassem dez homens numa casa destes nobres, Ele também os mataria (v. 9), e quando alguém fosse retirar os seus cadáveres, e perguntasse a quem estivesse no mais interior, procurando por outros corpos, se havia mais alguma pessoa viva em sua companhia, e este dissesse que não, então deveria ficar calado e nada mais mencionar e nem sequer mencionar o nome do Senhor, porque com certeza poderiam saber que aquela ruína havia procedido dEle, conforme esta palavra que lhes estava dando com antecedência através do profeta Amós (v. 9, 10).    
Porque as casas dos poderosos seriam feitas em ruínas e as pequenas em pedaços (v. 11).
Israel havia feito uma coisa difícil e surpreendente. Apesar de terem recebido leis justas para cumprirem da parte do Senhor, e de terem sido eleitos para serem o povo da Sua aliança, no entanto, haviam transformado o juízo em veneno e o fruto da justiça em alosna, ou seja, em coisas amargas e destinadas a produzir morte e não vida.
Isto era para o Senhor algo de fato extraordinário, tal como se fosse possível correr com cavalos na rocha escalvada, ou então lavrá-la com bois (v. 12).  

O orgulho deles na sua própria força seria portanto quebrantado pelo juízo da nação poderosa que o Senhor traria sobre eles para oprimi-los (v. 13, 14). 

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