quinta-feira, 10 de outubro de 2013

JEREMIAS - cap 14 a 16

JEREMIAS 14

“1 A palavra do Senhor, que veio a Jeremias, a respeito da seca.
2 Judá chora, e as suas portas estão enfraquecidas; eles se sentam de luto no chão; e o clamor de Jerusalém já vai subindo.
3 E os seus nobres mandam os seus inferiores buscar água; estes vão às cisternas, e não acham água; voltam com os seus cântaros vazios; ficam envergonhados e confundidos, e cobrem as suas cabeças.
4 Por causa do solo ressecado, pois que não havia chuva sobre a terra, os lavradores ficam envergonhados e cobrem as suas cabeças.
5 Pois até a cerva no campo pare, e abandona sua cria, porquanto não há erva.
6 E os asnos selvagens se põem nos altos escalvados e, ofegantes, sorvem o ar como os chacais; desfalecem os seus olhos, porquanto não há erva.
7 Posto que as nossas iniquidades testifiquem contra nós, ó Senhor, opera tu por amor do teu nome; porque muitas são as nossas rebeldias; contra ti havemos pecado.
8 Ó esperança de Israel, e Redentor seu no tempo da angústia! por que serias como um estrangeiro na terra? e como o viandante que arma a sua tenda para passar a noite?
9 Por que serias como homem surpreendido, como valoroso que não pode livrar? Mas tu estás no meio de nós, Senhor, e nós somos chamados pelo teu nome; não nos desampares.
10 Assim diz o Senhor acerca deste povo: Pois que tanto gostaram de andar errantes, e não detiveram os seus pés, por isso o Senhor não os aceita, mas agora se lembrará da iniquidade deles, e visitará os seus pecados.
11 Disse-me ainda o Senhor: Não rogues por este povo para seu bem.
12 Quando jejuarem, não ouvirei o seu clamor, e quando oferecerem holocaustos e oblações, não me agradarei deles; antes eu os consumirei pela espada, e pela fome e pela peste.
13 Então disse eu: Ah! Senhor Deus, eis que os profetas lhes dizem: Não vereis espada, e não tereis fome; antes vos darei paz verdadeira neste lugar.
14 E disse-me o Senhor: Os profetas profetizam mentiras em meu nome; não os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei. Visão falsa, adivinhação, vaidade e o engano do seu coração é o que eles vos profetizam.
15 Portanto assim diz o Senhor acerca dos profetas que profetizam em meu nome, sem que eu os tenha mandado, e que dizem: Nem espada, nem fome haverá nesta terra: À espada e à fome serão consumidos esses profetas.
16 E o povo a quem eles profetizam será lançado nas ruas de Jerusalém, por causa da fome e da espada; e não haverá quem os sepulte a eles, a suas mulheres, a seus filhos e a suas filhas; porque derramarei sobre eles a sua maldade.
17 Portanto lhes dirás esta palavra: Os meus olhos derramem lágrimas de noite e de dia, e não cessem; porque a virgem filha do meu povo está gravemente ferida, de mui dolorosa chaga.
18 Se eu saio ao campo, eis os mortos à espada, e, se entro na cidade, eis os debilitados pela fome; o profeta e o sacerdote percorrem a terra, e nada sabem.
19 Porventura já de todo rejeitaste a Judá? Aborrece a tua alma a Sião? Por que nos feriste, de modo que não há cura para nós? Aguardamos a paz, e não chegou bem algum; e o tempo da cura, e eis o pavor!
20 Ah, Senhor! reconhecemos a nossa impiedade e a iniquidade de nossos pais; pois contra ti havemos pecado.
21 Não nos desprezes, por amor do teu nome; não tragas opróbrio sobre o trono da tua glória; lembra-te, e não anules o teu pacto conosco.
22 Há, porventura, entre os deuses falsos das nações, algum que faça chover? Ou podem os céus dar chuvas? Não és tu, ó Senhor, nosso Deus? Portanto em ti esperaremos; pois tu tens feito todas estas coisas.”.

Deus estava enviando sinais a Judá de que o cativeiro seria cumprido, como forma final de castigo da impenitência deles, tal como previsto na Lei de Moisés.
Ele estava revelando o cumprimento dos juízos previstos na Sua Palavra, em caso de desobediência à Sua Lei, enviando uma grande seca sobre a terra, que estava castigando não somente as pessoas como até mesmo os animais. Inclusive os grandes da terra estavam sofrendo pela extrema falta de água (v. 1).
Nós estamos apresentando a seguir, as ameaças dos juízos de Deus contra Israel, em caso de desobediência à aliança, conforme previsto na Lei:

“14 Mas, se não me ouvirdes, e não cumprirdes todos estes mandamentos,
15 e se rejeitardes os meus estatutos, e a vossa alma desprezar os meus preceitos, de modo que não cumprais todos os meus mandamentos, mas violeis o meu pacto,
16 então eu, com efeito, vos farei isto: porei sobre vós o terror, a tísica e a febre ardente, que consumirão os olhos e farão definhar a vida; em vão semeareis a vossa semente, pois os vossos inimigos a comerão.
17 Porei o meu rosto contra vós, e sereis feridos diante de vossos inimigos; os que vos odiarem dominarão sobre vós, e fugireis sem que ninguém vos persiga.
18 Se nem ainda com isto me ouvirdes, prosseguirei em castigar-vos sete vezes mais, por causa dos vossos pecados.
19 Pois quebrarei a soberba do vosso poder, e vos farei o céu como ferro e a terra como bronze.
20 Em vão se gastará a vossa força, porquanto a vossa terra não dará o seu produto, nem as árvores da terra darão os seus frutos.
21 Ora, se andardes contrariamente para comigo, e não me quiseres ouvir, trarei sobre vos pragas sete vezes mais, conforme os vossos pecados.
22 Enviarei para o meio de vós as feras do campo, as quais vos desfilharão, e destruirão o vosso gado, e vos reduzirão a pequeno número; e os vossos caminhos se tornarão desertos.
23 Se nem ainda com isto quiserdes voltar a mim, mas continuardes a andar contrariamente para comigo,
24 eu também andarei contrariamente para convosco; e eu, eu mesmo, vos ferirei sete vezes mais, por causa dos vossos pecados.
25 Trarei sobre vós a espada, que executará a vingança do pacto, e vos aglomerareis nas vossas cidades; então enviarei a peste entre vós, e sereis entregues na mão do inimigo.
26 Quando eu vos quebrar o sustento do pão, dez mulheres cozerão o vosso pão num só forno, e de novo vo-lo entregarão por peso; e comereis, mas não vos fartareis.
27 Se nem ainda com isto me ouvirdes, mas continuardes a andar contrariamente para comigo,
28 também eu andarei contrariamente para convosco com furor; e vos castigarei sete vezes mais, por causa dos vossos pecados.
29 E comereis a carne de vossos filhos e a carne de vossas filhas.
30 Destruirei os vossos altos, derrubarei as vossas imagens do sol, e lançarei os vossos cadáveres sobre os destroços dos vossos ídolos; e a minha alma vos abominará.
31 Reduzirei as vossas cidades a deserto, e assolarei os vossos santuários, e não cheirarei o vosso cheiro suave.
32 Assolarei a terra, e sobre ela pasmarão os vossos inimigos que nela habitam.
33 Espalhar-vos-ei por entre as nações e, desembainhando a espada, vos perseguirei; a vossa terra será assolada, e as vossas cidades se tornarão em deserto.
34 Então a terra folgará nos seus sábados, todos os dias da sua assolação, e vós estareis na terra dos vossos inimigos; nesse tempo a terra descansará, e folgará nos seus sábados.
35 Por todos os dias da assolação descansará, pelos dias que não descansou nos vossos sábados, quando nela habitáveis.
36 E, quanto aos que de vós ficarem, eu lhes meterei pavor no coração nas terras dos seus inimigos; e o ruído de uma folha agitada os porá em fuga; fugirão como quem foge da espada, e cairão sem que ninguém os persiga;
37 sim, embora não haja quem os persiga, tropeçarão uns sobre os outros como diante da espada; e não podereis resistir aos vossos inimigos.
38 Assim perecereis entre as nações, e a terra dos vossos inimigos vos devorará;
39 e os que de vós ficarem definharão pela sua iniquidade nas terras dos vossos inimigos, como também pela iniquidade de seus pais.
40 Então confessarão a sua iniquidade, e a iniquidade de seus pais, com as suas transgressões, com que transgrediram contra mim; igualmente confessarão que, por terem andado contrariamente para comigo,
41 eu também andei contrariamente para com eles, e os trouxe para a terra dos seus inimigos. Se então o seu coração incircunciso se humilhar, e tomarem por bem o castigo da sua iniquidade,
42 eu me lembrarei do meu pacto com Jacó, do meu pacto com Isaque, e do meu pacto com Abraão; e bem assim da terra me lembrarei.
43 A terra também será deixada por eles e folgará nos seus sábados, sendo assolada por causa deles; e eles tomarão por bem o castigo da sua iniquidade, em razão mesmo de que rejeitaram os meus preceitos e a sua alma desprezou os meus estatutos.
44 Todavia, ainda assim, quando eles estiverem na terra dos seus inimigos, não os rejeitarei nem os abominarei a ponto de consumi-los totalmente e quebrar o meu pacto com eles; porque eu sou o Senhor seu Deus.
45 Antes por amor deles me lembrarei do pacto com os seus antepassados, que tirei da terra do Egito perante os olhos das nações, para ser o seu Deus. Eu sou o Senhor.
46 São esses os estatutos, os preceitos e as leis que o Senhor firmou entre si e os filhos de Israel, no monte Sinai, por intermédio de Moisés.” (Lev 26.14-46).

Deus estava sendo fiel à Palavra que havia proferido há mais de oitocentos anos antes de Jeremias. Ao lermos este texto de Levítico, podemos compreender melhor os juízos que estavam sendo pronunciados pelo profeta. 
Jeremias estava sofrendo juntamente com os judeus pelos efeitos daquela grande seca, então levantou um clamor ao Senhor confessando os pecados da nação, e pedindo-Lhe que os libertasse daquele grande sofrimento porque era o Redentor de Israel. Ele apelou pelo fato de serem conhecidos pelo nome do Senhor.
Todavia o Senhor respondeu ao profeta que aquilo lhes foi enviado porque gostaram muito de andar errantes e não detiveram os seus pés para a prática da maldade, e por isso lhes havia rejeitado e estava trazendo em lembrança as iniquidades deles, de modo que ordenou a Jeremias, mais uma vez, que não orasse pelo bem daquele povo, porque já estava lavrada a sentença dos juízos que deveriam sofrer e que culminariam com a ida deles para o cativeiro.
E quando o próprio povo jejuasse, não ouviria o clamor deles, e faria o mesmo quando eles oferecessem holocaustos e oblações, porque não se agradaria deles; antes os consumiria pela espada, e pela fome e pela peste, conforme estava previsto na Lei de Moisés, particularmente no vigésimo sexto capitulo do livro de Levítico.
Muitos profetas haviam se levantado no meio daquela calamidade, daquela grande seca, e procuraram consolar os judeus dizendo-lhes que não veriam espada, nem fome, e que Deus lhes daria a verdadeira paz na terra deles (v. 13).
O próprio Jeremias, no meio de todo aquele sofrimento se deixou influenciar pela mensagem deles, e disse ao Senhor o que eles estavam profetizando. Mas Deus lhe deu a seguinte resposta:

“14 E disse-me o Senhor: Os profetas profetizam mentiras em meu nome; não os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei. Visão falsa, adivinhação, vaidade e o engano do seu coração é o que eles vos profetizam.
15 Portanto assim diz o Senhor acerca dos profetas que profetizam em meu nome, sem que eu os tenha mandado, e que dizem: Nem espada, nem fome haverá nesta terra: À espada e à fome serão consumidos esses profetas.
16 E o povo a quem eles profetizam será lançado nas ruas de Jerusalém, por causa da fome e da espada; e não haverá quem os sepulte a eles, a suas mulheres, a seus filhos e a suas filhas; porque derramarei sobre eles a sua maldade.
17 Portanto lhes dirás esta palavra: Os meus olhos derramem lágrimas de noite e de dia, e não cessem; porque a virgem filha do meu povo está gravemente ferida, de mui dolorosa chaga.
18 Se eu saio ao campo, eis os mortos à espada, e, se entro na cidade, eis os debilitados pela fome; o profeta e o sacerdote percorrem a terra, e nada sabem.”

Mesmo com esta resposta que recebera do Senhor quanto aos falsos profetas, Jeremias, de tão compadecido que estava, ainda clamou por misericórdia a Deus em favor de Judá, porque o próprio Senhor lhe dissera da grande dor que sentia em ter que estar tratando Judá daquela maneira, e por fim, pediu ao Senhor que tornasse a lhes dar chuva porque tal poder não se encontrava nos falsos deuses nem mesmo nos céus, mas no próprio Senhor (v. 19 a 22).


JEREMIAS 15

“1 Disse-me, porém, o Senhor: Ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim, não poderia estar a minha alma com este povo. Lança-os de diante da minha face, e saiam eles.
2 E quando te perguntarem: Para onde iremos? dir-lhes-ás: Assim diz o Senhor: Os que para a morte, para a morte; e os que para a espada, para a espada; e os que para a fome, para a fome; e os que para o cativeiro, para o cativeiro.
3 Pois os visitarei com quatro gêneros de destruidores, diz o Senhor: com espada para matar, e com cães, para os dilacerarem, e com as aves do céu e os animais da terra, para os devorarem e destruírem.
4 Entregá-los-ei para serem um mostra horrendo perante todos os reinos da terra, por causa de Manassés, filho de Ezequias, rei de Judá, por tudo quanto fez em Jerusalém.
5 Pois quem se compadecerá de ti, ó Jerusalém? ou quem se entristecerá por ti? Quem se desviará para perguntar pela tua paz?
6 Tu me rejeitaste, diz o Senhor, voltaste para trás; por isso estenderei a minha mão contra ti, e te destruirei; estou cansado de me abrandar.
7 E os padejei com a pá nas portas da terra; desfilhei, destruí o meu povo; não voltaram dos seus caminhos.
8 As suas viúvas mais se me têm multiplicado do que a areia dos mares; trouxe ao meio-dia um destruidor sobre eles, até sobre a mãe de jovens; fiz que caísse de repente sobre ela angústia e terrores.
9 A que dava à luz sete se enfraqueceu: expirou a sua alma; pôs-se-lhe o sol sendo ainda dia; ela se confundiu, e se envergonhou; e os que ficarem deles eu os livrarei à espada, diante dos seus inimigos, diz o Senhor.
10 Ai de mim, minha mãe! porque me deste à luz, homem de rixas e homem de contendas para toda a terra. Nunca lhes emprestei com usura, nem eles me emprestaram a mim com usura, todavia cada um deles me amaldiçoa.
11 Assim seja, ó Senhor, se jamais deixei de suplicar-te pelo bem deles, ou de rogar-te pelo inimigo no tempo da calamidade e no tempo da angústia.
12 Pode alguém quebrar o ferro, o ferro do Norte, e o bronze?
13 As tuas riquezas e os teus tesouros, eu os livrarei sem preço ao saque; e isso por todos os teus pecados, mesmo em todos os teus limites.
14 E farei que sirvas os teus inimigos numa terra que não conheces; porque o fogo se acendeu em minha ira, e sobre vós arderá.
15 Tu, ó Senhor, me conheces; lembra-te de mim, visita-me, e vinga-me dos meus perseguidores; não me arrebates, por tua longanimidade. Sabe que por amor de ti tenho sofrido afronta.
16 Acharam-se as tuas palavras, e eu as comi; e as tuas palavras eram para mim o gozo e alegria do meu coração; pois levo o teu nome, ó Senhor Deus dos exércitos.
17 Não me assentei na roda dos que se alegram, nem me regozijei. Sentei-me a sós sob a tua mão, pois me encheste de indignação.
18 Por que é perpétua a minha dor, e incurável a minha ferida, que se recusa a ser curada? Serás tu para mim como ribeiro ilusório e como águas inconstantes?
19 Portanto assim diz o Senhor: Se tu voltares, então te restaurarei, para estares diante de mim; e se apartares o precioso do vil, serás como a minha boca; tornem-se eles a ti, mas não voltes tu a eles.
20 E eu te porei contra este povo como forte muro de bronze; eles pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque eu sou contigo para te salvar, para te livrar, diz o Senhor.
21 E arrebatar-te-ei da mão dos iníquos, e livrar-te-ei da mão dos cruéis.”.

O Senhor tem sentimentos gentis e amorosos, e sofre em todo a angústia de Seu povo, mas não é governado por Seus sentimentos, senão pela Sua Palavra, pela Sua justiça e verdade. Ele havia dito a Jeremias no início do Seu ministério quando lhe deu a visão da amendoeira, que Ele vela sobre a Sua Palavra para a cumprir. Então não deixaria de cumpri-la por maiores que fossem as tristezas que sentisse pela ruína de Israel.
Então ele disse a Jeremias que não ouviria nem mesmo a intercessão de Moisés ou de Samuel, que foram poderosos intercessores perante Ele, em favor de Israel. A tal ponto havia chegado a iniquidade dos judeus que nem mesmo a intercessão de Moisés ou de Samuel seria ouvida.
Portanto, isto deveria servir para desencorajar Jeremias a continuar intercedendo em favor deles, porque o Senhor já lhe havia dito que não intercedesse por aquele povo maligno.
O Senhor disse a Jeremias que a Sua alma não poderia estar com aquele povo, então deveriam ser lançados de diante da Sua face, e saírem, ou seja, Jeremias não deveria estar lhes apresentando diante da face justa do Senhor com suas intercessões.
E quando eles perguntassem a Jeremias porque haviam sido rejeitados pelo Senhor e para onde iriam, a resposta que Deus mandou Jeremias lhes dar foi a seguinte:

“E quando te perguntarem: Para onde iremos? dir-lhes-ás: Assim diz o Senhor: Os que para a morte, para a morte; e os que para a espada, para a espada; e os que para a fome, para a fome; e os que para o cativeiro, para o cativeiro.” (v. 2)

Como vimos anteriormente, haveria gradações de juízos, segundo Levítico 26, que aumentariam à medida que o povo não se mostrasse arrependido, tal como não haviam se arrependido na grande seca, e portanto, lhes viria um juízo pior em seguida.
Por isso o Senhor disse a Jeremias que visitaria ainda os judeus com quatro tipos de juízos destruidores: morte pela espada; pelos cães, que nos dias do profeta não eram animais domésticos, mas selvagens; com as aves de rapina, e finalmente com os animais selvagens da terra, que os devorariam (v. 3).  
Assim, antes de irem para o cativeiro, seriam submetidos ainda a tais juízos, porque desde os dias do rei Manassés, filho do rei Ezequias, os pecados de Judá haviam se agravado muito, especialmente porque eles passaram a adotar depois de Manassés, o culto da divindade moabita, Moloque, para o qual era exigido o sacrifício de crianças vivas, que eram queimadas no colo do enorme ídolo de ferro, que representava o referido deus, e que era aceso por dentro como uma grande fornalha.   
Tais eram as abominações de Judá, especialmente em Jerusalém, ao lado do próprio templo do Senhor, que ninguém na terra se entristeceria por eles quando lhes viessem os juízos do Senhor, porque veriam que era justo que aquele povo ímpio estivesse sendo arruinado daquela maneira (v. 5).
Jeremias tinha sentido de perto a dor de coração que é produzida por aqueles que amamos. Ele tinha sido rejeitado pelos seus próprios familiares, pelos seus próprios amigos de Anatote, pelo povo de Judá como um todo. Eles estavam procurando pelo seu mal, a ponto de intentar matá-lo.
Então o Senhor se valeu do que estava sentindo Jeremias para falar dos Seus próprios sentimentos quanto à rejeição que Ele estava sofrendo da parte dos judeus, e por isso, Jeremias poderia agora entender o motivo de estar estendendo a Sua mão para destruí-los, porque estava cansado de suspender os Seus juízos e de abrandar o Seu coração divino para com os erros deles (v. 6).
Como podemos continuar confiando num amigo que sempre tem falhado conosco, e nos decepcionado, especialmente por nos rejeitar pelo que somos, por sermos santos?      
E os judeus não haviam emendado os seus caminhos mesmo depois de terem sido visitados pelos terríveis juízos do Senhor, que havia permitido que muitos judeus morressem nas guerras, inclusive jovens casados, cujas mulheres ficaram viúvas. 
Ao lamento de Deus Jeremias juntou o seu a partir do verso 10, porque estava sendo amaldiçoado pelos judeus, quando até mesmo vinha buscando o bem dos seus inimigos; sem nunca ter deixado de suplicar ao Senhor pelo bem deles, para que os livrasse no tempo da angústia e da calamidade.
Por isso o Senhor entregaria as riquezas e os tesouros dos judeus aos babilônios, sem que Ele recebesse qualquer pagamento por eles, porque venderia o Seu próprio povo por nada, ou seja, sem nada esperar em troca, e faria com que servissem os seus próprios inimigos numa terra estranha, a saber, na dos inimigos babilônicos, porque o fogo da ira do Senhor havia se acendido contra o Seu povo (v. 14). 
Jeremias então orou ao Senhor tanto para pedir-Lhe proteção contra os seus inimigos, como também para derramar a sua queixa perante Ele, porque estava considerando que o Senhor lhe havia iludido quando disse que o livraria dos seus inimigos, porque ele estava se sentindo como alguém cuja ferida e dor eram perpétuas e incuráveis, porque sua alma estava em grande tribulação, e a sua sede de justiça não estava sendo saciada por Deus, porque Ele parecia a ele, Jeremias, como se fosse uma miragem, um rio que não podia matar a sede, porque existia tal livramento somente na sua imaginação (v. 18).
Esta queixa recebeu a justa repreensão da parte do Senhor, porque não lhe havia prometido livrar de dores e tribulações quando o comissionou, mas sim de ser morto pelos seus inimigos, que resistiriam grandemente à sua mensagem. 
Então Jeremias foi convocado pelo Senhor a se converter a Ele, deixando tais pensamentos e amargura em sua alma para ser restaurado, e para que pudesse estar diante dEle, e caso separasse o que é precioso do que é vil, seria como a boca do próprio Senhor, e assim faria com que o povo viesse para ouvi-lo, e Jeremias deveria parar de ir até eles, como vinha fazendo até então, na expectativa de que se arrependessem com a sua mensagem, porque os que fossem justos viriam a Jeremias sem que ele necessitasse ir até eles (v. 19).    
Então o Senhor colocaria Jeremias contra o povo rebelde como um forte muro de bronze, de modo que eles continuariam pelejando contra ele, mas não poderiam prevalecer, porque o Senhor seria com ele para livrá-lo e salvá-lo. E também o arrebataria da mão dos iníquos e o livraria da mão dos cruéis (v. 20,. 21).


JEREMIAS 16

“1 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Não tomarás a ti mulher, nem terás filhos nem filhas neste lugar.
3 Pois assim diz o Senhor acerca dos filhos e das filhas que nascerem neste lugar, acerca de suas mães, que os tiverem, e de seus pais que os gerarem nesta terra:
4 Morrerão de enfermidades dolorosas, e não serão pranteados nem sepultados; serão como esterco sobre a face da terra; pela espada e pela fome serão consumidos, e os seus cadáveres servirão de pasto para as aves do céu e para os animais da terra.
5 Pois assim diz o Senhor: Não entres na casa que está de luto, nem vás a lamentá-los, nem te compadeças deles; porque deste povo, diz o Senhor, retirei a minha paz, benignidade e misericórdia.
6 E morrerão nesta terra tanto grandes como pequenos; não serão sepultados, e não os prantearão, nem se farão por eles incisões, nem por eles se raparão os cabelos;
7 nem pão se dará aos que estiverem de luto, para os consolar sobre os mortos; nem se lhes dará a beber o copo da consolação pelo pai ou pela mãe.
8 Não entres na casa do banquete, para te assentares com eles a comer e a beber.
9 Pois assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Eis que perante os vossos olhos, e em vossos dias, farei cessar deste lugar a voz de gozo e a voz de alegria, a voz do noivo e a voz da noiva.
10 E quando anunciares a este povo todas estas palavras, e eles te disserem: Por que pronuncia o Senhor sobre nós todo este grande mal? Qual é a nossa iniquidade? Qual é o pecado que cometemos contra o Senhor nosso Deus?
11 Então lhes dirás: Porquanto vossos pais me deixaram, diz o Senhor, e se foram após outros deuses, e os serviram e adoraram, e a mim me deixaram, e não guardaram a minha lei;
12 e vós fizestes pior do que vossos pais; pois eis que andais, cada um de vós, após o pensamento obstinado do seu mau coração, recusando ouvir-me a mim;
13 portanto eu vos lançarei fora desta terra, para uma terra que não conhecestes, nem vós nem vossos pais; e ali servireis a deuses estranhos de dia e de noite; pois não vos concederei favor algum.
14 Portanto, eis que dias vêm, diz o Senhor, em que não se dirá mais: Vive o Senhor: que fez subir os filhos de Israel da terra do Egito;
15 mas sim: Vive o Senhor, que fez subir os filhos de Israel da terra do norte, e de todas as terras para onde os tinha lançado; porque eu os farei voltar à sua terra, que dei a seus pais.
16 Eis que mandarei vir muitos pescadores, diz o Senhor, os quais os pescarão; e depois mandarei vir muitos caçadores, os quais os caçarão de todo monte, e de todo outeiro, e até das fendas das rochas.
17 Pois os meus olhos estão sobre todos os seus caminhos; não se acham eles escondidos da minha face, nem está a sua iniquidade encoberta aos meus olhos.
18 E eu retribuirei em dobro a sua iniquidade e o seu pecado, porque contaminaram a minha terra com os vultos inertes dos seus ídolos detestáveis, e das suas abominações encheram a minha herança.
19 Ó Senhor, força minha e fortaleza minha, e refúgio meu no dia da angústia, a ti virão as nações desde as extremidades da terra, e dirão: Nossos pais herdaram só mentiras, e vaidade, em que não havia proveito.
20 Pode um homem fazer para si deuses? Esses tais não são deuses!
21 Portanto, eis que lhes farei conhecer, sim desta vez lhes farei conhecer o meu poder e a minha força; e saberão que o meu nome é Jeová.”.

Para que a própria vida do profeta Jeremias servisse de sinal para Judá que não valia a pena casar e ter filhos naqueles dias, porque o juízo logo viria sobre a nação e seriam muitos os mortos da parte do Senhor, então Ele proibiu que o profeta se casasse e tivesse filhos, para que os judeus soubessem que os filhos deles estavam destinados à matança tanto quanto eles. 
Jeremias foi proibido também de entrar na casa que estivesse de luto, para que não lamentasse a morte de nenhum destes que seriam mortos por causa dos juízos do Senhor, uma vez que Ele havia retirado deles a Sua paz, benignidade e misericórdia.
Nenhuma consolação deveria ser dada aos que estivessem de luto por causa dos seus mortos.
Jeremias foi proibido também de ir a festas, porque os que se banqueteavam com alegria teriam todo motivo de comemoração retirados deles, mesmo a alegria de noivos em casamentos. 
E se alguém perguntasse a Jeremias o porque de tais palavras que pronunciavam um grande mal, e qual era a iniquidade deles para receberem um tal tratamento, e qual pecado tinham cometido contra o Senhor, Jeremias deveria lhes responder que o motivo foi que os seus pais haviam abandonado o Senhor, e adoraram e serviram a falsos deuses, e não guardaram a lei do Senhor. Além disso, eles haviam feito pior do que os seus antepassados, com seus pensamentos obstinados que faziam com que recusassem ouvir ao Senhor.   
No entanto, apesar de serem levados para o cativeiro em Babilônia, eles seriam trazidos de volta no futuro para a sua própria terra, a terra que lhes fora dada pelo Senhor desde os seus patriarcas.
Por isso o Senhor os pescaria e os caçaria, e nenhum deles poderia escapar de Seus olhos, e retribuiria em dobro a iniquidade e o pecado deles por causa das suas abomináveis idolatrias.

Então eles saberiam que o ídolo nada é, e que são falsos deuses os ídolos que os homens adoram, porque quando desse a conhecer o Seu grande poder, cumprindo tudo o que havia dito pelos profetas, então todos saberiam que o Seu nome é Jeová, e que a Ele somente pertencem o poder e a força. 

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