quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Josué - cap 1 a 3



JOSUÉ 1

“1 Depois da morte de Moisés, servo do Senhor, falou o Senhor a Josué, filho de Num, servidor de Moisés, dizendo:
2 Moisés, meu servo, é morto; levanta-te pois agora, passa este Jordão, tu e todo este povo, para a terra que eu dou aos filhos de Israel.
3 Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo dei, como eu disse a Moisés.
4 Desde o deserto e este Líbano, até o grande rio, o rio Eufrates, toda a terra dos heteus, e até o grande mar para o poente do sol, será o vosso termo.
5 Ninguém te poderá resistir todos os dias da tua vida. Como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei, nem te desampararei.
6 Esforça-te, e tem bom ânimo, porque tu farás a este povo herdar a terra que jurei a seus pais lhes daria.
7 Tão-somente esforça-te e tem mui bom ânimo, cuidando de fazer conforme toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; não te desvies dela, nem para a direita nem para a esquerda, a fim de que sejas bem sucedido por onde quer que andares.
8 Não se aparte da tua boca o livro desta lei, antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido.
9 Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não te atemorizes, nem te espantes; porque o Senhor teu Deus está contigo, por onde quer que andares.
10 Então Josué deu esta ordem aos oficiais do povo:
11 Passai pelo meio do arraial, e ordenai ao povo, dizendo: Provede-vos de mantimentos, porque dentro de três dias haveis de atravessar este Jordão, a fim de que entreis para tomar posse da terra que o Senhor vosso Deus vos dá para a possuirdes.
12 E disse Josué aos rubenitas, aos gaditas, e à meia tribo de Manassés:
13 Lembrai-vos da palavra que vos mandou Moisés, servo do Senhor, dizendo: O Senhor vosso Deus vos dá descanso, e vos dá esta terra.
14 Vossas mulheres, vossos pequeninos e vosso gado fiquem na terra que Moisés vos deu desta banda do Jordão; porém vós, todos os homens valorosos, passareis armados adiante de vossos irmãos e os ajudareis;
15 até que o Senhor tenha dado descanso: a vossos irmãos, assim como vo-lo deu a vós, e eles também tenham possuído a terra que o Senhor vosso Deus lhes dá; então tornareis para a terra da vossa herança, e a possuireis, terra que Moisés, servo do Senhor, vos deu além do Jordão, para o nascente do sol.
16 Então responderam a Josué, dizendo: Tudo quanto nos ordenaste faremos, e aonde quer que nos enviares iremos.
17 Como em tudo ouvimos a Moisés, assim te ouviremos a ti; tão-somente seja o Senhor teu Deus contigo, como foi com Moisés.
18 Quem quer que se rebelar contra as tuas ordens, e não ouvir as tuas palavras em tudo quanto lhe mandares, será morto. Tão-somente esforça-te, e tem bom ânimo.” (Js 1.1-18).

Caso lêssemos a Bíblia a partir do livro de Josué, desconsiderando tudo o que está escrito nos cinco livros que o precedem,  poderíamos pensar que todas as ações que se desenrolarão com os israelitas sob Josué, e a maneira  como ele foi extraordinariamente capacitado por Deus para a tarefa que realizou, se deram exclusivamente em razão das promessas feitas a ele e também pelo motivo da sua determinação em obter bênçãos de Deus, para si, e para todo o povo de Israel.
Não podemos esquecer que Abraão, Moisés e Josué, dentre outros, foram os personagens escolhidos pelo Senhor, para levar a cabo o plano de redenção da humanidade, que Ele estabeleceu antes mesmo da criação de todas as coisas, e que passaria antes pela formação de uma nação (Israel), através da qual Ele se revelaria ao mundo.
Eles não eram portanto, homens tentando fazer prevalecer a própria vontade e ministérios diante de Deus.
Não estavam agindo por conta própria e de acordo com os seus próprios planos.
Eles estavam debaixo do cumprimento de uma diretriz que o Senhor traçou nos Seus conselhos eternos.
Os israelitas deveriam conquistar e tomar posse de Canaã com Josué, porque isto fora determinado pelo Senhor, e revelado e prometido a Abraão, cerca de seiscentos anos antes dos dias de Josué.
Assim, este livro não começa com a história da vida de Josué (há muitas passagens que se referem a ele no Pentateuco), mas com o seu governo, dando seguimento ao cumprimento do desígnio de Deus, que havia começado desde os patriarcas.
Por isso se destaca logo no primeiro versículo do livro, que Moisés era servo do Senhor, e que Josué era servidor de Moisés; indicando que Josué deveria dar seqüência ao que Deus havia começado com Moisés, e indica-se também que tudo o que Moisés havia feito, foi realizado pelo mandado e pela vontade de Deus.
Embora as palavras usadas neste primeiro versículo, para indicarem a condição de serviço de Moisés a Deus, e de Josué a Moisés, serem de raízes diferentes no hebraico (ebed, servo, para Moisés, em relação a Deus, e sharath, servidor, para Josué, em relação a Moisés) ambas indicam a condição de estar a serviço de alguém. 
 De igual modo, os verdadeiros ministros do evangelho, que têm sido chamados por Ele para o ministério, não estão fazendo uma obra que é propriamente deles, mas estão cumprindo algo que Deus havia determinado fazer antes dos tempos eternos.
Eles foram chamados para cumprirem o ministério que o Senhor designou para cada um deles, antes mesmo que lhes tivesse formado no ventre, tal como se deu com Jeremias, com Paulo, João Batista, e todos os que são chamados para serem os guias do rebanho do Senhor, em sua caminhada rumo à Canaã celestial.
Um ministro autêntico deve ter sido portanto, chamado a partir do céu. Ninguém que tenha sido feito líder pela mera vontade dos homens, estará fazendo de fato o que se pode chamar de a obra de Deus, porque os que a conduzem devem ter sido chamados obrigatoriamente, do alto, e cumprirem fielmente as ordens do grande General ao qual estão servindo.
“Ora, ninguém toma para si esta honra, senão quando é chamado por Deus, como o foi Arão.” (Hb 5.4).
“E ele deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e outros como evangelistas, e outros como pastores e mestres,” (Ef 4.11).
“Cuidai pois de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a Igreja de Deus, que ele adquiriu com seu próprio sangue.” (At 20.28).  
A propósito, cabe destacar que em razão da natureza terrena, sujeita ao pecado, e especialmente ao do orgulho, tem-se perdido de vista o verdadeiro significado da chamada ao ministério, que não é para dominar, senão para servir.
E o próprio Senhor Jesus Cristo deu o exemplo máximo de serviço a Deus e aos homens, tendo tomado a forma de um servo. E Ele se colocou também debaixo da Lei de Moisés e a cumpriu como um servo completamente obediente a Deus.
Foi por conhecer perfeitamente esta realidade relativa ao Senhor e à Sua Igreja, que o apóstolo Pedro disse o seguinte aos presbíteros da Igreja: “Aos anciãos, pois, que há entre vós, rogo eu, que sou ancião com eles e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e participante da glória que se há de revelar: Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, não por força, mas espontaneamente segundo a vontade de Deus; nem por torpe ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores sobre os que vos foram confiados, mas servindo de exemplo ao rebanho.” (I Pe 5.1-3).
Assim, quando Deus falou com Josué para lhe dar instruções e palavras de encorajamento, para cumprir a missão de ser sucessor de Moisés, da qual havia sido encarregado antes mesmo da sua morte, Ele chamou Moisés de “meu servo” (v. 2), indicando assim a Josué que Ele também estaria a Seu serviço, tanto quanto estivera Moisés. 
Haveria uma tarefa grandiosa a ser cumprida, e Josué deveria se cuidar, e guardar-se principalmente do espírito de exaltação, permanecendo todo o tempo em humildade diante do Senhor, para poder conhecer e cumprir a Sua vontade.
E esta é uma tentação à qual estão sujeitos todos os que estão investidos de posição de autoridade, seja em seus próprios lares como cabeças de família, seja na Igreja, como oficiais e obreiros; pois não podemos esquecer o exemplo que nos foi deixado por Jesus e pelos apóstolos, e tudo quanto o Senhor nos tem ordenado em Sua Palavra, acerca deste assunto.
“Jesus, pois, chamou-os para junto de si e lhes disse: Sabeis que os governadores dos gentios os dominam, e os seus grandes exercem autoridade sobre eles. Não será assim entre vós; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva; e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, será vosso servo; assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.” (Mt 20.25-28).
Este ensino de Jesus foi ensejado pelo pedido equivocado da mãe de Tiago e de João, que desejava que seus filhos ocupassem uma posição de mando e de destaque em relação aos demais apóstolos.
O Senhor ensinou que há uma posição de autoridade em Seu corpo que é determinada previamente por Deus Pai, mas que esta posição não é de dominação, mas de serviço em amor e humildade àqueles sobre os quais Deus nos tenha constituído como ministros.
A propósito, a palavra para ministério, no original grego, na maior parte de suas ocorrências, vem de diakonia, que significa serviço (At 1.17; Rm 11.13; II Cor 6.3 etc). Assim, até mesmo o ministério de governo da Igreja, é um ministério de liderança com o caráter de serviço debaixo do governo de Deus, a quem todos os ministros terão que prestar contas da sua fidelidade.
“Obedecei a vossos guias, sendo-lhes submissos; porque velam por vossas almas como quem há de prestar contas delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil.” (Hb 13.17).
Josué foi dado por Deus como guia do povo de Israel, no lugar de Moisés, e os israelitas deveriam obedecê-lo em tudo, porque lhes estaria servindo, para fazerem não a sua própria vontade pessoal, mas a de Deus, a quem ele estava servindo, e a quem ele prestaria contas de todos os seus atos.
E é exatamente a colocação destas verdades da parte do Senhor a Josué, que nós encontramos neste primeiro capítulo até o nono versículo.
No final do livro de Deuteronômio nós vimos que o povo se encontrava acampado nas campinas de Moabe, na Transjordânia, e que Moisés morreu no monte Nebo, que ficava situado naquela região.
E agora, talvez logo depois do luto de trinta dias que os israelitas guardaram pela sua morte, é ordenado pelo Senhor a Josué que atravessasse o rio Jordão (v. 2), e esta ordem, em si mesma, era um desafio à fé de Josué, porque não havia como atravessar o Jordão, pelo menos não naquela época, conforme se descreve em Js 3.15, quando eles atravessaram o rio: “e quando os que levavam a arca chegaram ao Jordão, e os seus pés mergulharam na beira das águas (porque o Jordão transbordava todas as suas ribanceiras durante todos os dias da sega),”.
Não restava pois a Josué a alternativa de crer que Deus proveria para eles um modo de atravessar o rio, assim como havia feito nos dias de Moisés, para atravessarem o Mar Vermelho.
Eles poderiam ter passado para o outro lado do Jordão, contornando o Mar Morto ao Sul, mas teriam que empreender uma grande viagem, e retornando para o local de onde haviam partido.
Todavia, a ordem de Deus indicava que eles deveriam seguir adiante e vencer, com o Seu auxílio, os obstáculos que estavam diante deles, de modo que isto serviria para fortalecer a sua fé no Senhor, especialmente quanto a que estaria com eles nas batalhas que teriam que empreender em Canaã.  
Nos versos 2 e 3 Deus fala a Josué da terra que deu aos filhos de Israel, e que lhes daria todo lugar que pisasse a planta dos pés deles.
Deus dá porque é a Ele que pertencem todas as coisas.
Deus dá bens, saúde, alegria, paz, enfim, todas as coisas boas, sejam elas materiais ou espirituais.
Ninguém entraria na posse de cousa alguma se não lhe fosse concedida ou permitida a posse por Deus.
É neste sentido que Ele disse ao primeiro casal que lhes estava dando o governo sobre todos os seres da terra.
É muito fácil esquecermos que até mesmo o ar que respiramos nos foi dado por Deus, assim como a capacidade de respiração, e deveríamos ser-lhes gratos por isto e por tudo o mais.
Os males que deixamos de receber porque Ele nos concedeu livramento pela Sua bondade e misericórdia, deveria ser motivo para uma permanente gratidão e adoração.
O homem racionalista excluiu Deus daquilo que chama de mundo material e natural, na criação, como que se Deus não se ocupasse em cuidar e governar tudo aquilo que criou.
Muitos destes vêm a se converter depois, e por isso o Senhor se ri do endurecimento deles, não por forma de escarnecimento, mas de compaixão por sua cegueira, endurecimento e ignorância, que perdurariam caso não tivesse misericórdia de se lhes revelar, pelo Espírito.
Até mesmo sobre os pássaros do céu Ele mantém permanente vigilância, não permitindo que nenhum deles caia sem a Sua permissão.
Até mesmo os cabelos das nossas cabeças estão contados, e Jesus disse isto para revelar o cuidado minucioso que Deus tem relativamente à sua criação.
A posse de Canaã foi dada aos israelitas por promessa de Deus aos patriarcas, e assim, Ele mesmo se empenharia em lhes dar o que havia prometido (v.2 a 6).
É um grande erro tomar as promessas feitas nestes versículos a Josué como sendo aplicáveis particularmente a ele.
Muito se tem pregado sobre estes versículos do primeiro capítulo de Josué como exemplo de uma vida particular bem sucedida.
E as pessoas são encorajadas a serem como Josué, simplesmente para obterem as mesmas bênçãos que ele recebeu, como por exemplo: “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo dei, como eu disse a Moisés.” (v.3).
Veja que aqui a promessa seria cumprida conforme foi dito a Moisés, isto é, a posse da terra de Canaã, nos limites que foram determinados por Deus, e que estão descritos no verso 4.
Deus não lhes dera o mundo todo.
E não temos portanto, diante de nós, nenhuma promessa para alguém em particular, ou mesmo grupo de pessoas, que aleguem que pela fé em Deus, todo o lugar em que pisarem, passa a ser do domínio delas.
Veja que a promessa do verso 3 é específica e se referia à ocupação de Canaã pelos israelitas.
Aquilo que Deus tiver designado como nossa possessão, é nosso de fato, por direito divino, mas veja bem: aquilo que Deus tiver designado, e não aquilo que nós tivermos simplesmente desejado.
Isto se aplica inclusive a áreas de abrangência ministerial, pois até mesmo para os Seus ministros, Deus tem delimitado as áreas de atuação dos respectivos ministérios.
Paulo tinha um pleno conhecimento desta verdade e faz referência a ela em suas epístolas, como vemos por exemplo em Rm 15.20: “deste modo esforçando-me por anunciar o evangelho, não onde Cristo houvera sido nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio;”.
E ainda, quando Deus está falando com Josué, quanto às promessas  e encorajamentos que lhe fizera, nos versos 5 a 9, o que estava em vista não era primariamente, o sucesso pessoal de Josué na vida, senão o que seria necessário para que fosse cumprida a Sua vontade em relação ao que havia determinado fazer em Israel.
Conseqüentemente, ninguém poderia resistir a Josué todos os dias da sua vida (v. 5a), porque o Senhor confirmaria a Sua liderança, não somente entre os opositores que se levantassem dentre os próprios israelitas, como venceria através dele todas as nações inimigas de Canaã.
Deus prometeu que nunca lhe deixaria e  desampararia, tal como agira em relação a Moisés (v. 5b). E não podemos olhar para esta promessa fora do seu contexto de aplicação, porque isto seria uma condição necessária para que Josué pudesse cumprir a missão gigantesca da qual estava sendo incumbido por Deus.
A parte dele seria portanto, esforçar-se e ter bom ânimo em meio a todas as grandes dificuldades com que se depararia, porque o propósito de Deus não poderia ser frustrado de modo algum.
Josué e todo o povo de Israel veriam a poderosa mão de Deus lutando a seu favor e realizando milagres tremendos para que pudessem entrar na posse da terra prometida, mas teriam que permanecer debaixo das ordens do Senhor, especialmente observando e cumprindo os Seus mandamentos que lhes havia dado através de Moisés (v. 6, 7, 9).
Daí ter sido ordenado a Josué que não deixasse de ensinar a Lei ao povo, e nem de meditar no livro da Lei dia e noite, para que tivesse o cuidado diligente de dirigir os israelitas seguindo estritamente tudo o que era ordenado a Israel na Palavra de Deus dada a Moisés.
Então, não seria apenas Josué que seria bem sucedido nas suas realizações, mas toda a nação israelita, porque o sucesso de Josué seria medido pelo sucesso de Israel em cumprir o que foi ordenado pelo Senhor.
Portanto, a promessa de ser bem sucedido por onde quer que andasse (v. 7b), porque Deus seria com ele em sua caminhada (v. 9), era uma promessa, cujo cumprimento estava associado à obediência da nação aos Seus mandamentos, e ela se dirigia particularmente às muitas jornadas e campanhas de guerra, que os israelitas teriam em Canaã, até conquistarem a terra por completo.                    
Precisamos da presença de Deus, não somente quando estamos começando o nosso trabalho, mas também quando este está progredindo, para ter uma ajuda ininterrupta.
Muitos fracassam no ministério porque buscaram a ajuda de Deus somente para ingressarem nele, e não fizeram como Paulo, que sempre pedia oração à Igreja, e orava muito, para que nunca ficasse privado da presença poderosa e abençoadora do Senhor, que faz a Sua obra através dos Seus ministros.
Se Deus é por nós, quem será contra nós? Se Ele vai conosco, quem poderá nos resistir? Se a obra que fazemos não é propriamente nossa, mas dEle, quem poderá impedi-la?   
Nos versos 1 a 9, lemos as palavras que foram ditas por Deus a Josué, e dos versos 10 a 15, as que foram ditas por Josué aos oficiais de Israel, e especialmente aos rubenitas, gaditas e manassitas, que haviam ocupado a Transjordânia nos dias de Moisés, e dos versos 16 a 18 as palavras que os israelitas disseram a Josué.
Vejamos então agora o que Josué disse aos israelitas depois de ter ouvido o Senhor ter lhe falado o que está contido nos versos 1 a 9.
Josué falou aos oficiais do povo, isto é, aos seus supervisores, que haviam sido constituídos sobre eles desde os dias de Moisés.
Deus sempre levantou e continuará levantando supervisores para a Sua obra, especialmente para o encargo de guiar o Seu povo (I Tim 3.1).
Portanto não é bíblica a idéia de que todos são livres na Igreja para fazerem o que seja da sua própria vontade, sem estarem em submissão a um governo eclesiástico formalmente constituído por Deus.
Ainda que os oficiais sejam levantados, como já dissemos, para servirem à Igreja, e pelo reconhecimento da própria Igreja da Sua chamada por Deus, elegendo-os e empossando-os em seus cargos, no entanto eles são servos num sentido elevado por causa da chamada divina.
A excelência e suficiência dos oficiais não é propriamente deles, porque são vasos de barro, mas é no entanto, uma excelência e suficiência elevadamente superior à do homem e proveniente da própria autoridade e poder do homem, porque ela tem a sua origem em Deus.
Pastores são servos da Igreja e não empregados dos homens.
Eles prestam um serviço em humildade, mas não para serem humilhados por aqueles aos quais estão servindo.
Vejam isto no exemplo de Jesus. Ele diz que veio servir e não ser servido, e no entanto lembrou aos apóstolos que Ele era o Mestre e Senhor deles. Isto não Lhe impediu de lavar os pés deles, mas jamais tiveram a insensatez de que Ele estava abaixo deles, pelo que lhes fizera.
Deste modo, os oficiais estavam sujeitos a Josué (v. 10), assim como o povo estava sujeito aos oficiais e ao próprio Josué (v. 11).
Por conseguinte, a palavra de Josué aos oficiais, quanto à ordem que recebera de Deus não foi: “consultai ao povo se eles desejam fazer o que Deus mandou”, mas, “ordenai ao povo” (v. 11) que se provessem de mantimentos porque dentro de três dias  atravessariam o Jordão, para tomarem posse da terra que Deus lhes havia dado por herança.
E nesta ocasião, os guerreiros rubenitas, gaditas e manassitas foram lembrados do seu dever de seguirem com as demais tribos para lutarem em Canaã, deixando na Transjordânia suas mulheres, filhos e gado, e até que Canaã fosse totalmente conquistada, não poderiam retornar para as suas casas (v. 12-15).          
A tarefa de conduzir o povo de Deus é muito mais difícil e delicada do que a de dirigir qualquer empresa terrena, porque um empresário escolhe por processo seletivo as pessoas com as quais deseja trabalhar e pode dispensá-las segundo a sua própria conveniência; mas os ministros de Deus têm que trabalhar com as pessoas que lhes foram dadas por Deus, e terão que se empenharem muito para mantê-las firmes na fé e em unidade no meio do povo do Senhor.
E o que poderiam fazer os ministros quanto ao rebanho que está sob a respectiva supervisão, se não tivessem os oficiais que são também levantados por Deus para auxiliá-los no cumprimento do seu ministério?
É preciso ter este reconhecimento, a saber, do quão valiosos são estes oficiais, para que o rebanho do Senhor possa ser apascentado de modo adequado.
E a Igreja deve ser ensinada a honrá-los e a lhes obedecer, para que as promessas e bênçãos de Deus possam ser derramadas sobre todo o corpo de fiéis.
Assim, por terem aprendido especialmente pelo exemplo do que sucedera há quarenta anos atrás com os seus pais, que pela sua incredulidade haviam morrido no deserto e deixaram de entrar em Canaã, porque o Senhor já não era com eles, esta nova geração de israelitas sabia muito bem que a bênção de Deus está condicionada à obediência à Sua vontade e Palavra, e por isso, os oficiais de Israel deram como resposta às palavras de Josué, o seguinte:
“Então responderam a Josué, dizendo: Tudo quanto nos ordenaste faremos, e aonde quer que nos enviares iremos. Como em tudo ouvimos a Moisés, assim te ouviremos a ti; tão-somente seja o Senhor teu Deus contigo, como foi com Moisés. Quem quer que se rebelar contra as tuas ordens, e não ouvir as tuas palavras em tudo quanto lhe mandares, será morto. Tão-somente esforça-te, e tem bom ânimo.” (v. 16 a 18).
Veja que condicionaram a sua obediência irrestrita a Josué à comunhão de Josué com Deus, ou seja, na medida em que vissem que a liderança de Josué era em conformidade com a vontade do Senhor, obedeceriam tudo o que lhes fosse ordenado.
De igual modo a liderança dos ministros na Igreja de Cristo é confirmada e atendida pelo próprio povo que dirigem, na medida que é observado que fazem um trabalho segundo a Palavra e vontade do Senhor.           
Jesus é o capitão da nossa salvação e nós temos que estar unidos a Ele e fazer tudo o que nos tem ordenado em Sua Palavra, e ir aonde quer que Ele nos envie, pela Sua vontade.



JOSUÉ 2

“1 De Sitim Josué, filho de Num, enviou secretamente dois homens como espias, dizendo-lhes: Ide reconhecer a terra, particularmente a Jericó. Foram pois, e entraram na casa duma prostituta, que se chamava Raabe, e pousaram ali.
2 Então deu-se notícia ao rei de Jericó, dizendo: Eis que esta noite vieram aqui uns homens dos filhos de Israel, para espiar a terra.
3 Pelo que o rei de Jericó mandou dizer a Raabe: Faze sair os homens que vieram a ti e entraram na tua casa, porque vieram espiar toda a terra.
4 Mas aquela mulher, tomando os dois homens, os escondeu, e disse: é verdade que os homens vieram a mim, porém eu não sabia donde eram;
5 e aconteceu que, havendo-se de fechar a porta, sendo já escuro, aqueles homens saíram. Não sei para onde foram; ide após eles depressa, porque os alcançareis.
6 Ela, porém, os tinha feito subir ao eirado, e os tinha escondido entre as canas do linho que pusera em ordem sobre o eirado.
7 Assim foram esses homens após eles pelo caminho do Jordão, até os vaus; e, logo que saíram, fechou-se a porta.
8 E, antes que os espias se deitassem, ela subiu ao eirado a ter com eles,
9 e disse-lhes: Bem sei que o Senhor vos deu esta terra, e que o pavor de vós caiu sobre nós, e que todos os moradores da terra se derretem diante de vós.
10 Porque temos ouvido que o Senhor secou as águas do Mar Vermelho diante de vós, quando saístes do Egito, e também o que fizestes aos dois reis dos amorreus, Siom e Ogue, que estavam além de Jordão, os quais destruístes totalmente.
11 Quando ouvimos isso, derreteram-se os nossos corações, e em ninguém mais há ânimo algum, por causa da vossa presença; porque o Senhor vosso Deus é Deus em cima no céu e embaixo na terra.
12 Agora pois, peço-vos, jurai-me pelo Senhor que, como usei de bondade para convosco, vós também usareis de bondade para com a casa e meu pai; e dai-me um sinal seguro
13 de que conservareis em vida meu pai e minha mãe, como também meus irmãos e minhas irmãs, com todos os que lhes pertencem, e de que livrareis da morte as nossas vidas.
14 Então eles lhe responderam: A nossa vida responderá pela vossa, se não denunciardes este nosso negócio; e, quando o Senhor nos entregar esta terra, usaremos para contigo de bondade e de fidelidade.
15 Ela então os fez descer por uma corda pela janela, porquanto a sua casa estava sobre o muro da cidade, de sorte que morava sobre o muro;
16 e disse-lhes: Ide-vos ao monte, para que não vos encontrem os perseguidores, e escondei-vos lá três dias, até que eles voltem; depois podereis tomar o vosso caminho.
17 Disseram-lhe os homens: Nós seremos inocentes no tocante a este juramento que nos fizeste jurar.
18 Eis que, quando nós entrarmos na terra, atarás este cordão de fio de escarlata à janela pela qual nos fizeste descer; e recolherás em casa contigo teu pai, tua mãe, teus irmãos e toda a família de teu pai.
19 Qualquer que sair fora das portas da tua casa, o seu sangue cairá sobre a sua cabeça, e nós seremos inocentes; mas qualquer que estiver contigo em casa, o seu sangue cairá sobre a nossa cabeça se nele se puser mão.
20 Se, porém, tu denunciares este nosso negócio, seremos desobrigados do juramento que nos fizeste jurar.
21 Ao que ela disse: Conforme as vossas palavras, assim seja. Então os despediu, e eles se foram; e ela atou o cordão de escarlata à janela.
22 Foram-se, pois, e chegaram ao monte, onde ficaram três dias, até que voltaram os perseguidores; pois estes os buscaram por todo o caminho, porém, não os acharam.
23 Então os dois homens, tornando a descer do monte, passaram o rio, chegaram a Josué, filho de Num, e lhe contaram tudo quanto lhes acontecera.
24 E disseram a Josué: Certamente o Senhor nos tem entregue nas mãos toda esta terra, pois todos os moradores se derretem diante de nós.” (Js 2.1-24).

Neste capítulo nós temos a narrativa dos espias que foram designados para trazer um relatório a Josué sobre a cidade de Jericó. É destacado o modo como Josué os enviou; como Raabe os recebeu e protegeu, e como relatou a eles o pânico que estava sobre os habitantes de Jericó, por causa de Israel; e o pedido que lhes fez para a sua segurança e de seus familiares.
Consta também neste capítulo o retorno seguro dos espias e o relatório que fizeram a Josué das coisas que viram e ouviram.
A fé nas promessas de Deus não deve substituir, mas encorajar nossa diligência no uso dos meios apropriados para a sua realização, assim como Noé se esforçou para construir a arca; como Isaque orou para que Rebeca engravidasse, e em tantos outros exemplos que encontramos na Bíblia.
E aqui também nós vemos Josué enviando os espias a Jericó, certamente por inspiração divina, não propriamente para estabelecer o plano de guerra contra aquela cidade, pois este, como veremos adiante, foi-lhe dado pelo próprio Senhor, que lhe apareceu numa teofania como o capitão do exército de Deus.
Os espias não foram enviados portanto, para avaliar se valeria ou não a pena atacar a cidade, pois atacá-la já era uma questão decidida e determinada pelo próprio Deus, que ordenou que atravessassem o Jordão, para iniciarem a conquista de Canaã.
Os espias não estavam somente a serviço de Josué e de Israel, mas do  próprio Deus, que tomou providências para guardá-los em sua missão, enviando-lhes à casa de Raabe, pois sabia que ela os preservaria com o risco da própria vida, por temê-lO, e saber que aqueles que se convertessem a Deus, estariam verdadeiramente abrigados do mal e em perfeita segurança.
O envio daqueles espias faria com que, pela providência divina, Raabe e os seus fossem poupados da destruição total de Jericó.
O Senhor é benigno e sabe livrar o justo no dia do juízo. E caso aqueles espias não tivessem ido a Jericó, como se saberia que havia uma mulher de fé entre todas aquelas pessoas ímpias? Mas Deus tudo sabe e vê, e não permitirá que o justo seja condenado juntamente com o ímpio, e esta foi uma das razões dos espias terem sido enviados a Jericó. 
Por que os espias foram ter justamente com uma ex-prostituta em Jericó? Certamente Deus os conduziu para lá para livrar esta mulher de fé e os seus, da destruição que  traria sobre Jericó. Ele sabe livrar o piedoso da provação, e reservar para o castigo os injustos, do dia do juízo, como diz Pedro em II Pe 2.9.
Ao fazer a afirmação do verso 9, dizendo que tinha certeza que Deus havia dado a terra de Canaã aos israelitas, onde Raabe alcançou esta certeza senão na fé que lhe fora dada pelo Senhor?
E Raabe demonstrou o seu conhecimento pessoal do Senhor na confissão de fé que encontramos no verso 11: “o Senhor vosso Deus é Deus em cima no céu e embaixo na terra.”.
E assim, o Espírito Santo, através do autor de Hebreus deu testemunho da fé salvífica que habitava em Raabe, pelo fato de ter acolhido e escondido os dois espias de Israel, que vieram ter com ela, pois com isso demonstrou que sabia e confiava, pela fé, que o Senhor haveria de cumprir cabalmente a promessa que fizera aos israelitas de lhes dar a terra de Canaã, e que isto seria feito, a par de todo o poderio militar das nações que habitavam naquela terra.
Os olhos espirituais de Raabe foram abertos para que pudesse enxergar a mão poderosa do Senhor, nos milagres que realizara no Egito, e na destruição dos dois reis amorreus.
Assim, a evidência da sua fé, conforme se destaca em Hb 11.31, que acolheu em paz os espias, não consistiu no ato isolado de simplesmente tê-los acolhido, mas em tudo o que se evidenciou da fé que nela havia, através daquela acolhida.
Nós temos então aqui uma segunda razão para o envio dos espias a Jericó: a fé de Raabe e o testemunho que ela dera acerca do temor dos israelitas, que havia sobrevindo aos moradores de Canaã, em muito os encorajaria às batalhas que teriam que empreender.
As canas de linho que Raabe havia disposto em ordem no eirado, para que secassem e pudesse trabalhar com elas em tecelagem, bem evidenciam o caráter de uma mulher virtuosa, como a citada em Pv 31 (v. 13), que havia se convertido da sua prostituição, em face do conhecimento que tivera dos feitos de Deus, tendo o Senhor tido misericórdia e se manifestado a ela.
Quando ainda mantinha os espias escondidos no eirado de sua casa, Raabe teve que usar do expediente de mentir àqueles que lhe foram enviados pelo rei de Jericó, para não colocar em risco a sua própria vida, dos de sua casa e dos espias (v. 4,5).
Ela habilmente admitiu que os espias haviam de fato vindo a ela, pois se o tivesse negado, estaria contradizendo aqueles que os haviam visto em sua casa e que haviam notificado o fato ao rei (v.2), e isto ensejaria no mínimo uma confrontação dela com os seus delatores, que acabaria conduzindo a um avanço na investigação e a uma provável revista minuciosa da sua casa, que acabaria levando à descoberta dos espias.
Mas ela foi bastante convincente ao dizer a verdade que eles tinham vindo ter com ela. E assim, também deram crédito à mentira de que os espias haviam ido embora sem que ela soubesse de onde eram e para onde haviam ido (v. 4,5).            
Como a sua casa ficava em cima do muro da cidade de Jericó, ela os fez descer por uma corda para o lado de fora da cidade e lhes orientou que se escondessem no monte por três dias, até que os seus perseguidores desistissem de procurá-los (v. 15,16, 22, 23).
A fúria com que o rei de Jericó mandou empreender a caça aos espias israelitas demonstra o quanto eles não estavam dispostos a se renderem e nem a tratarem de negociações de paz, e por isso a única conclusão a que os israelitas poderiam chegar foi a citada no verso 24 de que certamente o Senhor lhes havia dado toda aquela terra nas suas mãos, e não tinham nada que fazer senão tomar posse do que lhes fora dado por Deus.
Nós vemos nisto uma estratégia de contra-informação usada em guerras, que foi bem sucedida, da parte de Raabe, para confundir o inimigo, tal como haviam agido as duas parteiras, que se negaram a matar os recém-nascidos israelitas do sexo masculino, a mando de faraó, porque temeram antes a Deus do que os homens, e que também enganaram faraó com a mentira delas.
E o que se aprende disto? Que a mentira é aprovada por Deus? Que se deve fazer disso uma regra? De modo nenhum! Pois estamos diante de duas situações excepcionais em que o uso de informações que não correspondiam à realidade dos fatos impediu que os inimigos de Deus triunfassem em seus projetos malignos dirigidos contra o Seu povo.
Não se pode portanto, a partir de situações excepcionais criar regras gerais contra a verdade revelada de que convém a todo o crente dizer somente a verdade. Não se deve sequer pensar como regra em que exista algo como mentira “branca” ou que há fins que justifiquem meios falsos e enganosos.
Davi se fingiu de louco para escapar do rei filisteu. Obadias escondeu profetas de Deus das vistas de Jesabel, estando a serviço dela em sua própria casa.
O relato de Raabe de que todos em Jericó estavam apavorados por causa do que Deus fizera aos egípcios no Mar Vermelho e aos dois reis amorreus, Ogue e Seom, em muito animou os israelitas à batalha (v.24), quando os espias relataram tal informação a Josué.
Deus é quem pode manter a alma em paz, ou em desassossego e terror (Dt 12.25). Por isso os de Jericó estavam aterrorizados.
 




JOSUÉ 3

“1 Levantou-se, pois, Josué de madrugada e, partindo de Sitim ele e todos os filhos de Israel, vieram ao Jordão; e pousaram ali, antes de atravessá-lo.
2 E sucedeu, ao fim de três dias, que os oficiais passaram pelo meio do arraial,
3 e ordenaram ao povo, dizendo: Quando virdes a arca da pacto do Senhor vosso Deus sendo levada pelos levitas sacerdotes, partireis vós também do vosso lugar, e a seguireis
4 (haja, contudo, entre vós e ela, uma distância de dois mil côvados, e não vos chegueis a ela), para que saibais o caminho pelo qual haveis de ir, porquanto por este caminho nunca dantes passastes.
5 Disse Josué também ao povo: Santificai-vos, porque amanhã o Senhor fará maravilhas no meio de vós.
6 E falou Josué aos sacerdotes, dizendo: Levantai a arca do pacto, e passai adiante do povo. Levantaram, pois, a arca do pacto, e foram andando adiante do povo.
7 Então disse o Senhor a Josué: Hoje começarei a engrandecer-te perante os olhos de todo o Israel, para que saibam que, assim como fui com Moisés, serei contigo.
8 Tu, pois, ordenarás aos sacerdotes que levam a arca do pacto, dizendo: Quando chegardes à beira das águas de Jordão, aí parareis.
9 Disse então Josué aos filhos de Israel: Aproximai-vos, e ouvi as palavras do Senhor vosso Deus.
10 E acrescentou: Nisto conhecereis que o Deus vivo está no meio de vós, e que certamente expulsará de diante de vós os cananeus, os heteus, os heveus, os perizeus, os girgaseus, os amorreus e os jebuseus.
11 Eis que a arca do pacto do Senhor de toda a terra passará adiante de vós para o meio do Jordão.
12 Tomai, pois, agora doze homens das tribos de Israel, de cada tribo um homem;
13 porque assim que as plantas dos pés dos sacerdotes que levam a arca do Senhor, o Senhor de toda a terra, pousarem nas águas do Jordão, estas serão cortadas, isto é, as águas que vêm de cima, e, amontoadas, pararão.
14 Quando, pois, o povo partiu das suas tendas para atravessar o Jordão, levando os sacerdotes a arca do pacto adiante do povo,
15 e quando os que levavam a arca chegaram ao Jordão, e os seus pés se mergulharam na beira das águas (porque o Jordão transbordava todas as suas ribanceiras durante todos os dias da sega),
16 as águas que vinham de cima, parando, levantaram-se num montão, mui longe, à altura de Adã, cidade que está junto a Zaretã; e as que desciam ao mar da Arabá, que é o Mar Salgado, foram de todo cortadas. Então o povo passou bem em frente de Jericó.
17 Os sacerdotes que levavam a arca do pacto do Senhor pararam firmes em seco no meio do Jordão, e todo o Israel foi passando a pé enxuto, até que todo o povo acabou de passar o Jordão.” (Js 3.1-17).

Antes de atravessar o Jordão o povo de Israel estava acampado em Sitim (v. 1), e no verso 19 do capítulo seguinte (quarto) nós vemos que, depois de atravessarem o Jordão, os israelitas se acamparam em Gilgal, de onde partiriam para lutar contra Jericó.
Quando eles saíram de Sitim e chegaram ao rio Jordão, não lhes foi dito como fariam para atravessar o rio, contudo nós vemos que depois de o Senhor ter falado com Josué, como vimos no início do primeiro capítulo, Josué deu ordens para que o povo se preparasse porque dentro de três dias atravessariam o Jordão (1.11).
Esta caminhada em direção ao Jordão, para que fosse atravessado no prazo de três dias, seria uma caminhada de fé, porque conforme se descreve no verso 15, o rio transbordava em todas as suas ribanceiras naqueles dias.
Esta vida está repleta de Jordões que devemos atravessar, representados nos problemas que temos que ultrapassar, mas não devemos ficar desanimados porque Deus nos ordena a ter ânimo nas aflições, porque Ele mesmo será a nossa ajuda e proverá os meios necessários para que possamos prosseguir na nossa jornada, rumo à conquista definitiva da Canaã celestial.
Tão somente devemos nos esforçar tal como Deus ordenou a Josué, o qual acordava de madrugada (3.1; 6.12; 7.16; 8.10) para estimular e preparar o povo, para cumprir as ordenanças do Senhor.
Aqueles que têm grandes coisas para realizar devem acordar cedo.
Não devem amar o sono, e devem imitar Josué, que dava um bom exemplo para os seus oficiais.
Nesta ocasião específica, em vez de ir no meio das tribos, conforme se vê no livro de Números, a arca iria à sua frente, e foi determinado por Deus que houvesse uma distância de cerca de um quilômetro, entre os sacerdotes que a conduziriam, e o povo.
A arca continha as tábuas com os dez mandamentos.
As pessoas devem seguir a arca, de modo que onde estejam as ordenações de Deus nós devemos estar, e segui-las de forma temente e reverente.
Nós devemos seguir os nossos ministros, que nos trazem a Palavra, assim como eles seguem a Cristo (Hb 13.7).
Então havia esta figura para a Igreja no ato de a arca estar sendo conduzida pelos sacerdotes adiante do povo.
Naquela dispensação da Antiga Aliança, com vista a criar a devida reverência e temor no povo, se determinava que houvesse tal distância entre o povo e arca, que simbolizava a presença de Deus, de modo que a familiaridade poderia criar desprezo.
Por isso não poderiam se achegar ao símbolo da presença divina, naquela dispensação de sombras, condenação e terror, mas nós temos agora na Nova Aliança, livre acesso por meio de Cristo, e não precisamos, na condição de povo da Nova Aliança, ter uma tal recomendação de afastamento, porque jamais abusaríamos da santa presença do Senhor, porque o Espírito Santo tem sido derramado no coração de todos aqueles que estão aliançados com Cristo, de modo que o temor de Deus habita nos nossos corações.
A presença do Senhor é digna de toda consideração, temor, reverência  e respeito, e todos os verdadeiros crentes são instruídos acerca disto pelo Espírito Santo, que os regenerou, transformando-os em novas criaturas, mas naquela dispensação antiga, nem todos tinham o verdadeiro conhecimento de Deus, e então se fazia necessário se tomar providências como esta, para que o povo não ultrapassasse os limites, que não são permitidos a nenhum crente ultrapassar.       
Assim como nos dias de Moisés, que foi ordenado ao povo que se santificasse, para receber os dez mandamentos ao pé do monte Sinai, de igual modo, foi ordenado aos israelitas naquela ocasião, por Josué, para que se santificassem, porque o Senhor faria maravilhas no meio deles (v.5).
Veja que preparação temos que fazer para receber as revelações e comunicações da glória e da graça de Deus, quando está a ponto de fazer maravilhas no meio de nós.
Temos que nos separar de todos os demais cuidados e nos dedicar a honrá-lo, e nos purificarmos de toda imundície da carne e do espírito.
Deus declarou a Josué que começaria a engrandecê-lo perante os israelitas, para que  o respeitassem e soubessem que assim como Ele havia sido com Moisés também seria com Josué (v.7).
É Deus quem engrandece a quem quer, e quando quer, e sempre para um propósito necessário e proveitoso, assim como fizera com Josué, depois da morte de Moisés, fazendo com que as águas do Jordão fossem cortadas, para que o povo passasse a pé enxuto.
Isto demonstra o quão impróprio foi o pedido a mãe de Tiago e João, havia feito a Jesus.
Deus havia prometido a Josué que seria com ele (1.5), e isso o confortou, mas agora todo o Israel veria que o Senhor estava honrando Josué, e confirmando a sua liderança sobre todo o povo, para que os israelitas honrassem a Josué por virem que Deus era com ele.
De igual modo, os ministros piedosos devem ser altamente honrados e estimados, porque, quanto mais nós vemos que Deus é com eles, mais nós devemos honrá-los, porque com isto estaremos honrando o próprio Deus, que foi quem colocou tal honra neles.  
É a presença do Senhor entre o Seu povo que faz toda a diferença, e quem de fato o dirige.
A Josué foi dito que seguiriam por um caminho pelo qual nunca haviam passado dantes (v.4).
Isto é uma grande verdade para todos os crentes neste mundo, porque devem esperar e estar preparados para passarem por eventos incomuns, passar por situações que nunca haviam experimentado dantes, mas ainda que andemos pelo vale da sombra da morte, desde que tenhamos a garantia da presença do Senhor conosco, não precisamos temer mal algum, porque nos dará a força necessária de um modo também que nunca tivemos antes, para fazer aquilo que for necessário.  
  Sendo uma nação teocrática, na Antiga Aliança, os sacerdotes estavam debaixo da autoridade dos governantes de Israel, sendo estes Moisés, Josué, e depois deste os juízes, e posteriormente os reis.
Mas era vedado a tais governantes realizarem as funções exclusivas dos sacerdotes, conforme prescritas na lei, mas  deveriam cumprir as ordenações de Deus determinadas àqueles que tivessem sob o seu cuidado o governo de toda a nação.
E aqui nós vemos Josué ordenando aos sacerdotes que levassem a arca até à beira do Jordão, conforme mandado que havia recebido do Senhor (v.8).
Assim que os pés dos sacerdotes tocaram na margem do rio, o fluxo parou imediatamente, como que se uma represa invisível tivesse sido levantada impedindo as águas de prosseguirem o seu curso.
E elas se amontoaram ao norte do rio até que os israelitas passassem, enquanto os sacerdotes permaneciam no meio do leito do rio com a arca, até que todos tivessem passado.

Este evento serviria para aumentar ainda mais o pavor dos habitantes de Jericó (5.1; 6.1), de modo que eles sitiaram a si mesmos naquela cidade fortificada, pensando que estariam bem protegidos pelos seus muros gigantescos.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário