quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Josué - cap 6 a 9

JOSUÉ 6

“1 Ora, Jericó se conservava rigorosamente fechada por causa dos filhos de Israel; ninguém saía nem entrava.
2 Então disse o Senhor a Josué: Olha, entrego na tua mão Jericó, o seu rei e os seus homens valorosos.
3 Vós, pois, todos os homens de guerra, rodeareis a cidade, contornando-a uma vez por dia; assim fareis por seis dias.
4 Sete sacerdotes levarão sete trombetas de chifres de carneiros adiante da arca; e no sétimo dia rodeareis a cidade sete vezes, e os sacerdotes tocarão as trombetas.
5 E será que, fazendo-se sonido prolongado da trombeta, e ouvindo vós tal sonido, todo o povo dará um grande brado; então o muro da cidade cairá rente com o chão, e o povo subirá, cada qual para o lugar que lhe ficar defronte:
6 Chamou, pois, Josué, filho de Num, aos sacerdotes, e disse-lhes: Levai a arca do pacto, e sete sacerdotes levem sete trombetas de chifres de carneiros, adiante da arca do Senhor.
7 E disse ao povo: Passai e rodeai a cidade; e marchem os homens armados adiante da arca do Senhor.
8 Assim, pois, se fez como Josué dissera ao povo: os sete sacerdotes, levando as sete trombetas adiante do Senhor, passaram, e tocaram-nas; e a arca do pacto do Senhor os seguia.
9 E os homens armados iam adiante dos sacerdotes que tocavam as trombetas, e a retaguarda seguia após a arca, os sacerdotes sempre tocando as trombetas.
10 Josué tinha dado ordem ao povo, dizendo: Não gritareis, nem fareis ouvir a vossa voz, nem sairá palavra alguma da vossa boca, até o dia em que eu vos disser: gritai! Então gritareis.
11 Assim fizeram a arca do Senhor rodear a cidade, contornando-a uma vez; então entraram no arraial, e ali passaram a noite.
12 Josué levantou-se de madrugada, e os sacerdotes tomaram a arca do Senhor.
13 Os sete sacerdotes que levavam as sete trombetas de chifres de carneiros adiante da arca da Senhor iam andando, tocando as trombetas; os homens armados iam adiante deles, e a retaguarda seguia atrás da arca do Senhor, os sacerdotes sempre tocando as trombetas.
14 E rodearam a cidade uma vez no segundo dia, e voltaram ao arraial. Assim fizeram por seis dias.
15 No sétimo dia levantaram-se bem de madrugada, e da mesma maneira rodearam a cidade sete vezes; somente naquele dia rodearam-na sete vezes.
16 E quando os sacerdotes pela sétima vez tocavam as trombetas, disse Josué ao povo: Gritai, porque o Senhor vos entregou a cidade.
17 A cidade, porém, com tudo quanto nela houver, será danátema ao Senhor; somente a prostituta Raabe viverá, ela e todos os que com ela estiverem em casa, porquanto escondeu os mensageiros que enviamos.
18 Mas quanto a vós, guardai-vos do anátema, para que, depois de o terdes feito tal, não tomeis dele coisa alguma, e não façais anátema o arraial de Israel, e o perturbeis.
19 Contudo, toda a prata, e o ouro, e os vasos de bronze e de ferro, são consagrados ao Senhor; irão para o tesouro do Senhor.
20 Gritou, pois, o povo, e os sacerdotes tocaram as trombetas; ouvindo o povo o sonido da trombeta, deu um grande brado, e o muro caiu rente com o chão, e o povo subiu à cidade, cada qual para o lugar que lhe ficava defronte, e tomaram a cidade:
21 E destruíram totalmente, ao fio da espada, tudo quanto havia na cidade, homem e mulher, menino e velho, bois, ovelhas e jumentos.
22 Então disse Josué aos dois homens que tinham espiado a terra: Entrai na casa da prostituta, e tirai-a dali com tudo quanto tiver, como lhe prometestes com juramento.
23 Entraram, pois, os mancebos espias, e tiraram Raabe, seu pai, sua mãe, seus irmãos, e todos quantos lhe pertenciam; e, trazendo todos os seus parentes, os puseram fora do arraial de Israel.
24 A cidade, porém, e tudo quanto havia nela queimaram a fogo; tão-somente a prata, e o ouro, e os vasos de bronze e de ferro, colocaram-nos no tesouro da casa do Senhor.
25 Assim Josué poupou a vida à prostituta Raabe, à família de seu pai, e a todos quantos lhe pertenciam; e ela ficou habitando no meio de Israel até o dia de hoje, porquanto escondera os mensageiros que Josué tinha enviado a espiar a Jericó.
26 Também nesse tempo Josué os esconjurou, dizendo: Maldito diante do Senhor seja o homem que se levantar e reedificar esta cidade de Jericó; com a perda do seu primogênito a fundará, e com a perda do seu filho mais novo lhe colocará as portas.
27 Assim era o Senhor com Josué; e corria a sua fama por toda a terra.” (Js 6.1-27).

Este sexto capítulo bem demonstra que aqueles que não se ajuntam a Jesus pela fé, espalham-se como a poeira que é levada pelo vento.
Pois o incrédulo não prevalecerá no dia do juízo.
E a vida de Raabe e de sua família foi levantada como um monumento à fé no meio daquela cidade pagã, que se recusava a dar glória a Deus e a se converter de seus pecados.
A Antiga Aliança teve assim também este propósito de servir de figura e ilustração do grande juízo contra aqueles que se opõem ao Senhor, no dia da volta de Jesus.
Ele certamente trará os juízos que são prometidos na Bíblia, porque Ele já o fizera por diversas vezes no passado, e ordenou que fossem tais juízos registrados nas páginas do Velho Testamento, para advertência de todas as gerações da humanidade, de modo que os homens se arrependam de seus pecados e consagrem suas vidas a Deus, por meio da fé em Jesus.
Todos os habitantes de Jericó, com exceção de Raabe e seus familiares, foram mortos pelo juízo determinado de Deus, para servir de advertência àqueles que se opõem ao Senhor, quanto ao que lhes sucederá se continuarem deliberadamente na posição de rejeitarem a vida eterna, que lhes está sendo oferecida gratuitamente, por meio da simples fé em Cristo.
A missão de Jesus até que Ele volte, não é de condenação e destruição do mundo, mas de salvação.
Todavia, foi necessário, que, especialmente, por amor daqueles que viveriam em dias posteriores aos dos juízos que trouxe sobre o mundo, no Antigo Testamento, que revelasse de modo muito claro que Ele está irado contra aqueles que vivem no pecado, porque é Deus santo e justo, e não pode inocentar o culpado, que não se arrepender, de modo que estes poderão ser apenas salvos por meio do perdão que Deus lhes concederá por causa da justiça da redenção que há em Cristo Jesus.
Não há outro modo ou caminho de salvação para os pecadores.
Os juízos de Deus serão certamente despejados no tempo do fim sobre aqueles que não se arrependerem.
E como já falamos, Ele mostrou de modo muito claro, pelos exemplos que nos deu em figura no Velho Testamento, deste grande juízo que haverá no final dos tempos.
A graça do evangelho nos é dada exatamente para nos livrar desta ira divina, que haverá de se revelar no tempo determinado por Ele, e no dia, hora, minuto, segundo, que já estão determinados, e que são do Seu exclusivo conhecimento.     
Desde que o primeiro homem pecou, todos ficaram debaixo da maldição e da ira de Deus, e não há quem possa nos livrar disso senão somente o capitão da nossa salvação, o Senhor Jesus Cristo, que satisfez inteiramente a justiça de Deus relativamente ao pecado, morrendo por nós, em nosso lugar, na cruz do Calvário.
Por causa do pecado, o homem não tem a capacidade de guardar perfeitamente os mandamentos de Deus em todos os dias de sua vida, e assim, necessita de um Salvador, que não somente o livre da condenação em face desta incapacidade de ser perfeito segundo a lei, enquanto viver neste mundo, como também lhe conceda pelo Espírito Santo prometido aos que crêem, um novo coração que ame a vontade e os mandamentos de Deus, ainda que em face desta impossibilidade de cumpri-los perfeitamente.
A graça convencerá aquele que crer, da necessidade de contar com o seu trabalho para que possa amadurecer na fé, bem como em todo o fruto do Espírito Santo, que é paz, alegria, bondade, benignidade, longanimidade, domínio próprio, fidelidade, e todas as virtudes que estão em Cristo, sendo seus atributos.
Assim como o fruto natural amadurece, haverá um trabalho progressivo da graça no sentido de amadurecer o fruto do Espírito naqueles que são filhos de Deus, de modo que possam ser cada vez mais parecidos com Cristo.
Mas o amadurecimento deste fruto precioso do Espírito vem somente por meio de um andar diário no Espírito, como é ordenado em Gálatas 5.16. 25.
Todavia, ainda que os crentes não consigam um amadurecimento adequado, enquanto viverem neste mundo, é certo que este fruto estará perfeito e completamente maduro neles, quando acessarem a eternidade.
Isto será feito de fato, porque lhes é garantido pela promessa de Deus em Sua Palavra, de que serão perfeitos assim como Ele é perfeito.
Em termos simples e práticos isto significa que nenhum crente deve se desesperar caso se veja apenas pouco do fruto do Espírito em suas vidas, porque não estão debaixo da Antiga Aliança, mas da graça na Nova Aliança, em que Jesus garante completamente a sua salvação, mas por outro lado, não devem também descansar e negligenciar o dever de se santificarem e se consagrarem a Deus, de modo que não abusem de Sua longanimidade e graça, ficando à mercê de Suas correções e disciplina. 
Por exemplo, se tomarmos apenas como ilustração do que estamos dizendo, o fruto do Espírito que é longanimidade, veremos que é tarefa para toda a vida crescer neste dever que nos é ordenado, e pelo qual devemos orar para receber tal fruto e amadurecê-lo em nossas vidas.
Como é fruto do Espírito e não obra da lei, deve ser buscado em oração, com um espírito humilde, e nos disciplinarmos exercitando-nos nisto.
Assim, se alguém não é longânimo o quanto deveria ser, não deve desistir de perseguir este alvo para o pleno agrado de Deus, mas deve estar plenamente consciente que não é algo para ser obtido e vivido num piscar de olhos, senão num exercício permanente e diário, que faz parte da nossa santificação, enquanto vivermos neste mundo, e certamente o Senhor nos provará nas dificuldades que tivermos que enfrentar, o quanto temos sido de fato longânimos, em prol da glorificação do Seu nome e para o bem de nossas próprias vidas, e do nosso próximo.    
Os homens de Jericó pensavam que o homem prevalecerá pela força. E assim, a maior parte da humanidade tem se equivocado quanto à vontade de Deus que não é a favor da violência, antes a condena.
Pois o céu é um lugar onde não há qualquer tipo de violência.
Ao contrário, é exatamente pela muita e perfeita longanimidade que lá existe, que há perfeita harmonia entre todas as criaturas de Deus.
A derrubada e destruição de Jericó representam portanto a destruição de todos aqueles que tentarem prevalecer pela força e não pelo amor,  bondade e paciência.
Nas bem-aventuranças Jesus afirma claramente que a terra será herdada e o reino dos céus pertencerá àqueles que são mansos, humildes, misericordiosos, pacificadores e perseguidos por amor à justiça.
O que estas coisas têm a ver com aquilo que o mundo considera grandioso?
No entanto, são exatamente estas coisas que tornam uma pessoa verdadeiramente grande aos olhos de Deus.
Aquele que quiser ser grande perante Ele deve ter-se na conta de nada, e diminuir o mais possível para que Ele possa aparecer ainda mais.
Não são os que dominam pela força que prevalecerão diante do Senhor, mas aqueles que servem o próximo com o amor de Deus.   
Logo no primeiro versículo deste capitulo é dito que Jericó estava rigorosamente fechada por causa dos filhos de Israel, e que ninguém entrava ou saía da cidade.
Eles estavam certamente confiando na grande fortaleza dos muros da cidade para escaparem de qualquer ação militar de Israel contra eles.
Assim, todas as fortalezas que os ímpios possam levantar para aliviar suas consciências da realidade de um possível e iminente juízo de Deus sobre eles não prevalecerá.
Muitos pensam que escaparão do juízo de Deus confiados em sua própria sabedoria, bondade ou em qualquer outra falsa fortaleza, que será colocada por terra pelo juízo do Senhor contra o pecado, tal como Ele fizera com os muros de Jericó. E os sábios, os fortes, os altivos, os negligentes serão apanhados em sua própria sabedoria, fortaleza, altivez e negligência.
O capitão do exército de Jeová deu instruções específicas a Josué quanto ao que deveria ser feito para derrubar a fortaleza de Jericó e conquistá-la, como se vê nos versos 2 a 5.
Sete sacerdotes tocando chifres de carneiros deveriam ir adiante da arca, que seria conduzida por outros sacerdotes, e os homens de guerra iriam adiante deles, e deveriam rodear a cidade em silêncio por seis dias, tocando-se apenas os chifres de carneiros, e no sétimo dia, em vez de rodearem uma só vez, deveriam fazê-lo por sete vezes, e quando Josué ordenasse, o povo deveria romper o silêncio e gritar em alta voz, e quando eles fizessem isto os muros da cidade ruiriam.
Antes de passar tais instruções a Josué, o Senhor lhe disse expressamente que lhe havia dado Jericó, bem como o seu rei e todos os seus valentes valorosos (v. 2).
Quando Deus fala deste modo a mão da fé deve se apropriar imediatamente da promessa divina, como que se já se estivesse da posse daquilo que foi prometido.
Foi projetado por Deus que esta cidade, que seria as primícias da conquista de Canaã, deveria ser dedicada completamente a Ele, e que nem Josué nem todo o Israel deveriam se apropriar de qualquer parte do despojo da cidade, pois todo o ouro e prata deveria ser consagrado a Deus sendo entregue no tabernáculo.
Com a derrubada sobrenatural dos muros de Jericó, e pelo Seu próprio poder, o Senhor poria por terra, para sempre, o argumento que os israelitas da geração que havia perecido no deserto, apresentaram a Moisés, como justificativa para não tentarem guerrear contra as cidades fortificadas de Canaã, como se fosse impossível para Deus fazer qualquer coisa contra aqueles grandes muros fortificados.           
As trombetas que os sacerdotes usaram não eram as trombetas de prata, que foram fabricadas para o serviço ordinário, mas trombetas de chifres de carneiros, cujo som era mais sombrio e revelariam em figura a excelência do poder de Deus, porque os chifres são figuras de poder, na Bíblia.
A trombeta dos atalaias de Deus estão soando em toda a terra anunciando o Seu juízo, que se apressa a vir sobre o mundo.
Caso alguma das pessoas de Jericó se arrependesse diante do Senhor, tal como fizera Raabe, quando ouvisse o sonido daquelas trombetas, ela certamente acharia graça diante de Deus e seria salva da destruição, pois Ele sabe livrar o piedoso no dia do juízo.
Contudo, em vez de arrependimento é bem provável que eles tenham até zombado daquela ação que os israelitas estavam realizando segundo o mandado de Deus, e é bem provável que tenham pensado que estavam desconcertados em todos aqueles dias em que estavam rodeando a cidade por nada poderem fazer contra os seus muros.
Isto deve ter fortalecido o seu endurecimento no próprio pecado e na confiança que estavam depositando na fortaleza que haviam construído para se protegerem dos ataques dos seus inimigos.
De igual modo, a maioria dos ímpios zomba da trombeta do evangelho que está sendo tocada, anunciando o juízo de Deus, pois acham que é uma trombeta muito fraca diante das fortalezas que o pecado criou para não se sujeitarem ao Senhor.
Eles não acreditam em inferno. Não acreditam que um Deus de amor possa estar irado contra o pecado. Não acreditam que o espírito sobrevive à morte física e existe eternamente. Não confiam na Palavra de Deus com todos os alertas que lhes dá para escaparem do juízo vindouro. E assim serão justamente condenados no dia da sua ruína, pois têm o Deus Altíssimo e Todo Poderoso na conta de alguém inferior a eles, tal como a arca do Senhor parecia aos olhos daqueles que estavam confiantes sobre os muros de Jericó, olhando-a de cima para baixo, do alto de seu orgulho e arrogância.      
Quando os israelitas gritaram no sétimo dia, aquele foi um grito de fé na Palavra do capitão do exército de Jeová, e as muralhas caíram, assim como Ele havia afirmado que ocorreria quando gritassem.
O anátema citado nos versos 17 e 18, Cheren, que no hebraico significa a coisa dedicada, se referia a todo o despojo daquela cidade que não poderia ser tomado de modo algum por qualquer israelita, como despojo de guerra, porque o Senhor havia determinado que tudo Lhe deveria ser dedicado, como primícias das cidades que seriam conquistadas em Canaã, já que era Ele quem estava permitindo e possibilitando que Israel entrasse na posse delas.
Assim como tudo aquilo que temos recebido do Senhor deve ser consagrado a Ele como primícias em nosso reconhecimento espiritual que tudo o que temos nos foi dado por Sua graça e provisão e devemos dedicar-Lhe o nosso tempo, bens, serviço, louvor, adoração e amor.
Lançar mão de qualquer bem de Jericó seria portanto roubar a Deus aquilo que Lhe pertencia de direito e de fato por sua própria determinação divina.
Aquele que lançasse mão de alguma coisa seria amaldiçoado por Deus, porque estaria pegando o anátema, isto é, das coisas que Ele previamente determinou que fossem dedicadas a Ele, e então estariam roubando ao Senhor.
Quando os homens se apropriam de algo que pertence ao Senhor, eles trazem maldição sobre suas vidas porque o anátema se cumpre no seu caráter de maldição, quando se furta ao Senhor aquilo que lhe é devido.
Por exemplo, Paulo diz que aquele que prega outro evangelho seja anátema. Isto porque há somente um evangelho que deve ser pregado como forma de dedicação e devoção ordenada pelo Senhor.
Assim, aquele que prega outro evangelho furta a glória e a honra que são devidas a Deus e ficam sujeitos a estarem debaixo da maldição, que é pronunciada contra aqueles que ousarem acrescentar ou diminuir algo em Sua Palavra.
“Eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro: Se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus lhe acrescentará as pragas que estão escritas neste livro; e se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus lhe tirará a sua parte da árvore da vida, e da cidade santa, que estão descritas neste livro.” (Apo 22.18,19).
Aquilo que Deus tem ordenado, ordenado está, e a ninguém cabe  fazer qualquer alteração.
Assim como ele ordenou que Jericó fosse destruída e tudo o que pertencesse à cidade lhe fosse dedicado.
E Josué movido pelo Espírito da profecia disse o seguinte em relação a quem tentasse reconstruir Jericó: “Maldito diante do Senhor seja o homem que se levantar e reedificar esta cidade de Jericó; com a perda do seu primogênito a fundará, e com a perda do seu filho mais novo lhe colocará as portas.”.
Esta profecia se cumpriu nos dias dos reis de Israel, como se vê em I Reis 16.34. Isto mostra que sempre será algo perigoso tentar reconstruir pela própria iniciativa e conta, aquilo que Deus destruiu.       

Aplicando a longanimidade de Deus ao que estava ocorrendo em Canaã, nos dias de Josué, muitos poderiam pensar de modo errado que Deus não havia sido nada longânimo com os amorreus e com os cananeus porque havia determinado a destruição deles.
Entretanto nunca devemos esquecer que Ele havia dito a Abraão há mais de quatrocentos anos antes que a medida da iniqüidade dos amorreus não havia ainda sido completada de modo a trazer sobre eles os seus juízos.
Isto significa que a Sua longanimidade esperou pelo arrependimento deles por mais de quatrocentos anos, e em face do aumento da iniqüidade e não de arrependimento, executou os Seus juízos sobre os pecados deles através dos israelitas.


JOSUÉ 7

“1 Mas os filhos de Israel cometeram uma transgressão no tocante ao anátema, pois Acã, filho de Carmi, filho de Zabdi, filho de Zerá, da tribo de Judá, tomou do anátema; e a ira do Senhor se acendeu contra os filhos de Israel.
2 Josué enviou de Jericó alguns homens a Ai, que está junto a Bete-Áven ao Oriente de Betel, e disse-lhes: Subi, e espiai a terra. Subiram, pois, aqueles homens, e espiaram a Ai.
3 Voltaram a Josué, e disseram-lhe: Não suba todo o povo; subam uns dois ou três mil homens, e destruam a Ai. Não fatigues ali a todo o povo, porque os habitantes são poucos.
4 Assim, subiram lá do povo cerca de três mil homens, os quais fugiram diante dos homens de Ai.
5 E os homens de Ai mataram deles cerca de trinta e seis e, havendo-os perseguido desde a porta até Sebarim, bateram-nos na descida; e o coração do povo se derreteu e se tornou como água.
6 Então Josué rasgou as suas vestes, e se prostrou com o rosto em terra perante a arca do Senhor até a tarde, ele e os anciãos de Israel; e deitaram pó sobre as suas cabeças.
7 E disse Josué: Ah, Senhor Deus! por que fizeste a este povo atravessar o Jordão, para nos entregares nas mãos dos amorreus, para nos fazeres perecer? Oxalá nos tivéssemos contentado em morarmos além do Jordão.
8 Ah, Senhor! que direi, depois que Israel virou as costas diante dos seus inimigos?
9 Pois os cananeus e todos os moradores da terra o ouvirão e, cercando-nos, exterminarão da terra o nosso nome; e então, que farás pelo teu grande nome?
10 Respondeu o Senhor a Josué: Levanta-te! por que estás assim prostrado com o rosto em terra?
11 Israel pecou; eles transgrediram o meu pacto que lhes tinha ordenado; tomaram do anátema, furtaram-no e, dissimulando, esconderam-no entre a sua bagagem.
12 Por isso os filhos de Israel não puderam subsistir perante os seus inimigos, viraram as costas diante deles, porquanto se fizeram anátema. Não serei mais convosco, se não destruirdes o anátema do meio de vós.
13 Levanta-te santifica o povo, e dize-lhe: Santificai-vos para amanhã, pois assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Anátema há no meio de ti, Israel; não poderás suster-te diante dos teus inimigos, enquanto não tirares do meio de ti o anátema.
14 Amanhã, pois, vos chegareis, segundo as vossas tribos; a tribo que o Senhor tomar se chegará por famílias; a família que o Senhor tomar se chegará por casas; e a casa que o Senhor tomar se chegará homem por homem.
15 E aquele que for tomado com o anátema, será queimado no fogo, ele e tudo quanto tiver, porquanto transgrediu o pacto do Senhor, e fez uma loucura em Israel.
16 Então Josué se levantou de madrugada, e fez chegar Israel segundo as suas tribos, e foi tomada por sorte a tribo de Judá;
17 fez chegar a tribo de Judá, e foi tomada a família dos zeraítas; fez chegar a família dos zeraítas, homem por homem, e foi tomado Zabdi;
18 fez chegar a casa de Zabdi, homem por homem, e foi tomado Acã, filho de Carmi, filho de Zabdi, filho de Zerá, da tribo de Judá.
19 Então disse Josué a Acã: Filho meu, dá, peço-te, glória ao Senhor Deus de Israel, e faze confissão perante ele. Declara-me agora o que fizeste; não mo ocultes.
20 Respondeu Acã a Josué: Verdadeiramente pequei contra o Senhor Deus de Israel, e eis o que fiz:
21 quando vi entre os despojos uma boa capa babilônica, e duzentos siclos de prata, e uma cunha de ouro do peso de cinqüenta siclos, cobicei-os e tomei-os; eis que estão escondidos na terra, no meio da minha tenda, e a prata debaixo da capa.
22 Então Josué enviou mensageiros, que foram correndo à tenda; e eis que tudo estava escondido na sua tenda, estando a prata debaixo da capa.
23 Tomaram, pois, aquelas coisas do meio da tenda, e as trouxeram a Josué e a todos os filhos de Israel; e as puseram perante o Senhor.
24 Então Josué e todo o Israel com ele tomaram Acã, filho de Zerá, e a prata, a capa e a cunha de ouro, e seus filhos e suas filhas, e seus bois, jumentos e ovelhas, e a sua tenda, e tudo quanto tinha, e levaram-nos ao vale de Acor.
25 E disse Josué: Por que nos perturbaste? hoje o Senhor te perturbará a ti: E todo o Israel o apedrejou; queimaram-nos no fogo, e os apedrejaram:
26 E levantaram sobre ele um grande montão de pedras, que permanece até o dia de hoje. E o Senhor se apartou do ardor da sua ira. Por isso se chama aquele lugar até hoje o vale de Acor.” (Js 7.1-26).

A história deste capitulo começa com um “mas”, pois o capítulo anterior foi encerrado com a seguinte expressão:
“Assim era o Senhor com Josué; e corria a sua fama por toda a terra.” (6.27).
Deus comprometeria todos os seus princípios e valores, especialmente os relativos à sua justiça e santidade para manter a qualquer custo a fama dos seus feitos, que percorriam toda a terra, através de Josué?
A resposta dada pela história que é narrada neste capítulo é absolutamente não!
Ele nunca fará isto porque santidade e justiça são a base do seu trono.
A conjunção adversativa “mas” sempre será introduzida na nossa história, por maiores que tenham sido os nossos feitos e fidelidade anteriores, em face dos pecados que viermos a praticar.
Deus não deixará de visitá-los com o fogo da Sua santidade, ainda que tenhamos sido justificados e perdoados em Cristo Jesus, para efeito de não mais sofrermos a condenação eterna no inferno.
O Senhor nunca fará vista grossa para as nossas faltas, especialmente aquelas que praticarmos deliberadamente, sabendo nós qual seja a Sua vontade em relação àquilo que estivermos fazendo.
E, especialmente, quando pecamos naquelas coisas ordenadas por Deus à sua Igreja, ainda que seja o pecado de uma só pessoa, na verdade, em razão desta participação de todos em um só corpo, apesar de serem muitos membros que o formam, é considerado pelo Senhor, como se todo o corpo tivesse pecado, e a sua obra fica impedida de avançar em razão desta desobediência de uma parte do corpo que estava efetivamente vinculada naquela obra específica que fora determinada pelo próprio Deus.
Por isso a Palavra adverte os crentes quanto à necessidade da exortação mútua, para permanecerem fiéis no cumprimento da vontade de Deus, particularmente quando um grupo da Igreja ou toda a Igreja se encontram empenhados na realização da obra do Senhor.
É aqui que se aplica especialmente o alerta de Hb 12.15: “tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem;”, e é bem provável que o autor estivesse pensando no ocorrido com Israel por causa de Acã, quando escreveu tais palavras.
Pois o seu pecado foi considerado como sendo o pecado de toda a nação, pois se diz: “os filhos de Israel cometeram uma transgressão no tocante ao anátema” (v 1).
E Deus disse expressamente a Josué o seguinte: “Israel pecou; eles transgrediram o meu pacto que lhes tinha ordenado; tomaram do anátema, furtaram-no e, dissimulando, esconderam-no entre a sua bagagem.
Por isso os filhos de Israel não puderam subsistir perante os seus inimigos, viraram as costas diante deles, porquanto se fizeram anátema.
“Não serei mais convosco, se não destruirdes o anátema do meio de vós.” (v. 11, 12).
Deus afirmou que não seria mais com toda a nação por causa do pecado de um único homem.
Em face disso alguém poderia dizer: “Então quando ele poderia ser com a nação já que não poucos sempre pecarão no meio do seu próprio povo?”.
Veja que neste caso se tratava de um pecado específico contra uma determinação direta de Deus para ser cumprida por todos eles.
Pois havia dito que tudo de Jericó deveria ser dedicado a ele, na condição de anátema, isto é, maldição viria sobre o povo no caso de violação do mandamento expressamente ordenado.
Assim, neste caso, não importava se a transgressão fosse de muitos, de poucos, ou até mesmo de uma única pessoa, porque estava determinada uma maldição sobre a nação em caso de transgressão daquela ordem; assim como Adão foi advertido que a sua desobediência, comendo do fruto proibido, traria a morte sobre toda a criação.
Foi o pecado de um só homem, mas por causa dele todos morrem.
Assim, não são os pecados comuns, que também deveriam ser mortificados que podem impedir o avanço do trabalho da Igreja. Mas o pecado em relação às condições específicas estabelecidas por Deus, para o avanço da sua obra.
Por exemplo, se é ordenado a um grupo de crentes ou a toda congregação que siga à risca determinada direção que lhes tenha sido dada por Deus, e caso eles ou um só deles venha a mudar aquela direção, é certo que Deus já não será com eles, enquanto não for feito o devido reparo, assim como dissera a Josué que não seria com eles caso não destruíssem o anátema do seu meio (v 12).
Neste aspecto em nada mudou a Nova Aliança em relação à Antiga, porque aquele que vier a ser pedra de tropeço no meio da Igreja pode ser a causa da queda de muitos, e por isso, como já comentamos antes, os crentes são alertados quanto ao dever de se exortarem mutuamente, para permanecerem fiéis à vontade de Deus.
A co-responsabilidade entre os crentes em relação a tais coisas recomendadas pode ser vista claramente em textos como os destacados a seguir:
“Portanto não nos julguemos mais uns aos outros; antes seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao vosso irmão.” (Rm 14.13).   
“Rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles.” (Rm 16.17).
“não dando nós nenhum motivo de escândalo em coisa alguma, para que o nosso ministério não seja censurado.” (II Cor 6.3).
“Mas qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e se submergisse na profundeza do mar.” (Mt 18.6).
“Ai do mundo, por causa dos tropeços! pois é inevitável que venham; mas ai do homem por quem o tropeço vier! Se, pois, a tua mão ou o teu pé te fizer tropeçar, corta-o, lança-o de ti; melhor te é entrar na vida aleijado, ou coxo, do que, tendo duas mãos ou dois pés, ser lançado no fogo eterno. E, se teu olho te fizer tropeçar, arranca-o, e lança-o de ti; melhor te é entrar na vida com um só olho, do que tendo dois olhos, ser lançado no inferno de fogo.” (Mt 18.7-9).
Podemos observar por estas palavras do Novo Testamento, que nada mudou em relação à exigência de Deus para que o seu povo viva de modo responsável e em santidade perante Ele.
Ao contrário, mais se exige de nós, porque mais se pede a quem mais é dado. E estes exemplos registrados no Velho Testamento, como o que ocorreu com Aça, foram escritos para nossa advertência.
Morreram 36 israelitas por causa do pecado de Acã, e Israel foi sujeitado à vergonha da derrota diante de um inimigo desprezível e pequeno como era a cidade chamada por Ai.
E Deus determinou o modo de se chegar ao culpado lançando sortes por tribos e por famílias, até que se chegasse a ele.
Deus poderia fazê-lo diretamente, mas queria demonstrar o Seu poder em determinar a sorte dos homens, como a indicar que as suas ações sobre a terra não são obra do acaso, mas provenientes de um juízo sábio e determinado dAquele que tudo conhece, até o mais recôndito dos nossos pensamentos.
Acã teria também tempo suficiente para se antecipar à indicação que fatalmente chegaria até ele, mas é provável que fosse um descrente.
Ele não creu no poder de Deus para revelá-lo no meio de uma multidão e nada nos impede de pensar que tenha até mesmo tido a expectativa que a culpa recaísse sobre outra pessoa de modo que saísse ileso de toda aquela situação.
Deste modo, em vez de se arrepender, e contar com um possível favor de Deus em poupar a sua vida, ele se manteve endurecido até o fim.
Josué demonstrou toda a sua longanimidade, de um grande servo de Deus, quando se dirigiu a ele chamando-o de filho, e pedindo que desse glória ao Deus que tudo sabe e que havia revelado quem era o culpado, e assim pediu-lhe também que dissesse o que havia feito.
Ele finalmente confessou que havia  tomado para si parte das coisas dedicadas. E em razão do seu endurecimento, Acã não alcançou nenhuma misericórdia da parte do Senhor e foi ordenado que tanto ele, quanto tudo que lhe pertencia, bem como seus filhos e filhas, fossem apedrejados e queimados, e sobre eles foi colocado um grande montão de pedras como memorial do castigo que viria sobre todos aqueles que transgredissem as ordens de Deus nas campanhas militares que seriam empreendidas em Canaã.
Isto serviria de exemplo para criar temor em todos eles, de modo que soubessem que todo aquele que pecasse deliberadamente contra as ordens de Deus, seria posto a descoberto por Ele, e teria que arcar com as conseqüências da sua transgressão.
Pois como se afirma, pecando o homem contra o homem, Deus poderá ser o seu advogado, mas quem será o advogado daquele que pecar contra o próprio Deus, assim como fizera Acã?      
   É importante pois que saibamos como devemos andar na casa de Deus, especialmente quanto a realizar a obra que nos está designada por Cristo, porque o pecado de sacrilégio, isto é, contra as coisas sagradas, que são dedicadas a Ele e que fazem parte do serviço na Sua casa, são tidos na conta de uma grande transgressão, assim como podemos aprender do caso de Acã.


JOSUÉ 8

“1 Então disse o Senhor a Josué: Não temas, e não te espantes; toma contigo toda a gente de guerra, levanta-te, e sobe a Ai. Olha que te entreguei na tua mão o rei de Ai, o seu povo, a sua cidade e a sua terra.
2 Farás pois a Ai e a seu rei, como fizeste a Jericó e a seu rei; salvo que para vós tomareis os seus despojos, e o seu gado. Põe emboscadas à cidade, por detrás dela.
3 Então Josué levantou-se, com toda a gente de guerra, para subir contra Ai; e escolheu Josué trinta mil homens valorosos, e enviou-os de noite.
4 E deu-lhes ordem, dizendo: Ponde-vos de emboscada contra a cidade, por detrás dela; não vos distancieis muito da cidade, mas estai todos vós apercebidos.
5 Mas eu e todo o povo que está comigo nos aproximaremos da cidade; e quando eles nos saírem ao encontro, como dantes, fugiremos diante deles.
6 E eles sairão atrás de nós, até que os tenhamos afastado da cidade, pois dirão: Fogem diante de nós como dantes. Assim fugiremos diante deles;
7 e vós saireis da emboscada, e tomareis a cidade, porque o Senhor vosso Deus vo-la entregará nas mãos.
8 Logo que tiverdes tomado a cidade, pôr-lhe-eis fogo, fazendo conforme a palavra do Senhor; olhai que vo-lo tenho mandado.
9 Assim Josué os enviou, e eles se foram à emboscada, colocando-se entre Betel e Ai, ao ocidente de Ai; porém Josué passou aquela noite no meio do povo.
10 Levantando-se Josué de madrugada, passou o povo em revista; então subiu, com os anciãos de Israel, adiante do povo contra Ai.
11 Todos os homens armados que estavam com ele subiram e, aproximando-se pela frente da cidade, acamparam-se ao norte de Ai, havendo um vale entre eles e Ai.
12 Tomou também cerca de cinco mil homens, e pô-los de emboscada entre Betel e Ai, ao ocidente da cidade.
13 Assim dispuseram o povo, todo o arraial ao norte da cidade, e a sua emboscada ao ocidente da cidade. Marchou Josué aquela noite até o meio do vale.
14 Quando o rei de Ai viu isto, ele e todo o seu povo se apressaram, levantando-se de madrugada, e os homens da cidade saíram ao encontro de Israel ao combate, ao lugar determinado, defronte da planície; mas ele não sabia que se achava uma emboscada contra ele atrás da cidade.
15 Josué, pois, e todo o Israel fingiram-se feridos diante deles, e fugiram pelo caminho do deserto:
16 Portanto, todo o povo que estava na cidade foi convocado para os perseguir; e seguindo eles após Josué, afastaram-se da cidade.
17 Nem um só homem ficou em Ai, nem em Betel, que não saísse após Israel; assim deixaram a cidade aberta, e seguiram a Israel:
18 Então o Senhor disse a Josué: Estende para Ai a lança que tens na mão; porque eu te entregarei. E Josué estendeu para a cidade a lança que estava na sua mão.
19 E, tendo ele estendido a mão, os que estavam de emboscada se levantaram apressadamente do seu lugar e, correndo, entraram na cidade, e a tomaram; e, apressando-se, puseram fogo à cidade.
20 Nisso, olhando os homens de Ai para trás, viram a fumaça da cidade, que subia ao céu, e não puderam fugir nem para uma parte nem para outra, porque o povo que fugia para o deserto se tornou contra eles.
21 E vendo Josué e todo o Israel que a emboscada tomara a cidade, e que a fumaça da cidade subia, voltaram e feriram os homens de Ai.
22 Também aqueles que estavam na cidade lhes saíram ao encontro, e assim os de Ai ficaram no meio dos israelitas, estando estes de uma e de outra parte; e feriram-nos, de sorte que não deixaram ficar nem escapar nenhum deles.
23 Mas ao rei de Ai tomaram vivo, e o trouxeram a Josué.
24 Quando os israelitas acabaram de matar todos os moradores de Ai no campo, no deserto para onde os tinham seguido, e havendo todos caído ao fio da espada até serem consumidos, então todo o Israel voltou para Ai e a feriu a fio de espada.
25 Ora, todos os que caíram naquele dia, assim homens como mulheres, foram doze mil, isto é, todos os de Ai.
26 Pois Josué não retirou a mão, que estendera com a lança, até destruir totalmente a todos os moradores de Ai.
27 Tão-somente os israelitas tomaram para si o gado e os despojos da cidade, conforme a palavra que o Senhor ordenara a Josué:
28 Queimou pois Josué a Ai, e a tornou num perpétuo montão de ruínas, como o é até o dia de hoje.
29 Ao rei de Ai enforcou num madeiro, deixando-o ali até a tarde. Ao pôr do sol, por ordem de Josué, tiraram do madeiro o cadáver, lançaram-no à porta da cidade e levantaram sobre ele um grande montão de pedras, que permanece até o dia de hoje.
30 Então Josué edificou um altar ao Senhor Deus de Israel, no monte Ebal,
31 como Moisés, servo do Senhor, ordenara aos filhos de Israel, conforme o que está escrito no livro da lei de Moisés, a saber: um altar de pedras brutas, sobre as quais não se levantara ferramenta; e ofereceram sobre ele holocaustos ao Senhor, e sacrificaram ofertas pacíficas.
32 Também ali, na presença dos filhos de Israel, escreveu em pedras uma cópia da lei de Moisés, a qual este escrevera.
33 E todo o Israel, tanto o estrangeiro como o natural, com os seus anciãos, oficiais e juízes, estava de um e de outro lado da arca, perante os levitas sacerdotes que levavam a arca do pacto do Senhor; metade deles em frente do monte Gerizim, e a outra metade em frente do monte Ebal, como Moisés, servo do Senhor, dantes ordenara, para que abençoassem o povo de Israel.
34 Depois leu em alta voz todas as palavras da lei, a bênção e a maldição, conforme tudo o que está escrito no livro da lei.
35 Palavra nenhuma houve, de tudo o que Moisés ordenara, que Josué não lesse perante toda a congregação de Israel, e as mulheres, e os pequeninos, e os estrangeiros que andavam no meio deles.” (Js 8.1-35).

Não estavam Satanás e os demônios em atividade na terra nos dias de Josué?
Certamente que sim.
Então alguém poderia indagar porque  não se interpuseram em favor dos habitantes de Jericó, e agora em favor dos da cidade de Ai para ajudá-los nas batalhas que teriam que empreender contra os israelitas?
Por exemplo, quando Deus disse a Josué que fizesse emboscadas contra a cidade de Ai, porque os oráculos do inferno não revelaram os planos de Deus a eles de modo a que não caíssem na estratégia de guerra que Deus havia ordenado contra eles?
Simplesmente porque quando Deus está lutando a favor do seu povo, as forças do inferno são amarradas, neutralizadas e impedidas pelo Senhor de agir em tudo aquilo que lhes deter.
Por isso Jesus afirma que Ele amarra o valente antes de despojá-lo de suas posses.
Ai, como Jericó estavam totalmente na posse de Satanás, satisfazendo-lhe os desejos malignos com suas perversões e abomináveis práticas idolátricas, mas seriam arrancadas da sua posse, para ser estabelecido o domínio efetivo de Deus em Canaã.
O reino de Deus está sendo estabelecido na terra pela força, no confronto espiritual que há entre as hostes celestiais e as do inferno.
Nada está sendo cedido pelo diabo sem que haja uma luta em que Deus está arrancando pela força tudo aquilo de que ele se apropriou por usurpação, por ter enganado o primeiro casal.
Nada foi criado para pertencer a ele, senão a Cristo. E Cristo, faz prevalecer o seu direito sobre todas as coisas despojando o diabo de tudo aquilo que se encontra em sua posse.
Esta ação de despojar o diabo é realizada pelo próprio Deus, de modo que se exige oração e jejum para expulsar determinadas castas de demônios, como se afirma nos evangelhos: “Respondeu-lhes: Esta casta não sai de modo algum, salvo à força de oração e jejum.” (Mc 9.29).
Por isso era o próprio Deus que estava estabelecendo os planos de guerra para Josué, de modo que não era necessário que se estabelecesse um conselho de guerra para traçar as estratégias que deveriam ser utilizadas.
Aquela guerra contra os habitantes de Canaã era uma figura da guerra espiritual que ocorre nas regiões celestiais: “pois não é contra carne e sangue que temos que lutar, mas sim contra os principados, contra as potestades, conta os príncipes do mundo destas trevas, contra as hostes espirituais da iniqüidade nas regiões celestes.” (Ef 6.12).
E nesta guerra, o próprio Senhor traz a si a responsabilidade de ser o nosso General, e é debaixo das suas ordens e poder, que vencemos o Inimigo de nossas almas.
Quando nos submetemos às ordens de Deus, buscando nEle o poder de sermos mansos, humildes, longânimos, benignos, obedientes, submissos e tudo aquilo que nos tem ordenado em Sua Palavra, é que o Inimigo é despojado de todas aquelas coisas que roubou de nós, não somente em relação a estas coisas ordenadas, quanto à paz, alegria, amor e harmonia em nossos lares, Igrejas, e aonde quer que estejamos.
Este despojo realizado por Deus, daquelas coisas que nos foram dadas gratuitamente em Cristo, e que o diabo e o pecado nos roubaram,  são devolvidas em forma de bênçãos divinas que vêm sobre nós e aqueles que amamos.
Por isso se diz: “Sujeitai-vos, pois, a Deus; mas resisti ao Diabo, e ele fugirá de vós.” (Tg 4.7). E também: “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte; lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque tem cuidado de vós. Sede sóbrios, vigiai. O vosso adversário, o Diabo, anda em derredor, rugindo como leão, e procurando a quem possa tragar; ao qual resisti firmes na fé, sabendo que os mesmos sofrimentos estão-se cumprindo entre os vossos irmãos no mundo.” (I Pe 5.6-9).           
Esta é uma guerra intensa e de muitas batalhas contra o diabo, até que cheguemos à Canaã celestial, e isto deve ser feito com submissão à vontade do Senhor, em vigilância e oração permanentes.
Não se pode ter vitórias sem depender de Deus e buscá-las nEle através da oração, para que especialmente o nosso próprio ego possa ser vencido, para que mortificado o pecado, seja implantado o caráter de Cristo em nós, pois esta é a verdadeira vitória da cruz, a saber, sobre os nossos próprios pecados e falta de completa submissão à vontade do Senhor.   
Um reino de abominações, violência e ódio está sendo substituído progressivamente por um reino de santidade, paz e amor, e será este reino que triunfará completamente quando Cristo vencer o seu e nosso último inimigo, a saber, a morte.
Muitos estavam morrendo em Canaã. Apenas da cidade de Ai foram 12.000 pessoas, de modo que ficasse registrado para sempre que o salário do pecado é a morte.
Morte que foi introduzida no mundo pelo diabo quando tentou e enganou o primeiro casal.
Este será o fim de todos os inimigos de Deus e que não se submetem à Sua vontade.
Todavia, do mesmo modo que Deus preservou Israel, Ele preservará perfeitamente o verdadeiro Israel da morte, que é composto pelas pessoas que são verdadeiramente da fé, e que estão unidas para sempre a Cristo.
Desta forma, importa que Deus seja glorificado em todas as coisas, e por isso, quando Josué voltou da destruição da cidade de Ai, edificou um altar ao Senhor de modo que o Seu nome fosse exaltado, e nenhuma providência foi tomada para se erigir um monumento a Josué ou a quem quer que fosse, senão somente ao Senhor foi tributada toda a honra e glória daquela vitória, e isto foi confirmado pela cópia da lei de Moisés, que foi feita por Josué, na presença de todos, referente à bênção e maldição que deveriam ser pronunciadas nos montes Gerizim e Ebal.
Com isso, demonstrava que não estava sendo estabelecida uma nova ordem em Israel, senão o mero cumprimento de todas as coisas que foram ordenadas por Deus a eles através de Moisés.
É um tipo de obediência e humildade como estas que é honrado por Deus, a saber que se dê atenção e cumprimento a tudo o que nos tem ordenado através dos profetas e apóstolos em sua Palavra, e não àquilo que inventarmos por nossa própria imaginação e conveniência. 
Daí se dizer: “Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, do que a gordura de carneiros.” (I Sm 15.22). 
Acã havia se precipitado em sua própria cobiça e sofreu os danos que lhe sobrevieram como induziu outros a serem prejudicados por causa do seu pecado, porque somente Jericó foi designada como primícias para o Senhor, pois todos os despojos das demais cidades conquistadas deveriam ser repartidos entre o povo (v. 2), conforme prescrições a tal respeito contidas na lei de Moisés. De modo que não podemos ser abençoados nos precipitando e querendo nos apropriar daquilo que é devido a Deus.
Devemos dar a Deus o que é de Deus. E aquilo que também é de Deus será dado a nós conforme a Sua bondade, através dos méritos de Jesus Cristo.
Deus sempre apanha os homens na própria astúcia e sabedoria deles.
Como Josué havia enviado no princípio contra a cidade de Ai um pequeno exército de apenas 3.000 homens, eles não sabiam que havia uma emboscada contra eles empregando agora um exército de 30.000 homens.
Dos quais apenas um número reduzido apresentou-se juntamente com Josué diante da cidade, e pensando que os feririam como da primeira vez, em face daquela tropa reduzida, saíram ao seu encontro, e Josué e seus homens fingindo-se de feridos fugiram deles, de modo que toda a cidade foi convocada a sair contra os israelitas.
Enquanto isto, os homens que estavam emboscados entraram na cidade e a queimaram, e todos os que saíram para pelejar contra Israel foram mortos, enquanto Josué mantinha a sua lança estendida à vista dos seus guerreiros, tal como Moisés havia levantado sua vara no deserto.
O modo correto para prosperar é começar com Deus. Assim como Jesus diz em Mt 6.33: “Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.”.
Por isso, as ações de guerra foram temporariamente suspensas, para se dar a devida adoração e louvor devidos a Deus, quando Josué mandou erigir o altar onde foram apresentados holocaustos e ofertas pacíficas, e quando fez uma cópia da lei de Moisés e ordenou que fossem executadas as determinações relativas ao proferimento da bênção e da maldição nos montes Gerizim e Ebal.
Nunca terá sido tempo desperdiçado pararmos nossas atividades para cultuar a Deus na Igreja, e para orarmos e meditarmos na Sua Palavra.
Ao contrário, o Senhor multiplicará o nosso tempo e nos fará prosperar em tudo que fizermos se procedermos de tal forma.
César terá de nós o que lhe pertence, mas não que sem antes demos a Deus o que pertence a Ele.
Primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e todas as demais coisas devem vir depois disto, pois é o próprio Deus que assim o determina a nós.    


JOSUÉ 9

“1 Depois sucedeu que, ouvindo isto todos os reis que estavam além do Jordão, na região montanhosa, na baixada e em toda a costa do grande mar, defronte do Líbano, os heteus, os amorreus, os cananeus, os perizeus, os heveus, e os jebuseus
2 se ajuntaram de comum acordo para pelejar contra Josué e contra Israel.
3 Ora, os moradores de Gibeão, ouvindo o que Josué fizera a Jericó e a Ai.
4 usaram de astúcia: foram e se fingiram embaixadores, tomando sacos velhos sobre os seus jumentos, e odres de vinho velhos, rotos e recosidos,
5 tendo nos seus pés sapatos velhos e remendados, e trajando roupas velhas; e todo o pão que traziam para o caminho era seco e bolorento.
6 E vieram a Josué, ao arraial em Gilgal, e disseram a ele e aos homens de Israel: Somos vindos duma terra longínqua; fazei, pois, agora pacto conosco.
7 Responderam os homens de Israel a estes heveus: Bem pode ser que habiteis no meio de nós; como pois faremos pacto convosco?
8 Então eles disseram a Josué: Nós somos teus servos. Ao que lhes perguntou Josué: Quem sois vós? e donde vindes?
9 Responderam-lhe: Teus servos vieram duma terra mui distante, por causa do nome do Senhor teu Deus, porquanto ouvimos a sua fama, e tudo o que fez no Egito,
10 e tudo o que fez aos dois reis dos amorreus, que estavam além do Jordão, a Siom, rei de Hesbom, e a Ogue, rei de Basã, que estava em Astarote.
11 Pelo que nossos anciãos e todos os moradores da nossa terra nos falaram, dizendo: Tomai nas mãos provisão para o caminho, e ide-lhes ao encontro, e dizei-lhes: Nós somos vossos servos; fazei, pois, agora pacto conosco.
12 Este nosso pão tomamo-lo quente das nossas casas para nossa provisão, no dia em que saímos para vir ter convosco, e ei-lo aqui agora seco e bolorento;
13 estes odres, que enchemos de vinho, eram novos, e ei-los aqui já rotos; e esta nossa roupa e nossos sapatos já envelheceram em razão do mui longo caminho.
14 Então os homens de Israel tomaram da provisão deles, e não pediram conselho ao Senhor.
15 Assim Josué fez paz com eles; também fez um pacto com eles, prometendo poupar-lhes a vida; e os príncipes da congregação lhes prestaram juramento.
16 Três dias depois de terem feito pacto com eles, ouviram que eram vizinhos e que moravam no meio deles.
17 Tendo partido os filhos de Israel, chegaram ao terceiro dia às cidades deles, que eram Gibeom, Cefira, Beerote e Quiriate-Jearim.
18 Mas os filhos de Israel não os mataram, porquanto os príncipes da congregação lhes haviam prestado juramento pelo Senhor, o Deus de Israel; pelo que toda a congregação murmurava contra os príncipes.
19 Mas os príncipes disseram a toda a congregação: Nós lhes prestamos juramento pelo Senhor, o Deus de Israel, e agora não lhes podemos tocar.
20 Isso cumpriremos para com eles, poupando-lhes a vida, para que não haja ira sobre nós, por causa do juramento que lhes fizemos.
21 Disseram, pois, os príncipes: Vivam. Assim se tornaram rachadores de lenha e tiradores de água para toda a congregação, como os príncipes lhes disseram.
22 Então Josué os chamou, e lhes disse: Por que nos enganastes, dizendo: Mui longe de vós habitamos, morando vós no meio de nós?
23 Agora, pois, sois malditos, e dentre vós nunca deixará de haver servos, rachadores de lenha e tiradores de água para a casa do meu Deus.
24 Respondendo a Josué, disseram: Porquanto foi anunciado aos teus servos que o Senhor teu Deus ordenou a Moisés, seu servo, que vos desse toda esta terra, e destruísse todos os seus moradores diante de vós, temíamos muito pelas nossas vidas por causa de vós, e fizemos isso.
25 E eis que agora estamos na tua mão; faze aquilo que te pareça bom e reto que se nos faça.
26 Assim pois ele lhes fez, e livrou-os das mãos dos filhos de Israel, de sorte que estes não os mataram.
27 Mas, naquele dia, Josué os fez rachadores de lenha e tiradores de água para a congregação e para o altar do Senhor, no lugar que ele escolhesse, como ainda o são.” (Js 9.1-27).

Antes de prosseguirmos em nosso estudo no livro de Josué, cabe a esta altura, em face das várias ações de guerra ordenadas por Deus, que resultaram na morte e extermínio de muitos cananeus, fazer uma rápida reflexão sobre a pergunta se porventura Deus se agrada da violência ou da morte.
A resposta inicial para uma tal pergunta, deve deixar bem claro, logo de início que Deus abomina uma coisa tanto quanto outra, primeiro porque Ele é amor, e em segundo lugar é Deus vivo e de vivos, e não de mortos.
Vale lembrar que o motivo de ter trazido o dilúvio sobre a terra nos dias de Noé deveu-se ao fato de a violência ter-se multiplicado entre os homens.
Então como poderia Deus ter ordenado a execução capital de tantas pessoas?
A resposta é que o princípio de que aquele que usar de violência e gerar a morte terá como paga do seu pecado enfrentar também um juízo igual de morte.
Não que Deus tenha qualquer prazer nisto, como Ele declara através do profeta Ezequiel, que não tem prazer na morte do ímpio. Mas não resta alternativa em face da entrada do pecado no mundo ter trazido em conseqüência a necessidade de uma resposta pela força, para conter o avanço dos atos violentos.
Os cananeus e amorreus que foram exterminados nos dias de Josué ocupavam um território estratégico, que era o corredor do mundo antigo.
Suas práticas abomináveis e violentas eram uma verdadeira escola para todas as nações. E assim, este foi um dos motivos da determinação do seu extermínio, para que aquela má influência fosse substituída por uma influência benéfica, representada na nação de Israel, que teria o encargo de revelar a vontade do Deus santo, justo e amoroso ao mundo.      
Deus passa a ser o Senhor da guerra e a tomar vingança contra os seus inimigos, não porque isto seja parte de Sua natureza amorosa, como se ser bélico e amoroso fosse a mesma coisa.
Ele deve agir belicamente em razão da necessidade de conter o avanço do pecado e o seu domínio total sobre a criação, quer isto se encontre na pessoa de anjos ou de homens.
Onde houver o pecado ele está destinado a ser julgado e condenado a desaparecer em razão do atributo da justiça de Deus, que O leva a estabelecer um juízo sobre os culpados.
Caso não houvesse nenhum pecado, em nenhuma das criaturas de Deus, todo o universo visível e invisível seria uma perfeita harmonia em amor, paz, benignidade, porque é nestas coisas que Deus se apraz, conforme afirma em Sua Palavra.
Tanto isto é verdade, que apesar de as ações de guerra que Davi foi obrigado a empreender em seu tempo, a serviço do próprio Deus, foram o motivo que lhe impediram de construir o templo de Jerusalém, porque Deus declarou acerca dele ser homem sanguinário, isto é, que havia derramado muito sangue, ainda que dos inimigos da causa do amor e da verdade.
É portanto a presença do pecado no mundo que faz com que os juízos de Deus sejam estabelecidos contra os ímpios.
No entanto, cabe destacar que a Palavra está repleta de exemplos, no sentido contrário, do modo como Ele se empenha em livrar os justos dos juízos que são despejados sobre aqueles que andam contrariamente à sua vontade, indicando que não haveria de fato nenhuma morte, e nenhum juízo, caso não houvesse a manifestação do pecado em todas as suas formas abomináveis.
Deve ser destacado que Deus prova que é amor no fato de nos ter amado e dado o Seu Filho por nós, quando ainda éramos ímpios, fracos, pecadores.
Não foi por justos que Ele morreu, mas por ímpios.
Ele se reconcilia com pecadores perdoando todos os seus pecados. E necessitaríamos de uma maior prova relativa ao fato de que Deus é puro e santo amor?
Que não se agrada da morte, mas da vida?
Que tem grande expectativa em ver todas as coisas restauradas pelo estabelecimento final da nova criação que está realizando por meio da redenção que há em Cristo?
Como atribuiríamos qualquer falta ou imperfeição ao amor e mansidão de Deus, já que somos nós os únicos imperfeitos e causadores da manifestação do atributo da Sua ira?
Terá porventura o Senhor prazer em manifestar os Seus juízos condenatórios para sempre?
Claro que não, pois tem estabelecido por isso um dia de juízo final, para pôr um termo a toda lágrima, dor e tristeza que são produzidas em razão do pecado.
Virá o dia em que Ele descansará da obra da sua nova criação, assim como descansou em relação à primeira criação, quando trouxe todas as coisas visíveis à existência.
Então se dirá que tudo é muito bom, porque não existirá mais nenhuma imperfeição no governo de Deus com os homens que O amam e que são também por Ele amados, com um amor perfeito e sem mácula. Aleluia! Ora vem Senhor Jesus!       
Não se pense portanto, que Deus tem prazer na guerra e na morte. Ele não reinará em harmonia sobre estas coisas, senão sobre a paz e a vida eterna, que a propósito, obteve para os pecadores com o preço da própria vida de seu Filho amado, que teve que morrer para vencer a morte, demonstrando que Deus tem prazer na vida e ama a vida, e não tem nenhum prazer na morte, antes a abomina, porque ela é inimiga do Seu propósito na criação.
A existência de magistrados que trazem a espada, como se afirma em Romanos 13.1-5, para castigo dos malfeitores, é um ministério necessário, em razão da existência do pecado no mundo. Caso não houvesse pecado não haveria sequer necessidade de médicos, quanto mais de autoridades militares, policiais e advogados.
Mas, o castigo do pecado ensejou a possibilidade de se exibir a verdade de que Deus abomina o pecado e sujeita a um juízo eterno a todos aqueles que permanecem deliberadamente na sua prática, devendo pois o homem se arrepender e se converter, caso deseje entrar no reino de Deus, que é justiça, alegria e paz no Espírito Santo.
Pois imaginemos a cena de um céu de perfeito amor e harmonia, antes da queda de Satanás e dos anjos. A mais pura harmonia, paz e tudo o que se refere a uma unidade perfeita em amor se encontravam no relacionamento de Deus com todas as suas criaturas morais.
Porém, repentinamente, este quadro foi alterado com a rebelião de Satanás e um terço dos anjos.
Eles revelaram um caráter de cruel e dura oposição ao amor e bondade de Deus.
Eles manifestaram uma furiosa repulsa ao governo de Deus, talvez, pelo motivo da mansidão, ternura, amor, brandura e tudo o mais que torna tão amável a face divina.
Eles confundiram mansidão com fraqueza, e tentaram subverter o governo do céu, tentando ocupar o lugar de Deus.
Imaginemos agora a possível perplexidade de todos os anjos que não caíram em face daquela rebelião que estava acontecendo.
Como agiria e enfrentaria o Deus que é todo amor e bondade aquela situação?
Haveria nele algum atributo para lidar com aquela ferrenha oposição?
Havia. E isto foi demonstrado pela manifestação dos atributos da justiça e da ira divinas.
Não a ira que há no homem caído, que é pecaminosa em quase todas as suas manifestações, porque tem muito de transtorno e sentimentos de ódio e de ressentimento.
Mas a pura e santa ira de Deus que o leva a punir o culpado sem entretanto modificar um só milímetro dos seus atributos de domínio próprio, longanimidade, paz, serenidade, amor e todos os demais atributos que o caracterizam como uma pessoa branda, benigna, bondosa, amorosa.
Nada e ninguém pode produzir qualquer transtorno na paz perfeita que reina em Deus. Ele não se exaspera como os homens. Ele não se altera em descontroles emocionais e temperamentais como os homens. Ele mantém a mais perfeita serenidade enquanto determina e executa os seus juízos.
Esta maneira de exercê-los, enquanto demonstra o Seu grande poder e autoridade, é a base firme em que se sustenta o Seu trono de glória, e traz grande encantamento e admiração aos seres que se encontram debaixo do Seu governo, conhecendo-O nesta Sua capacidade de exercer juízos, enquanto permanece longânimo e compassivo.
Isto tem sido demonstrado abundantemente ao longo da história da redenção e da Sua reconciliação com os pecadores, através de Jesus Cristo, não imputando aos homens as suas transgressões, e perdoando-lhes todos os pecados (II Cor 5.18,19), quando se arrependem e se voltam para Ele, para se entregarem a um viver em comunhão no Seu perfeito amor.
Em seu sermão intitulado “As Torres Caíram mas não Entendemos a Mensagem”, referindo-se à destruição das torres gêmeas do World Trade Center, em 11 de Setembro de 2001, o pastor David Wilkerson afirma que Deus enviou uma mensagem aos Estados Unidos e a todo o mundo através daquela tragédia, como forma de chamada ao arrependimento, para que as nações se convertam de seus pecados (abortos, casamentos de gays, enriquecimento ilícito, etc) e se voltem para Ele, para que vivam e não sejam submetidas ao juízo eterno de fogo que está preparado para todos aqueles que não se converterem dos seus pecados.
Tal como a destruição pelas águas do dilúvio, nos dias de Noé, e de Sodoma e Gomorra, pelo fogo,  nos dias de Abraão, foram e têm sido uma  chamada da misericórdia e amor de Deus aos pecadores de todas as épocas, para que se arrependam de seus pecados e se reconciliem com Ele, através da fé em Jesus e abandono do pecado. 
Nós encontramos na Bíblia expressões que falam sobre a fúria da ira de Deus, sobre o seu ódio contra o pecado, mas isto é uma maneira antropopática de se referir a realidades espirituais, para que possamos entendê-las em nossa limitada compreensão humana, mas isto não significa de modo algum, que haja qualquer ódio em Deus, ou fúria descontrolada, porque de outro modo Ele não poderia ser permanente e perfeitamente em todo o tempo, como de fato é, também compassivo, misericordioso, paciente, longânimo, perdoador, pacífico, como tantas vezes afirma de si mesmo na Bíblia, e como nos ensina a própria lógica racional e a própria natureza das coisas criadas.
Pois não haveria vulcões, maremotos, terremotos, selvageria em animais, caso não tivesse entrado o pecado no mundo.
Foi o pecado que trouxe tudo isto à existência, para sabermos que há um transtorno neste mundo, que ele já não é um lugar perfeito por causa do pecado, e que há conseqüentemente juízos de Deus sobre ele, e haverá, até que sejam criados um novo céu e uma nova terra onde a justiça habitará para sempre.           
Quando Jesus inaugurar, depois do milênio, o seu reino eterno de perfeita justiça e paz na Nova Jerusalém, Ele guardará a toga de Juiz, porque não haverá mais o que ser julgado pois todos os que estiverem debaixo do Seu governo de amor, serão perfeitamente justos e santos. Mas até que este dia chegue, nós veremos e testemunharemos os juízos que Deus tem estabelecido direta e indiretamente contra o pecado, ensinando-nos a abandonarmos o mal, e a praticarmos o bem, conforme é da Sua vontade. 
E é uma coisa maravilhosa, sabermos que Deus nos aceita não por causa das nossas perfeições, mas por causa das perfeições de Cristo, em razão de estarmos associados a Ele.
Isto demonstra uma grande bondade para conosco, apesar das nossas imperfeições. Pois, como seria Deus totalmente irrazoável e itratável ao lidar com os nossos pecados? Como poderíamos atribuir-lhe falta de longanimidade para conosco? Afinal ela tem sido manifestada abundantemente a nós e a todos os pecadores.
Deveríamos nos envergonhar pelo nosso endurecimento diante de tão grande longanimidade e bondade, que nos conduzem ao arrependimento.    
“Nós, porém, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e uma nova terra, nos quais habita a justiça.” (II Pe 3.13).
“E a obra da justiça será paz; e o efeito da justiça será sossego e segurança para sempre.” (Is 32.17). 
 A coligação de reis com o intuito de destruir Israel, que vemos neste nono capitulo de Josué, bem confirma as coisas sobre as quais estamos nos referindo.
Sempre haverá, até que Jesus estabeleça o seu reino de justiça na eternidade, esta luta das forças do Inimigo contra o povo de Deus. E o Senhor sempre se levantará em defesa da justiça e do seu povo, ordenando ações para que afinal o mal não prevaleça sobre a terra.
O Espírito Santo também testemunha através de nós, como nosso Parácleto, dando-nos a palavra certeira e com autoridade na propagação do Evangelho, agindo como nosso defensor e da verdade, ainda que diante de autoridades constituídas, que se coloquem em ordem de batalha contra os interesses do reino de Deus.     
Assim, os juízos sobre os cananeus não eram propriamente dos israelitas, mas de Deus contra o seu pecado. Não porque Israel fosse melhor do que eles na condição de pecadores, mas porque Deus estava usando como espada vingadora o povo que havia formado no Egito para guardar os seus mandamentos.
Tanto isto é verdade, que desde o Velho Testamento, a lei proíbe a vingança pessoal, pois se diz que apenas a Deus pertence a vingança, a retribuição pelo mal praticado.
Isto tem por fim desestimular ações violentas, de modo que no Novo Testamento encontramos exortações como estas: “Toda a amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmia sejam tiradas dentre vós, bem como toda a malícia. Antes sede bondosos uns para com os outros, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.” (Ef 4.31,32).
Isto demonstra qual é pois o verdadeiro caráter de Deus.
Deste modo, ninguém será justificado perante Ele por sua destemperança, crueldade, amargura, ira e coisas como estas dirigidas contra o seu próximo.
De igual forma, voltamos a repetir, que se diz que o fruto do Espírito Santo é: “o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade; a mansidão, o domínio próprio” (Gl 5.22,23), e o que estas coisas têm a ver com violência, assassinatos, roubos, iras, dissensões e coisas como estas?
Afinal, não é dito na lei: “não matarás”, e como Deus se agradaria da morte?
Como teria prazer em ordenar a morte de alguém?
Porém, como dissemos, não lhe resta alternativa, senão trazer juízos de morte sobre a terra, em razão da presença do pecado que produz não apenas a morte física, mas a morte para a qual não há qualquer cura, que é a morte espiritual e eterna. E da qual Deus procura nos livrar ainda que seja necessário usar do expediente da morte física como juízo, para que os pecadores se arrependam e se convertam de seus pecados.
Todavia, se os homens, em face dos juízos de Deus permanecem endurecidos em seus pecados e não se convertem, eles ficarão sujeitos à condenação eterna tipificada na destruição ordenada por Deus dos povos de Canaã.
Em face do conhecimento dos juízos determinados sobre suas as más obras, em vez de arrependimento, eles se coligaram para destruir o povo de Deus como se vê no primeiro versículo deste capítulo de Josué.
E um dos povos da terra de Canaã, os gibeonitas, usou de um estratagema para fugir da destruição determinada, fingindo-se ser uma nação em peregrinação, que estava vindo de uma terra distante.
Os príncipes da congregação fizeram aliança com eles, sem consultarem ao Senhor. E nesta aliança fizeram um tratado de defesa mútua em nome de Deus, de modo, que quando os israelitas souberam a respeito da mentira usada por eles e da aliança que foi feita em nome de Deus, murmuraram contra os príncipes, mas estes alegaram que estavam impedidos de fazerem qualquer coisa contra os gibeonitas em razão da aliança que havia sido feita.
      O erro dos líderes de Israel é destacado pelo autor sagrado: “eles não consultaram ao Senhor” quando fizeram aquela aliança.
E Deus não se antecipou em lhes alertar por meio do ministério de profetas ou por uma revelação direta a Josué, acerca do engano em que estavam caindo.
Josué, por motivo de prudência chegou a perguntar a eles quem eram e de onde vinham. Mas a simples prudência humana de nada nos valerá se não buscarmos a bênção e a direção de Deus.
Em nossa guerra espiritual temos que lutar contra os principados e potestades do diabo, enquanto lembramos que ele é uma serpente ardilosa, sendo o pai da mentira e do engano.
Todas as nossas relações de união e de amizade devem ser primeiro testadas, para que nós possamos depois confiar, para que não nos arrependamos depois, dos acordos que fizermos apressadamente.    
Os gibeonitas professaram que usaram aquele estratagema porque muito temeram o fato de ter o Deus de Israel ordenado a Moisés que desse a terra de Canaã aos israelitas e que fossem destruídos todos os povos da terra, e temeram por suas vidas.
Eles foram sinceros nesta profissão e no que disseram a Josué, nos versos 9 e 10, as seguintes palavras, quando lhes perguntou quem eram eles: “Responderam-lhe: Teus servos vieram duma terra mui distante, por causa do nome do Senhor teu Deus, porquanto ouvimos a sua fama, e tudo o que fez no Egito, e tudo o que fez aos dois reis dos amorreus, que estavam além do Jordão, a Siom, rei de Hesbom, e a Ogue, rei de Basã, que estava em Astarote.”.   
Eles reconheceram o poder de Deus e se dispuseram a se submeter ao Seu poder, colocando-se como servos de Israel, por reconhecerem que o Senhor cumpriria cabalmente os juízos que havia determinado sobre os povos de Canaã.
Eles demonstraram fé na palavra que Deus havia proferido e temeram os Seus juízos, embora tivessem usado de um estratagema para entrar em aliança com Israel e assim serem poupados.
Houve uma mistura de bem e mal na conduta deles. A sua mentira não pode ser justificada e nem ser admitida como um precedente. Nós não devemos praticar o mal para receber o bem. Se eles tivessem renunciado à sua idolatria, e se convertido ao Deus de Israel é bem certo que poderiam contar com o favor do Senhor e seriam poupados das destruições ordenadas, porque elas tinham em vista exatamente punir a falta de arrependimento daquelas nações.
Assim, não necessitariam se valer de nenhum estratagema enganoso para pouparem as suas vidas.    
De igual modo, ainda hoje, a forma de uma pessoa ser abençoada verdadeiramente pelo Senhor é se arrependendo de seus pecados e se voltando para Deus, e não tentando se valer de lenitivos para prolongar a sua vida na terra, porque um dia, todos terão que enfrentar o juízo divino.
A lei relativa à destruição dos cananitas tinha em vista prevenir a contaminação dos israelitas com as idolatrias deles (Dt 7.4). Mas se os gibeonitas renunciaram à sua idolatria, e se tornaram amigos e servos da casa de Deus, aceitando o serviço de serem rachadores de lenha e apanhadores de água para o tabernáculo, então o perigo foi efetivamente prevenido, e a razão de ser da lei cessou por conseguinte, em relação a eles.
Isto mostra portanto, que a conversão dos pecadores prevenirá a sua ruína futura, e  serão resgatados da maldição da lei, por meio desta conversão, que é garantida pela morte de Cristo.   
Aquela aliança de Israel com os gibeonitas foi feita com juramento pelo nome do Deus de Israel e não de nenhuma das divindades de Canaã.
Aquele que jura pelo Senhor, fica obrigado ao juramento que fez, porque Deus cobrará aquilo que juramos ou votamos com os nossos lábios.
Por isso se diz que é melhor não votar do que votar e não cumprir, porque o Senhor considerará o que prometemos fazer com o dito dos nossos lábios.
Ele não permitirá ser escarnecido ou zombado ainda que tenha sido um dito irrefletido.
Se vivemos numa sociedade em que a palavra do homem não tem nenhum valor, no entanto, não se dá tal caso em relação a Deus, porque aquilo que prometemos fazer será cobrado por Ele de nós e Ele exigirá que cumpramos a nossa palavra, para que aprendamos a ser pessoas cujo sim signifique sim, e cujo não signifique não, de modo que sejamos achados verdadeiros e não mentirosos, porque toda mentira procede do maligno.   
 A violação desta aliança com os gibeonitas nos dias do rei Saul trouxe juízos sobre os israelitas da casa daquele rei, como forma de compensação da violação que ele fizera do juramento que havia sido feito nos dias de Josué (II Sm 21). 

E nós veremos no capítulo seguinte (Js 10) que Deus honrou esta aliança que foi feita, dando uma grande vitória aos israelitas quando estes agiram em defesa dos gibeonitas.  

Um comentário:

  1. Graça e paz!
    Há alguns meses descobri seu blog e desde então tenho feito meus devocionais diários com a ajuda de seus estudos.
    Deus abençoe o irmão por compartilhar do que Deus o tem ensinado. Minhas leituras bíblicas tem sido bastante enriquecidas e frutíferas.

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