quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Malaquias - cap 1 e 2



Malaquias 1

“1 A palavra do Senhor a Israel, por intermédio de Malaquias.
2 Eu vos tenho amado, diz o Senhor. Mas vós dizeis: Em que nos tens amado? Acaso não era Esaú irmão de Jacó? diz o Senhor; todavia amei a Jacó,
3 e aborreci a Esaú; e fiz dos seus montes uma desolação, e dei a sua herança aos chacais do deserto.
4 Ainda que Edom diga: Arruinados estamos, porém tornaremos e edificaremos as ruínas; assim diz o Senhor dos exércitos: Eles edificarão, eu, porém, demolirei; e lhes chamarão: Termo de impiedade, e povo contra quem o Senhor está irado para sempre.
5 E os vossos olhos o verão, e direis: Engrandecido é o Senhor ainda além dos termos de Israel.
6 O filho honra o pai, e o servo ao seu amo; se eu, pois, sou pai, onde está a minha honra? e se eu sou amo, onde está o temor de mim? diz o Senhor dos exércitos a vós, ó sacerdotes, que desprezais o meu nome. E vós dizeis: Em que temos nós desprezado o teu nome?
7 Ofereceis sobre o meu altar pão profano, e dizeis: Em que te havemos profanado? Nisto que pensais, que a mesa do Senhor é desprezível.
8 Pois quando ofereceis em sacrifício um animal cego, isso não é mau? E quando ofereceis o coxo ou o doente, isso não é mau? Ora apresenta-o ao teu governador; terá ele agrado em ti? ou aceitará ele a tua pessoa? diz o Senhor dos exércitos.
9 Agora, pois, suplicai o favor de Deus, para que se compadeça de nós. Com tal oferta da vossa mão, aceitará ele a vossa pessoa? diz o Senhor dos exércitos.
10 Quem dera, que entre vós houvesse até um que fechasse as portas para que não acendesse debalde o fogo do meu altar. Eu não tenho prazer em vós, diz o Senhor dos exércitos, nem aceitarei oferta da vossa mão.
11 Mas desde o nascente do sol até o poente é grande entre as nações o meu nome; e em todo lugar se oferece ao meu nome incenso, e uma oblação pura; porque o meu nome é grande entre as nações, diz o Senhor dos exércitos.
12 Mas vós o profanais, quando dizeis: A mesa do Senhor é profana, e o seu produto, isto é, a sua comida, é desprezível.
13 Dizeis também: Eis aqui, que canseira! e o lançastes ao desprezo, diz o Senhor dos exércitos; e tendes trazido o que foi roubado, e o coxo e o doente; assim trazeis a oferta. Aceitaria eu isso de vossa mão? diz o Senhor.
14 Mas seja maldito o enganador que, tendo animal macho no seu rebanho, o vota, e sacrifica ao Senhor o que tem mácula; porque eu sou grande Rei, diz o Senhor dos exércitos, e o meu nome é temível entre as nações.”

No original hebraico, encontramos para o início do primeiro versículo de Malaquias “massau dabar Jeová”, que significa literalmente, “fardo da Palavra de Jeová”.
A palavra massau no hebraico significa peso, fardo, carga.
Apesar de omitida na nossa versão, consta na maior parte das versões bíblicas. E é importante que seja considerada porque a Palavra do Senhor para Israel não era como a dos falsos profetas, que era como palha, mas algo que tinha peso, consistência, como o grão, porque não tinha em vista tornar as coisas fáceis para o seu povo, ou fazer comichões em seus ouvidos, senão expor-lhes toda a verdade, tanto a relativa a Deus, quanto à deles, especialmente, quanto aos seus pecados.
A profecia escrita do Velho Testamento seria fechada com Malaquias, e não seria portanto de se esperar que a sua mensagem não contivesse o mesmo vigor dos profetas que lhe haviam antecedido e que protestaram veementemente contra as apostasias de Israel.
Os profetas eram levantados por Deus especialmente nos tempos de crise, e especialmente quando Israel dava as costas para Ele.  
Não podemos esquecer que Malaquias profetizou muito tempo depois de Ageu e Zacarias, que haviam sido levantados por Deus nos dias de Zorobabel, quando os judeus haviam retornado do cativeiro em Babilônia, para a Palestina.
Por meio de Malaquias, Deus reafirmaria a promessa do envio do Messias, mas, para tanto, Israel deveria guardar a Lei que havia recebido desde os dias de Moisés, e andar nos Seus caminhos.
Como a profecia de Malaquias tinha em vista especialmente este caráter de confirmar os judeus na esperança messiânica, então o teor de sua profecia é eminentemente judaico, porque eles ficariam sem novas revelações da parte de Deus, por seus profetas, por cerca de 400 anos – chamado período interbíblico.   
Não é portanto para nos surpreendermos que ainda nos dias de Malaquias fossem reafirmadas muitas das ordenanças típicas da Antiga aliança, para serem guardadas pelos judeus, porque importava que aquela aliança vigorasse até que Jesus viesse. 
Assim, apesar de ter passado muito tempo  desde Ageu e Zacarias, a vontade de Deus não havia mudado em um só til em tudo o que havia ordenado ao povo através de Moisés.
Na verdade, a Sua vontade jamais mudará, e Jesus deixou isto registrado de modo muito claro quando disse que nem um só jota ou til passarão da Lei até que tudo se cumpra. O que Ele quis afirmar com isto, senão a vontade imutável de Deus?
Erram portanto, aqueles que consideram a Bíblia uma teologia ultrapassada, e tentam criar uma nova doutrina, que esteja ajustada à mentalidade do homem moderno. A mensagem do evangelho jamais mudará, porque são palavras de vida, e vida eterna. 
 Isto aprendemos em Malaquias, que estando há mais de mil anos depois de Moisés, protestou contra o povo de Israel, da parte de Deus, nos mesmos termos que Moisés havia feito, e todos os profetas que haviam sido levantados depois dele.
A Palavra que Deus tem proferido para vigorar em cada dispensação jamais será revogada por Ele, e faríamos bem, portanto, em dar-lhe a devida atenção e consideração, para o bem de nossas próprias almas.
As prescrições cerimoniais para o culto de adoração no Velho Testamento foram removidas por Deus, pela Sua própria autoridade, desde que institui uma nova aliança por meio de Jesus Cristo, mas ele manteve todos os deveres morais prescritos na Lei, cujo cumprimento pelos cristãos fazem também parte da adoração que é requerida por Ele.  
As ordenanças de adoração de caráter cerimonial do Velho Testamento duraram até a vinda de Cristo, e por isso é dito que o fim da lei é Cristo em Rom 10.4.
Aquelas ordenanças ensinavam em figura tudo aquilo que se cumpriu em nosso Senhor Jesus Cristo, pois que haviam sido estabelecidas para este fim mesmo.  
Então, especialmente neste sentido “a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, para que fôssemos justificados pela fé. Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio." Gál 3.24,25.
Deus é o Grande e Eterno Legislador de todo o universo. No entanto, fala ao Seu povo, não como um juiz togado, que Ele é para os ímpios, mas como um pai de amor.
Por isso lembrou Israel, através de Malaquias, que lhes havia amado desde que os escolhera na pessoa de Jacó, a quem havia amado e separado para formar o seu povo a partir dele.  
Eles poderiam entender isto quanto ao modo diferenciado que havia tratado Israel em relação aos edomitas (descendentes de Esaú, irmão de Jacó).
Quando rejeitou a Esaú, havia rejeitado aos edomitas, e lhes deu por herança aos chacais do deserto, fazendo dos seus montes uma desolação, porque Esaú e sua descendência lhe haviam desprezado, conforme Ele havia conhecido em sua Presciência.  
Na ocasião do proferimento desta profecia por Malaquias, o povo de Edom já havia sido destruído pelos babilônios, mas os israelitas permaneciam como povo em sua própria terra, como sendo um sinal do amor providente e cuidadoso de Deus por eles.     
Ainda que os remanescentes de Edom se dispusessem a se reerguerem de sua ruína, o Senhor afirmou por meio de Malaquias, que caso edificassem Ele demoliria, para demonstrar a Sua ira eterna contra eles. 
Um grande amor como o que o Senhor tem pelo Seu povo é digno de ser plenamente correspondido.
Todavia, o que estava fazendo Israel?
Estavam Lhe honrando como Pai, assim como um filho honra a seu pai? Estavam Lhe dando a honra de Senhor, assim como um servo teme ao seu amo? Não. E tal repreensão se aplica principalmente ao sacerdotes de Israel que haviam desprezado o nome do Senhor (v. 6)
Eles julgavam ser um ato de reverência, o simples fato de não pronunciarem o nome sagrado YWHW, cuja pronúncia se perdeu, e que chamamos de JEOVÁ, numa tentativa incerta de nos aproximarmos da pronúncia original.
Ensinados pelos sacerdotes, através dos séculos, os israelitas liam, conforme fazem até hoje, o nome YWHW (Jeová) como Adonai, que significa Senhor, no hebraico.
Mas Deus protestou pelo profeta que a honra do Seu nome é muito mais do que isto. Não tomar o seu nome em vão, não é uma simples omissão de pronúncia, mas um viver obediente à Sua vontade, demonstrada sobretudo na guarda dos Seus mandamentos.
Portanto, para ilustrar este ponto, protestou contra os sacerdotes que pensavam não estarem desprezando o Seu nome, que eles o faziam, quando deixavam de apresentar as ofertas, na forma como estava prescrita na Lei de Moisés.
Não, pelo mero cumprimento cerimonial e ritualístico, mas pela compreensão do significado daqueles atos, que apontavam para a santidade de vida exigida por Deus, e pela consagração do melhor que temos para Ele. 
Para lhes convencer da irreverência e da maldade das suas ações, o Senhor fez uma comparação, dizendo se porventura apresentavam o pior que possuíam aos seus governantes terrenos?
Eles tinham temor para com os homens (o que se deve ter, dando honra a quem é devido honra), mas não tinham nenhum temor para com Deus.
Quando a intenção é a de apresentar uma oferta de maneira inaceitável, as nossas próprias pessoas não são aceitas por Deus, tal como não são aceitas pelos próprios homens, que estão constituídos como líderes sobre nós.       
Como Israel poderia ser aceito por Deus, e achar o Seu favor com a apresentação de ofertas inaceitáveis, que não eram dadas conforme o que estava prescrito na Lei, e sem qualquer temor no coração?  
O Senhor lamentou não ter achado um só entre eles que fechasse as portas por um reto procedimento, de forma que o fogo do altar não fosse acendido em vão. Deus tinha perdido o prazer no Seu povo, por causa disso, e nem aceitaria tais ofertas de animais com defeitos que eles vinham apresentando (v. 10 - 14).
Enquanto durasse o Velho Testamento, eles estavam obrigados ao exato cumprimento de todas aquelas prescrições cerimoniais que lhes haviam sido dadas através da mediação de Moisés.






Malaquias 2

“1 Agora, ó sacerdotes, este mandamento é para vós.
2 Se não ouvirdes, e se não propuserdes no vosso coração dar honra ao meu nome, diz o Senhor dos exércitos, enviarei a maldição contra vós, e amaldiçoarei as vossas bênçãos; e já as tenho amaldiçoado, porque não aplicais a isso o vosso coração.
3 Eis que vos reprovarei a posteridade, e espalharei sobre os vossos rostos o esterco, sim, o esterco dos vossos sacrifícios; e juntamente com este sereis levados para fora.
4 Então sabereis que eu vos enviei este mandamento, para que o meu pacto fosse com Levi, diz o Senhor dos exércitos.
5 Meu pacto com ele foi de vida e de paz; e eu lhas dei para que me temesse; e ele me temeu, e assombrou-se por causa do meu nome.
6 A lei da verdade esteve na sua boca, e a impiedade não se achou nos seus lábios; ele andou comigo em paz e em retidão, e da iniqüidade apartou a muitos.
7 Pois os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens procurar a instrução, porque ele é o mensageiro do Senhor dos exércitos.
8 Mas vós vos desviastes do caminho; a muitos fizestes tropeçar na lei; corrompestes o pacto de Levi, diz o Senhor dos exércitos.
9 Por isso também eu vos fiz desprezíveis, e indignos diante de todo o povo, visto que não guardastes os meus caminhos, mas fizestes acepção de pessoas na lei.
10 Não temos nós todos um mesmo Pai? não nos criou um mesmo Deus? por que nos havemos aleivosamente uns para com outros, profanando o pacto de nossos pais?
11 Judá se tem havido aleivosamente, e abominação se cometeu em Israel e em Jerusalém; porque Judá profanou o santuário do Senhor, o qual ele ama, e se casou com a filha de deus estranho.
12 O Senhor extirpará das tendas de Jacó o homem que fizer isto, o que vela, e o que responde, e o que oferece dons ao Senhor dos exércitos.
13 Ainda fazeis isto: cobris o altar do Senhor de lágrimas, de choros e de gemidos, porque ele não olha mais para a oferta, nem a aceitará com prazer da vossa mão.
14 Todavia perguntais: Por que? Porque o Senhor tem sido testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, para com a qual procedeste deslealmente sendo ela a tua companheira e a mulher da tua aliança.
15 E não fez ele somente um, ainda que lhe sobejava espírito? E por que somente um? Não é que buscava descendência piedosa? Portanto guardai-vos em vosso espírito, e que ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade.
16 Pois eu detesto o divórcio, diz o Senhor Deus de Israel, e aquele que cobre de violência o seu vestido; portanto cuidai de vós mesmos, diz o Senhor dos exércitos; e não sejais infiéis.
17 Tendes enfadado ao Senhor com vossas palavras; e ainda dizeis: Em que o havemos enfadado? Nisto que dizeis: Qualquer que faz o mal passa por bom aos olhos do Senhor, e desses é que ele se agrada; ou: Onde está o Deus do juízo?”

De todas as doze tribos de Israel, Deus havia separado a tribo de Levi para o exercício do sacerdócio; para o serviço do santuário e para o ensino da lei em todo Israel; de sorte que a Levi não foi designado um território específico como herança em Canaã, senão cidades em todas as tribos. 
Neste capítulo de Malaquias, Deus protesta contra a violação do pacto que havia feito com Levi, de ser Ele próprio, a herança deles, para que conduzissem Israel no conhecimento e na obediência da Sua vontade.
Mas os levitas, especialmente os sacerdotes, dentre eles, haviam falhado na missão que lhes havia sido dada.
Enquanto os sacerdotes não se dispusessem em seus corações a darem honra ao nome do Senhor, não poderiam, de modo algum, cumprir o que lhes havia sido designado.
De modo, que foram ameaçados com maldições pelo Senhor caso continuassem endurecidos (v. 2). 
A posteridade deles seria reprovada e Deus espalharia sobre os rostos deles o esterco dos sacrifícios que Lhe apresentavam, e com ele seriam levados para fora, a saber, seriam expulsos do seu ofício (v. 3 - isto ocorreu nos dias de Antíoco Epifânio, e principalmente quando os israelitas foram expulsos por todo o mundo pelos romanos). 
O pacto que o Senhor fizera com Levi não fora no entanto, para a morte e para a destruição, senão para a vida e para a paz de Seu povo, porque cabia à referida tribo ensinar às demais, o temor devido ao Senhor, e os lábios do sacerdote deveriam guardar o conhecimento de Deus, e da sua boca os homens deveriam procurar a instrução, porque foram levantados para serem os mensageiros do Senhor (v. 4 a 7).  
Contudo, os levitas, e dentre eles os sacerdotes, haviam se desviado do caminho e fizeram com que muitos tropeçassem na Lei, corrompendo o pacto que o Senhor havia feito com eles (v. 8).
Deus tinha portanto, um juízo com eles, e lhes tornaria desprezíveis e indignos diante de todo o povo de Israel, porque não guardaram os Seus caminhos, antes, fizeram acepção de pessoas na lei (v. 9).   
O sacerdócio em Israel era altamente honrado, mas como haviam desonrado ao Senhor, Ele faria com que também fossem desonrados.
O mesmo sucede aos ministros do evangelho, que são levantados por Deus e não lhe dão a devida honra. Eles são expostos aos olhos do povo cristão em desonra, pelo próprio Deus.
 A partir do verso 10 a profecia se dirige a todos os israelitas, e não apenas aos levitas e sacerdotes.
Deus protestou contra a profanação do Seu santuário, não propriamente por causa do pecado de sacrilégio (contra as coisas sagradas do templo), mas por causa da religiosidade superficial, externa e falsa. A verdadeira religião é do coração, e por uma sincera guarda dos mandamentos de Deus.
Nesta passagem de Malaquias, o Senhor protestou contra a falsa religiosidade, dizendo que não levava em conta as lágrimas, os choros e os gemidos com que o povo cobria o Seu altar, porque não olhava mais para a oferta deles e nem a aceitava mais com prazer (v. 13) porque não estavam dando a devida honra à instituição do matrimônio (v. 14 a  16).
O Senhor declarou expressamente pelo profeta que não aceitava a deslealdade do marido para com sua esposa, porque tinha feito uma aliança com ela e com Ele.     
A infidelidade conjugal foi claramente reprovada (v. 15) e Deus declarou no verso 16 que Ele detesta o divórcio e a violência.  
Deus estava enfadado com as palavras de Israel que denotavam que Ele não julga o mal, e que aquele que praticava o mal passava por bom aos olhos do Senhor, e que era desses, segundo eles, que Ele se agradava.
Eles julgavam errado, por desconhecerem a longanimidade de Deus, que abrevia, mas que não suspende o juízo. Ele é tardio em se irar, e por isso pode parecer a muitos que não está julgando a ninguém e nenhum mal que é praticado na terra.

Os que perguntam ironicamente como os israelitas dos dias de Malaquias: “onde está o Deus do juízo?”, haverão de encontrá-lO no dia do grande juízo final em que prestarão contas não somente de seus atos como de toda palavra ociosa que proferiram.

Nenhum comentário:

Postar um comentário