quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Salmos 28, 29, 31 e 32

SALMO 28 – Salmo de Davi

Sendo rei, e antes mesmo de ser rei, tendo vivido na corte do pérfido Saul, Davi conhecia muito bem, não por praticar, mas por ver nas vidas dos cortesãos, o que era a perversidade, especialmente das dissimulações daqueles que falam de paz ao seu próximo, enquanto tramam perversidades em seus corações contra ele.
Num mundo de lobos, temos que pedir ao Senhor, tal como Davi, que ouça as nossas súplicas por socorro, para que não sejamos arrastados pela maldade dos ímpios. Não devemos nos vingar a nós mesmos em nenhuma situação, mas devemos dar lugar à ira de Deus, que prometeu tomar em Suas mãos as nossas causas, e nos vingar, Ele mesmo, dos nossos inimigos. Ainda que nada lhes sobrevenha diretamente da parte de Deus neste mundo, a destruição deles é certa, e terão que prestar contas ao Senhor de todos os seus atos, no dia do Juízo Final. Nenhum cristão que esteja sofrendo injustamente neste mundo, tem portanto, motivo para concentrar a sua atenção ou preocupação naqueles que lhe perseguem ou que intentam o mal contra as suas vidas, como paga do bem que deles recebem, ou por causa do seu bom testemunho em Cristo, mas devem concentrar seus pensamentos e atenção somente no Senhor, porque é dEle que virá o seu livramento. Davi chama por isso o Senhor de sua força e escudo. Força para agir contra o mal, e escudo para nos proteger das suas maldades.    

“A ti clamo, ó SENHOR; rocha minha, não sejas surdo para comigo; para que não suceda, se te calares acerca de mim, seja eu semelhante aos que descem à cova. Ouve-me as vozes súplices, quando a ti clamar por socorro, quando erguer as mãos para o teu santuário.  Não me arrastes com os ímpios, com os que praticam a iniquidade; os quais falam de paz ao seu próximo, porém no coração têm perversidade. Paga-lhes segundo as suas obras, segundo a malícia dos seus atos; dá-lhes conforme a obra de suas mãos, retribui-lhes o que merecem.  E, visto que não atentam para os feitos do SENHOR, nem para o que as suas mãos fazem, ele os derribará e não os reedificará.  Bendito seja o SENHOR, porque me ouviu as vozes súplices!  O SENHOR é a minha força e o meu escudo; nele o meu coração confia, nele fui socorrido; por isso, o meu coração exulta, e com o meu cântico o louvarei.  O SENHOR é a força do seu povo, o refúgio salvador do seu ungido.  Salva o teu povo e abençoa a tua herança; apascenta-o e exalta-o para sempre.” 


SALMO 29 – Salmo de Davi

Todos os filhos de Deus têm uma grande dívida para com Ele, a qual deve ser paga com adoração verdadeira, em santidade, em espírito. Ele deve ser amado com todas as nossas forças, ou seja, com todo o empenho da nossa mente e espírito, em cumprimento da Sua vontade. Devemos pagar-lhe o tributo da devida glorificação do Seu nome, praticando obras de justiça diante de todos os homens, especialmente por lhes pregar o evangelho, para que o Seu nome seja glorificado, pelas obras poderosas que Ele realizar na presença deles por nosso intermédio. Para tais boas obras é necessário ouvir o que o Espírito diz às igrejas. É preciso ouvir a poderosa voz do Senhor, que está representada em figura nos fenômenos da natureza que produzem fortes sons como por exemplo os trovões e as ondas do mar. Com a liberação da Palavra de ordem o Senhor não somente pode destruir, como também gerar vida. Ele pode purificar como fogo. Ele sobre tudo preside e se nossos ouvidos espirituais estiverem apurados nós ouviremos a Sua poderosa voz, e automaticamente  diremos: Glória! A teologia do silêncio permanente como forma de expressar reverência a Deus, não se sustenta nos corações daqueles que tal como Davi, ouvem a voz do Senhor, porque não podem conter o mover que o Espírito produz no interior deles, e o traduzirão em brados de glórias e aleluias a Deus.    

“Tributai ao SENHOR, filhos de Deus, tributai ao SENHOR glória e força. Tributai ao SENHOR a glória devida ao seu nome, adorai o SENHOR na beleza da santidade. Ouve-se a voz do SENHOR sobre as águas; troveja o Deus da glória; o SENHOR está sobre as muitas águas.  A voz do SENHOR é poderosa; a voz do SENHOR é cheia de majestade.  A voz do SENHOR quebra os cedros; sim, o SENHOR despedaça os cedros do Líbano.  Ele os faz saltar como um bezerro; o Líbano e o Siriom, como bois selvagens. A voz do SENHOR despede chamas de fogo.  A voz do SENHOR faz tremer o deserto; o SENHOR faz tremer o deserto de Cades. A voz do SENHOR faz dar cria às corças e desnuda os bosques; e no seu templo tudo diz: Glória! O SENHOR preside aos dilúvios; como rei, o SENHOR presidirá para sempre.  O SENHOR dá força ao seu povo, o SENHOR abençoa com paz ao seu povo.” 


SALMO 31 – Salmo de Davi

Temos aqui mais uma das orações modelares de Davi que ele costumava fazer quando se encontrava debaixo de aflições e de angústias. Faríamos bem em seguir-lhe os passos toda vez em que nos encontramos nas mesmas condições que ele havia experimentado, quando por causa do Seu amor pelo Senhor, muitos lhe armavam laços às ocultas, e nas quais sempre fazia do Senhor a sua fortaleza, e entregava o seu espírito nas Suas mãos para ser livrado.  Ele sabia perfeitamente que era uma coisa vã recorrer a ídolos para receber livramento. Ao contrário, os laços aumentariam, porque Deus abomina os que adoram ídolos. Sua confiança estava colocada inteiramente no Deus invisível cuja vontade está revelada na Bíblia. Ele somente se alegrava e se regozijava quando o Senhor lhe manifestava a Sua benignidade livrando-o das mãos dos inimigos, que angustiavam e afligiam a sua alma, e firmando os seus pés num lugar espiritual espaçoso, em que já não podia mais estar sendo oprimido em sua alma. Tal era a fidelidade de Davi caminhando em retidão com o Senhor que o diabo tinha uma fome de devorar a sua alma justa muito maior do que a fome que nós temos de pão. Davi e o testemunho de sua vida era um espinho na carne de Satanás, porque por ele, Deus podia calar o diabo com os seus argumentos até mesmo para cristãos, que uma vida de santidade plena com Deus é algo impossível, levando muitos destes portanto, a duvidarem até mesmo da real existência de Deus. Mas o testemunho de Davi era um cala boca nos argumentos do diabo, e ele tentaria então tirar a sua vida por todos os modos e meios, ou então levá-lo a um tal desespero em que já não fosse possível manter o mesmo testemunho de retidão, santidade, amor e prática da verdade. Todavia ele não podia levar vantagem sobre Davi, levantando exércitos contra ele, conspiradores, e toda sorte de perseguidores, porque ele sempre, se voltava para buscar socorro no Senhor, por maior que fosse a angústia da sua alma, tal como a que ele expressa neste salmo. A misericórdia do Senhor para com ele era tão grande, que mesmo quando Davi chegava a desesperar da vida, pensando que Ele lhe havia abandonado, e que seria destruído por seus inimigos, o Senhor sempre se manifestava no fim, dando-lhe livramento. De modo que a sua fé nEle, na Sua bondade e misericórdia, aumentava cada vez mais, pois via como Ele envergonhava os perversos, e emudecia os lábios mentirosos que falam insolentemente contra o justo, com arrogância e desdém. Davi aprendeu que Deus sempre age assim com aqueles que se refugiam nEle. Por isso Davi conclama todos os que são santos a amarem ao Senhor, porque Ele preserva os fiéis para Si, para que o amem e o sirvam, mas retribui com largueza o soberbo com os Seus juízos. Os que amam o Senhor devem portanto buscar estarem fortalecidos com a Sua graça, e terem o coração revigorado por Ele, para que o sirvam do único modo pelo qual Ele é digno de ser servido e amado.      
    
“Em ti, SENHOR, me refugio; não seja eu jamais envergonhado; livra-me por tua justiça.  Inclina-me os ouvidos, livra-me depressa; sê o meu castelo forte, cidadela fortíssima que me salve.  Porque tu és a minha rocha e a minha fortaleza; por causa do teu nome, tu me conduzirás e me guiarás.  Tirar-me-ás do laço que, às ocultas, me armaram, pois tu és a minha fortaleza. Nas tuas mãos, entrego o meu espírito; tu me remiste, SENHOR, Deus da verdade. Aborreces os que adoram ídolos vãos; eu, porém, confio no SENHOR. Eu me alegrarei e regozijarei na tua benignidade, pois tens visto a minha aflição, conheceste as angústias de minha alma  e não me entregaste nas mãos do inimigo; firmaste os meus pés em lugar espaçoso. Compadece-te de mim, SENHOR, porque me sinto atribulado; de tristeza os meus olhos se consomem, e a minha alma e o meu corpo.  Gasta-se a minha vida na tristeza, e os meus anos, em gemidos; debilita-se a minha força, por causa da minha iniquidade, e os meus ossos se consomem.  Tornei-me opróbrio para todos os meus adversários, espanto para os meus vizinhos e horror para os meus conhecidos; os que me veem na rua fogem de mim.  Estou esquecido no coração deles, como morto; sou como vaso quebrado.  Pois tenho ouvido a murmuração de muitos, terror por todos os lados; conspirando contra mim, tramam tirar-me a vida.  Quanto a mim, confio em ti, SENHOR. Eu disse: tu és o meu Deus.  Nas tuas mãos, estão os meus dias; livra-me das mãos dos meus inimigos e dos meus perseguidores.  Faze resplandecer o teu rosto sobre o teu servo; salva-me por tua misericórdia.  Não seja eu envergonhado, SENHOR, pois te invoquei; envergonhados sejam os perversos, emudecidos na morte.  Emudeçam os lábios mentirosos, que falam insolentemente contra o justo, com arrogância e desdém.  Como é grande a tua bondade, que reservaste aos que te temem, da qual usas, perante os filhos dos homens, para com os que em ti se refugiam!  No recôndito da tua presença, tu os esconderás das tramas dos homens, num esconderijo os ocultarás da contenda de línguas.  Bendito seja o SENHOR, que engrandeceu a sua misericórdia para comigo, numa cidade sitiada!  Eu disse na minha pressa: estou excluído da tua presença. Não obstante, ouviste a minha súplice voz, quando clamei por teu socorro.  Amai o SENHOR, vós todos os seus santos. O SENHOR preserva os fiéis, mas retribui com largueza ao soberbo.  Sede fortes, e revigore-se o vosso coração, vós todos que esperais no SENHOR.” 


SALMO 32 – Salmo de Davi

Este Salmo revela simultaneamente a bem-aventurança já alcançada de uma vez para todo o sempre quando se é justificado pelo Senhor, quando Ele perdoa o nosso pecado para sempre por causa de Jesus Cristo.
De modo que em vez de nos atribuir, imputar iniquidade, Ele nos atribui a justiça do próprio Cristo, para que sejamos justificados, isto é, declarados justos, absolvidos de nossas culpas perante Ele, para todo o sempre.
Todavia, mesmo naqueles que alcançam tal bem-aventurança, simplesmente pela fé, assim como era o caso de Davi, ele cita o seu próprio exemplo, quando deixou de confessar seus pecados ao Senhor.
Ele usa uma metáfora forte para poder expressar os sentimentos que o dominavam naquela condição.
Ele diz que era como que os seus ossos tivessem envelhecido, ou seja, ele perdeu o seu vigor e força, por causa da tristeza profunda que o pecado produzia todos os dias no seu coração.
Debaixo dos seus pecados não confessados, ele sentia a mão de Deus não como mão consoladora, mas como uma mão corretiva e disciplinadora, que estava sobre ele dia e noite, tirando-lhe todo o vigor espiritual.
Todavia, ele sabia que estas tristezas produzidas por Deus são para conduzir ao arrependimento, que trará de volta a alegria e a paz espirituais que haviam sido perdidas.
Por isso se dispôs a confessar o seu pecado e não mais ocultar a sua iniquidade de Deus.
Ele o fizera e foi perdoado pelo Senhor.
Veja que ele está falando de alguém que já havia sido justificado, de alguém que chamou de homem piedoso, o qual sempre fará súplicas ao Senhor para encontrá-lo, porque aquele que O conhece de fato, já não pode mais  suportar viver longe da Sua presença, e quem produz tal afastamento, sempre é o pecado, nas suas mais variadas formas.
São estes que se arrependem continuamente, e que confessam suas faltas ao Senhor, que são consolados pelo Espírito, porque Ele não consola quem está no pecado, senão apenas quem está santificado, porque é Espírito consolador, mas também é Espírito santificador.
Ele primeiro santifica, e depois consola.
Os que levam o pecado a sério, e que procuram se apresentar  diante de Deus aprovados, sempre serão livrados por Ele, mesmo quando transbordarem as muitas águas da aflição, porque estas não conseguirão afogar o amor e o fogo do zelo de suas almas.
O Senhor os preservará nas tribulações e lhes cercará com cânticos de livramento.
Instruirá e ensinará o caminho pelo qual devem seguir, e lhes dará conselhos estando com Seus olhos fixados neles.
Contudo o que permanece rebelde contra o Senhor, em vez de ser instruído com mansidão, será dominado com a força de freios e cabrestos tal como se faz com o cavalo ou a mula, que não têm entendimento.
Estes terão que curtir sofrimentos sem consolações.
Mas os que confiam no Senhor, serão assistidos pela Sua misericórdia, e se alegrarão nEle, no espírito, e se regozijarão na sua justiça, porque são retos de coração.          

“Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto.
Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR não atribui iniquidade e em cujo espírito não há dolo.
Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. 
Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio.
Confessei-te o meu pecado e a minha iniquidade não mais ocultei.
Disse: confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniquidade do meu pecado. 
Sendo assim, todo homem piedoso te fará súplicas em tempo de poder encontrar-te.
Com efeito, quando transbordarem muitas águas, não o atingirão. 
Tu és o meu esconderijo; tu me preservas da tribulação e me cercas de alegres cantos de livramento. 
Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho.
Não sejais como o cavalo ou a mula, sem entendimento, os quais com freios e cabrestos são dominados; de outra sorte não te obedecem. 
Muito sofrimento terá de curtir o ímpio, mas o que confia no SENHOR, a misericórdia o assistirá.

Alegrai-vos no SENHOR e regozijai-vos, ó justos; exultai, vós todos que sois retos de coração.”  

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