quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Salmos 80, 87 a 89

SALMO 80 – Salmo de Asafe

O teor deste salmo é o mesmo do anterior, só que aqui não se faz uma referência direta a Judá ou a Jerusalém, mas a José, a Efraim, ou seja, à porção do Norte de Israel que havia sido levada em cativeiro pelos assírios. Mas o clamor é o mesmo do salmo anterior, tanto em relação aos israelitas quanto aos seus inimigos.  

“Dá ouvidos, ó pastor de Israel, tu que conduzes a José como um rebanho; tu que estás entronizado acima dos querubins, mostra o teu esplendor. Perante Efraim, Benjamim e Manassés, desperta o teu poder e vem salvar-nos. Restaura-nos, ó Deus; faze resplandecer o teu rosto, e seremos salvos. Ó SENHOR, Deus dos Exércitos, até quando estarás indignado contra a oração do teu povo? Dás-lhe a comer pão de lágrimas e a beber copioso pranto. Constituis-nos em contendas para os nossos vizinhos, e os nossos inimigos zombam de nós a valer.  Restaura-nos, ó Deus dos Exércitos; faze resplandecer o teu rosto, e seremos salvos. Trouxeste uma videira do Egito, expulsaste as nações e a plantaste. Dispuseste-lhe o terreno, ela deitou profundas raízes e encheu a terra.  Com a sombra dela os montes se cobriram, e, com os seus sarmentos, os cedros de Deus.  Estendeu ela a sua ramagem até ao mar e os seus rebentos, até ao rio. Por que lhe derribaste as cercas, de sorte que a vindimam todos os que passam pelo caminho? O javali da selva a devasta, e nela se repastam os animais que pululam no campo. Ó Deus dos Exércitos, volta-te, nós te rogamos, olha do céu, e vê, e visita esta vinha; protege o que a tua mão direita plantou, o sarmento que para ti fortaleceste. Está queimada, está decepada. Pereçam os nossos inimigos pela repreensão do teu rosto. Seja a tua mão sobre o povo da tua destra, sobre o filho do homem que fortaleceste para ti. E assim não nos apartaremos de ti; vivifica-nos, e invocaremos o teu nome. Restaura-nos, ó SENHOR, Deus dos Exércitos, faze resplandecer o teu rosto, e seremos salvos.” 




SALMO 87 – Salmo dos filhos de Coré

Este salmo exalta a excelência de Jerusalém sobre todas as demais cidades de Israel, e de todas as nações, porque Deus a escolheu para estabelecê-la para sempre, para ser a fonte da Sua revelação, pela qual são gerados filhos para Ele em todas as nações.

“Fundada por ele sobre os montes santos, o SENHOR ama as portas de Sião mais do que as habitações todas de Jacó. Gloriosas coisas se têm dito de ti, ó cidade de Deus! Dentre os que me conhecem, farei menção de Raabe e da Babilônia; eis aí Filístia e Tiro com Etiópia; lá, nasceram. E com respeito a Sião se dirá: Este e aquele nasceram nela; e o próprio Altíssimo a estabelecerá. O SENHOR, ao registrar os povos, dirá: Este nasceu lá. Todos os cantores, saltando de júbilo, entoarão: Todas as minhas fontes são em ti.” 



SALMO 88 – Salmo dos filhos de Core

Neste salmo, o salmista chora na presença do Senhor pela condição de abatimento extremo da sua alma. Ele sofre pela ausência da comunhão com o Senhor, e pelo sentir da repreensão da Sua ira. Ele sofre porque em vez de se achar em tal condição como se estivesse morto, o seu desejo era o de louvar e exaltar o nome do Senhor. Por isso orou para que os ouvidos do Senhor atendessem ao Seu clamor e que a sua oração chegasse à Sua presença. O salmista encontrava-se solitário, porque até mesmo do consolo da presença dos seus amigos Ele havia sido privado, e considerava que isto havia sido feito pelo próprio Deus. Assim, orava para que fosse libertado de tais sentimentos e para que sua alma voltasse a achar paz e descanso no Senhor.     

“Ó SENHOR, Deus da minha salvação, dia e noite clamo diante de ti. Chegue à tua presença a minha oração, inclina os ouvidos ao meu clamor. Pois a minha alma está farta de males, e a minha vida já se abeira da morte.  Sou contado com os que baixam à cova; sou como um homem sem força,  atirado entre os mortos; como os feridos de morte que jazem na sepultura, dos quais já não te lembras; são desamparados de tuas mãos. Puseste-me na mais profunda cova, nos lugares tenebrosos, nos abismos.  Sobre mim pesa a tua ira; tu me abates com todas as tuas ondas. Apartaste de mim os meus conhecidos e me fizeste objeto de abominação para com eles; estou preso e não vejo como sair.  Os meus olhos desfalecem de aflição; dia após dia, venho clamando a ti, SENHOR, e te levanto as minhas mãos.  Mostrarás tu prodígios aos mortos ou os finados se levantarão para te louvar?  Será referida a tua bondade na sepultura? A tua fidelidade, nos abismos?  Acaso, nas trevas se manifestam as tuas maravilhas? E a tua justiça, na terra do esquecimento? Mas eu, SENHOR, clamo a ti por socorro, e antemanhã já se antecipa diante de ti a minha oração.  Por que rejeitas, SENHOR, a minha alma e ocultas de mim o rosto? Ando aflito e prestes a expirar desde moço; sob o peso dos teus terrores, estou desorientado. Por sobre mim passaram as tuas iras, os teus terrores deram cabo de mim. Eles me rodeiam como água, de contínuo; a um tempo me circundam.  Para longe de mim afastaste amigo e companheiro; os meus conhecidos são trevas.”

 

SALMO 89 – Salmo de Etã

“Cantarei para sempre as tuas misericórdias, ó SENHOR; os meus lábios proclamarão a todas as gerações a tua fidelidade.  Pois disse eu: a benignidade está fundada para sempre; a tua fidelidade, tu a confirmarás nos céus, dizendo:  Fiz aliança com o meu escolhido e jurei a Davi, meu servo:  Para sempre estabelecerei a tua posteridade e firmarei o teu trono de geração em geração. Celebram os céus as tuas maravilhas, ó SENHOR, e, na assembleia dos santos, a tua fidelidade.  Pois quem nos céus é comparável ao SENHOR? Entre os seres celestiais, quem é semelhante ao SENHOR?  Deus é sobremodo tremendo na assembleia dos santos e temível sobre todos os que o rodeiam.  Ó SENHOR, Deus dos Exércitos, quem é poderoso como tu és, SENHOR, com a tua fidelidade ao redor de ti?!  Dominas a fúria do mar; quando as suas ondas se levantam, tu as amainas.  Calcaste a Raabe, como um ferido de morte; com o teu poderoso braço dispersaste os teus inimigos.  Teus são os céus, tua, a terra; o mundo e a sua plenitude, tu os fundaste.  O Norte e o Sul, tu os criaste; o Tabor e o Hermom exultam em teu nome.  O teu braço é armado de poder, forte é a tua mão, e elevada, a tua destra.  Justiça e direito são o fundamento do teu trono; graça e verdade te precedem.  Bem-aventurado o povo que conhece os vivas de júbilo, que anda, ó SENHOR, na luz da tua presença.  Em teu nome, de contínuo se alegra e na tua justiça se exalta,  porquanto tu és a glória de sua força; no teu favor avulta o nosso poder.  Pois ao SENHOR pertence o nosso escudo, e ao Santo de Israel, o nosso rei. Outrora, falaste em visão aos teus santos e disseste: A um herói concedi o poder de socorrer; do meio do povo, exaltei um escolhido. Encontrei Davi, meu servo; com o meu santo óleo o ungi.  A minha mão será firme com ele, o meu braço o fortalecerá.  O inimigo jamais o surpreenderá, nem o há de afligir o filho da perversidade.  Esmagarei diante dele os seus adversários e ferirei os que o odeiam.  A minha fidelidade e a minha bondade o hão de acompanhar, e em meu nome crescerá o seu poder. Porei a sua mão sobre o mar e a sua direita, sobre os rios.  Ele me invocará, dizendo: Tu és meu pai, meu Deus e a rocha da minha salvação.  Fa-lo-ei, por isso, meu primogênito, o mais elevado entre os reis da terra. Conservar-lhe-ei para sempre a minha graça e, firme com ele, a minha aliança.  Farei durar para sempre a sua descendência; e, o seu trono, como os dias do céu. Se os seus filhos desprezarem a minha lei e não andarem nos meus juízos,  se violarem os meus preceitos e não guardarem os meus mandamentos, então, punirei com vara as suas transgressões e com açoites, a sua iniquidade.  Mas jamais retirarei dele a minha bondade, nem desmentirei a minha fidelidade. Não violarei a minha aliança, nem modificarei o que os meus lábios proferiram.  Uma vez jurei por minha santidade (e serei eu falso a Davi?):  A sua posteridade durará para sempre, e o seu trono, como o sol perante mim. Ele será estabelecido para sempre como a lua e fiel como a testemunha no espaço. Tu, porém, o repudiaste e o rejeitaste; e te indignaste com o teu ungido.  Aborreceste a aliança com o teu servo; profanaste-lhe a coroa, arrojando-a para a terra. Arrasaste os seus muros todos; reduziste a ruínas as suas fortificações.  Despojam-no todos os que passam pelo caminho; e os vizinhos o escarnecem.  Exaltaste a destra dos seus adversários e deste regozijo a todos os seus inimigos.  Também viraste o fio da sua espada e não o sustentaste na batalha.  Fizeste cessar o seu esplendor e deitaste por terra o seu trono.  Abreviaste os dias da sua mocidade e o cobriste de ignomínia. Até quando, SENHOR? Esconder-te-ás para sempre? Arderá a tua ira como fogo? Lembra-te de como é breve a minha existência! Pois criarias em vão todos os filhos dos homens! Que homem há, que viva e não veja a morte? Ou que livre a sua alma das garras do sepulcro? Que é feito, Senhor, das tuas benignidades de outrora, juradas a Davi por tua fidelidade? Lembra-te, Senhor, do opróbrio dos teus servos e de como trago no peito a injúria de muitos povos, com que, SENHOR, os teus inimigos têm vilipendiado, sim, vilipendiado os passos do teu ungido.  Bendito seja o SENHOR para sempre! Amém e amém!” 

O salmista proclama a benignidade do Senhor para com a casa de Davi, conforme a promessa que lhe fizera, ao mesmo tempo que lamenta as presentes condições do seu tabernáculo (casa) que se encontrava caído. Ele ora para que o Senhor restaurasse a casa de Davi, no entanto, isto seria feito somente a partir da manifestação de Jesus Cristo em carne, que é Aquele que carrega a promessa de restaurar tal tabernáculo caído (Amós 9.11).
“Naquele dia, levantarei o tabernáculo caído de Davi, repararei as suas brechas; e, levantando-o das suas ruínas, restaura-lo-ei como fora nos dias da antiguidade;” (Am 9.11).
Esta profecia fala em levantar, reparar e restaurar.
A profecia de Amós concentrou-se mais em Israel, mas também falou das assolações que viriam sobre Judá, e sabemos que estas ocorreram com o cativeiro babilônico.
Então, temos aqui uma promessa para dias distantes, quando não somente Judá seria de novo restaurada em sua terra nos dias de Zorobabel, mas quando estariam para sempre seguros com o Messias, que é aquele que restaura a casa caída de Davi, porque é desta casa segundo a carne, e é nEle que se cumprem as boas e fiéis promessas feitas a Davi e á sua casa.
A profecia se refere ao Israel de Deus unido a nosso Senhor porque a promessa afirma que quando Israel habitasse nas cidades assoladas que seriam reedificadas, plantariam vinhas e beberiam o seu vinho, e fariam pomares e lhes comeriam o fruto, e depois de plantados na sua terra, que lhes foi dada pelo Senhor, jamais seriam arrancados dela.
Quando eles retornaram de Babilônia sob Zorobabel, tornaram a ser arrancados da terra pelos romanos em 70 d. C. e para lá retornaram somente no século XX, mas ainda há muitos judeus dispersos pelo mundo, e Jerusalém ainda sofrerá uma nova assolação sob o Anticristo, quando os judeus serão perseguidos e dispersos, mas por ocasião da volta do Senhor, Ele estabelecerá o Seu reino para sempre e dará cumprimento à profecia antiga de que faria de Israel uma nação e reino sacerdotal.
A profecia aponta portanto para a volta de Jesus. 
Deste modo, apesar de o Senhor ter profetizado em quase todo o livro de Amós, e no princípio deste último capítulo, que efetuaria grande destruição em Israel, no entanto, deixou registrado que isto não significava que deixaria de ser fiel à promessa que havia feito aos patriarcas de que Israel estaria perpetuamente diante dEle.
Todavia, Ele revelou quais serão estes que habitarão para sempre no tabernáculo de Davi que Ele mesmo restauraria, a saber, aqueles que fossem lavados de seus pecados, porque conforme o Senhor afirmou no verso 10, todos os pecadores do seu povo morreriam à espada, a saber, aqueles que estavam confiados que o juízo do Senhor nunca os alcançaria, e por isso permaneceriam deliberadamente na prática do pecado.
Isto serve de grande alerta para muitas pessoas que se encontram agregadas à Igreja de Cristo, mas que não fazem parte do tabernáculo (casa) de Davi, porque nunca foram purificados dos seus pecados pelo sangue de Jesus.
Seguem confiantes que pelo simples fato de se dizerem pertencentes a Cristo, que nenhum juízo lhes sobrevirá da parte de Deus, apesar de viverem na prática deliberada do pecado.
Quanto às fiéis promessas feitas da Davi e à sua casa, citadas neste salmo, estas constam de II Samuel  7, cujo comentário transcrevemos a seguir:  

II SAMUEL 7

“1 Ora, estando o rei Davi em sua casa e tendo-lhe dado o Senhor descanso de todos os seus inimigos em redor,
2 disse ele ao profeta Natã: Eis que eu moro numa casa de cedro, enquanto que a arca de Deus dentro de uma tenda.
3 Respondeu Natã ao rei: Vai e faze tudo quanto está no teu coração, porque o Senhor é contigo.
4 Mas naquela mesma noite a palavra do Senhor veio a Natã, dizendo:
5 Vai, e dize a meu servo Davi: Assim diz o Senhor: Edificar-me-ás tu uma casa para eu nela habitar?
6 Porque em casa nenhuma habitei, desde o dia em que fiz subir do Egito os filhos de Israel até o dia de hoje, mas tenho andado em tenda e em tabernáculo.
7 E em todo lugar em que tenho andado com todos os filhos de Israel, falei porventura, alguma palavra a qualquer das suas tribos a que mandei apascentar o meu povo de Israel, dizendo: por que não me edificais uma casa de cedro?
8 Agora, pois, assim dirás ao meu servo Davi: Assim diz o Senhor dos exércitos: Eu te tomei da malhada, de detrás das ovelhas, para que fosses príncipe sobre o meu povo, sobre Israel;
9 e fui contigo, por onde quer que foste, e destruí a todos os teus inimigos diante de ti; e te farei um grande nome, como o nome dos grandes que há na terra.
10 Também designarei lugar para o meu povo, para Israel, e o plantarei ali, para que ele habite no seu lugar, e não mais seja perturbado, e nunca mais os filhos da iniquidade o aflijam, como dantes,
11 e como desde o dia em que ordenei que houvesse juízes sobre o meu povo Israel. A ti, porém, darei descanso de todos os teus inimigos. Também o Senhor te declara que ele te fará casa.
12 Quando teus dias forem completos, e vieres a dormir com teus pais, então farei levantar depois de ti um dentre a tua descendência, que sair das tuas entranhas, e estabelecerei o seu reino.
13 Este edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino.
14 Eu lhe serei pai, e ele me será filho. E, se vier a transgredir, castigá-lo-ei com vara de homens, e com açoites de filhos de homens;
15 mas não retirarei dele a minha benignidade como a retirei de Saul, a quem tirei de diante de ti.
16 A tua casa, porém, e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre.
17 Conforme todas estas palavras, e conforme toda esta visão, assim falou Natã a Davi.
18 Então entrou o rei Davi, e sentou-se perante o Senhor, e disse: Quem sou eu, Senhor Jeová, e que é a minha casa, para me teres trazido até aqui?
19 E isso ainda foi pouco aos teus olhos, Senhor Jeová, senão que também falaste da casa do teu servo para tempos distantes; e me tens mostrado gerações futuras, ó Senhor Jeová?
20 Que mais te poderá dizer Davi. pois tu conheces bem o teu servo, ó Senhor Jeová.
21 Por causa da tua palavra, e segundo o teu coração, fizeste toda esta grandeza, revelando-a ao teu servo.
22 Portanto és grandioso, ó Senhor Jeová, porque ninguém há semelhante a ti, e não há Deus senão tu só, segundo tudo o que temos ouvido com os nossos ouvidos.
23 Que outra nação na terra é semelhante a teu povo Israel, a quem tu, ó Deus, foste resgatar para te ser povo, para te fazeres um nome, e para fazeres a seu favor estas grandes e terríveis coisas para a tua terra, diante do teu povo, que tu resgataste para ti do Egito, desterrando nações e seus deuses?
24 Assim estabeleceste o teu povo Israel por teu povo para sempre, e tu, Senhor, te fizeste o seu Deus.
25 Agora, pois, ó Senhor Jeová, confirma para sempre a palavra que falaste acerca do teu servo e acerca da sua casa, e faze como tens falado,
26 para que seja engrandecido o teu nome para sempre, e se diga: O Senhor dos exércitos é Deus sobre Israel; e a casa do teu servo será estabelecida diante de ti.
27 Pois tu, Senhor dos exércitos, Deus de Israel, fizeste uma revelação ao teu servo, dizendo: Edificar-te-ei uma casa. Por isso o teu servo se animou a fazer-te esta oração.
28 Agora, pois, Senhor Jeová, tu és Deus, e as tuas palavras são verdade, e tens prometido a teu servo este bem.
29 Sê, pois, agora servido de abençoar a casa do teu servo, para que subsista para sempre diante de ti; pois tu, ó Senhor Jeová, o disseste; e com a tua bênção a casa do teu servo será, abençoada para sempre.” (II Sm 7.1-29).

Depois de longas e sucessivas guerras com as nações inimigas de Israel, e estando subjugados os povos inimigos dos israelitas, principalmente os filisteus, Davi estava enfim desfrutando em sua vida de um período da paz que ele tanto amava (Sl 120.7).
Em sua meditação sobre a pessoa de Deus ele se sentiu constrangido por estar residindo no palácio suntuoso que Hirão, rei de Tiro, construiu para ele, enquanto a arca ainda permanecia na tenda que ele havia preparado para ela em Jerusalém.
Davi estava descansado de seus inimigos em sua casa, mas não achou descanso em sua alma porque lhe pesava esta preocupação em edificar um templo para o Senhor, e ele compartilha o peso de sua preocupação com o  profeta Natã, e este o encorajou a fazer tudo quanto estava no seu coração, porque o Senhor era com ele (v. 2,3).
Porém na noite daquele mesmo dia, Deus se manifestou a Natã dizendo-lhe que Davi não lhe edificaria nenhum templo (I Crôn 17.4), apesar de reconhecer que havia feito bem em ter-se preocupado em honrar o seu Deus ao pensar em construir um templo para Ele (I Rs 8.18).
Natã havia portanto, incentivado Davi a construir o templo, lhe falando como um amigo, mas não da parte de Deus.
E estava enganado neste particular quanto à vontade do Senhor para Davi, que teve que ser-lhe revelada por Deus, pois Davi havia sido separado para estender e consolidar as fronteiras de Israel, mas não para gastar a maior parte do  tempo do seu reinado na construção de um templo, que já estava assentado nos desígnios de Deus como sendo algo para ser levado a efeito por seu filho Salomão, e é por isso que ele foi citado na mesma palavra que o Senhor havia dado a Nata, para ser dita a Davi.
Além disso, Deus não havia dado nenhuma autorização ou fizera qualquer pedido, desde a saída de Israel do Egito, até então, para que fosse construído um templo, e não cabia portanto a Davi ou a qualquer outro, tomar uma iniciativa em relação a algo que o Senhor não havia ordenado.
Se Davi não estava confortado em saber que a arca permanecia habitando em tendas, Deus não estava nem um pouco desconfortável, porque qual é a habitação, por mais suntuosa que seja, que os homens possam edificar para o Senhor, que possa ser digna e estar à altura da Sua Majestade? Se o próprio céu é obra das mãos dEle, tudo o que o homem possa edificar neste mundo com ouro, prata, pedras e madeiras preciosas e nobres, será mais do que nada para Aquele que não habita em moradas fabricadas por homens, pois nem o céu dos céus pode contê-lo (II Crôn 2.6).
Mas Deus mandou dizer a Davi que o templo que ele intentava erigir seria edificado pelo seu filho (v. 13), e esta profecia se aplica tanto a Salomão, quanto a Cristo, que é o descendente de Davi que está edificando a Igreja, para ser templo para a habitação de Deus no Espírito.
Deus não pode habitar naquilo que o homem edifica, mas criou o próprio homem para ser lugar da Sua habitação.
E é dito que aquele que edificaria o templo seria filho de Deus (isto se aplica a Salomão e a Jesus), e a parte da profecia que afirma que se ele viesse a transgredir, seria castigado por Ele, mas não retiraria dele a Sua misericórdia como fizera com Saul (v. 14,15) se aplica óbvia e exclusivamente a Salomão.
Isto fala da segurança da promessa feita de que o trono de Davi seria firmado, ainda que Salomão, seu filho, viesse a falhar, bem como os seus descendentes, porque o cetro permaneceria na casa de Davi, e seria firmado para sempre em Cristo, que é da sua casa.
A casa de Saul foi rejeitada por Deus e não foi confirmada.
Mas a Davi, o Senhor estava prometendo que a sua casa permaneceria no trono para sempre (v. 16).
Aqui está pois referido o caráter da aliança da graça que é feita para aqueles que participarão do reino de Cristo pela fé nEle.
Esta promessa de que serão firmados no reino, ainda que venham a transgredir, é garantida pelo próprio Deus conforme revelou a Davi através do profeta Natã.
Esta é uma aliança para sempre que o Senhor jamais revogará, porque prometeu não remover a Sua misericórdia daqueles que fazem parte da casa de Davi.
Não da casa terrena, pois esta promessa não alcançou Absalão e a outros que eram da sua casa, mas a casa espiritual, daqueles que tivessem a mesma fé dele e que fossem eleitos por Deus para a salvação.
Isto não é maravilhoso?
E temos isto confirmado nas palavras dos profetas, dos apóstolos, e do próprio Cristo, como por exemplo em Is 55.3; Jer 33.21,22; Ez 34.23,24; Zac 12.7,8; At 13.34; 15.16; Apo 3.7.   
Com a ida de Israel para o cativeiro, o tabernáculo (a casa) de Davi ficou caída (Amós 9.11), porque foi interrompida a sucessão de reis em Judá, da sua descendência, mas quando Cristo estiver reinando, o tabernáculo de Davi estará plenamente restaurado, e a promessa que Deus lhe fez estará vigorando para sempre em toda a sua plenitude.
Diante da grandiosidade da promessa que Deus lhe fizera quanto à casa que edificaria para ele, Davi se retirou da presença de Natã e foi adorar e agradecer ao Senhor diante da tenda onde se encontrava a arca (v. 18 a 29).    

É importante destacar que Deus disse que edificaria tal casa a Davi para o bem de seu povo Israel (v. 8 a 11), e é com o mesmo propósito que Cristo foi exaltado com um nome que é sobre todo o nome, a saber, para dar descanso para o Seu povo.

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