sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

EZEQUIEL 1



O profeta Ezequiel foi juntamente com o Daniel para Babilônia, na primeira leva de cativos que se deu em 605 a.C, quando o rei Joaquim foi levado por Nabucodonosor para Babilônia.
Ele afirma que no quinto ano do cativeiro de Joaquim, ou seja, 5 anos após terem sido levados para Babilônia, ele começou a ter visões de Deus.
As citações aos anos em que recebera visões e revelações da parte Deus, ao longo de todo o seu livro, tem como referencial o início do seu cativeiro em Babilônia juntamente com o rei Joaquim, Daniel, muitos príncipes,e nobres e outras pessoas do povo de Judá.
Assim, quando ele diz sexto ano, significa que se encontrava no sexto ano do seu cativeiro, e dos demais judeus que se encontravam com ele em Babilônia.   
Ezequiel era filho do sacerdote Buzi, e portanto, também seria preparado para o sacerdócio, porque este cargo era vitalício, que passava de pai para filho, desde a descendência dos filhos de Arão. 
Todavia, o Senhor o chamou para o ofício profético quando se encontrava já em Babilônia há cinco anos, e a primeira visão e profecia que lhe vieram, descritas neste e nos próximos capítulos, lhes foram dadas quando se encontrava junto ao rio Quebar.
Neste primeiro capitulo ele descreve a visão que tivera da glória celestial, e especialmente dos quatro seres viventes, ou querubins, sobre os quais estaremos falando mais especificamente neste nosso comentário, em conexão com os capítulos nono e décimo, nos quais eles são achados em ação, e vinculados ao propósito da visão que fora dada pelo Senhor a Ezequiel.
Todavia, cabe ressaltar que as visões e profecias que tivera no quinto ano, encontram-se registradas do primeiro ao sétimo capitulo do seu livro; e as que tivera no sexto ano, estão contidas do oitavo ao décimo nono capitulo; as do sétimo ano, do vigésimo ao vigésimo terceiro; as do nono ano, no vigésimo quarto e vigésimo quinto capítulos; as do décimo primeiro ano do vigésimo sexto ao vigésimo oitavo, e trigésimo primeiro; as do décimo ano no vigésimo nono e trigésimo; as do décimo segundo ano, do trigésimo segundo ao trigésimo nono; as do décimo quarto ano, do quadragésimo até o último capitulo (quadragésimo oitavo). 
Assim, as visões que tivera dos querubins, registradas nos capítulos nono e décimo lhes foram dadas um ano após da primeira que é narrada por ele neste primeiro capítulo.
Os quatro seres viventes, ou querubins, são citados em Gên 3.24; Êx 25.18-22; 26.1,31; 36.8,35; 37.7-9; Nm 7.89; I Sm 4.4; II Sm 6.2; 22.11; I Rs 6.23-35; 7.29,36; 8.6,7;  II Rs 19.15; I Cr 13.6; 28.18; II Cr 3.7-14; 5.7,8; Sl 18.10; 80.1; 99.1; Is 37.16; Ez 1.5-26; 9.3; 10 (todo o capítulo); 11.22; 28.14-16; 41.18-20,25; Is 37.16; Hb 9.5; Apo 4.6-9; 5.6,8,11,14; 6.1,3,5-7; 7.11; 14.3; 15.7; 19.4.
A palavra Querubim significa guardar, cobrir, proteger o acesso etc (Êx 25.17-22).
Os quatro querubins, que proclamam dia e noite, sem descanso que Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-poderoso, aquele que era, que é e que há de vir, são chamados também de seres viventes, pelo profeta Ezequiel e pelo apóstolo João, em Apocalipse (Apo 4.8); quando derem glória, honra e ações de graças a Deus (Apo 4.9) os 24 anciãos se prostrarão diante do Senhor e o adorarão (Apo 4.10,11); os 4 querubins também se prostram e adoram a Deus juntamente com os 24 anciãos e todos os anjos (Apo 7.11; 19.14);  são eles que chamam, respectivamente, os 4 cavaleiros quando os 4 primeiros selos do livro são abertos (Apo 6.1,3,5,7); e são eles que dão aos sete anjos, as sete taças cheias da ira de Deus (Apo 15.7).
Ezequiel os viu quando Deus manifestou ao profeta a Sua glória,  estando eles sob o firmamento celestial (Ez 1.1,5-26), e posteriormente os viu no templo em Jerusalém (Ez 10.1-22). A glória do Senhor estava sobre os querubins e se dirigiu para a entrada do templo (Ez 9.3; 10.4). Depois a glória do Senhor saiu da entrada do templo e parou sobre os querubins, e estes levantaram suas asas e se elevaram da terra (Ez 10.18-20).
Na visão de Ezequiel, os quatro seres viventes ou querubins (Ez 10.20), tinham quatro rostos  e quatro asas, cada um, e a semelhança de mãos de homens debaixo das asas (Ez 1.6,8; 10.21), sendo parecidos com os serafins da visão de Is 6.2,3 sendo que estes tinham seis asas cada um, como os quatro seres viventes de Apo 4.8, tendo também estes seis asas, cada um em vez de quatro.
A forma dos querubins é como de homem (Ez 1.5). A cabeça possui quatro faces, sendo rosto de homem na frente, rosto de leão, à direita, rosto de boi, à esquerda, e rosto de águia na parte de trás (Ez 1.10).
O apóstolo João teve a visão dos seres quanto à forma do rosto, como tendo cada um, respectivamente, rosto de homem, leão, boi e águia (Apo 4.7) e os viu cheios de olhos por dentro e por fora, em todo o seu redor (Apo 4.6,8). Já quanto aos olhos, Ezequiel viu que além dos olhos em todo o corpo dos querubins, inclusive nas asas e mãos (Ez 10.12) havia uma roda ao lado de cada querubim e estas também estavam cheias de olhos ao redor (Ez 1.15-18; 10.12) e estas seguiam os querubins aonde quer que fossem. Havia algo semelhante ao firmamento sobre a cabeça dos querubins, brilhante como cristal (Ez 1.22), e sobre o firmamento que estava sobre as suas cabeças, havia algo semelhante a um trono, como uma safira, e sentado no trono alguém semelhante a um homem (Ez 1.26; 10.1);  e o tatalar das asas dos querubins fazia um estrondo semelhante ao tropel de um exército e como o som de muitas águas (Ez 1.24). No meio destas visões o Espírito de Deus entrou em Ezequiel e o Senhor lhe falou enviando-o como profeta à casa de Israel (Ez 2.1-7).
O aspecto deles é como o de carvão em brasa, semelhante a tochas, e ziguezagueavam como relâmpagos, como também saiam relâmpagos entre eles (Ez 1.13,14). 
Os querubins com as rodas formavam uma carruagem sobrenatural para o trono de Deus, que era carregado pelos seres viventes.
A aparição deles a Ezequiel tinha a ver com os juízos que seriam ainda despejados sobre Judá, especialmente com a destruição do templo e da cidade de Jerusalém pelos babilônios em 586 a.C., portanto cerca de sete anos depois da visão dada ao profeta. Este juízo está descrito no Novo Comentário da Bíblia, da seguinte forma: “O incêndio de Jerusalém (Ez 10.1-22): O trono (v 1) estava vazio (cfr 9.3), os querubins aguardavam Jeová para alçar vôo e partir.
O destruidor da cidade era o homem vestido de linho (v 2), que anteriormente havia feito uma marca nos fiéis, separando-os para a preservação; todos os sete anjos. Dessa forma, eram ministros vingativos, como em Apo 8.1-11.15.
A santidade exige sempre o que é correto em nosso comportamento. As pernas dos querubins eram direitas (Ez 1.7). Não se viravam em seu movimento, sempre indo para a frente, indo para onde o espírito havia de ir (Ez 1.9,12). Quem lança mão do arado não deve olhar para trás. Não deve servir a Deus com o olhar voltado para o mundo, para a vida que tinha antes da conversão. E deve estar sob governo do seu espírito e não da sua alma, tal como os querubins.
A santidade é progresso contínuo.
É uma caminhada em busca da perfeição divina, fazendo o que agrada a Deus. Se o crente pára em sua caminhada, ele começa a cair.
A carne o vencerá porque a antiga natureza sobrepujará a nova, recebida na regeneração. As rodas e os querubins sempre se movimentavam para a frente, nem para trás, nem para a direita, nem para a esquerda. O caminho é Cristo. É estreito e reto. É neste caminho que o crente deve andar, e é nisto que consiste a sua santificação.




“1 Ora aconteceu no trigésimo ano, no quarto mês, no dia quinto do mês, que estando eu no meio dos cativos, junto ao rio Quebar, se abriram os céus, e eu tive visões de Deus.
2 No quinto dia do mês, já no quinto ano do cativeiro do rei Joaquim,
3 veio expressamente a palavra do Senhor a Ezequiel, filho de Buzi, o sacerdote, na terra dos caldeus, junto ao rio Quebar; e ali esteve sobre ele a mão do Senhor.
4 Olhei, e eis que um vento tempestuoso vinha do norte, uma grande nuvem, com um fogo que emitia de contínuo labaredas, e um resplendor ao redor dela; e do meio do fogo saía uma coisa como o brilho de âmbar.
5 E do meio dela saía a semelhança de quatro seres viventes. E esta era a sua aparência: tinham a semelhança de homem;
6 cada um tinha quatro rostos, como também cada um deles quatro asas.
7 E as suas pernas eram retas; e as plantas dos seus pés como a planta do pé dum bezerro; e luziam como o brilho de bronze polido.
8 E tinham mãos de homem debaixo das suas asas, aos quatro lados; e todos quatro tinham seus rostos e suas asas assim:
9 Uniam-se as suas asas uma à outra; eles não se viravam quando andavam; cada qual andava para adiante de si;
10 e a semelhança dos seus rostos era como o rosto de homem; e à mão direita todos os quatro tinham o rosto de leão, e à mão esquerda todos os quatro tinham o rosto de boi; e também tinham todos os quatro o rosto de águia;
11 assim eram os seus rostos. As suas asas estavam estendidas em cima; cada qual tinha duas asas que tocavam às de outro; e duas cobriam os corpos deles.
12 E cada qual andava para adiante de si; para onde o espírito havia de ir, iam; não se viravam quando andavam.
13 No meio dos seres viventes havia uma coisa semelhante a ardentes brasas de fogo, ou a tochas que se moviam por entre os seres viventes; e o fogo resplandecia, e do fogo saíam relâmpagos.
14 E os seres viventes corriam, saindo e voltando à semelhança dum raio.
15 Ora, eu olhei para os seres viventes, e vi rodas sobre a terra junto aos seres viventes, uma para cada um dos seus quatro rostos.
16 O aspecto das rodas, e a obra delas, era como o brilho de crisólita; e as quatro tinham uma mesma semelhança; e era o seu aspecto, e a sua obra, como se estivera uma roda no meio de outra roda.
17 Andando elas, iam em qualquer das quatro direções sem se virarem quando andavam.
18 Estas rodas eram altas e formidáveis; e as quatro tinham as suas cambotas cheias de olhos ao redor.
19 E quando andavam os seres viventes, andavam as rodas ao lado deles; e quando os seres viventes se elevavam da terra, elevavam-se também as rodas.
20 Para onde o espírito queria ir, iam eles, mesmo para onde o espírito tinha de ir; e as rodas se elevavam ao lado deles; porque o espírito do ser vivente estava nas rodas.
21 Quando aqueles andavam, andavam estas; e quando aqueles paravam, paravam estas; e quando aqueles se elevavam da terra, elevavam-se também as rodas ao lado deles; porque o espírito do ser vivente estava nas rodas.
22 E por cima das cabeças dos seres viventes havia uma semelhança de firmamento, como o brilho de cristal terrível, estendido por cima, sobre a sua cabeça.
23 E debaixo do firmamento estavam as suas asas direitas, uma em direção à outra; cada um tinha duas que lhe cobriam o corpo dum lado, e cada um tinha outras duas que o cobriam doutro lado.
24 E quando eles andavam, eu ouvia o ruído das suas asas, como o ruído de muitas águas, como a voz do Onipotente, o ruído de tumulto como o ruído dum exército; e, parando eles, abaixavam as suas asas.
25 E ouvia-se uma voz por cima do firmamento, que estava por cima das suas cabeças; parando eles, abaixavam as suas asas.
26 E sobre o firmamento, que estava por cima das suas cabeças, havia uma semelhança de trono, como a aparência duma safira; e sobre a semelhança do trono havia como que a semelhança dum homem, no alto, sobre ele.
27 E vi como o brilho de âmbar, como o aspecto do fogo pelo interior dele ao redor desde a semelhança dos seus lombos, e daí para cima; e, desde a semelhança dos seus lombos, e daí para baixo, vi como a semelhança de fogo, e havia um resplendor ao redor dele.
28 Como o aspecto do arco que aparece na nuvem no dia da chuva, assim era o aspecto do resplendor em redor. Este era o aspecto da semelhança da glória do Senhor; e, vendo isso, caí com o rosto em terra, e ouvi uma voz de quem falava.” (Ezequiel 1)

EZEQUIEL 2


Como Ezequiel ficou prostrado com a glória da visão que tivera, o Senhor lhe ordenou que ficasse de pé para que pudesse lhe falar, e ao ter ouvido tal ordem, o Espírito Santo entrou nele e o fortaleceu e o colocou de pé, e então pôde ouvir e entender o que Deus lhe falava.
O Senhor disse que lhe estava enviando aos filhos de Israel, às duas casas (Israel e Judá) que Ele chamou de nações rebeldes, porque estavam transgredindo contra Ele, tal como haviam feito os seus antepassados.   
Seria a um povo endurecido e obstinado de coração que Ezequiel teria que profetizar, mas atendessem ou não às palavras que o Senhor lhe daria para serem pregadas a eles, saberiam que houve um profeta entre eles, porque o Senhor mesmo seria com Ezequiel e falaria através dele, de modo que não deveria temê-los, ainda que fossem para ele como espinhos e escorpiões, por causa da sua rebeldia.  
Ezequiel deveria ser diferente deles, porque importava que fosse sensível e receptivo ao Senhor, à Sua vontade e Palavra, para que pudesse se comunicar com Ele, e assim cumprir o ministério para o qual estava sendo designado.
Então, o que deveria falar lhe foi mostrado como um rolo escrito por dentro e por fora, o qual lhe foi ordenado que o comesse, e o livro continha lamentações, suspiros e ais, porque consistia em  repreensões e visões de Deus relativas aos pecados de Israel, e o próprio profeta lamentaria, suspiraria e se afligiria diante de tais repreensões e visões, porque este era o mesmo sentimento de Deus diante das transgressões do Seu povo.  



“1 E disse-me: Filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo.
2 Então, quando ele falava comigo entrou em mim o Espírito, e me pôs em pé, e ouvi aquele que me falava.
3 E disse-me ele: Filho do homem, eu te envio aos filhos de Israel, às nações rebeldes que se rebelaram contra mim; eles e seus pais têm transgredido contra mim até o dia de hoje.
4 E os filhos são de semblante duro e obstinados de coração. Eu te envio a eles, e lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus.
5 E eles, quer ouçam quer deixem de ouvir (porque eles são casa rebelde), hão de saber que esteve no meio deles um profeta.
6 E tu, ó filho do homem, não os temas, nem temas as suas palavras; ainda que estejam contigo sarças e espinhos, e tu habites entre escorpiões; não temas as suas palavras, nem te assustes com os seus semblantes, ainda que são casa rebelde.
7 Mas tu lhes dirás as minhas palavras, quer ouçam quer deixem de ouvir, pois são rebeldes.
8 Mas tu, ó filho do homem, ouve o que te digo; não sejas rebelde como a casa rebelde; abre a tua boca, e come o que eu te dou.
9 E quando olhei, eis que tua mão se estendia para mim, e eis que nela estava um rolo de livro.
10 E abriu-o diante de mim; e o rolo estava escrito por dentro e por fora; e nele se achavam escritas lamentações, e suspiros e ais.” (Ezequiel 2)

EZEQUIEL 3


Talvez não haja capítulo que tenha servido à formulação de uma falsa doutrina sobre justificação na própria Igreja de Cristo, do que este, em conjunto com o que se afirma no capitulo 18, por causa da sua incorreta interpretação.
Antes de tudo, devemos ter em perspectiva permanentemente no estudo destas passagens, que Ezequiel fora enviado aos israelitas e a nenhum outro povo, conforme o próprio Deus afirma neste texto (v. 5 e 6).
E tão endurecidos eles estavam no pecado, especialmente de idolatria, que foram conduzidos ao cativeiro. Este endurecimento aqui referido pelo Senhor no livro de Ezequiel, pode ser visto em todos os seus detalhes e nuances no livro do profeta Jeremias. 
Então o próprio Ezequiel fora feito enrijecido (não quanto ao pecado, mas quanto à coragem e firmeza) pelo Senhor, para poder suportar a dureza dos israelitas, a qual ele teria que enfrentar.
Assim, os ímpios que deveriam ser admoestados pelo profeta, seriam os próprios israelitas, o próprio povo de Deus na Antiga Aliança, que apesar de estarem aliançados com Ele, em decorrência daquela aliança que foi feita com todos os descendentes de Jacó, a grande maioria deles não tinha o Seu temor e não O conhecia, apesar de ter se revelado a eles, e lhes escolhido, dentre todas as nações da terra, para ser o Seu povo particular.
E justamente eles haviam se endurecido totalmente contra Ele, aos quais se encontrava aliançado, tanto que o Senhor afirma que caso tivesse enviado Ezequiel a qualquer outra nação da terra, ele seria ouvido por eles, mas Israel se recusaria a ouvi-lo (v. 6).
Ezequiel não falaria por si mesmo, e nem mecanicamente sendo um mero repetidor de palavras que Deus lhe dissesse, mas o faria pelo testemunho do Espírito Santo que o tomara (v. 12 e 14), tendo as suas entranhas cheias da Palavra de Deus (v. 1 a 3), o efeito disso foi que ele pôde experimentar, conduzido pelo Espírito, e cheio da Palavra de Deus, a amargura e a indignação de Deus contra o pecado do Seu povo, em seu próprio espírito. E Ezequiel se sentiu inteiramente tomado pelo poder de Deus (v. 14).     
Logo, o que será dito por Deus adiante, depois de ter dado tal experiência ao profeta, não seriam conceitos teológicos sobre o modo da salvação da alma, especialmente do modo da justificação dos ímpios, mas um toque de trombeta poderoso nos ouvidos rebeldes da própria nação judaica que estava no cativeiro, para que nenhum deles viesse a ser destruído pelo juízo do Senhor, mesmo já se encontrando debaixo de um juízo que viera da Sua parte, de terem que viver numa terra estranha por setenta anos.
Aqueles que dessem ouvidos a Ezequiel preparariam um bom caminho diante do Senhor para o retorno de Babilônia, quando fossem libertados por Ciro, mas os que se endurecessem e permanecessem na prática da idolatria, receberiam os juízos descritos neste livro, em continuação a tudo que lhes havia sido sucedido, e conforme fora profetizado especialmente por Jeremias, com morte pela espada, pela peste e pela fome. 
Assim, Ezequiel foi conduzido pelo Espírito a viver no meio do povo que estava cativo, na região em que eles estavam morando junto ao rio Quebar, e ainda se encontrava pasmado no meio deles por causa das revelações que lhe haviam sido feitas (v. 15) e pela dureza da missão que ele teria que cumprir junto a eles. 
Passados os sete dias de pasmo, o Senhor tornou a falar a Ezequiel dizendo que lhe havia constituído por atalaia (vigia, sentinela) sobre os judeus, e como sentinela de Deus, seu dever seria alertá-los sobre tudo o que lhe dissesse, especialmente, quanto aos perigos que estavam correndo, por permanecerem na prática da impiedade.
Então Ezequiel seria posto no ofício profético para o próprio bem deles, assim como a sentinela que guarda a cidade para avisá-la do perigo da destruição que se aproxima, de maneira que seus habitantes possam se defender a tempo. 
Deus estava em guerra com os ímpios do Seu povo, mas lhes deu um sentinela para avisá-los, antes de submetê-los a um juízo de destruição (v. 17).
Então, para o cumprimento fiel da sua missão, Deus impôs a Ezequiel o jugo da responsabilidade de não deixar de avisar a todos os ímpios de Israel sobre a condição deles perante Ele, sob pena, de o Senhor demandar das próprias mãos do profeta, a destruição de morte que traria sobre tais rebeldes que não fossem avisados por Ezequiel.
Eles deveriam morrer pelos juízos do Senhor, mas era da vontade do Senhor que lhes fosse dada antes a oportunidade para se arrependerem, de modo que desviaria tal juízo daqueles que se arrependessem.
O mesmo sucede com o evangelho na dispensação da graça, porque tem sido imposto aos cristãos o dever de serem os atalaias de Deus em todo o mundo, de forma, que aqueles que não têm desempenhado a sua função de protestarem contra o pecado, e alertarem as pessoas sobre o juízo que lhes aguarda, caso não se arrependam de seus pecados e creiam em Cristo, elas serão condenadas, mas o Senhor requererá dos cristãos negligentes o sangue delas, ou seja a condenação a um juízo de morte eterna aos quais teve que submetê-las por não conhecerem o terrível juízo que lhes aguardava por causa do pecado não perdoado.   
Por isso o apóstolo Paulo se esforçava sobremaneira para que não fosse achado culpado de tal pecado de  negligência.
“26 Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo do sangue de todos.
27 Porque não me esquivei de vos anunciar todo o conselho de Deus.” (Atos 20.26,27)
Não se está falando portanto de condenação eterna do atalaia infiel, nem mesmo de salvação pelas obras da lei.
Porque a grande ênfase do Senhor no proferimento desta palavra dada a Ezequiel recaía sobretudo no livramento da morte física, em razão de aplicação de maldições previstas na Antiga Aliança, sobre o povo daquela aliança, a saber, os judeus.   
 Então, não seria pelo simples fato de Ezequiel proclamar a Palavra do Senhor aos judeus, que todos eles se converteriam a Ele, mas todos seriam avisados sobre o que lhes sucederia caso não se arrependessem. 
É importante lembrar que o justo citado no verso 20, não é o justificado pela fé, mas o justo da Antiga Aliança que guardava os mandamentos de Deus.
Caso tal judeu deixasse de praticar a justiça e começasse a praticar a iniquidade, então o Senhor colocaria diante dele um tropeço, que era uma das maldições da Antiga Aliança, e mataria o tal judeu que deixou de perseverar na obediência aos mandamentos da aliança, especialmente por retornar à prática da idolatria.
Mas mesmo este, deveria ser avisado por Ezequiel que a justiça que ele havia praticado antes de voltar ao pecado, não seria levada em consideração por Deus, para remover o juízo que viria sobre ele, por causa da sua atual iniquidade.
Então, não se trata de possibilidade de perda de salvação de justificados pela fé, mas de perda dos benefícios das bênçãos prometidas da Antiga Aliança, por se colocar numa condição que em vez de bênção, deveria receber a promessa da maldição constante da lei, especialmente a que diz que “Maldito é aquele que não confirmar as palavras desta lei, para as cumprir.” (Dt 27.26).
Para o justificado pela fé, na Nova Aliança, Cristo se fez maldição em seu lugar na cruz, de modo que já não há nenhuma condenação para quem está de fato em Cristo, unido a Ele pela fé.
Porque em Cristo está morto para Lei, e consequentemente para a maldição da Lei, que Deus estaria aplicando aos judeus, e por isso chamou Ezequiel para alertá-los, porque aqueles eram dias em que vigorava a Antiga Aliança em toda a sua plenitude, e vigoraria ainda, por cerca de seiscentos anos mais, até que Jesus morresse na Cruz, e inaugurasse uma Nova Aliança no Seu sangue, que revogaria e substituiria a Antiga.
Então, Deus havia descrito a Ezequiel qual seria a sua missão, e depois disto fez com que ele visse a Sua glória, quando saiu ao vale, igual à que tinha visto junto ao rio Quebar, e que ele descreveu no primeiro capítulo, e isto fez com que caísse com o rosto em terra em atitude de adoração e reverência para com Deus.           
Ele ficara portanto na condição necessária para ser tomado pelo Espírito Santo, e foi quando o Espírito entrou nele e lhe colocou em pé, e lhe falou dizendo que deveria entrar no interior da sua casa (v. 24), e ser amarrado com cordas, e não sair de casa, e o Espírito faria com que a língua do profeta ficasse presa ao seu palato, de modo que não poderia falar palavra alguma, como um sinal para os judeus de que não lhes serviria receberem um repreendedor, porque não o ouviriam por causa da rebeldia deles (v. 25,26). 
Todavia, quando o Senhor votasse a falar ao profeta, Ele lhe abriria a boca, e então deveria proclamar aos judeus o seguinte:
 “Assim diz o Senhor Deus: Quem ouvir, ouça, e quem deixar de ouvir, deixe; pois casa rebelde são eles.” (v. 27)
De tudo isto o que se aprende é que aqueles que se mantiverem rebeldes contra Deus, não se convertendo a Ele pela fé em Cristo, e comprovando tal conversão por um andar no Espírito em santificação, podem estar certos, alertados por esta palavra, que o que lhes aguarda é um juízo de morte eterna.




“1 Depois me disse: Filho do homem, come o que achares; come este rolo, e vai, fala à casa de Israel.
2 Então abri a minha boca, e ele me deu a comer o rolo.
3 E disse-me: Filho do homem, dá de comer ao teu ventre, e enche as tuas entranhas deste rolo que eu te dou. Então o comi, e era na minha boca doce como o mel.
4 Disse-me ainda: Filho do homem, vai, entra na casa de Israel, e dize-lhe as minhas palavras.
5 Pois tu não és enviado a um povo de estranha fala, nem de língua difícil, mas à casa de Israel;
6 nem a muitos povos de estranha fala, e de língua difícil, cujas palavras não possas entender; se eu aos tais te enviara, certamente te dariam ouvidos.
7 Mas a casa de Israel não te quererá ouvir; pois eles não me querem escutar a mim; porque toda a casa de Israel é de fronte obstinada e dura de coração.
8 Eis que fiz duro o teu rosto contra os seus rostos, e dura a tua fronte contra a sua fronte.
9 Fiz como esmeril a tua fronte, mais dura do que a pederneira. Não os temas pois, nem te assustes com os seus semblantes, ainda que são casa rebelde.
10 Disse-me mais: Filho do homem, recebe no teu coração todas as minhas palavras que te hei de dizer; e ouve-as com os teus ouvidos.
11 E vai ter com os do cativeiro, com os filhos do teu povo, e lhes falarás, e tu dirás: Assim diz o Senhor Deus; quer ouçam quer deixem de ouvir.
12 Então o Espírito me levantou, e ouvi por detrás de mim uma voz de grande estrondo, que dizia: Bendita seja a glória do Senhor, desde o seu lugar.
13 E ouvi o ruído das asas dos seres viventes, ao tocarem umas nas outras, e o barulho das rodas ao lado deles, e o sonido dum grande estrondo.
14 Então o Espírito me levantou, e me levou; e eu me fui, amargurado, na excitação do meu espírito; e a mão do Senhor era forte sobre mim.
15 E vim ter com os do cativeiro, a Tel-Abibe, que moravam junto ao rio Quebar, e eu morava onde eles moravam; e por sete dias sentei-me ali, pasmado no meio deles.
16 Ao fim de sete dias, veio a palavra do Senhor a mim, dizendo:
17 Filho do homem, eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel; quando ouvires uma palavra da minha boca, avisa-los-ás da minha parte.
18 Quando eu disser ao ímpio: Certamente morrerás; se não o avisares, nem falares para avisar o ímpio acerca do seu mau caminho, a fim de salvares a sua vida, aquele ímpio morrerá na sua iniquidade; mas o seu sangue, da tua mão o requererei:
19 Contudo se tu avisares o ímpio, e ele não se converter da sua impiedade e do seu mau caminho, ele morrerá na sua iniquidade; mas tu livraste a tua alma.
20 Semelhantemente, quando o justo se desviar da sua justiça, e praticar a iniquidade, e eu puser diante dele um tropeço, ele morrerá; porque não o avisaste, no seu pecado morrerá e não serão lembradas as suas ações de justiça que tiver praticado; mas o seu sangue, da tua mão o requererei.
21 Mas se tu avisares o justo, para que o justo não peque, e ele não pecar, certamente viverá, porque recebeu o aviso; e tu livraste a tua alma.
22 E a mão do Senhor estava sobre mim ali, e ele me disse: Levanta-te, e sai ao vale, e ali falarei contigo.
23 Então me levantei, e saí ao vale; e eis que a glória do Senhor estava ali, como a glória que vi junto ao rio Quebar; e caí com o rosto em terra.
24 Então entrou em mim o Espírito, e me pôs em pé; e falou comigo, e me disse: Entra, encerra-te dentro da tua casa.
25 E quanto a ti, ó filho do homem, eis que porão cordas sobre ti, e te ligarão com elas, e tu não sairás por entre eles.
26 E eu farei que a tua língua se pegue ao teu paladar, e ficarás mudo, e não lhes servirás de repreendedor; pois casa rebelde são eles.
27 Mas quando eu falar contigo, abrirei a tua boca, e lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus: Quem ouvir, ouça, e quem deixar de ouvir, deixe; pois casa rebelde são eles.” (Ezequiel 3)

EZEQUIEL 4



Esta profecia foi dada a Ezequiel quando Jerusalém estava sendo sitiada pelos babilônios, nos dias do rei Zedequias (sabemos pelo livro de Jeremias que este cerco durou um ano e oito meses), de forma que durante o período do sítio, Ezequiel deveria fazer uma pequena maquete que representasse a cidade de Jerusalém sendo cercada pelos babilônios, tal como já estava ocorrendo, e deveria deitar para dormir somente sobre um dos lados do seu corpo por um determinado período de dias, e depois de cumpridos tais dias determinados pelo Senhor, deveria se deitar sobre o lado oposto.
Ezequiel estava entre os exilados de Babilônia, que haviam sido levados para lá, antes do cerco de Jerusalém, nos dias do rei Joaquim.
Todavia, como o coração dos judeus que estavam em Babilônia, se encontrava em Jerusalém, pensando em retornarem para lá, o Senhor lhes mostrou o que sucederia àquela cidade, e qual era o motivo de tais juízos, conforme se verá nos capítulos seguintes, de maneira que não aspirassem mais retornar para aquilo que seria inteiramente destruído pelo Seu juízo, através do braço de Babilônia.
Ele ficaria deitado sobre o seu lado esquerdo por 390 dias, simbolizando que estava levando sobre si a iniquidade da casa de Israel (Reino do Norte) que havia sido levado para o cativeiro pelos assírios desde 722 a. C.
 E depois deveria ficar deitado 40 dias sobre o seu lado direito, como que levando a iniquidade da casa de Judá (Reino do Sul), que viria a ser levado numa nova leva de cativos para Babilônia, e quando a cidade de Jerusalém e o templo, seriam destruídos e queimados, pelo rei de Babilônia, em 586.a.C.
Esta ordem de Deus ao profeta tinha principalmente o propósito didático de revelar que os israelitas estariam em aperto, e perderiam a liberdade para dormirem em paz enquanto durassem as assolações da dominação estrangeira que estava determinada sobre eles, numa terra estranha. 
No entanto, o tempo de opróbrio de Judá seria menor do que o de Israel (Reino do Norte) porque não se achou mais naquele reino constituído pelas dez tribos do norte, algo bom, como ainda se achava em Judá.  E seria portanto, principalmente através de Judá, que o Senhor daria prosseguimento ao Seu plano de salvar em todas as nações do mundo, pela revelação que continuaria fazendo através deles, até que o Messias se manifestasse. 
Durante o sítio de Jerusalém haveria grande escassez de alimentos na cidade, e isto está descrito neste capitulo de Ezequiel, especialmente no símile que lhe foi dado pelo Senhor, para servir de comparação ao que sucederia aos judeus que estivessem no interior daquela cidade, porque experimentariam a fome a ponto de comerem até mesmo seus próprios filhos, para se alimentarem. 
Então Ezequiel deveria profetizar que Jerusalém não poderia se libertar do sítio que lhe fora imposto pelo Senhor, até que se cumprissem os dias determinados por Ele para o seu fim.
A comida do profeta seria um pão simples feito de trigo, cevada, favas, lentilhas e milho, e durante os 390 dias em que estivesse deitado sobre o seu lado esquerdo (v. 9,10).
Ele deveria também reduzir a medida de água que beberia diariamente (v. 11), para servir de sinal aos judeus sob o cerco de Babilônia que haveria escassez de água para eles.
   Além disso, Ezequiel deveria assar o seu pão sobre excremento humano, para representar que o pão que os israelitas comeriam espalhados entre as nações seria um pão imundo aos próprios olhos deles, tal como seria aos olhos do profeta.
Como Ezequiel disse ao Senhor, que estava constrangido pelo seu próprio amor à lei, que proibia o comer coisas imundas, o Senhor lhe deu no lugar de excremento humano, excremento seco de boi, para que pudesse usá-lo como combustível para assar o seu pão (v. 18).   
Tudo isto estava profetizado na Antiga Aliança como maldições que viriam da parte de Deus sobre o Seu povo, quando eles insistissem em transgredir os Seus mandamentos (veja Levítico 26).
Então eles teriam sobressalto e espanto de espírito ao comerem e ao beberem, em face da grave escassez com que o Senhor faria que viesse sobre eles, em cumprimento às ameaças que lhes fizera desde os dias de Moisés, em caso de descumprimento da Sua aliança.
Quando a Igreja não anda nos caminhos do Senhor, os seus ministros sofrem juntamente com o povo, as correções que lhes vem da parte de Deus, por mais consagrados que sejam a Ele esses ministros, tal como vemos no exemplo do que Ezequiel teve que viver, e não somente Ele, como todos os profetas de Deus que sofreram e foram perseguidos pelo próprio povo ao qual serviam com fidelidade, para o bem deles. 




“1 Tu pois, ó filho do homem, toma um tijolo, e pô-lo-ás diante de ti, e grava nele uma cidade, a cidade de Jerusalém;
2 e põe contra ela um cerco, e edifica contra ela uma fortificação, e levanta contra ela uma tranqueira; e coloca contra ela arraiais, e põe-lhe aríetes em redor.
3 Toma também uma sertã de ferro, e põe-na por muro de ferro entre ti e a cidade; e olha para a cidade, e ela será cercada, e tu a cercarás; isso servirá de sinal para a casa de Israel.
4 Tu também deita-te sobre o teu lado esquerdo, e põe sobre ele a iniquidade da casa de Israel; conforme o número dos dias em que te deitares sobre ele, levarás a sua iniquidade.
5 Pois eu fixei os anos da sua iniquidade, para que eles te sejam contados em dias, trezentos e noventa dias; assim levarás a iniquidade da casa de Israel.
6 E quando tiveres cumprido estes dias, deitar-te-ás sobre o teu lado direito, e levarás a iniquidade da casa de Judá; quarenta dias te dei, cada dia por um ano.
7 Dirigirás, pois, o teu rosto para o cerco de Jerusalém, com o teu braço descoberto; e profetizarás contra ela.
8 E eis que porei sobre ti cordas; assim tu não te voltarás dum lado para o outro, até que tenhas cumprido os dias de teu cerco:
9 E tu toma trigo, e cevada, e favas, e lentilhas, e milho miúdo, e espelta, e mete-os numa só vasilha, e deles faze pão. Conforme o número dos dias que te deitares sobre o teu lado, trezentos e noventa dias, comerás disso.
10 E a tua comida, que hás de comer, será por peso, vinte siclos cada dia; de tempo em tempo a comerás.
11 Também beberás a água por medida, a sexta parte dum him; de tempo em tempo beberás.
12 Tu a comerás como bolos de cevada, e à vista deles a assarás sobre o excremento humano.
13 E disse o Senhor: Assim comerão os filhos de Israel o seu pão imundo, entre as nações, para onde eu os lançarei.
14 Então disse eu: Ah Senhor Deus! eis que a minha alma não foi contaminada: pois desde a minha mocidade até agora jamais comi do animal que morre de si mesmo, ou que é dilacerado por feras; nem carne abominável entrou na minha boca.
15 Então me disse: Vê, eu te dou esterco de bois em lugar de excremento de homem; e sobre ele prepararás o teu pão,
16 Disse-me mais: Filho do homem, eis que quebrarei o báculo de pão em Jerusalém; e comerão o pão por peso, e com ansiedade; e beberão a água por medida, e com espanto;
17 até que lhes falte o pão e a água, e se espantem uns com os outros, e se definhem na sua iniquidade.” (Ezequiel 4)


EZEQUIEL 5


Este capítulo, por um outro símile que foi dado por Deus aos judeus que se encontravam já cativos em Babilônia, por meio de Ezequiel, deveria servir de completo desencorajamento a eles quanto a abrigarem qualquer sonho no sentido de retornarem a Jerusalém, para se unirem aos seus irmãos que se encontravam sob o cerco, que lhes fora imposto por Babilônia.
O Senhor ordenou ao profeta que raspasse os cabelos de sua cabeça e barba, e que os dividisse em três partes iguais.
Estes cabelos assim repartidos simbolizariam o próprio povo de Deus estando debaixo dos juízos específicos que Ele lhes traria. Afinal, todos eles tinham um DNA comum, de um ancestral comum (Jacó), e bem poderiam ser representados pelo DNA deles que havia no cabelo de Ezequiel.
Assim, quando acabasse os dias de sítio, Ezequiel deveria pegar uma terça parte daqueles cabelos e queimá-la no fogo, no meio da maquete que ele fizera da cidade de Jerusalém, para revelar aos judeus que ela seria queimada pelo fogo; uma outra parte deveria ser colocada ao redor da maquete da cidade e ser ferida com uma espada, porque isto representaria os judeus que seriam mortos pela espada dos babilônios, especialmente aqueles que tentassem fugir quando Jerusalém fosse tomada por eles; e a última terça parte deveria ser espalhada ao vento, para simbolizar aqueles que em fuga seriam ainda assim perseguidos pela espada (v. 2).        
Destes cabelos raspados de sua cabeça e barba, Ezequiel deveria reservar uma pequena parte para ser guardada atada nas bordas da sua capa, e ainda desta parte reservada deveria tomar um tanto para ser queimado no fogo, simbolizando que mesmo depois da queda da cidade, haveria um fogo de destruição que seria trazido sobre o remanescente que nela ficasse (v. 3, 4).
Todavia, um resto ficaria preso à capa de Ezequiel, simbolizando os judeus que escapariam do juízo de Deus, que seriam muito poucos, comparativamente a todo o cabelo que havia sido destruído ou lançado fora. 
Do verso 5 ao 17 Deus descreve estas ações que dera em símile a Ezequiel, em detalhes relativos ao que faria a Judá por causa da sua rebeldia aos Seus mandamentos, que era ainda maior do que as das nações ao seu redor. 
Então, não foram rejeitados por Ele, como as demais nações, porque tinha uma aliança com Israel, e permaneceria fiel à aliança, mesmo em face da infidelidade deles, porque os Seus planos não podem ser frustrados.


“1 E tu, ó filho do homem, toma uma espada afiada; como navalha de barbeiro a usarás, e a farás passar pela tua cabeça e pela tua barba. Então tomarás uma balança e repartirás os cabelos.
2 A terça parte, queimá-la-ás no fogo, no meio da cidade, quando se cumprirem os dias do cerco; tomarás outra terça parte, e com uma espada feri-la-ás ao redor da cidade; e espalharás a outra terça parte ao vento; e eu desembainharei a espada atrás deles.
3 E tomarás deles um pequeno número, e atá-los-ás nas bordas da tua capa.
4 E ainda destes tomarás alguns e, lançando-os no meio do fogo, os queimarás no fogo; e dali sairá um fogo contra toda a casa de Israel.
5 Assim diz o Senhor Deus: Esta é Jerusalém; coloquei-a no meio das nações, estando os países ao seu redor;
6 ela, porém, se rebelou perversamente contra os meus juízos, mais do que as nações, e os meus estatutos mais do que os países que estão ao redor dela; porque rejeitaram as minhas ordenanças, e não andaram nos meus preceitos.
7 Portanto assim diz o Senhor Deus: Porque sois mais turbulentos do que as nações que estão ao redor de vós, e não tendes andado nos meus estatutos, nem guardado os meus juízos, e tendes procedido segundo as ordenanças das nações que estão ao redor de vós;
8 por isso assim diz o Senhor Deus: Eis que eu, sim, eu, estou contra ti; e executarei juízos no meio de ti aos olhos das nações.
9 E por causa de todas as tuas abominações farei sem ti o que nunca fiz, e coisas às quais nunca mais farei semelhantes.
10 portanto os pais comerão a seus filhos no meio de ti, e os filhos comerão a seus pais; e executarei em ti juízos, e todos os que restarem de ti, espalha-los-ei a todos os ventos.
11 Portanto, tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, pois que profanaste o meu santuário com todas as tuas coisas detestáveis, e com todas as tuas abominações, também eu te diminuirei; e não te perdoarei, nem terei piedade de ti.
12 uma terça parte de ti morrerá da peste, e se consumirá de fome no meio de ti; e outra terça parte cairá à espada em redor de ti; e a outra terça parte, espalha-la-ei a todos os ventos, e desembainharei a espada atrás deles.
13 Assim se cumprirá a minha ira, e satisfarei neles o meu furor, e me consolarei; e saberão que sou eu, o Senhor, que tenho falado no meu zelo, quando eu cumprir neles o meu furor.
14 Demais te farei uma desolação, e objeto de opróbrio entre as nações que estão em redor de ti, à vista de todos os que passarem.
15 E isso será objeto de opróbrio e ludíbrio, e escarmento e espanto, às nações que estão em redor de ti, quando eu executar em ti juízos com ira, e com furor, e com furiosos castigos. Eu, o Senhor, o disse.
16 Quando eu enviar as malignas flechas da fome contra eles, flechas para a destruição, as quais eu mandarei para vos destruir; e aumentarei a fome sobre vós, e tirar-vos-ei o sustento do pão.
17 E enviarei sobre vós a fome e feras, que te desfilharão; e a peste e o sangue passarão por ti; e trarei a espada sobre ti. Eu, o Senhor, o disse.” (Ezequiel 5)

EZEQUIEL 6


O teor das ameaças dirigidas por Deus contra os judeus neste capítulo de Ezequiel, é muito parecido ao que nós encontramos especialmente nos vinte primeiros capítulos do livro de Jeremias.
A palavra de destruição pela espada não é dirigida propriamente contra os montes, colinas e vales de Judá, mas aos judeus que costumavam oferecer neles seus sacrifícios e oferendas a falsos deuses. Daí ter sido ordenado a Ezequiel que profetizasse contra os montes, colinas e vales.   
Não somente os adoradores de falsos deuses seriam destruídos pelo juízo do Senhor, como também os seus altares e os seus ídolos (v. 4). E os cadáveres dos idólatras seriam colocados ao redor dos seus altares e ídolos para que os que estivessem vivos soubessem que o que se pode conseguir com a adoração de falsos deuses é apenas a morte (v. 5, 13, 14).   
Todavia, o Senhor deixaria que escapasse do juízo da morte pela espada, um remanescente que viveria espalhado pelas nações, e estes se lembrariam dEle, quando lhes quebrantasse o coração corrompido, que havia se desviado dEle, e que em consequência fez com que seus olhos espirituais ficassem cegados a ponto de adorarem ídolos, e caindo em si, sentiriam nojo pelo que haviam feito (v. 9).  
Então saberiam que todo aquele mal que lhes sobreviera havia partido do próprio Senhor (v. 10).
Todavia, não morreriam apenas pela espada, mas também pela fome e pela peste, conforme estava previsto nas ameaças de maldições da Lei (v. 11).
Os que fugissem da espada seriam alcançados pela peste, e o que sobrasse deles, morreria de fome, porque o Senhor derramaria o Seu furor contra eles (v. 12).  

     

“1 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Filho do homem, dirige o teu rosto para os montes de Israel, e profetiza contra eles.
3 E dize: Montes de Israel, ouvi a palavra do Senhor Deus. Assim diz o Senhor Deus aos montes, aos outeiros, às ravinas e aos vales: Eis que eu, sim eu, trarei a espada sobre vós, e destruirei os vossos altos.
4 E serão assolados os vossos altares, e quebrados os vossos altares de incenso; e arrojarei os vossos mortos diante dos vossos ídolos.
5 E porei os cadáveres dos filhos de Israel diante dos seus ídolos, e espalharei os vossos ossos em redor dos vossos altares.
6 Em todos os vossos lugares habitáveis as cidades serão destruídas, e os altos assolados; para que os vossos altares sejam destruídos e assolados, e os vossos ídolos se quebrem e sejam destruídos, e os altares de incenso sejam cortados, e desfeitas as vossas obras.
7 E os traspassados cairão no meio de vós, e sabereis que eu sou o Senhor.
8 Contudo deixarei com vida um restante, visto que tereis alguns que escaparão da espada entre as nações, quando fordes espalhados pelos países.
9 Então os que dentre vós escaparem se lembrarão de mim entre as nações para onde forem levados em cativeiro, quando eu lhes tiver quebrantado o coração corrompido, que se desviou de mim, e cegado os seus olhos, que se vão corrompendo após os seus ídolos; e terão nojo de si mesmos, por causa das maldades que fizeram em todas as suas abominações.
10 E saberão que eu sou o Senhor; não disse debalde que lhes faria este mal.
11 Assim diz o Senhor Deus: Bate com a mão, e bate com o teu pé, e dize: Ah! por causa de todas as péssimas abominações da casa de Israel; pois eles cairão à espada, e de fome, e de peste.
12 O que estiver longe morrerá de peste; e, o que está perto cairá à espada; e o que ficar de resto e cercado morrerá de fome; assim cumprirei o meu furor contra eles.
13 Então sabereis que eu sou o Senhor, quando os seus mortos estiverem estendidos no meio dos seus ídolos, em redor dos seus altares, em todo outeiro alto, em todos os cumes dos montes, e debaixo de toda árvore verde, e debaixo de todo carvalho frondoso, lugares onde ofereciam suave cheiro a todos os seus ídolos.
14 E estenderei a minha mão sobre eles, e farei a terra desolada e erma, em todas as suas habitações; desde o deserto até Dibla; e saberão que eu sou o Senhor.” (Ezequiel 6)


EZEQUIEL 7


Ao tempo em que estas profecias eram dadas a Ezequiel, relativas ao sítio e à queda de Jerusalém, em Babilônia, Jeremias ainda profetizava em Judá. 
Certamente, chegou aos judeus, tanto de uma quanto de outra parte, o teor destas profecias de ambos, que eram uma só revelação em essência, e nem com isso eles se arrependeram de suas más obras.
É possível pregar tudo que se refira à sã doutrina sobre santificação e nem assim muitos cristãos virem a se santificar.
É possível pregar com exatidão sobre a segurança da salvação por causa da justificação, e ainda assim muitos cristãos viverem angustiados pelo temor da perda da salvação.
Deste modo, não é nenhuma garantia de que haverá obediência dos cristãos, caso a Palavra seja pregada e ensinada como convém, isto é, estando a vida em acordo com a verdade pelos que pregam e ensinam, e por uma exposição correta da doutrina da graça e da verdade que estão em Cristo Jesus.
É necessário tomar uma posição em relação ao que se ouve, e colocá-lo em prática. Daí a ordenança bíblica de que não sejamos meros ouvintes da Palavra, mas praticantes.
O fato de saber a doutrina correta não é uma garantia de que estamos salvos ou santificados. Apesar de ser fundamental o conhecimento da verdade para que haja salvação e santificação. Mas somente o conhecimento intelectual da verdade não é por si só, uma garantia de conversão, como podemos ver na atitude de Israel na recepção da Palavra que lhe foi enviada da parte de Deus pelos Seus profetas.    
O próprio Senhor Jesus disse que aquele que ouve a Palavra e não a pratica é como um insensato que construiu sua casa sobre a areia.
Nenhum pastor deveria se iludir portanto, pensando que tudo o que deve fazer é simplesmente aprender e ensinar a doutrina correta, porque conduzir a si mesmo e o povo de Deus à santificação é tarefa para quem é diligente não apenas no aprendizado da verdade, mas também na busca de Deus, no enchimento do Espírito e revestimento do Seu poder, de uma vida de oração e de renúncias, uma vez estabelecida a comunhão com nosso Senhor, que nos trará o Seu governo sobre o nosso espírito.
Por isso Deus havia alertado a Ezequiel de antemão que Ele não seria ouvido pelos judeus, apesar de tudo o que lhes dissesse proviesse dEle, e fosse a pura verdade. Porque Deus sabe que para haver arrependimento e conversão é necessário muito mais do que simplesmente ouvir a verdade, é necessário ter um coração contrito perante Ele, que odeie o pecado, e que trema da Sua presença, pelo Seu temor e da Sua Palavra, de maneira que Ele ache um caminho para poder se revelar aos nossos corações.    
 Como os judeus poderiam se converter ao Senhor enquanto seus corações estavam apegados às riquezas que eles haviam acumulado? Estava apegado de tal forma, que nem sequer no sítio que estavam sofrendo, viram que ouro e prata não matam a fome, em tais circunstâncias, porque nada se pode comprar com eles, e nem sequer servir para pagar tributos a nações que pudessem lhes socorrer, porque estavam em aperto e incomunicáveis, de maneira que toda a fortuna que haviam juntado de nada lhes serviria, e não somente isto, passaria para as mãos de outros.
Por causa dessa riqueza do mundo eles haviam desprezado a celestial, e afastando-se dos caminhos retos do Senhor, vieram a viver na iniquidade. Então o dinheiro se lhes tornou em tentação e laço, que endureceu seus corações, preparando-lhes para a destruição (v. 19).
Até mesmo os adornos que usavam foi convertido em soberba, lhes tornando orgulhosos, e fizeram deles imagens de esculturas para adorá-las (v. 20).
Então o Senhor permitiria que caíssem nas mãos de ímpios, e também que o Seu próprio templo fosse profanado, porque eles haviam se tornado indignos de entrarem na Sua casa e adorá-lO. 
Nos dias da sua destruição eles buscariam a paz, mas não a paz que o Senhor dá, e por isso não achariam nenhuma paz (v. 25).
O Senhor agrada-se em dar a Sua paz, porque é um dos Seus atributos, é parte do fruto do Seu Espírito, mas não pode dar tal paz a quem vive na iniquidade, e que se recusa a se arrepender de seus pecados.
Jesus é o Príncipe da paz, e nos dá a Sua paz não conforme é dada pelo mundo, ou seja, pela ausência de dificuldades e tribulações. Ele nos dá paz em meio às aflições, quando O buscamos de todo o nosso coração, dispostos a tomar sobre nós o jugo da obediência que Lhe é devida.
Fazendo assim, sendo Seus imitadores, por sermos mansos e humildes de coração tal como Ele, acharemos por fim a Sua paz, porque agrada-se em dá-la aos que procedem de tal forma.  
Buscar meramente alívio de aflições, tal como os judeus fariam na hora da destruição que viria sobre eles, não significa buscar a paz de Deus, nem mesmo ao próprio Deus, porque é possível achar conforto e alívio que nos seja dado por Ele, para logo endurecer de novo o coração, pela falta de um verdadeiro arrependimento, tal como a Bíblia está cheia de exemplos nas pessoas de Esaú, faraó, o rei Acabe, Judas e tantos outros. 




“1 Ainda veio a palavra do Senhor a mim, dizendo:
2 E tu, ó filho do homem, assim diz o Senhor Deus à terra de Israel: Vem o fim, o fim vem sobre os quatro cantos da terra.
3 Agora vem o fim sobre ti, e enviarei sobre ti a minha ira, e te julgarei conforme os teus caminhos; e trarei sobre ti todas as tuas abominações.
4 E não te pouparei, nem terei piedade de ti; mas eu te punirei por todos os teus caminhos, enquanto as tuas abominações estiverem no meio de ti; e sabereis que eu sou o Senhor.
5 Assim diz o Senhor Deus: Mal sobre mal! eis que vem!
6 Vem o fim, o fim vem, despertou-se contra ti; eis que vem.
7 Vem a tua ruína, ó habitante da terra! Vem o tempo; está perto o dia, o dia de tumulto, e não de gritos alegres, sobre os montes.
8 Agora depressa derramarei o meu furor sobre ti, e cumprirei a minha ira contra ti, e te julgarei conforme os teus caminhos; e te punirei por todas as tuas abominações.
9 E não te pouparei, nem terei piedade; conforme os teus caminhos, assim te punirei, enquanto as tuas abominações estiverem no meio de ti; e sabereis que eu, o Senhor, castigo.
10 Eis o dia! Eis que vem! Veio a tua ruína; já floresceu a vara, já brotou a soberba.
11 A violência se levantou em vara de iniquidade. Nada restará deles, nem da sua multidão, nem dos seus bens. Não haverá eminência entre eles.
12 Vem o tempo, é chegado o dia; não se alegre o comprador, e não se entristeça o vendedor; pois a ira está sobre toda a multidão deles.
13 Na verdade o vendedor não tornará a possuir o que vendeu, ainda que esteja por longo tempo entre os viventes; pois a visão, no tocante a toda a multidão deles, não voltará atrás; e ninguém fortalece a sua vida com a sua própria iniquidade.
14 Já tocaram a trombeta, e tudo prepararam, mas não há quem vá à batalha; pois sobre toda a multidão deles está a minha ira.
15 Fora está a espada, e dentro a peste e a fome; o que estiver no campo morrerá à espada; e o que estiver na cidade, a fome e a peste o consumirão.
16 E se escaparem alguns sobreviventes, estarão sobre os montes, como pombas dos vales, todos gemendo, cada um por causa da sua iniquidade.
17 Todas as mãos se enfraquecerão, e todos os joelhos se tornarão fracos como água.
18 E se cingirão de sacos, e o terror os cobrirá; e sobre todos os rostos haverá vergonha e sobre todas as suas cabeças calva.
19 A sua prata, lança-la-ão pelas ruas, e o seu ouro será como imundícia; nem a sua prata nem o seu ouro os poderá livrar no dia do furor do Senhor; esses metais não lhes poderão saciar a fome, nem lhes encher o estômago; pois serviram de tropeço da sua iniquidade.
20 Converteram em soberba a formosura dos seus adornos, e deles fizeram as imagens das suas abominações, e as suas coisas detestáveis; por isso eu a fiz para eles como uma coisa imunda.
21 E entrega-la-ei nas mãos dos estrangeiros por presa, e aos ímpios da terra por despojo; e a profanarão.
22 E desviarei deles o meu rosto, e profanarão o meu recesso; porque entrarão nele saqueadores, e o profanarão.
23 Faze uma cadeia, porque a terra está cheia de crimes de sangue, e a cidade está cheia de violência.
24 Pelo que trarei dentre as nações os piores, que possuirão as suas casas; e farei cessar a soberba dos poderosos; e os seus lugares santos serão profanados.
25 Quando vier a destruição eles buscarão a paz, mas não haverá paz.
26 Miséria sobre miséria virá, e se levantará rumor sobre rumor; e buscarão do profeta uma visão; mas do sacerdote perecerá a lei, e dos anciãos o conselho.
27 O rei pranteará, e o príncipe se vestirá de desolação, e as mãos do povo da terra tremerão de medo. Conforme o seu caminho lhes farei, e conforme os seus merecimentos os julgarei; e saberão que eu sou o Senhor.” (Ezequiel 7)